Demorou, mas, enfim, conheci
Paraty. Aproveitei que fui passar a virada de 2011 para 2012 em
Angra dos Reis e tendo um carro à disposição, eu, Ric, Rô e Emi rumamos para a histórica cidade do litoral do
Rio de Janeiro. O tempo estava como eu gosto: nublado, sem chuva. Saímos por volta de 10 horas da manhã, percorrendo 67 quilômetros nas curvas da
Estrada Rio-Santos. Claro que lembrei da famosa canção de
Roberto Carlos "
As Curvas da Estrada de Santos", nas interpretações do próprio compositor, de
Elis Regina e do grupo
Kid Abelha. Nada como ter um iPod com seu acervo musical. Ouvi as três versões
in loco. No caminho, além das muitas curvas, o trânsito estava grande, o que fez com nossa viagem durasse um pouco mais do que uma hora. Sendo a primeira vez que ali passava, apreciei a bela paisagem de ambos os lados da estrada. À esquerda estava o mar, com suas baías, ilhas, barcos, casas bonitas e a horrorosa usina nuclear de
Angra dos Reis. À direita, a exuberância da
Serra da Bocaina, com a
Mata Atlântica verdejante. Chegando na entrada de
Paraty, paramos ao lado do portal de boas vindas, onde há um posto de informações turísticas para pegar um mapa da cidade com a indicação de suas principais atrações. A quantidade de carros na avenida principal indicava que a cidade estava lotada. Seguimos pelo asfalto até o início do sítio histórico, observando o intenso comércio existente em ambos os lados da avenida. A avenida termina na
Praça do Chafariz, onde viramos à esquerda, na
Rua Domingos Gonçalves de Abreu, já procurando um local para estacionar. Conseguimos uma vaga dobrando novamente à esquerda, na
Rua da Cadeia. Era hora de botar as pernas para funcionar. Todos de tênis nos pés, pois andar nas pedras das ruas históricas não é tarefa das mais fáceis, pois são muito irregulares. Seguimos pela
Rua da Cadeia, observando o casario colonial, sua arquitetura, as paredes brancas em contraste com portas e janelas de madeira pintadas em cores fortes, como amarelo, azul e vermelho. As câmaras fotográficas registrando tudo. Paramos em uma conservada e animada praça onde ficam alguns bares. A
Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios domina a praça. Infelizmente ela (e todas as outras igrejas da cidade) estavam fechadas durante a nossa visita (dia 29 de dezembro de 2011). Na mesma praça partem os passeios de charrete pelo centro histórico. Chama a atenção a cor deste transporte, pois existe charrete pintada de rosa (barcos também), dando um charme diferenciado ao passeio. Consultando o mapa, preferimos atravessar o
Rio Perequê-Açu, subindo uma ladeira para chegar ao
Forte Defensor Perpétuo. No caminho, paramos para conhecer o curioso
Cemitério Municipal São Francisco de Assis, um dia antes de ele completar 61 anos. Achei curioso porque as ruas dos túmulos ficam em uma encosta, com a capela branca dominando o alto do morro. Dali, seguimos direto para o forte. Saímos da rua calçada e pegamos uma estrada de terra, uma alameda de bambus formando um bonito "túnel" até chegar à construção do forte. A vista do centro histórico e do mar é fantástica. No forte, nada diferente do que já conhecia pelo
Brasil. Ruínas dos muros de pedra, canhões de ferro espalhados pelo ambiente e uma casa central, com janelas e portas verdes, onde funciona um museu (para variar, fechado). Tiramos fotos, apreciamos a vista e voltamos para a parte colonial da cidade. Descemos a rua pelo lado contrário do que chegamos, parando em um bar na ponta da
Praia do Pontal para refrescar a garganta, pois embora nublado, estava bem quente o dia. Percorremos as ruelas da região, passando em frente ao prédio histórico onde funciona o hospital. Cruzamos o rio novamente pela mesma ponte do início de nosso passeio, seguindo em direção à
Rua Fresca, que fica em frente ao mar, onde fica a
Capela de Nossa Senhora das Dores. Sempre lembro de
Paraty em fotos com a imagem desta pequena igreja em foto tirada por alguém que estava em alguma embarcação em frente à ela. Fizemos uma caminhada pela rua, observando o casario muito bem conservado e a harmonia entre construções e paisagismo. Retornamos para o interior do centro, andando a esmo pelas vielas de pedra até chegarmos à
Casa de Cultura, onde há um museu permanente no segundo piso. Demos uma rápida olhada, pois a fome apertava. Decidimos parar para almoçar, escolhendo o restaurante que haviam nos indicado, o
Margarida Café (
para ler minhas impressões sobre o restaurante, clique aqui). Já passavam de 13:30 horas quando chegamos no restaurante, onde ficamos por mais de uma hora. Ao sair, uma fina chuva insistia em cair, mas não durou muito. Não deu nem para molhar os guarda-chuvas que abrimos prontamente. Em frente ao restaurante fica a movimentada
Praça do Chafariz, construído por ocasião de uma visita de um nobre à cidade lá pelos idos do século XIX. Hoje, o tal chafariz que dá nome à praça está sem funcionar. Uma decoração natalina com objetos recicláveis "enfeitava" a praça (achei de gosto duvidoso a decoração e sem nenhuma relação com a história impregnada no local). Deixamos de lado o centro histórico para dar uma volta no comércio da
Avenida Roberto Silveira, pois precisávamos passar em um caixa eletrônico de banco e aproveitamos para jogar na mega sena da virada (uma fila enorme se formava na casa lotérica). Após este breve intervalo, voltamos a caminhar pelas ruas do centro histórico, iniciando pela
Rua Aurora, onde o trânsito de veículos é permitido. Por esta rua, chegamos novamente ao mar, perto do cais, onde ficam duas antigas construções, a antiga cadeia da cidade, hoje abrigando a biblioteca municipal, e a bela
Igreja de Santa Rita, que passa por restauração. Neste passeio, chamou-me a atenção o formato das ruas de pedras, pois parece que formam uma vala. Pesquisando, soube que elas foram feitas desta forma pois a cidade costuma alagar e as ruas funcionam como canais para escoar a água para o mar. Continuamos a andar pelas ruas de pedras, conhecendo o
Teatro Espaço, com programação ativa, e muitos ateliês, lojas de doces, de artesanato local, onde os balões coloridos de papel maché e cabaça dominam a paisagem. Realmente são lindos. Paramos na
Rua Samuel Costa para conhecer uma das várias lojas que vendem cachaça na cidade. Havia uma parede dominada pelas cachaças mineiras. No final da rua, quando ela encontra com a
Rua do Comércio, fica a
Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, também fechada para reforma. Como tinha decidido passar o ano vestindo alguma roupa verde, aproveitei que estava no bochicho do comércio para procurar e comprar uma camisa desta cor. Após exercer o esporte do consumo, ainda paramos para tomar um sorvete antes de decidir ir embora, pois o tempo fechava. Já tínhamos visto o essencial. Pelo acordo, eu voltei dirigindo, chegando em
Angra dos Reis já escurecendo. Belo passeio. Ficou a vontade de um dia voltar para apreciar a cidade de forma diferente, explorando os seus restaurantes estrelados e sua vida noturna.
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Paraty - Rio de Janeiro