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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CENA CONTEMPORÂNEA 2011 - DIA 8 - DEPOIS DO FILME

O Cena Contemporânea 2011 completou seu oitavo dia de intensa programação nesta terça-feira, dia 30 de agosto. Mais uma peça para conferir. Fui com Ric e um amigo para o CCBB, onde nos encontramos no Bistrô Bom Demais. Fizemos um lanche, trocamos ideias e fomos para a fila que começou a se formar na entrada do Teatro II faltando vinte minutos para o início de Depois do Filme, texto, direção e interpretação de Aderbal Freire-Filho. Sessão completa, ingressos esgotados (R$ 15,00 a inteira), sem chances para a fila de desistência que sempre há em frente à bilheteria do centro cultural antes dos espetáculos pagos. Na plateia muita gente da cena teatral brasiliense, como o diretor Hugo Rodas e os atores Carmem Moretzsohn, William Ferreira e Alessandro Brandão. B. de Paiva, o homenageado desta edição do festival, também estava presente, prestigiando o ator Aderbal, seu conterrâneo do Ceará. O texto foi construído dando continuidade à vida de Ulisses, personagem que Aderbal Freire-Filho interpretou no filme Juventude, dirigido por Domingos de Oliveira. A construção do texto é um roteiro para cinema, com todas as marcações de cenário, luz e posições dos atores. Começa com a projeção de cenas de Juventude, apresentando a quem não viu o filme, o personagem Ulisses. Aderbal se posiciona no centro do teatro ainda durante esta projeção, mirando as imagens como se fizessem parte de sua memória. São suas lembranças que estão sendo projetadas nas paredes do teatro. Fim da projeção e Aderbal, ou melhor, Ulisses, segue nos informando, antes de cada cena, se ele está em espaço interior ou exterior, se é dia ou noite, em que local do Rio de Janeiro ele está. Passeamos com ele pelos bairros da Lapa, Centro, Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon. O cenário foi montado no meio do teatro, com várias cadeiras de ferro que fazem as vezes de assento de carro, murada da Ponte Rio-Niterói, banco da orla da praia, posto de gasolina, sala de apartamento. Poucos objetos são usados para pontuar as cenas: uma canga, um pincel atômico, um espelho redondo com o escudo do América (RJ), um carro de brinquedo. Em aproximadamente 70 minutos, o "filme" é rodado diante de nós. Já vi vários espetáculos que Aderbal esteve envolvido, mas nunca tive a oportunidade de vê-lo atuando, no papel cru de ator. Segundo o catálogo do festival, faziam mais de dez anos que ele não atuava em teatro. Foi muito bom vê-lo em cena. A sacada do nome da peça é ótima: Depois do Filme, afinal, a história se passa após os acontecimentos narrados na película Juventude. A história continua explorando o tema envelhecer, como no filme, as tristezas, as amarguras da velhice, mas com toques de otimismo, de estar valendo a pena viver. Coincidência ou não, até o momento, as duas peças que mais gostei foram dois monólogos nos quais o texto, a direção e a interpretação foram de cearenses: Rá!, com Ricardo Guilherme, e Depois do Filme, com Aderbal Freire-Filho. Vamos em frente, que há muito coisa ainda para ver até domingo, dia 04 de setembro.


CONFRARIA VINUS VIVUS - 56ª REUNIÃO

Em 22 de agosto de 2011, uma segunda-feira, a Confraria Vinus Vivus se reuniu mais uma vez, em sua 56ª reunião desde que se formou. A degustação da noite teve como tema os vinhos tintos franceses que não fossem das regiões de Bordeaux e da Bourgogne. Foram três vinhos degustados. Desta vez não fizemos a introdução com os aromas do Le Nez du Vin, indo direto para a mesa apreciar os vinhos franceses. Um dos confrades não pode comparecer, ficando o grupo com nove pessoas. Curiosamente, não houve um vinho que fosse o mais votado em termos de preferência dos presentes. Os três vinhos empataram nesta preferência, com três votos cada um. Eis os vinhos da noite, ressaltando que todos passaram pelo decanter por, pelo menos, meia hora:

Vinho 1




Côte-Rotie Brune et Blond E. Guigal

Região: Vale do Rhone - Cotê-Rotie, França.
Produtor: E.Guigal.
Safra: 2004
Álcool: 13%
Castas: syrah e viognier, sem especificação de porcentagens, mas com domínio da primeira.
Guarda: 15 anos.
Estágio: 24 meses em barricas de carvalho francês.
Cor: granada.
Aroma: enxofre no primeiro ataque, ferrugem, sangue (ferro), baunilha após descanso na taça.
Boca: bem seco, pica a língua, acidez presente, azedo, saliva muito (devido à casta viognier), parte branca da laranja, fresco, encorpado, elegante, equilibrado, deixa um amargor do meio para o final da língua.
Preço de mercado: R$ 343,00.
Importador: Expand.
Harmonização: como é muito seco, pede uma carne mais forte.
O preferido da noite por três dos confrades.


Vinho 2



Château Legrézette Cuvée Dame Honneur

Região: Caillac - Cahors, França.
Produtor: A. D. Perrin (Domaine de Lagrézette).
Safra: 2003
Álcool: 14,5%
Castas: 91% malbec e 9% merlot.
Guarda: 25 anos.
Estágio: 24 meses em barricas de carvalho francês.
Cor: rubi intenso.
Aroma: fruta vermelha passada (desidratada), pasta de tamarindo, borra de café.
Boca: seco, não é pesado, taninos presentes, mas elegantes, não agridem, fruta seca (sem a calada), deixa um amargor.
Preço de mercado: R$ 330,00.
Importador: Decanter.
Harmonização: cassoulet, o prato típico da região em que é produzido.
Recomenda-se deixá-lo em um decanter por uma hora.
O preferido da noite por três dos confrades.

Vinho 3



Le Credo

Região: Côtes du Roussillon, França.
Produtor: Cazes.
Safra: 2007
Álcool: 15%
Castas: 40% grenache, 30% syrah e 30% mourvèdre.
Guarda: sem informação, mas os vinhos da região tem potencial de guarda entre 15 e 20 anos.
Estágio: 18 meses em barricas de carvalho francês de 250 e de 300 litros.
Cor: rubi.
Aroma: a maioria não sentiu nada nos primeiros minutos, somente o álcool exalando, depois veio o aroma de grafite, o doce cítrico do vinagre balsâmico, do aceto cremoso.
Boca: ácido, taninos presentes, mas não agridem, sente-se um sabor de queimado ao final.
Preço de mercado: R$ 389,00.
Importador: Vintage.
O enólogo responsável por sua elaboração é René Barbier, o mesmo do Clos Morgador.
Parece vinho do novo mundo.
O preferido da noite por três dos confrades.

Como de costume, a anfitriã nos brindou com um jantar com camarões que foi harmonizado com o vinho branco:


Santa Ema Gran Reserva

Região: Isla de Maipo, Chile.
Produtor: Santa Ema.
Safra: 2009
Álcool: 14%
Castas: 100% chardonnay.
Estágio: 06 meses em barricas de carvalho.
Cor: palha.
Preço de mercado: R$ 69,00.
Importador: Art du Vin.



O prato do jantar.


Em setembro tem mais: vinhos de Portugal.

