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domingo, 31 de outubro de 2010

MANAUS - DIA 2: ANIVERSÁRIO NA FLORESTA

Acordei cedo no dia do meu aniversário. Eram antes de seis horas da manhã. 47 anos completados na Floresta Amazônica. Diferente. Estou muito bem. Acordei feliz. Vou fazer mais um passeio pelo Rio Negro, com parada para nadar com botos cor-de-rosa, ver vitória-régia, mais um hotel de selva, desta vez um em construção mais rústica. O calor promete, como sempre.

MANAUS - DIA 1: ENCONTRO DAS ÁGUAS


Acordei cedo no sábado, antes de sete horas da manhã. Aproveitei para ver o Rio Negro da varanda de meu apartamento. Com a seca que assola a região, o rio está em nível muito baixo, deixando uma larga faixa de areia descoberta. Bonita paisagem. Tivemos que tomar café da manhã correndo, pois decidimos fazer o passeio para ver o encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões. Às 9 horas da manhã a van iria nos pegar no hotel. Para o passeio, que também inclui almoço sem bebidas no Amazon Jungle Palace e visita a uma comunidade indígena chamada Tupé, o preço é de R$ 200,00 por pessoa, mas conseguimos fechar por R$ 180,00. A van atrasou quinze minutos. O trajeto entre o hotel e a marina de onde sai o catamarã Júlio César I é curto. Na entrada do barco, copo de água de cortesia. Ficamos, inicialmente, no andar superior no sol, mas o calor intenso nos fez mudar de ideia e procurar sombra, também no andar superior. O interior do barco é confortável, climatizado, com bar vendendo bebidas. A navegação sobre o Rio Negro, margeando a costa de Manaus, é agradável. Depois de mais de uma hora, chegamos no famoso encontro das águas. É muito bonito ver as águas escutas do Rio Negro não se misturarem com as águas barrentas do Rio Solimões para formar, mais à frente, o Rio Amazonas. Parada para muitas fotos. O nível do rio está 27 metros mais baixo do seu normal. Fizemos a volta e navegamos em direção ao hotel de selva Amazon Jungle Palace. Com o nível baixo da água, tivemos que desembarcar em barcos a motor e caminhar um pequeno trecho até o hotel. Em época de cheia, o catamarã chega até lá. Este hotel tem estrutura moderna e é montada em balsas flutuantes, permitindo que ele suba ou desça ao sabor do volume de água do rio. Havia um jacaré dormindo na margem ao longo do hotel. Almoçamos no restaurante do local. Serviço self service em buffet. Da comida local, apenas farinha e pirarucu grelhado. Nada de excepcional. O serviço de reposição é muito lento, assim também o é o serviço nas mesas. Um simples refrigerante demorava para chegar ao solicitante. Depois do almoço, ficamos perto de meia hora no hotel. Tempo suficiente para conhecer as áreas externas, uma suíte master e tirar algumas fotos. Voltamos caminhando até o local de entrar nos pequenos barcos que nos transportaram para o catamarã. O próximo ponto do passeio era a parada na comunidade indígena Tupé, um pequeno grupo de índios de cinco etnias diferentes que vivem, com autorização, em uma Área de Proteção Ambiental - APA. A visita à comunidade nos permite conhecer um ritual indígena. Por causa da seca, os índios montaram um local provisório para a apresentação mais próxima ao local onde desembarcamos, novamente utilizando pequenos barcos a motor para pisar terra firme. No caminho, um índio e sua filha Melissa (isto não é nome de índio!), devidamente paramentados, nos recebe. A parada para foto é inevitável. Mais uma pequena caminhada, com um clima muito úmido e quente, chegamos suados ao local da apresentação. Duas mulheres da excursão faziam aniversário. Receberam de presente uma saudação indígena. Em seguida, cinco homens e cinco mulheres, todos com vestimentas indígenas, leia-se penas na cabeça, pinturas nos corpos, chocalhos nas pernas, saias de rafta, ramagens nos corpos (e uma sunga cor da pele usada pelos homens), apresentaram a dança das etnias e uma dança de confraternização com os visitantes (alguns são chamados para dançar com eles, mas nenhum do nosso grupo foi agraciado). Ao final, uma pequena feira de artesanato com peças por eles confeccionadas. Embora acredite que tais índios vivam na comunidade, achei meio forçado o uso de roupas que acostumamos a ver nos filmes nacionais, como fantasia de carnaval, pois vi, no próprio local, shorts e saias de uso rotineiro do "homem branco", além de panelas, talheres e caixas de isopor para manter gelada as garrafas de água que vendiam no local. Pareceu-me algo para turista estrangeiro apreciar. Voltamos para o barco para navegação de retorno ao hotel. Pegamos um maravilhoso por do sol no Rio Negro e uma brisa morna que soprava em nossos rostos ao longo do caminho. Chegamos cansados quando o relógio marcava 19 horas. Decidimos ficar um tempo na piscina de borda infinita do hotel (considerada a maior piscina de borda infinita do Norte do Brasil). A água estava morna. A piscina estava cheia. Ficamos por lá por mais de uma hora. Todos decidimos jantar no próprio hotel, pois estávamos cansados para sair e procurar um restaurante. Aproveitaram para abrir um espumante em minha homenagem, já que meu aniversário é neste domingo, Dia das Bruxas e de segundo turno das eleições brasileiras. Mais uma vez, o serviço era buffet em self service. Caro (R$ 55,00) para o que oferece em qualidade e opções. Quatro, entre eles eu, optaram pelo buffet e quatro pediram alguma opção do cardápio. Ao final, nova comemoração, com direito a parabéns pra você, com torta doce e uma velinha para eu soprar. Comemoração simples, mas repleta de sinceridade e de carinho. Obrigado a Ric e a todos os amigos que partilham comigo esta viagem e esta celebração. Hora de voltar para o quarto, pois o domingo será também longo, com justificativa de ausência para votar e novo passeio de dia inteiro pelo universo ecológico da Amazônia.

sábado, 30 de outubro de 2010

CHEGADA EM MANAUS - AMAZONAS

Nosso voo estava marcado para sair de Brasília às 21:45 horas. Fizemos o check in pela internet, dando-nos possibilidade de chegar um pouco mais tarde ao aeroporto. Resolvemos ir de carro e deixá-lo no estacionamento local, pois o custo de quatro noites compensa, uma vez que táxi em Brasília é caro e ruim. Encontramo-nos com os amigos que estão conosco nesta viagem. Todos com apenas bagagens de mão e sentados na mesma fileira. Segundo as telas de informações do aeroporto, o voo da Gol estava no horário. Para minha surpresa, a sala de embarque estava menos cheia do que imaginava, mas a fila para embarcar em nosso voo estava imensa. Usei da prerrogativa de embarque prioritário tendo em vista meu cartão Smiles ser da categoria gold. O avião ficou lotado. O atraso na decolagem levou cinquenta minutos. Estava com fome, mas o serviço de bordo só foi servido após uma hora e quarenta de voo. Batatas fritas e refrigerante. Voo tranquilo, com muita conversa colocada em dia, inclusive sobre o nosso reveillon e a viagem de férias de 2011. O desembarque em Manaus foi rápido. Logo estávamos no saguão do Aeroporto Eduardo Gomes comprando, por R$ 49,00, uma corrida de táxi para o hotel Park Suites Manaus (Avenida Coronel Teixeira, 1.320 A), onde tínhamos uma reserva para o período de 29/10 a 02/11. Precisamos de dois táxis, pois cada um levava, no máximo, quatro pessoas. Éramos seis. Não gosto de vidro escurecido quase 100% nos carros, especialmente em táxi. O carro que pegamos tinha o vidro para lá de escuro, sem quase nenhuma visibilidade. No lado externo, tudo parecia mergulhado nas trevas. A corrida levou uns vinte minutos. No lobby do hotel, check in lento e com problemas, pois localizaram minha reserva apenas para uma pessoa, além de me entregarem uma ficha cadastral previamente preenchida, o que poderia ser útil, se a ficha contivesse meus dados. Eram dados de outra pessoa com o mesmo nome. A recepcionista disse que era só consertar o que estava errado, rabiscando o pré-impresso. Discordei no ato, pois não havia erro em relação aos meus dados pessoais. Eram dados de outra pessoa. Exigi uma ficha em branco para preenchimento no balcão, enquanto ela arrumava minha reserva, nos moldes que estava na confirmação enviada pelo grupo que controla o hotel. Disse que, além do e-mail impresso, eu havia ligado mais cedo para confirmar tudo, obtendo resposta positiva com o setor de reservas do hotel. Feito o check in, malas no quarto, descemos para jantar. Triste ilusão, pois já passava de meia noite. Todos os restaurantes da cidade, incluindo o do hotel, já estavam fechados. Entre o room service e o bar do lobby, preferimos o segundo. Pedimos nosso drink cortesia, recebido no ato do check in, e seis sanduíches. Depois de uma longa espera, quatro enormes sanduíches chegaram à mesa. O garçom entendeu mal, anotando apenas quatro pedidos. Foi melhor o erro, pois os sanduíches beirutes eram enormes, possibilitando a todos saciarem a fome e ainda sobrar. Depois de quase duas horas no lobby do hotel, subimos para os quartos. Era hora de dormir, pois um longo sábado nos aguardava, quando nos encontraríamos com mais dois amigos, completando o grupo de oito pessoas em passeio por Manaus. No quarto, ainda tive um contratempo, pois o vaso sanitário estava entupido, não dando vasão à água. Eu mesmo desentupi, jogando baldes de água, até a vasão ficar normal. Utilizei como balde o próprio cesto de lixo do banheiro. Cansado, foi deitar na cama e dormir.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MALAS PRONTAS PARA MANAUS

Recuperado dos problemas de saúde, já estou de malas prontas para passar os próximos quatro dias em Manaus, Amazonas.

