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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

SEMANA DE CINEMA

A semana de 07 a 13 de janeiro foi intensa em filmes. Vi dois em casa, na Netflix, e cinco nos cinemas de Belo Horizonte. Eis minhas breves impressões:
08/01/2019 - O Lagosta, dirigido por Yorgos Lanthimos. Netflix. Filme estranho, bem bizarro, onde em futuro impreciso, as pessoas não podem ficar solteiras. Identificadas como tal, são enviadas para um hotel, onde preenchem um cadastro, escolhendo o animal que querem ser transformadas caso passado o prazo estipulado não consigam arrumar um par. É óbvio que existe a resistência, comandada por uma solteira convicta. Presenças de Colin Farrell, Rachel Weisz, Léa Seydoux e Olivia Colman. Vi por indicação da mulher de meu primo.
09/01/2019 - Temporada, dirigido por André Novais Oliveira. Cine Belas Artes, Pré-estreia nacional. Já comentei sobre este filme aqui no blog. Excelente.
09/01/2019 - O Patrão: Radiografia de Um Crime, dirigido por Sebastián Schindel. Netflix. Filme argentino baseado em fatos reais. Filme policial, mas que não empolga muito.


10/01/2019 - O Confeiteiro, dirigido por Ophir Raul Graizer. Cine Belas Artes. Filme de Israel. Um confeiteiro alemão tem como amante um executivo israelense, casado, cuja mulher e filho vivem em Jerusalém. O executivo morre e o confeiteiro vai para Jerusalém, se aproximando da família do seu amante. Narrativa sensível, sem resvalar no piegas. Delicado, tocante e, até certo ponto, surpreendente.
11/01/2019 - A Esposa, dirigido por Bjorn Runge. Cine Belas Artes. Elenco com interpretações incríveis, com super destaque para Glenn Close, que arrasa. Ela transmite todo o sentimento da personagem com poucas expressões faciais. Interpretação com os olhos. É a história de um laureado com o Nobel de Literatura, cuja esposa é a verdadeira alma do seu sucesso. Imperdível.
12/01/2019 - Yara, dirigido por Abbas Fahdel. Cine Belas Artes. Filme libanês. Monótono, arrastado, sem roteiro. Paisagens lindas do norte do Líbano. É a história de Yara que vive com sua avó em uma colina libanesa, onde quase não passa ninguém. Ela começa a se relacionar com um jovem que está de passagem pela vila que fica perto da colina onde Yara vive. Nada acontece!
13/01/2019 - Assunto de Família, dirigido por Hirokazu Koreeda. Cineart Ponteio. Filme japonês ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2018. Relato do dia a dia de uma família pobre japonesa, onde a solidariedade familiar convive com roubo, prostituição e pequenos ilícitos. Outro filme arrastado e monótono.