vinho

CENA CONTEMPORÂNEA 2011 - DIA 7 - PROPAGANDA


Segunda-feira também é dia de ir ao teatro. Lá fui eu conferir mais um espetáculo do Cena Contemporânea. Desta vez no Teatro Plínio Marcos, no Complexo Cultural da Funarte, para conferir Propaganda, do grupo australiano Acrobat. Na verdade, o grupo é uma família que dedica a vida e a sua arte ao circo e a divulgar um meio de viver melhor, sem agressões ao meio ambiente, pregando a paz e harmonia. Quando cheguei, uma longa fila já se formava na porta do teatro, pois os ingressos (R$ 16,00 a inteira) não tinham assento previamente marcados. Mesmo bem atrás na fila para entrar, sentei-me, junto com um amigo que lá encontrei, na primeira fileira de cadeiras. As pessoas tem medo de ficar muito próximo ao palco, temendo ter alguma interatividade entre artista e público e acabar tendo que participar de determinada cena. Não tenho este receio. O espetáculo é circense. Assim, o que vi como cenário lembrava um picadeiro, mas de forma diferente, com objetos decorativos mais rústicos e vasos de plantas ao redor. O casal Simon Yates e Jo-Ann Lancaster entram em cena com regadores, molhando as plantinhas. O primeiro número é uma série de acrobacias que exigem muita força física e concentração do casal. Ao mesmo tempo em que mostram o vigor, a sincronicidade e movimentos difíceis, eles sempre simulam quedas, dando um toque de comédia à cena. Aliás, a comicidade perpassa todo os sessenta minutos que dura o espetáculo. Como uma das filosofias que eles pregam e fazem propaganda (daí o nome da peça) é o andar nu, em alguns números Jo-Ann fica com os peitos desnudos, mostra a bunda e tem um nu frontal de relance, enquanto Simon Yates fica só de cueca branca. Os números se desenvolvem em um clima alegre, lembrando as comédias do cinema mudo ou desenho animado. Há um número em que um saco com pedras com a palavra CAUSA nele escrita é alçado e posicionado de forma a cair no trampolim armado. Do outro lado do trampolim fica Yates, com uma placa pendurada no pescoço com a palavra EFEITO. Ele puxa uma corda, o saco cai sobre o trampolim e o joga para trás. Em um salto mortal de costas, ele cai em cima de um colchão segurado por duas pessoas. Causa-Efeito de forma didática e divertida. As caras e bocas que ele fez me lembrou o desenho do Papa Léguas com o Coiote. Ótimo! O melhor de tudo para mim, uma escolha difícil, confesso, foi o número de equilíbrio na corda bamba (funambulismo). Yates primeiro dorme na corda, depois se senta, levanta para tomar o café da manhã, é servido por Jo-Ann, derrama o suco de laranja, derrama os cereais, derrama o leite, um ovo cai em sua cabeça, toma uma ducha, veste camisa, calças, coloca gravata e paletó, sem nunca sair de cima da fina corda. O término deste número é mais um toque de comédia. Quando ele pega uma valise, puxa uma corda de dentro dela, desce da corda bamba e segue caminhando na corda que vai saindo da mala se estendendo pelo chão firme do palco, como se o caminhar em corda bamba fizesse parte de sua vida. E não é que faz parte de todas as nossas vidas um eterno andar e equilibrar em uma corda bamba invisível? Em outra parte do espetáculo, a filha do casal é alçada em uma cadeira, como se fosse um anjo (a foto usada na divulgação é deste número), com asas de material usado. Lá do alto, ela exibe cartazes com mensagens escritas em português, tais como "seja gentil", "coma seus vegetais", "desligue a televisão","ame seus inimigos", entre outras. Para cada frase, o público aplaudia, algumas com mais intensidade. O número final foram acrobacias em cima de uma bicicleta que ficava rodando em círculos no picadeiro. Mais uma mensagem do casal: ande mais de bicicleta, deixe o carro de lado, é mais saudável e pode ser divertido. Os australianos nos mostraram um circo diferente, que nos possibilitou um novo olhar para velhos números rotineiros nos espetáculos circenses. Sensacional. Ao final, a trupe distribuiu para a plateia um folheto com algumas mensagens para viver melhor, a Propaganda do viver de maneira simples e positiva. Gostei muito.