CONFRARIA VINUS VIVUS

Ainda em recuperação, decidi não participar da 49ª reunião da Confraria Vinus Vivus. Pela primeira vez, deixo de participar de uma degustação ao longo de quase cinco anos de existência da confraria. Os vinhos apreciados pelos meus amigos e amigas eram da Patagônia, Argentina. A próxima reunião será em dezembro, quando confraternizaremos mais um final de ano, degustando vinhos top em uma emblemática reunião de número 50. Além dos vinhos e do tradicional jantar, teremos também a troca de presentes do amigo oculto.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A BATALHA DOS 3 REINOS



Mais um dia em casa. Final de recuperação da intoxicação. Tempo para mais um filme. Desta vez foi um épico do chinês John Woo. Trata-se da produção chinesa de 2008 A Batalha dos 3 Reinos (Chi Bi), estrelada por Tony Leung e falada em madarim. Woo mostra que é um grande cineasta, mesmo longe das histórias que o fizeram famoso com perseguições e explosões, embora tais explosões, sua marca registrada, aparecem nas ótimas cenas de batalha. Estamos na China, na época dos imperadores, quando dois reinos do sul se unem contra o perverso primeiro ministro que quer dar um golpe no jovem imperador. São 148 minutos de uma beleza plástica, de cores, delicadeza (destaco a cena da cerimônia do chá), de closes de gotas de chuva, e de muita batalha, seja em terra, seja na água. O diretor deixa claro que bebeu na fonte de Ran, de Akira Kurosawa, para suas cenas de batalha, incluindo o uso de câmera lenta e música suave para embalar as lutas da infantaria e da cavalaria. Há poucas personagens femininas em um universo de centenas de homens, mas duas delas são importantíssima na trama. Os efeitos visuais, incluindo as ventanias, são um show à parte. Gostei muito.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

RESIDENT EVIL - A TRILOGIA

Ainda em casa, me recuperando, passei a terça-feira lendo jornais, revistas e navegando na internet. No final da tarde, resolvi assistir Resident Evil. Foi de uma só vez. Vi os três filmes disponíveis em dvd, lembrando que o quarto filme da série acaba de estrear nos cinemas brasileiros. Só havia visto o primeiro deles nas telonas, mas quase não me recordava. Os dois seguintes eram inéditos para mim. Todos são estrelados por Mila Jovovich (Alice), casada com o diretor do primeiro filme e produtor dos demais. São filmes baseados em um jogo homônimo. Em suma, uma corporação chamada Umbrella desenvolve pesquisas científicas e armas letais a partir de um vírus, o T-Vírus. Em uma sabotagem, tal virus é espalhado dentro da Colmeia, local construído no subsolo de uma cidade americana chamada Racoon City. Um computador de última geração sacrifica todos os empregados da tal Colmeia. Porém, o vírus age nas células mortas, trazendo tais pessoas para a "vida", na condição de mortos-vivos, os eternos zumbis, que se alimentam de carne humana. Uma equipe de busca e salvamento é enviada para descobrir sobreviventes e selar de vez a Colmeia. O resto é filme de suspense e terror, com muitos efeitos especiais. A heroína é Alice, vivida por Jovovich. Muitas mortes e lutas depois, incluindo uma "clássica" cena com dobermans, também zumbis, que se repetirá nos dois outros filmes da série, Alice consegue escapar da Colmeia, mas é pega pelos homens da Umbrella. Chega ao final o filme Resident Evil: O Hóspede Maldito (Resident Evil), produção do Reino Unido, Alemanha e França de 2002, dirigida por Paul W. S. Anderson. O fim deste primeiro filme deixa claro que haveria uma continuação que se consumou com Resident Evil: Apocalipse (Resident Evil - Apocalypse), produção do Reino Unido, Alemanha, França e Canadá de 2004, dirigida por Alexander Witt. A história é a mesma, recheada de zumbis, só que o vírus está espalhado na cidade de Racoon City, como já anunciara o final do primeiro filme. Com o sucesso destes dois primeiros, um terceiro filme foi produzido em 2007 por Reino Unido, Alemanha, França, Austrália e Estados Unidos, dirigida por Russell Mulcahy. Neste terceiro episódio, chamado Resident Evil 3: A Extinção (Resident Evil - Extinction), o vírus já tomou conta do planeta, que se desertificou, havendo poucos sobreviventes. Tais sobreviventes andam em comboios pelas areias que tomaram conta das grandes cidades americanas em busca de um local seguro, uma espécie de Terra Prometida, onde não haja os tais mortos-vivos. Neste filme, há referências explícitas a alguns clássicos do cinema, como a trilogia Mad Max e Os Pássaros, do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Para mim, é o melhor dos três. Em todos os filmes, seres, no melhor estilo Alien ou Predador, aparecem como produto das mentes malévolas dos comandantes da Umbrella. Esta alusão ao Alien tem tudo a ver com o roteirista dos três filmes, pois ele é fã confesso desta série, chegando a dirigir Alien vs Predador em 2004. Os filmes são para pura diversão, nada de filosofia e mensagens para refletir. É o que eu precisava neste período de recuperação. Penso em conferir, em breve, o quarto episódio nos cinemas, já que estou com a história fresquinha em minha cabeça.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

E A VIAGEM PARA MOÇAMBIQUE NÃO ACONTECEU...

Dores pelo corpo, calafrios, mal estar, dor de cabeça, onda de calor, náusea, cólica intestinal, vômito e diarreia. Tudo isto aconteceu enquanto aguardava o embarque para Joanesburgo, África do Sul, no Aeroporto de Guarulhos. Não tinha fome, muito antes pelo contrário. Fiquei em dúvida se desistia da viagem ou eram sintomas passageiros. Fui um dos primeiros a embarcar, pois estava em uma das últimas fileiras. Senti uma tontura que foi decisiva. Chamei o encarregado pelo embarque, dizendo não ter condições de fazer a viagem. Solicitei que retirassem minha bagagem do avião. O encarregado viu minhas condições, pedindo-me para ficar sentado enquanto chamava alguém para me acompanhar. Um empregado da empresa South African Airways chegou com uma cadeira de rodas. A princípio, achei desnecessária a cadeira, mas ao dar alguns passos, a tontura era forte. Sentei-me na cadeira e fui levado pelos corredores do aeroporto até a saída, passando pela imigração, esteira de bagagem e alfândega. Sempre o empregado da cia aérea fazia as devidas explicações. Ele me perguntou se queria ser colocado em um táxi, ser levado a um hospital ou ao posto médico do aeroporto. Tudo o que queria era estar em casa naquele momento. Disse que queria comprar a primeira passagem para Brasília. Ele me levou até a loja da TAM, onde comprei a passagem para 20:45 horas. O relógio marcava 18:20 horas. Um empregado da TAM me levou até o posto médico, onde fui atendido. Diagnosticaram sintomas de intoxicação alimentar. Era necessário ficar no soro, mas não quis, pois não daria tempo para pegar o voo de volta para Brasília. A recomendação foi tomar muito líquido. Fiquei na sala de embarque em total mal estar. A espera foi longa. O voo atrasou apenas quinze minutos, mas tais minutos pareceram horas e horas. Eu suava frio. Tentei dormir no avião, mas o cheiro da comida que era servida me enjoava, assim como o perfume de uma mulher que sentava à minha frente. Ric já me esperava no aeroporto quando cheguei em Brasília. Ele quis me levar direto para o hospital, mas disse para irmos para casa. Estava cansado e precisando de deitar. Foi uma madrugada longa, cheia de idas e vindas ao banheiro. Nada de trabalho na segunda-feira. Fiquei em casa, bebendo muito líquido. Todas as dores passaram, apenas as cólicas intestinais continuam até neste momento em que escrevo este post. Durante todo o dia tentei contato com Maputo, Moçambique, para avisar que não viajei, mas as ligações telefônicas não se completavam. Apenas à noite, consegui falar com o hotel onde ficaria hospedado, deixando recado à delegação brasileira de minha ausência no evento naquele país. Durante toda a segunda-feira pude refletir sobre meus hábitos alimentares e conclui que não há mais possibilidades de me aventurar comendo coisas que não estou acostumado. O lado positivo disto tudo é que entre domingo e terça-feira, perdi mais de três quilos. Um bom incentivo (mesmo sendo desta forma ruim) para se começar uma dieta.