domingo, 13 de janeiro de 2019

TEMPORADA

Meu amigo Adilson fez uma ponta em Temporada, filme mineiro, rodado em Contagem e Itaúna. O filme ganhou o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Fiquei atento na data de estreia. Li no site Filme B que Temporada tinha a estreia nas telas de cinema no dia 17 de janeiro, mas ao consultar a programação dos filmes em cartaz em Belo Horizonte na segunda-feira, dia 07 de janeiro, vi que havia uma sessão do filme às 20 horas no Cine Belas Artes. Confesso que não fiz uma leitura atenta. Como ainda estava de férias, saí de casa em direção à Praça da Liberdade, onde parei para tirar algumas fotos, aproveitando a luz de final de dia. Cheguei na bilheteria do cinema por volta de 19:15 horas. Estava vazia. Sem pestanejar, pedi uma entrada inteira para a sessão das 20 horas de Temporada. A bilheteira sorriu dizendo que a sessão de Temporada seria somente na quarta-feira, dia 09 de janeiro, às 20 horas. Fiquei frustrado. Nem tive a ideia de comprar antecipadamente. Retornei para a Praça da Liberdade e aproveitei a disposição para fazer uma caminhada de uma hora a passos largos. Em casa, coloquei na agenda com notificação para não perder horário para ver o filme.
Na quarta-feira, dia 09/01/2019, às 19:00 horas pulou na tela de meu celular a notificação sobre o horário de Temporada. Como já estava praticamente pronto, foi só calçar um tênis e sair. Fui caminhando desde minha casa. Caminhada curta, de exatos doze minutos até o Cine Belas Artes. Qual não foi a minha surpresa quando lá cheguei e vi dezenas de pessoas com ingressos nas mãos. Havia um fila enorme em frente à bilheteria. Na parede acima da bilheteria estava o cartaz do filme com a tarja ESGOTADO. Não entedia a fila. Resolvi perguntar. As pessoas que ali estavam tinham comprado o ingresso pela internet (nem pensei nesta possibilidade, pois sempre que vou ao Belas Artes, consigo facilmente comprar entrada), mas tinham que fazer a troca na bilheteria. Várias pessoas chegavam, olhavam o cartaz, faziam cara de frustração e iam embora. Outras, para não perder a viagem, entravam na fila para comprar ingresso para outros filmes em cartaz. Fiquei um tempo fora da fila, observando quem chegava, verificando se alguém tinha ingresso sobrando, se alguém queria vender alguma entrada. Encontrei gente conhecida que também tinha ido para ver o filme. Era a pré-estreia. Ouvi um cara dizendo que estavam fazendo uma fila de espera, em frente à sala 1, onde seria a sessão. Existia a possibilidade de liberar a entrada para os sem ingresso depois de todos que o tinham estivessem acomodados. Lembrei dos festivais de Brasília, onde por mais de uma ocasião fiquei em fila como esta para sentar no chão. Não queria isto desta vez. Mas não arredei pé, resolvendo entrar na fila para comprar ingresso, torcendo para ter alguém oferecendo entrada por ali. Esta fila estava muito lenta. Já eram 19:50 horas e ainda havia mais de dez pessoas na minha frente, todas com impressos comprovando a compra da entrada pela internet. Na minha frente um casal de meninas enamoradas conversavam alegremente quando uma jovem chegou para cumprimentá-las. Uma das meninas perguntou pela Jennifer. A jovem respondeu que Jennifer queria vender seu ingresso. Não tive dúvidas e entrei na conversa, reforçando a pergunta de onde estava Jennifer, pois eu queria comprar seu ingresso. A jovem disse que Jennifer estava em casa, mas seu ingresso estava com ela, no seu celular. Perguntei o valor que o vendia. Ela cobrou o valor que havia pago: R$ 8,80, esclarecendo que era meia entrada. Eu disse para ela ficar comigo na fila, que não havia problema em relação à meia entrada, pois eu faria o complemento na bilheteria. Às 20:05 horas chegamos na bilheteria. A jovem mostrou seu celular, onde havia o comprovante de compra de dois ingressos, para a bilheteira, que solicitou o comprovante da meia entrada. A jovem mostrou sua carteira de estudante e recebeu os dois ingressos. Dei R$ 10,00 para ela, dizendo que não precisava se preocupar com o troco. Ela ainda buscou moedinhas em sua bolsa, mas eu insisti que não tinha problema. Peguei o ingresso, passei rapidamente no banheiro, e entrei na sala. Do lado de fora, uma enorme fila de espera. Consegui sentar onde sempre gosto, na terceira fileira. Todos da fila de espera entraram, mas a maioria ficou acomodada no chão, muitos deles deitados. Antes do início do filme, toda a equipe foi até a frente fazer uma breve saudação, incluindo o diretor André Novais Oliveira e o pessoal da Filmes de Plástico. Filme mineiro, filme independente. Enfim, às 20:22 horas, teve início da projeção.
Que filme lindo. Grace Passô interpreta magistralmente Juliana, uma recém empossada agente de vigilância sanitária da Prefeitura de Contagem que visita os moradores da cidade combatendo o mosquito da dengue. O filme dispensa qualquer glamourização da pobreza, trazendo uma narrativa delicada, simples, do cotidiano de pessoas comuns, de gente como a gente, a vida como ela é. Grace Passô dá um tom bem contido à personagem no início do filme, mas vai crescendo, saindo de uma posição isolada para explodir em felicidade com os novos amigos e companheiros de trabalho. Temporada ainda traz uma ressignificação para o que conhecemos como paisagem. Nada de prédios e casas de arquitetura arrojada, jardins e praças bem cuidados, mas um panorama de casas ainda em tijolo, sem pintura, rodovia movimentada, uma laje cheia de quinquilharias e até um lago com esgoto, com direito a escavadeira fazendo o seu desassoreamento. E tudo com lirismo. Um filmaço. Valeu não ter desistido de esperar para conseguir entrar nesta pré-estreia. Ao final, ainda houve um interessante bate-papo com a equipe do filme, com a sala repleta de gente.