CENA CONTEMPORÂNEA 2011 - DIA 6 - IVAN E OS CACHORROS

Cheguei de São Paulo no domingo no meio da tarde. Foi o tempo de buscar Getúlio, ir para casa, desfazer a mala, tomar um banho para acordar e seguir na maratona do Cena Contemporânea 2011, já que não pude ver nada na sexta-feira (26/08 - dia 4) e no sábado (27/08 - dia 5). No domingo, tinha ingresso (R$ 16,00 a inteira) para a peça Ivan e Os Cachorros, encenada no Teatro da Caixa, cuja sessão tinha horário de início às 20 horas. O teatro estava bem cheio. O texto é de Hattie Naylor e nos conta a história real de um garoto, Ivan, que fugiu de casa, pois não conseguia conviver com as constantes brigas entre sua mãe e seu padrasto, além da violência física e psicológica que ele sofria. Foi viver nas ruas de Moscou, em plenos anos 90, na companhia de cães, até que um dia ele foi recolhido para viver em um orfanato. A direção da versão brasileira, já que a peça estreou em Londres, é de Fernando Villar, conhecido na cidade por seus trabalhos no teatro e como professor na Universidade de Brasília. No palco, apenas o ator paulistano  Eduardo Mossri, que interpreta Ivan. A cenografia é limpa: um telão ao fundo, que passa desenhos lúdicos, com traços infantis, dos cães que fizeram companhia ao garoto em sua vida nas ruas, um banco de madeira branco que servia como mesa, esconderijo, assento, entre outros objetos, dependendo do que era encenado e dois suportes de madeira, um de cada lado do tal banco. O da esquerda sustentava um gravador de fita de rolo e o da direita uma mesa de luz. Todo o trabalho de controle do som e da iluminação em cena coube ao próprio ator. O texto é bom, mas o que mais chama a atenção é o trabalho do ator. Um trabalho visceral, onde corpo, expressões faciais, voz são sincronizados perfeitamente, refletindo os momentos aflitivos e de felicidade por que passou Ivan. No início, tive dificuldades de compreender certos trechos da fala de Mossri, especialmente quando ele estava mais eufórico, mas meu ouvido foi acostumando com o ritmo e com a intensidade do seu falar, chegando ao final com compreensão perfeita da história. Todo o trabalho do ator, tais como gestos, marcação no palco, timing para a luz e para o som, mostram a excelente direção de Fernando Villar. Mesmo que a história fosse chata, e ela não é, já valeria a pena ver a peça, pois nos possibilita vivenciar uma perfeita sinergia entre interpretação e direção. Ao final dos 65 minutos de encenação, aplausos calorosos pelo belo espetáculo. Gostei muito.



Faço aqui um adendo. Pode parecer que não estou prestigiando as peças de Brasília, mas já vi quase todas que integram a programação do Cena Contemporânea deste ano, algumas delas já tendo resenhas neste blog. Assim, já havia visto antes:

Pulsações (Teatro do Instante) (para ler o post, clique aqui)
Bacantes e Brincantes  (O Hierofante Cia de Teatro)
Diário de Um Louco (Transe Teatro)
Uma Última Cena Para Lorca (Teatro Caleidoscópio)
Heróis, O Caminho do Vento (Grupo Cena) (para ler o post, clique aqui)
Ultrapassa (Cia.Nós no Bambu) (para ler o post, clique aqui)
A Despedida (Chang Produções)
Danaides (Basirah)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