domingo, 24 de outubro de 2010

CHÁ DE AEROPORTO

Este domingo vai ser longo. Dormi mal. Fui cedo para o aeroporto de Brasília pegar um voo para Guarulhos, onde estou agora aguardando conexão para Joanesburgo, África do Sul que não é meu destino final. Lá, farei nova conexão, desta vez para Maputo, Moçambique, local da reunião de trabalho que participarei na terça e na quarta-feira. Emitiram meu bilhete desmembrado, motivo pelo qual tive que aguardar bagagem na esteira no aeroporto de Guarulhos e fazer novo check in no balcão da South African Airlines. Como tal check in só abria às 15 horas, fiquei sentado desconfortavelmente aguardando, pois cheguei às 13:30 horas em São Paulo. Estou com o corpo todo doído, parecendo que levei uma surra. Com o cartão de embarque na mão, mala despachada até Maputo, resolvi entrar logo na sala de embarque, passando pela imigração antes das filas enormes do final de tarde. Meu voo está marcado para 19 horas. Como tenho o cartão de crédito Mastercard Black, estou na sala VIP deste cartão, com local mais confortável para o descanso e acesso livre à internet, permitindo-me fazer este post.

sábado, 23 de outubro de 2010

DOIS DIAS EM BELO HORIZONTE

Estive em Belo Horizonte para uma reunião de trabalho na sexta-feira. Cheguei no final da tarde da quinta-feira, aproveitando para comparecer ao show de Raquel Filogônio no Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21). Ela esteve afastada dos palcos nos últimos dez anos. Resolveu voltar em grande estilo, fazendo um show em celebração aos seus cinquenta anos de vida. Foi um lindo presente que ela deu aos convidados, amigos, familiares e colegas de trabalho, que lotaram o teatro. Visivelmente emocionada, iniciou, de forma arrebatadora, com uma música do mineiro Sérgio Moreira, Cafuso, evocando as origens de todos nós brasileiros. Ao final desta primeira música, confessou que estava nervosa e que o show era para todos nós. Foi uma sucessão de belas canções, interpretadas com emoção, mesclando sucessos conhecidos de todos e algumas surpresas, como as músicas Noir e O Grito, ambas de Cláudio Dias, seu marido. O Que É Amar, de Johnny Alf, foi apenas acompanhada pelo potente sax de seu irmão Ibrahim. Fez uma releitura de Coroné Antônio Bento (Tim Maia), com citação de um gostoso forró. Iniciou na levada hip hop a canção É (Gonzaguinha), fazendo citação de Comida (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito), cantando lindamente este hino à vida e à liberdade. Depois de uma hora de show, ela encerrou com O Grito, de seu marido, deixando o público com um gostinho de quero mais. Pedimos bis. Ela voltou, convidou todos para, de pé, dançarem Ai Ai Ai (Vanessa da Mata). A celebração estava plena. Todos saíram para cumprimentá-la pelo aniversário  e pelo belo show no saguão da biblioteca, onde houve uma confraternização regada a espumante e comidinhas.
Já na sexta, cheguei no final da manhã para a reunião de dia inteiro, com parada estratégica para almoçar, por volta de 13:30 horas. Eu e Kitty pegamos um táxi no Centro rumo ao Santo Agostinho para almoçarmos no Haus Munchen (Rua Juiz de Fora, 1.257), antigo restaurante da cidade especializado em comida alemã. Durante o dia, um serviço de buffet é oferecido pela casa em duas opções: um completo, com as iguarias alemãs e outro mais simples. Preferimos o completo. As carnes são servidas à mesa, preparadas na medida em que os pedidos são feitos. Pedimos salsichão branco com mostardas clara e escura, kassler, picanha e filé mignon. Todos muito bem temperados e bem feitos. No buffet, nos servimos de salada de batatas, repolho roxo e chucrute. De sobremesa, apfeltrudel, o famoso folhado de maçã alemão. Belo almoço, revisitando um restaurante que não ia pelo menos há duas décadas. Voltei ao trabalho e à reunião, que terminou perto de seis horas da tarde.
Aproveitei que estava no Centro, peguei um táxi e fui visitar um amigo, Murilo. Na casa dele, decidimos ir à Mostra Cine BH, um festival de cinema que acontece na Praça Santa Tereza, reduto de boêmios da cidade no bairro homônimo. O festival está em sua quarta edição, sempre com entrada gratuita para toda sua programação de filmes. Estes filmes são exibidos em quatro endereços: um no Centro, na Sala Humberto Mauro do Palácio das Artes e os outros três na famosa praça. Uma sala foi montada no antigo Cine Santa Tereza, que, injustamente, fica fechado o ano inteiro, só abrindo para esta mostra. Outro local de exibição é o Cine Tenda, em local fechado, armado na própria praça. O maior espaço está em céu aberto, no centro da praça, o Cine Praça, onde decidimos assistir ao excelente e informativo documentário Uma Noite em 67, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil. Antes do início do filme, marcado para 21:30 horas, sentamo-nos no Bar Bolão (Praça Duque de Caxias, 288, Santa Tereza), famoso por suas noites e madrugadas regadas a cerveja gelada e espaguete à bolognesa. Na hora de começar o filme, voltamos ao centro da praça que tinha um excelente público ocupando as cadeiras de plástico preto. O documentário traz histórias de bastidores, entrevistas com os envolvidos e apresenta os números musicais na final do 3º Festival de Música da Record, em 1967. Os depoimentos atuais de Chico Buarque, Solano Ribeiro, Caetano Veloso, Sérgio Cabral, Gilberto Gil, Zuza Homem de Mello, Sérgio Ricardo, Nelson Motta, Edu Lobo, MPB-4, aliados às entrevistas que os mesmos cantores deram à Cidinha Campos, Reale Jr. à época dão um toque especial neste documentário. Nas entrevistas de 1967, destaque para a com Sérgio Dias de um desconhecido grupo Mutantes, de Roberto Carlos, Marília Medaglia, que dividiu os vocais com Edu Lobo na vitoriosa Ponteio. Este festival ficou famoso pela vaia que impediu Sérgio Ricardo de cantar Beto Bom de Bola, quebrando o violão e o jogando na plateia, da mesma vaia que Caetano levou ao apresentar Alegria, Alegria, 4º lugar, mas que, ao final de sua apresentação, foi aplaudidíssima, de Gil tirando o segundo lugar com Domingo no Parque, quando colocou os Mutantes para tocar guitarra no palco (ele havia participado meses antes de uma passeata contra a guitarra elétrica), de Roberto Carlos levando uma vaia com o quinto lugar, o samba Maria Carnaval e Cinzas, das mulheres histéricas gritando pelo jovem Chico Buarque, terceiro lugar com Roda Viva. Gostei muito.
Ao final, nos encontramos com Pek, resolvendo aproveitar o fim de noite e início de madrugada como os belohorizontinos gostam de fazer. Sentamos em um dos vários bares da região, o Marilton's Bar (Rua Quimberlita, 205, Santa Tereza), para jogar conversa fora, petiscando um delicioso pastel de angu e, para quem bebe, uma cerveja bem gelada. Nada mais mineiro.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

MARATONA DE VIAGENS

A partir de hoje, iniciarei uma maratona de viagens até o final do ano, tanto a serviço, quanto a lazer: Belo Horizonte (MG), Maputo (Moçambique), Manaus (Amazonas), Fortaleza (Ceará), Belo Horizonte (MG), Lima (Peru), Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), Rio de Janeiro (RJ). Vou ter muita história para contar por aqui.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