sábado, 12 de janeiro de 2019

CENTRO DE ARTE POPULAR CEMIG - BELO HORIZONTE, MG


Como em todos os inícios de ano, fiz uma retrospectiva do ano anterior, especialmente no campo cultural. 2018 foi um ano produtivo nesta área, embora tenha escrito quase nada aqui no blog. Motivos para ficar afastado do teclado há vários, mas prefiro creditar esta ausência à falta de vontade de escrever, o que mudou completamente de dezembro de 2018 para cá. Venho alimentando o blog Tenho Fome de Que, onde relato minhas experiências gastronômicas, praticamente diariamente. E a vontade de relatar mais coisas voltou. Assim, estou de volta ao Um Dia Após O Outro.
E começo com uma bela visita que fiz ao Centro de Arte Popular Cemig que fica na Rua Gonçalves Dias, 1.608, Lourdes, em Belo Horizonte, cidade onde moro. É um dos centros culturais que integra o Circuito Liberdade. Mesmo gostando tanto das diversas expressões culturais e estando tão perto de minha casa, ainda não conhecia este espaço, e olha que voltei para BH em outubro de 2016!
Estava no Cine Belas Artes, que fica no mesmo quarteirão. Assim que terminou o filme, por volta de 15:00 horas, resolvi fazer a visita ao museu. Ele ocupa uma edificação dos anos 1920, onde funcionou o Hospital São Tarcísio. Lembro-me de que na década de 1990, o prédio foi ocupado pelo Ipsemg e depois pela Secretaria Estadual do Trabalho. Desde 2012, abriga o Centro de Arte Popular Cemig. A entrada é gratuita. Eu fiz toda a visita sem ter nenhum outro visitante. Uma pena, pois o acervo é riquíssimo, além da forma expositiva ser prazeirosa de se percorrer.
Assim que entrei, fui até o balcão de informações para saber como me movimentar pelos espaços expositivos. Recebi a orientação de pegar o elevador, descer no quarto andar e ir descendo pelas escadas. Não há mapas orientadores, mas tudo está muito bem explicado nas salas, tanto em português quanto em inglês. No quarto andar há duas salas de exposição permanente. Comecei pela Sala 4, onde há objetos e vídeos que expressam festas populares e religiosas. Ao fundo, uma sala de vídeo que passava um documentário de uma festa popular de São Gonçalo. O ar condicionado estava desligado neste andar, tornando o ambiente muito quente. Gostei de uma montagem feita com cartuchos de castanhas que são distribuídos para as crianças que participam de festas religiosas de São João Del Rey. Em seguida, fui para a Sala 3, onde estão expostas obras em cerâmica e em madeira de grandes nomes da arte popular mineira, entre eles GTO e Placedina Fernandes Nascimento. Um primor de exposição. As bonecas do Vale do Jequitinhonha estão presentes, lindas de se ver. Desci as escadas para o terceiro piso, onde a temperatura já era bem mais agradável, pois havia ar condicionado ligado. Mais duas salas de exposições permanentes. Entrei na Sala 2 primeiro. Nela, objetos e imagens sacras. A parte destinada aos ex-votos é linda. Há muitas imagens de santos feitas em barro, em madeira, e até mesmo em latão. Mais uma sala bem montada e fácil de percorrer. Depois fui para a Sala 1, onde há mais arte em cerâmica. Desci as escadas rumo ao segundo andar, onde fica um auditório e uma salinha com bordados e objetos de religiões afro. Por esta salinha, acessei o pátio, onde os muros estão grafitados. Moderno, colorido. Pena que não haja um café para apreciar estas pinturas tão presentes nas grandes metrópoles. Próxima etapa: 1º andar, onde fica a galeria destinada às exposições temporárias.
Estava em cartaz "Artur Pereira - Fauna e Fé", com obras em madeira deste artista popular de Mariana, que foi elogiado por grandes nomes da escultura, como Amílcar de Castro. Li isto tudo nos displays enormes colocados na exposição, pois não conhecia nada sobre Artur Pereira. As obras são feitas em blocos únicos de madeira, sem emendas. Singelas e cheias de poesia. Lindas. Cheguei novamente ao térreo, onde há uma pequena sala, logo na entrada, com peças de cerâmica saramenha expostas. São lindas. Saí do Centro de Arte Popular Cemig me perguntando porque demorei tanto para conhecer este espaço. Com cerca de uma hora, dá para apreciar tudo com calma.