AS BRUXAS DE EASTWICK


No final da tarde de sábado, pegamos um táxi na porta do Mercure São Paulo Jardins em direção ao Shopping Bourbon, cuja corrida ficou em R$ 25,00. Estávamos indo ver a sessão das 17 horas do musical As Bruxas de Eastwick, em cartaz no Teatro Bradesco. Pelo ingresso, cada um de nós pagou R$ 220,25 (entrada + taxa de conveniência + sedex). O teatro não estava cheio. Embora todos estávamos bem localizados, na fila M, lado ímpar, alguns trocaram de poltrona para ficar com mais folga e espaço. O musical é uma comédia de John Dempsey e Dana P. Rowe, vertida para o português por Cláudio Botelho, cuja direção coube a Charles Moeller, os dois responsáveis pelo atual boom de sucesso de musicais nos teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo. Ao todo são 26 atores em cena. Os papeis principais são interpretados por Eduardo Galvão (Darryl Van Horne), Maria Clara Gueiros (Alexandra Spoffard), Sabrina Korgut (Jane Smart), Renata Ricci (Sukie Rougemont), Fafy Siqueira (Felícia Gabriel), Renato Rabelo (Clyde Gabriel), André Torquato (Michael Spoffard), Clara Verdier (Jennifer Gabriel), Blota Filho (reverendo Ed Parsley) e Ben Ludmer (Fidel). O início teve um pequeno atraso de cinco minutos. Dividida em dois atos, com intervalo breve entre eles, esta comédia musical é bem fiel ao que vimos nas telas de cinema em 1987 na versão dirigida por George Miller e estrelada por Jack Nicholson, Susan Sarandon, Michelle Pfeiffer e Cher. Do elenco, destaco a sempre ótima Fafy Siqueira, Sabrina Korgut, com um time perfeito de interpretação teatral e musical, e Renata Ricci, com uma voz afinadíssima e poderosa. O musical é leve, divertido, com bons efeitos visuais e de ilusionismo. Ao final do primeiro ato, as três "bruxas" voam sobre a plateia em um número plasticamente bonito. Não vai além de uma boa diversão. Poderia, inclusive, ser em menos tempo, já que há cenas repetidas, como as de vodu. Gostei, pero no mucho! Ao sair, demos uma volta no shopping e pegamos um táxi de volta ao hotel (corrida praticamente no mesmo valor: R$ 26,00), onde descansamos, trocamos de roupa e saímos novamente. Desta vez escolhemos um local próximo ao hotel, caminhando até o restaurante Spot (Alameda Ministro Rocha Azevedo, 72, Bela Vista), onde enfrentamos uma fila de espera de quase duas horas para vagar uma mesa e podermos jantar. Nem vimos o tempo passar, pois ali é assim mesmo. A maioria vai, se senta nos bancos do lado de fora, bebe, fuma, conversa, petisca comidinhas, vê e é visto. Depois do jantar, voltamos para o hotel, já no início da madrugada. Como gato escaldado tem medo de água fria, não entramos todos no mesmo elevador. Dividimos em três turmas para subir. Domingo foi dia de tomar café da manhã mais tarde, fazer o check out ao meio dia, ir para o aeroporto e embarcar de volta para Brasília.


Teatro Bradesco - Shopping Bourbon




Letreiro do restaurante Spot


Penne Oriental - Spot

DALVA E DITO - GASTRONOMIA EM SÃO PAULO (SP)