TROPA DE ELITE 2

Depois de três tentativas frustradas, consegui comprar entrada para ver o filme brasileiro sensação do momento.  Utilizando o cartão Claro Club, paguei meia entrada (R$ 8,00) no Cinemark Iguatemi, Brasília. O filme é Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro, dirigido por José Padilha. No elenco, Wagner Moura (Coronel Nascimento), André Ramiro (André Mathias), Milhem Cortaz (Capitão Fábio), Maria Ribeiro (Rosane), Irandhir Santos (Diogo Fraga), Seu Jorge (Beirada), Tainá Muller (Clara), Sandro Rocha (Russo), André Mattos (Fortunato), entre outros. Uma das forças do filme é o elenco, com interpretações marcantes como as de Seu Jorge como o bandido Beirada e André Mattos como o apresentador de programa sensacionalista de tv que depois se torna deputado estadual. Nesta sequência, Coronel Nascimento não está mais à frente do BOPE, pois foi promovido a Subsecretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, mas continua sua batalha por "limpar" a cidade do crime organizado. Dentro da secretaria, descobre que sua luta é muito maior do que pensava. Ele chama de "o sistema" seu novo inimigo, onde o crime tem ligações estreitas com os políticos e a polícia, com policiais formando uma milícia armada que estorque os moradores em troca de proteção contra os criminosos traficantes de drogas. Ele continnua sendo durão como no primeiro filme, já separado da mulher, que se casou, ironicamente, com um defensor dos direitos humanos que sempre combateu os métodos utilizados pelo BOPE comandado pelo então Capitão Nascimento. O filme é mais dinâmico do que o primeiro, o roteiro é redondo, direto, tem mais ação e repete aquilo que fez sucesso, como a tortura por asfixia em um saco plástico e a câmara nervosa acompanhando as perseguições e tiroteios nas favelas e morros cariocas. Pode-se dizer que o filme é uma catarse contra a politicagem imunda que impera, não só na cidade do Rio de Janeiro, mas em todo o país. Embora eu não goste de narrações em off, nesta sequência ela até que funciona bem como elemento esclarecedor para a história em si, mas poderia ser evitada. Merece destaque também a poderosa fotografia de Lula Carvalho, com tons realistas. O cinema estava lotado e as conversas ao final da exibição eram, em sua maioria, positivas e favoráveis ao filme, mostrando que ele pode bater o recorde de público da safra recente do cinema nacional. Embora a primeira frase que aparece na tela nos alerte que, embora possa haver eventuais coincidências com a realidade, se trata de uma obra de ficção, quando acabamos de ver o filme, fica difícil acreditar que todas as situações apresentadas não façam parte do cotidiano nos grandes centros urbanos de nosso país. Gostei muito.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

HOMEM DE FERRO 2



Segunda-feira de chuva em Brasília. Foi ótimo para afastar o calor abafado que fez na parte da manhã. Às 18:30 horas, ao voltar para casa, vi um termômetro de rua marcar 18º C. Tinha a ideia de ir ao cinema, mas preferi ficar em casa para assistir o blu-ray de Homem de Ferro 2 (Iron Man 2), de Jon Favreau, produção americana de 2010. No elenco, Robert Downey Jr (Tony Stark/Homem de Ferro), Don Cheadle (Coronel Rhodes/War Machine), Gwyneth Paltrow (Pepper Pots), Sam Rockwell (Hammer, o vilão pensante da vez), Mickey Rourke (Ivan Vanko, o vilão), Scarlett Johansson (Natalie/Natascha/Viúva Negra) e Samuel L. Jackson (Nick Fury). São duas horas de filme com muita ação e uma trilha sonora de puro rock: AC/DC, The Clash, Queen. É bem mais movimentado do que o primeiro, pois aqui, o roteiro não precisou contar a origem do Homem de Ferro. Gostei muito das cenas gravadas na famosa pista de corrida de Mônaco, onde acontecem as disputas da Fórmula 1. Embora sejam totalmente inverossímeis (e deveriam ser, pois o próprio heroi o é), pois quando Ivan Vanko entra na pista durante a corrida, ninguém o detém e nem para a disputa, muito antes pelo contrário, pois ele provoca um acidente e os outros carros continuam acelerados. Pior, um carro comum (nem tão comum assim) entra na contramão para entregar a mala que se transforma em armadura para Tony Stark, o alvo do vilão. Para quem curte história em quadrinhos (HQ), este filme é recheado de referências, além, obviamente do próprio Homem de Ferro: aparece Nick Fury, o chefão da S.H.I.E.L.D., a Viúva Negra, interpretada com uma sensualidade extrema por Johansson, Máquina de Guerra (War Machine), o parceiro do Homem de Ferro, aparece o escudo do Capitão América entre alguns objetos antigos que estavam em uma caixa que a S.H.I.E.L.D. entregou a Tony Stark, já em uma cena perto do final do filme, há uma conversa entre Nick Fury e Tony Stark quando aparece um documento sobre os Vingadores, uma trupe de heróis combatendo o mal (para quem não sabe, o Homem de Ferro lidera esta trupe que é formada, entre outros, por Hulk, Capitão América e Thor) e, ao final dos créditos, há uma cena no Novo México onde o martelo de Thor é encontrado por uma expedição comandada plea S.H.I.E.L.D.. São evidências de que a Marvel está preparando uma série de filmes sobre seus super herois para os próximos anos. Como aprecio muito os filmes deste tipo, gostei deste segundo filme do Homem de Ferro. Ótima diversão.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MOVIMENTO SLOW

Ultimamente tenho lido muita coisa sobre o movimento slow. A filosofia é muito interessante, porém, no meu caso, de difícil aplicação no dia a dia, mas preciso tentar aplicá-la na minha vida. Estou com uma agenda complicada até o final deste ano, cheia de compromissos de trabalho dentro e fora do país. Preciso desacelerar. A acupuntura é uma grande aliada neste processo. Já faço aplicações semanais há dois meses. Já senti melhoras. A maior dificuldade é na hora da alimentação, pois acostumei a comer muito rápido, desde criança.  A vertente solw food exige uma maior interação com a alimentação, desde a concepção de seu preparo até a degustação. Melhor ainda se for com amigos em conversas prazerosas. Para 2011 já decidi eliminar o controle diário que faço de meus compromissos. É uma insanidade. Também não vou ficar me impondo metas, algo como ter que ler, no mínimo, tantos livros no ano. É outra insanidade. A leitura, assim como as demais formas de arte e lazer, deve ser algo natural, que dê prazer, não pode ser uma obrigação. O importante é ser feliz!

domingo, 17 de outubro de 2010

PULSAÇÕES

Vinte e oito. Este é o número máximo de público para o espetáculo Pulsações que entrará em cartaz no próximo dia 21 de outubro na Casa de Cultura da América Latina (Setor Comercial Sul, Quadra 04, Edifício Anápolis, 2º andar), com entrada franca. São textos fragmentados de Clarice Lispector cuja adaptação dramatúrgica coube a André Luís Gomes, enquanto a direção ficou a cargo de Rita de Cássia de Almeida Castro. Ambos são professores da Universidade de Brasília - UnB. Dois atores e cinco atrizes interpretam, durante 70 minutos, os textos sempre intrigantes de Lispector. Acompanham os atores dois músicos que executam ao vivo alguns instrumentos musicais. Eu e Ric fomos convidados para uma espécie de ensaio aberto na noite de sábado. O público é recebido, em uma sala escura, pelos atores que cantam uma música enquanto nos entregam sapatilhas para cobrir os pés. Um a um é vendado antes de entrar no espaço cênico. Fui um dos primeiros a ser conduzido por uma das atrizes ao meu lugar. Com os olhos vendados, fiquei sentado à espera de todos se sentarem. Nestes minutos, vivemos uma experiência diferente, onde as percepções sensoriais são potencializadas. O tato foi o primeiro, já que temos que entrar segurando a mão da atriz. Em seguida, sons de água sendo despejada em um vasilhame qualquer e de instrumentos musicais não convencionais, como o didgeridoo, são percebidos tanto perto, quanto longe de nós. Outra sensação do tato é possibilitada, desta vez com o vento produzido pelo abanar de leques no nosso corpo. Alguém borrifa no ar um perfume, garantindo o sentido do olfato se fazer presente. Quando todos já estão nos seus devidos lugares, uma atriz retirou minha venda e um espelho estava situado em frente aos meus olhos. Aliado ao texto de Clarice, o sentido da visão ficou aguçado. Faltava o paladar, pensei. Mas ao longo do espetáculo, em uma cena lúdica e deliciosa, chicletes são distribuídos para a plateia que é convidada a mascá-lo. O ambiente é todo branco, motivo das sapatilhas nos pés. O figurino é muito bonito, todo em tons de bege, sempre esmaecido, pastel. Há também uma interação entre encenação e projeção de vídeos feitos especialmente para a peça. Até mesmo um pequeno número em tecido faz parte da peça. O tecido é vermelho, fazendo um belo contraste com o branco total do ambiente. Os textos escolhidos são sensacionais e casam perfeitamente com a proposta de dramaturgia colocada em prática pelos atores. Sou suspeito para falar, pois gosto muito de Clarice Lispector, mas gostei muito do que vi. Destaco algumas cenas: o início vendado; as noivas caminhando fazendo o balanço das águas do mar; os dois garotos que nadam no mar, transformado em uma caixa de vidro; o voo no tecido vermelho, as rainhas más diante do espelho, em uma alusão à Branca de Neve. Alguns problemas técnicos ainda precisam ser corrigidos, como o volume da voz e barulhos na coxia, mas como era um ensaio aberto, tivemos a oportunidade de conversar com diretores e atores ao final da peça, quando expusemos nossas opiniões. Devo voltar para ver o espetáculo em sua versão final. Vale a pena conhecer.

sábado, 16 de outubro de 2010

GALINHADA

Ric resolveu fazer um almoço neste sábado. Em retribuição a almoços oferecidos por amigos em finais de semana passados, convidamos tais amigos, embora nem todos puderam comparecer. Almoço para sete pessoas. Dia bonito, quente, como está sendo a tônica nesta primavera em Brasília. O canto das cigarras continua a encher o ar. O verde domina a paisagem, incluindo a que vemos da janela da sala do apartamento onde moro.