Depois de bater pernas na região da Rua Oscar Freire no final da manhã de sábado, fomos almoçar no restaurante de culinária brasileira do premiado chef Alex Atala, o Dalva e Dito (Rua Padre João Manoel,  1.115, Cerqueira César). Fiz reserva antecipada para oito pessoas, mesa no jardim. Chegamos na hora reservada, às 13 horas. O restaurante ainda não estava cheio. O maitre nos ofereceu mesa tanto no salão interno quanto no jardim. Preferimos o jardim, mais arejado, com muita samambaia pendendo do teto. O piso de ladrilho hidráulico chama a atenção em todos os ambientes, assim como a parede com azulejos de Athos Bulcão no salão principal. Artigos do artesanato brasileiro, em cerâmica e madeira, fazem parte da decoração, enfeitando as paredes. O tradicional couvert veio à mesa: pães caseiros, pasta de feijão preto, lembrando um tutu, berinjela, manteiga Aviação, pimenta camuci recheada de pernil, biscoitos de polvilho e cabeça de alho assado. A reposição dos itens do couvert é constante. O garçom nos sugeriu uma caipirinha de cachaça Leblon com limão cravo (em MG, chamamos de limão capeta), maracujá, hortelã, adoçada com xarope de priprioca. Aceitei e não me arrependi, pois estava ótima e refrescante, aliviando o calor que fazia em São Paulo. Fui um dos poucos que pedi uma entrada, uma tapioca de queijo coalho com melaço de cana. A massa estava macia, bem recheada e o melaço de cana veio ao redor do prato, como se fosse um enfeite. Não era excessivo, dando um sabor delicado e doce ao prato. Fiz um pedido estranho ao meu gosto como prato principal, pois não sou fã de pequi. Perguntei ao garçom se o sabor era muito forte. Já que ele disse que era bem suave, resolvi experimentar uma das opções do cardápio que figura sob o título de "Da terra e do ar...", o "porco na lata com purê de batata e pequi". Nos dizeres do menu, trata-se de "costela e paleta de leitão confitados e combinados com o exótico pequi do cerrado brasileiro". A carne de porco estava tenra, com um sabor levemente adocicado e um suave retrogosto do pequi. A textura do purê de batata amenizava o sabor desta forte fruta do cerrado. Gostei muito de minha escolha. Já que havia pedido uma entrada doce e um prato adocicado, nada quis como sobremesa. Enquanto meus amigos saboreavam os doces com ingredientes brasileiros, especialmente os da região Norte, aproveitei para dar uma volta nos ambientes do restaurante, pois gosto muito de ver os pisos de ladrilho hidráulico. Percebi, então, que não havia nenhuma mesa vazia. Na sala de espera, em frente ao bar da entrada, uma fila já se formara. Os integrantes da banda Jota Quest almoçavam em uma grande mesa no mesmo jardim em que estávamos. Voltei à mesa para finalizar este belo almoço com um café Nespresso. A conta totalizou R$ 1.136,00 para oito pessoas. Ao sair, lembrei-me de que tinha que tomar um remédio, mas não havia mais água na mesa. O garço perguntou se queria alguma coisa. Disse que esquecera do comprimido, mas que o tomaria quando chegasse ao hotel. Gentilmente, ele me deu uma garrafa de água para não passar da hora de tomá-lo. Estas gentilezas fazem a diferença em qualquer restaurante. Serviço de primeira, comida de primeira, ambiente lindo e aconchegante. Deixamos o Dalva e Dito depois de 15 horas, subindo a pé para nosso hotel. Era hora de descansar para sair novamente, afinal, tínhamos ingresso para a sessão das 17 horas do musical As Bruxas de Eastwick, em cartaz no Teatro Bradesco.