O cardápio foi definido por Ric, que também preparou toda a comida. Enquanto esperávamos o almoço ficar pronto, começamos, de forma não convencional, com um vinho tinto da uva syrah, o chileno Haras Character 2007, da região do Vale del Maipo. Potente, exigia uma comida para harmonizar. Para tanto, improvisei um petisco comprado pronto, rolinhos de berinjela ao azeite. Não estavam como deveria, pois tinham uma consistência dura, borrachuda. Bom saber para não comprar mais.


Com a salada colocada à mesa, todos nos sentamos para apreciar a entrada: folhas verdes, flor comestível, tomatinho, uva, uva passa e frutas cristalizadas. Refrescante. Harmonizamos com o vinho branco chileno Casa Marin 2009, Cipreses Vineyard, da casta sauvignon blanc, produzido no Valle de San Antonio. Todos sabem que vinho branco não é minha praia, mas achei este vinho leve, frutado, próprio para dias quentes. Gostei do vinho.




Em seguida, Ric serviu a galinhada. Os acompanhamentos, todos muito gostosos, foram arroz branco, quiabo (como mineiro gosta, bem babento), angu de fubá e feijão com bastante caldo. Dois vinhos tintos chilenos harmonizaram com este prato. O primeiro foi o Terra Andina Reserva 2006, da casta syrah, originário do Valle del Maipo. O segundo foi o Casa Marin 2003, Litoral Vineyard, da casta pinot noir, produzido no Valle de San Antonio. Ambos harmonizaram bem com a comida. Preferi a leveza do pinot noir.






Como sobremesa, Ric preparou um pudim de leite com coco, com cobertura de damascos e frutas cristalizadas. Harmonizamos com um fraco vinho de sobremesa, também chileno, do Valle del Maipo, o Club des Sommeliers Late Harvest Reserva 2006. Seu aroma tinha toques de damasco, combinando com o fruto seco na cobertura do pudim.




Por fim, licor português de amêndoas amargas, o autêntico Amarguinha, com algumas gotas de limão e café Nespresso.



Final de tarde. Fim de um belo almoço com amigos.

MÚSICA QUE OUÇO XLV







O retorno à sua melhor fase.
É o cd (duplo) que não sai do cd player do meu carro.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

7 X RODAS


Mais uma noite dedicada ao teatro. Novamente eu e Ric estivemos no CCBB, desta vez no Pavilhão de Vidro, para ver a estreia da peça 7 X Rodas. Ingresso, como sempre, custou R$ 7,50 (meia entrada - correntista Banco do Brasil). O espetáculo conta com sete roteiros diferentes para encenação de Hugo Rodas. Para cada roteiro, uma direção distinta. Por ordem alfabética, como está no material de divulgação da peça, são os seguintes os diretores: Adriana Lagomarsino; Adriano e Fernando Guimarães; Alexandre Ribondi e Sérgio Sartório; Fernando Villar; Guilherme Reis; Míriam Virna; e Zé Celso Martinez Corrêa. O público compareceu em peso, lotando os cem lugares disponíveis. Há seis nichos nas laterais e extremidades do Pavilhão de Vidro, com puffs vermelhos espalhados em forma de vários círculos, um dentro do outro, no centro, e alguns deles colocados entre os nichos. Tais nichos são os cenários para cada um dos roteiros. A primeira encenação é uma volta em torno da plateia tocando um bumbo, uma ode à alegria. O espetáculo é uma celebração pelas sete décadas de vida de Hugo Rodas, um uruguaio radicado no Brasil, especialmente em Brasília, desde a década de setenta. Não há uma linearidade, nem uma ligação entre uma cena e outra. A música indica a mudança de roteiro e, portanto, de cena. Como são sete roteiros diferentes, a tendência é de fazermos uma avaliação isolada, estabelecendo qual que nós gostamos mais ou menos. Há uma constante "dança" de corpos da plateia, que se movimenta junto com o ator, sempre se posicionando de frente para onde ele está encenando. Ao final, a plateia, repleta de artistas de Brasília, aplaude, longamente, de pé o mestre de quase todos. Gostei da peça, muito pela celebração, pela emoção de estar vivo e de amar a vida que nos passou Rodas. O interessante é que esta celebração se dá com textos fortes e que nos remetem à morte (guerra, tortura, assassinato). Dentre os roteiros, fico com o que tem o cenário repleto de bonecas, quando Hugo Rodas demonstra seu lado dramático ao dizer um texto que nos remete aos horrores da guerra. Ajudou, e muito, para criar um clima soturno nesta encenação, tanto o som quanto a iluminação, ainda mais com a sombra das árvores balançando do lado de fora do pavilhão, dando um ar de tristeza ao ambiente. Não há identificação, durante o espetáculo, de quem é o roteiro e a direção de cada cena. Viva Hugo Rodas!


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CARTAS DE AMOR

Cartas de Amor - Electropoprockoperamusical é o nome da peça em cartaz no Teatro II do CCBB de Brasília. Tem roteiro, letras e direção de Flávio Graff, co-direção de Emílio de Mello, direção musical e música original de Felipe Storino. O elenco é formado por Dedina Bernardelli, Fernando Alves Pinto, Flávio Graff e Felipe Storino. Ingresso a R$ 7,50 a meia entrada (correntista do Banco do Brasil). Logo que se entra no teatro, já vemos que o que assistiremos é diferente. As cadeiras estão espalhadas de forma irregular no espaço, cada uma virada para um lado. Alguns não entendem a proposta e consertam-nas, virando-as para a mesa de madeira no centro. Mas, no decorrer do espetáculo, percebem que o musical acontece nos quatro cantos do teatro, além da própria mesa central. Há um vira e revira corpo para seguir, às vezes, mais de uma cena acontecendo ao mesmo tempo. O que vemos é uma mistura de teatro, vídeo-arte, música (ao vivo e gravada), performance, leitura de cartas e postais, e, até mesmo, artes plásticas, pois as cenas projetadas nas laterais do teatro parecem quadros ou fotografias expostas em uma galeria. Ainda com as portas abertas, os atores circulam entre as cadeiras sussurrando frases nos ouvidos do público. O ator Fávio Graff disse, bem baixinho, no meu ouvido três frases, me entregando duas tiras de papel com os seguintes dizeres: "Porque eu não quero me sentir assim para sempre", Porque eu não quero mais sofrer" e "Nem me iludir mais de felicidade". Não há uma história linear. São cenas retratando o amor ou a desilusão do amor, seja ele na forma de reconciliação, separação, amizade, solidão, busca de si próprio. As músicas são cantadas ao vivo pelos atores, mas também há duetos dos atores com eles próprios em projeção nos vídeos, numa bela sincronia. Há um momento do espetáculo em que há uma clara opção pelo naturalismo, quando os atores leem cartões postais ao redor da mesa central, enquanto um couscous marroquino é preparado por Dedina. Ela chega a dialogar com um espectador (no caso, eu) sobre um cartão postal que havia recebido onde continha a receita de um fácil bolo de fubá. Talvez esta cena com os postais tenha destoado um pouco da proposta de todo o espetáculo, mas a plateia já está tão absorta nas idas e vindas do amor, que não se importa com este momento natural. Ao final da cena, o couscous é servido para quase toda a plateia, que, diga-se, lotou o teatro em plena quarta-feira à noite, mostrando que há público para espetáculos de artes cênicas durante a semana em Brasília. Enquanto o público apreciava a iguaria marroquina, eles voltaram a cantar. Já estávamos perto do final. Flávio Graff aproveitou para fazer os agradecimentos de praxe e apresentar o elenco. Fim de um belo espetáculo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

ALMOÇO COM AMIGOS - VIEIRAS E JAVALI

Feriado. Nada melhor do que reunir os amigos e degustarmos um excelente almoço. Dez amigos. Apartamento de uma amiga. O chef é o que mais gosta de cozinhar. Passamos uma tarde agradabilíssima, regada a bons vinhos, bom papo, boa comida. Fomos ainda premiados com uma refrescante chuva no final da tarde. A vista que tínhamos era linda, com os flamboyant em flor.


Enquanto esperávamos, pães da La Boulangerie com azeite e sal, além de pastas de gorgonzola e de frango. Degustamos um vinho branco português do Douro, o douRosa 2007, com aroma que tomou conta da sala, com muito floral e abacaxi.