Samambaias pendem do teto do jardim


Mesa no jardim


Bar no subsolo


Bar no subsolo


Bar no subsolo


Azulejos de Athos Bulcão ao fundo do salão principal



Artesanato em cerâmica na parede da escada de acesso ao subsolo


Caipirinha de limão cravo, maracujá, hortelã e xarope de priprioca


Caipirinha de limão cravo, maracujá, hortelã e xarope de priprioca


Tapioca de queijo coalho com melaço de cana


Porco na lata com purê de batata e pequi

Gastronomia São Paulo (SP)


MUSICA+ALMA+SEXO WORLD TOUR - RICKY MARTIN

Fui com amigos para São Paulo no último final de semana para curtir o show Musica Alma Sexo de Ricky Martin no Credicard Hall (Avenida das Nações Unidas, 17.955). Compramos ingresso na pista premium, pelo qual cada um pagou R$ 606,80 (entrada, taxa de conveniência e sedex). Contratamos uma van por R$ 605,00 para nos transportar do hotel ao local do show e vice-versa. A van estaria a nossa disposição por dez horas. Marcamos para sair do Mercure São Paulo Jardins (Alameda Itu, 1.151, Jardins), onde estávamos hospedados, às 20:30 horas, uma vez que o show estava marcado para ter início às 22 horas. Pontuais, saímos na hora marcada. Éramos sete pessoas. O trânsito estava lento e ficava cada vez mais lento nas proximidades do local do show. Gastamos mais de uma hora para chegar. Pedimos ao motorista que nos pegasse no mesmo local, buscando antes Ric, que ficara no hotel. Na entrada, conferência do ingresso, rápida passagem pela vistoria de segurança, como sempre bem meia-boca, e pulseira alaranjada no pulso, indicando que tínhamos acesso à pista premium, bem em frente ao palco. Um DJ animava a galera, já presente em grande número. No palco, um grande pano escondia o cenário. Nele, uma imagem azul era projetada. Era a primeira vez que eu entrava no Credicard Hall. Percebi que seria difícil ver de onde estávamos tudo no palco, pois a altura dele em relação à pista é grande. Para passar o tempo, começamos a tirar fotos. Uma mulher nos abordou pedindo para tirarmos uma foto do cantor e enviar para o e-mail dela. Era para um amigo que estava com ela que havia esquecido a bateria da sua máquina fotográfica. Disse que enviaria com prazer a foto. Ela me deu um cartão com nome e endereço eletrônico. Mais amigos chegaram e se juntaram ao nosso grupo. O DJ encerrou sua participação às 22:10 horas. Mais dez minutos e um vídeo começou a ser projetado no pano que escondia o palco. Era um filme de Ricky Martin em meio a correntes e ferragens. O frisson foi geral. Terminado o vídeo, o pano foi retirado. Cantor, banda e cenário são mostrados ao público. Centenas de mãos se levantam com máquinas digitais e celulares. Se eu achava que não seria fácil enxergar o palco por completo, a realidade me mostrou ser mais difícil ainda, já que tinha que driblar mãos, câmeras e celulares para ver a performance de Ricky Martin. Outro problema do Credicard Hall para quem está muito à frente é a acústica. O som soa muito grave. Até o ouvido acostumar, era difícil entender o que ele cantava nas duas, três primeiras músicas. Reconhecia a música por dois motivos: pelo arranjo e pelos fanáticos que estavam atrás de mim, cantando todas as canções, especialmente as de letra em espanhol. O público que ficou na pista normal e nos camarotes conseguia ouvir melhor, pois a posição das caixas de som indicavam que o vértice do "V" se dava mais ao fundo, quando o som é mais limpo. Resolvi entrar no clima. Peguei minha máquina e disparei a fotografar, chegando cada vez mais próximo ao palco na medida em que alguém se mexia do lugar. Já com os ouvidos acostumados, acompanhava as músicas que sabia, dançando muito. Embora o show tenha o mesmo nome do último disco lançado por Ricky Martin, o set list tem poucas músicas deste cd. O cantor porto-riquenho fez uma passagem pelos seus grandes sucessos. Começou com um medley de Será Será com Too Late Now, incendiando a plateia. Cada música era pontuada por uma coreografia, algumas delas bem sensuais. Ricky Martin troca de roupa inúmeras vezes, mas todo o figurino realça o seu corpo bem torneado. Entre seus sucessos, Vuelve, Livin' La Vida Loca, She Bangs, Shake Your Bon-Bon, María, Frio (do último cd), Mas (também do trabalho mais recente), Pégate, La Copa de La Vida (a mais animada), entre outros. Ele cantava, dançava, sorria e excitava o público presente. Visivelmente feliz, ele terminou o show, já no bis, pegando uma bandeira de alguém da plateia que misturava as cores das bandeiras do Brasil e de Porto Rico, colocando-a nas costas. Depois pegou uma bandeira brasileira e a estendeu atrás de si. Uma bela imagem para o fim de um show dançante e alegre. Valeu a pena ter ido, mesmo com os probleminhas de visão e de audição relatados acima. Na saída, nossa van estava chegando com Ric (não o Martin). Demos carona para mais dois amigos e fomos todos jantar. Já passava da meia noite. Decidimos ir ao Paris 6 (Rua Haddock Lobo, 1.240, Jardins), pois ele funciona 24 horas. Mesa para dez era difícil conseguir, com longa fila de espera. A hostess nos sugeriu esperar no Paris 6 Café (Alameda Tietê, 279, Jardins), poucos metros acima do restaurante, na esquina, onde poderíamos beber alguma coisa. Seríamos chamados quando uma mesa estivesse disponível. Aceitamos a proposta. No café, bem aconchegante, mas pequeno, conseguimos juntar algumas mesas e nos sentar. Ao olhar o cardápio, resolvemos comer ali mesmo. Pedi uma omelete de cogumelos. Dispensamos a van, pois estávamos próximos ao hotel. Terminado o jantar, voltamos a pé para o hotel em uma noite bem agradável. Não sabíamos que um fato lamentável nos aconteceria: ficar presos no elevador do hotel Mercure São Paulo Jardins por trinta minutos com direito a desmaio (eu). Relatei este fato aqui no blog: clique aqui para ler a experiência claustrofóbica no elevador