Por volta de 14:30 horas, o chef mandou todos se sentarem à mesa. Começava o ritual de nosso almoço. Para brindar, o vinho rosé chileno Montes Cherub 2009, com uma cor muito bonita e sabor marcante, leve, próprio para dias quentes, que também acompanhou a primeira entrada: salada de aipo, uva passa, cramberries em passa, maçã, abacaxi, gengibre ralado e um leve toque de maionese. Na mesma entrada, uma concha, estilo símbolo da Shell, com vieiras com coral. Prato leve, próprio para o calor que estava fazendo, além de delicioso. Foi muito elogiado pelos comensais.



Em seguida, nova rodada de vieiras, desta feita, sem coral, levemente passada na frigideira, acompanhada com a mesma salada tropical. Para harmonizar, o champagne Taittinger Prestige Rosé.



Depois das duas entradas com vieiras, chegou a vez do primeiro prato principal: carré de javali assado com tomilho acompanhado por polenta feita apenas com água, flor de sal e queijo brie. A textura da polenta estava excelente, nem mole, nem dura, com sabor marcante. Coloquei um fio de azeite, o que deu maior personalidade ao prato. O carré de javali estava no ponto, com a carne soltando facilmente do osso e uma gordurinha maravilhosa. Para harmonizar, nada como um potente vinho tinto argentino. Foi a vez do cabernet sauvignon Perdriel Coleccion 2005.


O segundo prato principal também foi escoltado pela mesma polenta do primeiro. Também foi um javali. Foi um filé de javali feito com uma crosta crocante de pistache triturado, castanha de caju triturada, queijo parmesão, manteiga e farinha de rosca. Estava divino. Um toque de sal na base do filé fez a diferença, ficando tostada e saborosa. Dois vinhos tintos foram os escolhidos para este prato: o cabernet franc chileno Loma Larga 2007 e o português de Alentejo chamado Recuengos Reserva 2007.



Em seguida, a sobremesa. Uma torta de mousse de pistache com nozes trituradas com mel na base, da grife Daniel Briand. Como todas as tortas desta casa, estava sensacional. Logicamente que houve um vinho de sobremesa para acompanhá-la. Foi um Late Harvest 2005 sauvignon blanc, chileno da casa Concha Y Toro. O arremate final foi um cálice da sempre saborosa Amarguinha, licor português de amêndoas amargas. Nespresso para quem aprecia um bom café também foi oferecido.



Quando a tarde chegava ao fim, com o cheiro da terra molhada enchendo o ar, além do canto das cigarras que voltaram a fazer o seu barulho após a chuva, deixamos o apartamento de nossa amiga muito felizes com o dia que passamos.

FERIADO

Depois de uma segunda-feira morta, tediosa, sem quase nenhum serviço, chegamos ao feriado de 12 de outubro com o contínuo e gostoso canto das cigarras, calor de primavera, céu azul no Planalto Central e toda a vegetação com vivacidade gritante. O verde da grama e das folhas das árvores, depois de poucas chuvas, já dá um novo aspecto à cidade. Hoje, feriado,é dia de reunir os amigos. Vamos todos apreciar um belo almoço preparado por Emi. O cardápio ainda é surpresa. Só sabemos que haverá filé de javali.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ORFEU


Esteve em cartaz no último final de semana em Brasília o musical Orfeu, em nova montagem após cinquenta anos de sua estreia. Para esta nova encenação, o diretor Aderbal Freire Filho ambientou a história clássica de Orfeu e Eurídice nos dias atuais, mantendo a estética idealizada por Vinícius de Moraes em transportar a história para os morros cariocas. Agora, temas o tráfico de drogas, a violência e o baile funk como parte do enredo. O elenco, como na primeira montagem, é formado de atores e atrizes negros, dos quais a mais conhecida do grande público é Isabel Fillardis. Freire Filho adicionou algumas canções da dupla Tom Jobim e Vinícius que não estavam no original, além de ter colocado um personagem que faz um link com a história do passado e a presente. Ele é o poeta. O cenário é composto de um grande painel que nos remete aos barracos amontoados das favelas, mas, para quem é de Brasília, lembra a arte de Athos Bulcão também. Além deste painel, duas escadas de madeira fazem as vezes das escadarias das favelas cariocas, e algumas cadeiras de madeira completam o cenário. Há muita troca de roupa durante as quase duas horas de musical, com algumas araras expostas nas laterias do palco. Também em cena, seis músicos comandados por Jaques Morelembaum e Jaime Alen, garantem a execução da música ao vivo. A iluminação de Maneco Quinderé dá força ao espetáculo. Destaco esta interação da luz com a cena em duas oportunidades: a aparição da morte, vivida por Fillardis, em um figurino todo branco e uma máscara prateada, e a cena de sexo entre Eurídice e Orfeu, muito bonita, por sinal. Há algumas tiradas ótimas, em flerte com a comédia, como quando, em uma mesa de bar, o poeta pede ao garçon uma oficial de justiça mal passada. O garçon traz a tal oficial em seus braços. O poeta pede que ela reabra o clube para que a história da mitologia grega possa continuar e ela responde que mitologia não é sua área, pois é especializada em Direito Civil. O baile funk é ótimo, especialmente a caracterização das "popuzudas", entre elas, uma bichinha pra lá de pintosa. Quanto às interpretações, há altos e baixos, mas, no geral, não há prejuízo para o conjunto do musical. O ator (Érico Bras) que faz Orfeu é muito bom na composição de um sambista do morro, mas não tem uma extensão de voz boa o suficiente para cantar as músicas mais lentas de Tom e Vinícius. No seu todo, o musical cresce na segunda metade, terminando com uma bela e justa homenagem a Vinícius de Moraes. Gostei muito do musical, genuinamente brasileiro, mostrando que não devemos nada aos importados da Broadway. Pena que o teatro não estava lotado, com várias cadeiras vazias nas suas laterais. O preço do ingresso não pode ser motivo destes vazios, pois custou R$ 40,00 (meia entrada - cupom Sempre Você). O público brasiliense perdeu uma ótima opção de entretenimento. Fica a dica para as demais cidades nas quais Orfeu ainda será exibido.

domingo, 10 de outubro de 2010

TRI CAMPEÃO

Parabéns ao time brasileiro de voleibol: tri campeão (2002 - 2006 - 2010) mundial em uma esmagadora vitória por 3 X 0 sobre Cuba. Vitória consagradora em Roma, Itália. Os donos da casa fizeram uma tabela ridícula para se beneficiarem. Triste fim, ficaram sem medalhas neste campeonato.

PERFUME - A HISTÓRIA DE UM ASSASSINO

Conversando com o motorista onde trabalho, ele me perguntou se já tinha visto o filme Perfume - A História de Um Assasino (Perfume - The Story of A Murderer). Disse que não, mas me lembrava do livro que li na década de oitenta no qual o filme foi baseado. O livro se chama O Perfume, do escritor alemão Patrick Suskind, que foi grande sucesso de vendas na época de seu lançamento. O motorista fez uma cópia do filme para eu assistir. Neste domingo, com o delicioso canto das cigarras no ar, depois de almoçar em casa, coloquei o dvd para tocar. Dirigido pelo alemão Tom Tykwer, o mesmo do ótimo Corra Lola, Corra, é uma produção conjunta de Estados Unidos, Alemanha, França e Espanha, lançada em 2006. Tem no elenco Ben Whishaw (Jean Baptiste Grenouille) e Dustin Hoffman (o perfumista Baldini). Também conta com a narração de John Hurt. O filme, para mim, já começou com pontos negativos, pois não gosto de narrativas em off. São 147 minutos e talvez esteja na longa duração o seu problema. Embora bem feito, com boa fotografia, reconstituição muito boa de uma Paris suja e decadente do século XVIII, o filme peca pela falta de ritmo. Não há dinamismo, com cenas que se repetem sem necessidade. Grenouille nasce debaixo de uma fétida barraca de peixe onde é rejeitado pela mãe. Ele tem um poder especial, um olfato superior que o ajudará no decorrer de sua vida. Em Paris, após ser vendido por duas vezes, acaba na casa de um perfumista em decadência, vivido por Hoffman. Com a ajuda do jovem, ele volta a ficar como a grande estrela no quesito perfume. Grenouille quer a fórmula de como se fixa para sempre o cheiro de todas as coisas, inclusive das mulheres. Ele parte para Grasse, uma cidade que vive da colheita de flores, transformando as delicadas pétalas em essências para perfumes. Seu mestre, Baldini, o ensina sobre as três notas que um perfume deve ter: a nota de cabeça, a de coração e a de fundo, totalizando doze misturas, além de lhe informar sobre uma lenda do tempo dos faraós onde uma essência final seria a que dominaria tudo, a décima terceira essência. O jovem perfumista vai se dedicar obsessivamente a encontrar esta essência, além de também criar o melhor perfume do mundo. Para tanto, ele se torna um frio assassino de belas moças da cidade de Grasse. Ele tem sua redenção quando está prestes a morrer nas mãos de um carrasco, cumprindo a sentença pela morte das donzelas, mas ele solta no ar uma lufada do perfume final, conseguido através das essências das donzelas. Ele é considerado inocente, é comparado a um anjo e um enorme bacanal acontece na praça pública. Ele retorna a Paris, com um enorme poder nas mãos, mas sem vontade de viver. Para na praça onde nascera e derrama todo o perfume em si próprio. Numa cena de canibalismo explícito, lembrando As Bacantes, ele tem seu fim. Prefiro o livro.

sábado, 9 de outubro de 2010

COMER REZAR AMAR

Brasília. Noite de sexta-feira. Calor. Eu e Ric resolvemos conhecer a sala Platinum do Kinoplex do ParkShopping. O filme escolhido foi Tropa de Elite 2. Chegamos com uma hora de antecedência para o início da sessão, marcada para 20:50 horas. Filas enormes na bilheteria e nos totens de venda automática. Cartazes na parede anunciavam que todas as sessões noturnas para o filme que escolhemos estavam esgotadas. O filme ocupa quatro salas no complexo. O filme cujo início era o mais próximo foi o escolhido por nós. Pagamos meia entrada cada um utilizando o cartão de crédito Itaú para assistir Comer Rezar Amar (Eat, Pray, Love), produção americana de 2010, dirigida por Ryan Murphy. No elenco, Julia Roberts, James Franco e Javier Bardem. O filme é uma adaptação do livro de Elizabeth Gilbert, uma autobiografia. Liz Gilbert (Julia Roberts), depois de dois relacionamentos mal sucedidos, resolve se dar um tempo, viajando por três cidades do mundo, procurando se auto conhecer. A primeira parada é Roma, na Itália, onde faz amizade, em um agitado café, com uma sueca e tem aulas de italiano com o namorado dela. Nesta fase, a ênfase é na comida. Várias cenas com closes dos pratos que Liz consome nos dá uma vontade enorme de sair do cinema e procurar um bom restaurante de comida italiana. Não há nenhum prato sofisticado. Apenas comida simples, com Liz tendo enorme prazer em apreciá-la. Há inclusive uma bela fala contra a ditadura da magreza, quando está em Nápoles com a amiga sueca comendo uma autêntica pizza napoletana. De Roma para a Índia, quando ela entra na fase de meditação, de orações. Assim como na Itália, o diretor não esconde o dia a dia dos indianos, com moscas, vacas, rua barulhenta, trânsito caótico. Liz entra em um local onde as pessoas se entregam à meditação, mas também ajudam na limpeza local. Faz amizade com um texano que também está no local para se encontrar.Também conhece uma indiana de 17 anos que foi prometida em casamento para um jovem rico. Ela não quer o casamento, mas cede à pressão da família e da tradição do local. Em uma colorida cerimônia de casamento, Liz volta ao passado, exatamente na primeira dança com seu marido. Pensando se tratar de uma música para se dançar a dois, colado um ao outro, o DJ solta Good Times, do Chic. Ela fica ainda um tempo na Índia, quando parte para a terceira cidade, Bali, na Indonésia, onde vive a fase amar do título do filme. Reencontra o guru que previu seu futuro, continua meditando, é atropelada por Felipe (Javier Bardem), um brasileiro que trabalha em uma empresa de exportação/importação de joias, servindo também de guia nas horas vagas. Obviamente, os dois engatam um romance. No mais, é ver o filme. Há música brasileira na trilha sonora: Bebel Gilberto e João Gilberto tocam em algumas cenas da terceira fase do filme. Gostei bastante, mas faço uma ressalva quanto à atuação de Bardem. Ele é um excelente ator, mas não convence como um brasileiro. Quando fala português, é sofrível e falso. Com muita fome, do cinema fomos direto para um restaurante de comida italiana, o Villa Tevere, onde apreciamos um bom vinho tinto de Portugal, além de bruschettas de entrada e um belíssimo filé com risoto.
Bela noite.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MÚSICA QUE OUÇO XLIV








Simplicidade

FILMOTECA ESSENCIAL - BRASIL (08)


Escolhi um terror brasileiro para figurar em minha lista de uma filnoteca básica do cinema nacional. À Meia Noite Levarei Sua Alma, produção de 1963, lançada em 1964. Este filme é a primeira parte de uma trilogia que o diretor só conseguiu concluir nos anos 2000 (o segundo filme também é da década de sessenta). Dirigida e estrelada por José Mojica Marins, o famoso Zé do Caixão, a história é ótima, descontados as condições precárias de gravação (isto até dá um certo charme ao filme). Zé do Caixão, um coveiro em uma cidade interiorana, quer ter um filho para perpetuar suas ideias, mas sua mulher não pode lhe dar o tão sonhado rebento. Ele a mata para tentar ficar com Terezinha, a mulher de Antônio, seu amigo e colega de trabalho na funerária. Mas ela o rejeita. Possuído pela ideia fixa de gerar um filho, ele mata Antônio e violenta Terezinha. Neste meio tempo, ele é amaldiçoado por uma vidente. Terezinha se vinga de Zé do Caixão, suicidando-se, mas antes promete voltar dos mortos para levar a alma de Zé para o inferno, daí o título do filme. No decorrer da história, Zé do Caixão é atroz, usando e abusando da violência física com os homens da cidade, subjugando-os e marcando-os fisicamente. É interessante a forma que ele critica a religião, utilizando objetos ligados à crença religiosa para fazer maldades (em especial a cena onde ele utiliza a coroa de espinhos de uma imagem de Cristo para ferir o rosto de um homem no bar). Os efeitos especiais são toscos se comparados aos dias de hoje, mas tem papel crucial no filme. A cena em que Zé do Caixão arranca uma parte do dedo de um jogador de cartas com uma garrafa quebrada é ótima, assim como aquela em que o médico galã do filme tem seus olhos perfurados com as unhas enormes do coveiro. Os momentos finais são marcantes, com Zé do Caixão apavorado com a proximidade de sua morte. A transformação do rosto deformado de Zé na torre de um relógio marcando meia noite é o ápice da história e o cumprimento da promessa de Terezinha. Mesmo com problemas perceptíveis na gravação da fita, como as cenas noturnas no meio do mato, onde percebemos que tudo foi gravado em estúdio (é só reparar as sombras dos atores na parede do fundo, atrás das árvores, estas visivelmente artificiais), o filme merece ser visto e revisto. Foi o que fiz na noite desta última quarta-feira. Aproveitei e vi alguns extras do dvd, como um filmete de nove minutos quando José Mojica Marins dirigia um curta metragem com árabes que se passava na Amazônia (!). Ele faz o papel de um sultão do mal que é derrotado pelo mocinho da história. O filme é mudo, mas há uma narração do diretor discorrendo sobre o enredo e os bastidores da gravação. Imperdível!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CINEMAS DE RUA

No último final de semana estava em Belo Horizonte para votar. Alguns amigos mineiros me convidaram para conhecer o Club Odeon recentemente inaugurado onde outrora funcionou o saudoso Cine Odeon, na Floresta. O prédio é tombado pelo patrimônio histórico da cidade, especialmente sua fachada em arquitetura art deco. Ao chegar no local, notei que os novos empreendedores mantiveram a cor verde nas paredes externas conforme era quado ali funcionava um cinema. Após a identificação necessária, constatei que tiveram a preocupação de manter certos elementos que lembram uma sala de cinema. Assim, estão presentes a cortina vermelha que era fechada quando a projeção começava, algumas poltronas de cinema usadas nas décadas de setenta e oitenta, o pé direito alto, a iluminação baixa, luminárias nas paredes com foco de luz voltado para o teto. No local onde se localizava a tela onde se projetavam os filmes, fizeram um bem montado bar, cujo fundo está revestido por azulejos brancos com grafismos pretos. Lembra, de longe, uma tela de cinema. Não me recordo de ter assistido filmes no Cine Odeon, mas ao entrar neste novo clube, minha memória me levou aos cinemas de rua que existiam em Belo Horizonte. Hoje, eles fazem parte apenas da história afetiva e escrita da cidade. Lembrei-me de vários cinemas que não existem mais:
01) Cine Paladium - no Centro, onde vi vários filmes. Cinema confortável e grande. Recordo-me das filas enormes para ver Platoon; Ghost; 9 1/2 Semanas de Amor; De Volta Para O Futuro; Jorge, Um Brasileiro. Está fechado há anos. A promessa é que será, em breve, um centro cultural.
02) Cine Jacques - no Centro. Sala enorme, com dois andares de plateia. Vi muitos filmes ali, como Alien, O Oitavo Passageiro; King Kong (o com Jessica Lange); Marcelino, Pão e Vinho; Fúria de Titãs; Flash Gordon; um curta da Lygia Pape que não me recordo o nome (em certa altura da década de oitenta, os curtas brasileiros eram obrigatórios antes das sessões dos filmes de longa metragem). Não existe mais, dando lugar à expansão do Shopping Cidade.
03) Cine Metrópole - no Centro. Também no estilo art deco. Houve protestos quando anunciaram seu fim. Um amigo recebeu uma bordoada na orelha ao entregar uma rosa para um dos guardas que tentavam reprimir a manifestação. Ali também enfrentei filas para ver Jornada nas Estrelas, o Filme; Guerra nas Estrelas; O Império Contra Ataca; Orca, A Baleia Assassina; Tess; O Homem Aranha (um fraco filme da década de oitenta). Cedeu lugar para o Bradesco.
04) Cine Guarani - no Centro. Era pequeno, sem proteção contra o ruído da barulhenta Rua da Bahia, mas sempre estava cheio. Nele vi o lacrimejante O Campeão e A Noviça Rebelde. Não existe mais. No prédio há uma unidade da Polícia Militar e o Museu Inimá de Paula.
05) Cine Acaiaca - no Centro. Pequeno, nos fundos do hall de entrada do famoso Edifício Acaiaca. Era mais barato que os outros cinemas do Centro. Recordo-me de ter assitido ali Batman, um tosco filme baseado no famoso seriado da televisão com Adam West e Burt Ward. Não existe mais. Acho que funciona um templo religioso no local.
06) Cine Royal - no Centro, próximo da rodoviária. Tinha sessões duplas de filmes B. Eram deliciosos os filmes de lutas marciais que ali passavam. Também foi no Royal que o polêmico Império dos Sentidos foi exibido, mas não tinha idade para entrar na época. Não existe mais. Hoje é sede de um templo religioso.
07) Cine Tamoio - no Centro. Vi vários filmes estrelados por Mazzaroppi nese cinema. Também foi nele que vi seis vezes a versão cinematográfica para Iracema, o clássico livro de José de Alencar. Nas telas virou Iracema, A Virgem dos Lábios de Mel, estrelada por Helena Ramos e Tony Correia. Tal cinema também não existe mais. Hoje é uma loja de roupas populares.
08) Cine Brasil - no Centro, na Praça Sete. Cinema enorme, com dois andares e salas de espera com sofás, que teve momentos áureos que não peguei. Ali vi alguns filmes dos Trapalhões. Recordo-me bem do filme Os Trapalhões no Planalto dos Macacos, com o cinema completamente lotado, quando eu, meus irmãos e primos vimos duas sessões seguidas. Não funciona mais como cinema. Está em reforma eterna para se tornar um centro cultural.
09) Cine Art Palácio - no Centro. Também em estilo art deco, com ampla sala de espera e dois andares. O épico A Missão vi neste cinema. Na época em que os cinemas se renderam aos filmes pornográficos, este foi um dos cinemas que primeiro aderiu à onda. Nele vi dois clássicos deste gênero: Garganta Profunda e O Diabo na Carne de Miss Jones. Também já acabou, cedendo lugar apra uma loja de eletrodomésticos.
10) Cine Pathé - na Savassi. Era o cinema onde passavam os filmes mais alternativos e as produções europeias. Na década de oitenta, meu final de semana sempre terminava dentro deste cinema nas noites de domingo. Alguns filmes memoráveis conheci no Pathé (o mesmo cine que ganhou uma citação em uma música do Skank), como Esposamante; Olhos Negros; O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Esposa e O Amante; A Era do Rádio; Zelig; E La Nave Va; Ensaio de Orquestra; Ata-Me; O Baile; O Grande Mentecapto; O Sol da Meia Noite. Perdeu público por dificuldades de estacionamento na região. Por ironia do destino, hoje funciona um estacionamento no local.
11) Cine Roxy - no Barro Preto. Especializado em passar filmes de arte. Havia um aguardado festival anual, chamado Paulo Arbex (em homenagem a um crítico de cinema da cidade), no qual eram exibidos os melhores filmes do ano anterior, escolhidos pelos críticos da cidade. Nele vi Querelle; Lawrence da Arábia; Ginger & Fred. Também não existe mais. Em seu local funciona uma espécie de feira de pequenas confecções, já que a especialidade do bairro é a pronta entrega de roupas.
12) Cine Nazaré - no Centro. Escondido no fundo do hall de um prédio residencial, não tinha muito público quando eu comecei a frequentar cinemas. Tinha uma ampla sala. Lembro-me de ter visto um filme sobre a Copa do Mundo de 1982 e um filme gay argentino chamado Outra História de Amor. Tentaram recuperar o cinema, transformando-o em espaço com três salas menores de projeção. Nesta fase, vi A Flor do Desejo, de Almódovar. Hoje está fechado.
13) Cine Candelária - no Centro, bem na Praça Raul Soares. Vi os 101 Dálmatas ainda na década de setenta. Sua programação, a partir dos anos oitenta, ficou toda voltada para os filmes pornográficos, de sexo explícito. Chegaram a reformá-lo para teatro com peças com sexo ao vivo, mas a tradicional família mineira impediu que este gênero teatral prosperasse na cidade. Foi vítima de um incêndio que o destruiu totalmente, somente a fachada ficando de pé (o prédio é tombado pelo patrimônio histórico da cidade), funcionando um estacionamento no local.
14) Cine Padre Eustáquio - no bairro Padre Eustáquio, na rua de mesmo nome. Cinema de bairro, como era chamado o cinema que não ficasse na região do Centro da cidade, passava só filmes já exibidos no circuito mais nobre. Era mais barato e as matinés de domingo sempre eram cheias. Vi os dois últimos filmes da tetralogia O Planeta dos Macacos neste cinema. Desde que fechou, há pelo menos duas décadas, funciona no local uma boate.
15) Cine São José - no Calafate. Também cinema de bairro, ficava na Rua Platina e passava apenas filmes B. Tinha um buraco no grande portão de ferro que era usado como saída. Neste buraco, várias crianças davam uma espiadinha no filme que estava passando. Embora perto de onde morava (dava para ir a pé), frequentei muito pouco este cinema. Recordo-me apenas de um filme que lá assisti: O Exército das Formigas Gigantes. O prédio foi demolido, cedendo lugar a um hipermercado.
16) Cine Santa Tereza - no bairro de mesmo nome. Não vi nenhum filme neste cinema. Quando fechou as portas, cedeu lugar a uma danceteria que ficou famosa na cidade na década de oitenta, a Santa Tereza Cine Show. Frequentava quase todas as semanas. Filas imensas se formavam a partir das dezenove horas nas noites de sexta-feira, pois havia a promoçao "O Porteiro Fugiu", quando, entre 20:45 e 21 horas, não se cobrava para entrar. Auge da new wave e do rock nacional, a pista de dança bombava até amanhecer o dia. Passada a moda, cedeu lugar a outra casa de dança, a Casablanca, com muita lambada e dança de salão. Hoje, abriga o Festival de Cinema de BH, que ocorre no último trimestre do ano. Voltou às origens, mesmo que por alguns dias ao ano.
17) Cine Amazonas - no bairro Barroca. Grande, sempre vazio. O barulho da Avenida Amazonas espantava o público. Também programava filmes que não estavam mais no circuito nobre do centro. Vi neste cinema Dio, Come Te Amo; Papillon e Candelabro Italiano. Como todos os cinemas de bairro, não exibe mais filmes. Não sei o que está no local, mas pelo tamanho, deve ser algum templo religioso.
Outros cinemas de rua nos quais não vi nenhum filme e que também não existem mais: Cine Regina, Cine São Cristóvão, Cine México e Cine Marabá.

No final da década de oitenta, os cinemas localizados em shoppings foram tomando o público destes cinemas de rua. Pouco a pouco, cada um deles agonizou ate fechar as portas. Para o circuito alternativo ou de filmes de arte, restava a Sala Humberto Mauro, vinculada à Fundação Clóvis Salgado (leia-se, ao Governo do Estado de Minas Gerais), até surgir o Savassi Cine Clube, uma sala de rua, que passou por várias fases e resiste até os dias de hoje, mas sem o público que tinha quando iniciou suas atividades. Nele vi filmes com a sala lotada, como Asas do Desejo e filmes com apenas eu de público, como Romance, de Sérgio Bianchi. Depois vieram outros cinemas de rua: o Belas Artes, o Usina, o Imaginário, o La Boca, entre outros que não mais existem. Destes citados, somente o Cine Savassi e o Belas Artes ainda funcionam.

Este post está longo, sinal de que a viagem ao tempo foi boa. Para quem leu até aqui, notei que não disse o que funciona no Club Odeon. Trata-se de um clube exclusivamente masculino, ou seja, um clube gay.