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sábado, 24 de dezembro de 2011

AQUAVIT - GASTRONOMIA EM BRASÍLIA (DF)



Endereço: SMLN ML 12, Conjunto 1, Casa 5, Brasília - DF.

Especialidade: cozinha contemporânea.
Ambiente: funciona em uma casa no Setor de Mansões do Lago Norte. Estacionamento interno. Para entrar, necessário tocar o interfone e se identificar. Reserva prévia é exigida. O restaurante funciona no primeiro andar da casa, com as mesas dispostas na varanda, com linda vista para o Lago Paranoá. A cozinha é integrada, separada das mesas apenas por um vidro. Decoração moderna, com o branco dominando as toalhas das mesas, cadeiras e luminárias.




ServiçoTínhamos reserva para 20:30 horas, em nome de uma amiga, frequentadora assídua do local. Chegamos com vinte minutos de antecedência, antes mesmo da casa estar pronta. Após identificação na portaria, fomos muito bem recebidos e ficamos na sala de estar da casa aguardando a nossa mesa ficar pronta. O restaurante acomoda pouco mais do que vinte pessoas por jantar, assim, o serviço é praticamente individualizado. Muito eficiente e cordial. O chef Simon Cederholm sempre passa por todas as mesas explicando detalhadamente o menu do momento. Cada pessoa recebe o menu impresso em folha de tom prateado, onde estão descritos os pratos e as propostas de harmonização, tanto com vinho quanto com cerveja (uma novidade da casa, trabalhando com cervejas artesanais de micro cervejarias brasileiras). No mesmo menu, as informações de preço para 5, 4 e 3 pratos, além dos valores dos menus de vinho e de cerveja, sempre levando-se em consideração o número de pratos escolhidos pelo cliente. O estilo adotado pela casa é do slow food. Desta forma, jantar no Aquavit é uma experiência que consome, pelo menos, um par de horas. Os pratos chegam juntos à mesa, sempre em bela apresentação.

Quando fui:  jantar do dia 22 de dezembro de 2011, quinta-feira, quando oito amigos se reuniram para confraternização de final de ano.

O que bebi: começamos com um champagne Jacquart Brut levado por uma das amigas, cuja rolha pagamos na conta. Em seguida, acatei todas as sugestões de harmonização com vinho do menu, conforme descrito no item a seguir. Para a devida hidratação, água com gás São Lourenço.

O que comi: pedi o menu completo, classificado como Menu VIII na capa do cardápio, em vigor para o mês de dezembro de 2011. Iniciamos com o couvert, composto de pães assados na casa, uma peta em formato de uma folha de papel, própria para partir com as mãos e compartilhar com os comensais, terrine de foie gras com geleia de laranja da terra (colhida no pomar da casa) e manteiga trufada. Tive que resistir para comer pouco, pois a terrine e os pães, quentinhos, estavam divinos. O primeiro prato foi uma prancha nórdica com arenque e caviar. A prancha de madeira (pinho) foi feita especialmente para este prato. O chef é dinamarquês e quis trazer para o menu algo bem típico de sua terra natal. Na prancha três mini sanduíches abertos com pão preto na base. O da esquerda tinha como recheio arenque temperado com dill, o do meio continha caviar e uma pasta leve de ervas, enquanto o da direita, de novo o arenque, mas temperado com maçã e gengibre. Todos muito saborosos. O que mais gostei, assim como a maioria dos amigos, foi o com arenque, maçã e gengibre. Com este prato, uma taça de Riesling Dopff 2005, da região de Alsácia, França. Algumas pessoas pediram uma taça de aquavit norueguês para harmonizar com os sanduíches, já que o chef havia dito, quando da apresentação dos pratos, que esta era a melhor forma de harmonização para o primeiro prato. Tomei apenas um gole da bebida. Realmente harmonizou bem, mas achei muito forte, preferindo o vinho branco. O segundo prato tinha lagostins grelhados com salsinha e alho, servidos com concassé de tomates, acompanhado de uma taça de Chablis Domaine William Fevre 2008 (França). O prato mais bonito visualmente da noite. A carne do lagostim foi servida fora da casca, facilitando muito. Estava muito macia, com o sabor do creme de alho e salsinha combinando perfeitamente com o doce do lagostim. O terceiro prato era um salmão defumado banhado em molho holandês com dill, com aspargo verde levemente cozido. Uma taça de Delas St. Esprit 2009 (Côtes du Rhône, França) acompanhou o prato. O salmão foi defumado no próprio restaurante. Foi defumado o suficiente para deixá-lo com um leve sabor de "cozido", mantendo a textura cremosa do peixe. O creme holandês casou perfeitamente com o peixe. O melhor do prato era o aspargo verde. Estava bem fresco, levemente cozido no vapor, o que manteve uma crocância fantástica. A nota curiosa para este prato veio de uma mesa próxima à nossa, pois o casal pediu para grelhar o peixe (definitivamente gosto não se discute). Em seguida, o quarto prato do menu, chamado de prato principal. Uma copa de porco caipira sous vide servida com chutney de cerejas, purê de batatas e couve de bruxelas, acompanhado de uma taça de Penfolds Bin 128 Coonawarra Shiraz 2006 (Austrália). Segundo o chef, o porco fora abatido em Luziânia, Goiás na manhã daquele dia, conferindo à carne a maciez que ela apresentava. A copa veio em leito de couve de bruxelas, toda esfacelada, com cozimento por igual. O chutney de cerejas era show de bola. Foram usadas frutas frescas para fazê-lo. O melhor dos pratos da noite. Por fim, o quinto e último prato do menu, a sobremesa. Foi um sorvete de natal (baunilha e canela) com figos frescos, mini merengues, nozes e purê de castanhas portuguesas. Acompanhou uma taça de Noval Tawny Porto 10 Anos (Douro, Portugal). Sou suspeito para falar sobre castanhas portuguesas, pois sempre gostei muito, mas o purê que veio em pequeno ramequim na sobremesa estava divino. Finalizamos a noite com as famosas madeleines feitas no restaurante que acompanham café torrado e moído no local ou chá da horta. No meu caso, pedi o chá de hortelã. Quente, mas refrescante. Ótimo menu com referências da culinária nórdica e da brasileira. Bela noite.


terrine de foie gras com geleia de laranja da terra


prancha nórdica com arenque e caviar


lagostins grelhados com salsinha e alho, servidos com concassé de tomates


salmão defumado banhado em molho holandês com dill, com aspargo verde


copa de porco caipira sous vide servida com chutney de cerejas, purê de batatas e couve de bruxelas


sorvete de natal com figos frescos, mini merengues, nozes e purê de castanhas portuguesas


madeleines


Quanto paguei: R$ 365,20, valor individual.

Minha avaliação: ++++ 1/2. Um restaurante que deve ser conhecido. Ganhador de vários prêmios, tanto o restaurante quanto o seu chef-proprietário. É o único duas estrelas do Guia Quatro Rodas 2012 de Brasília e ficou em segundo lugar nacionalmente na categoria "contemporâneo" na volta do Prêmio Gula 2011.

Gastronomia Brasília

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CONFRARIA VINUS VIVUS - 60ª REUNIÃO

A reunião mais aguardada da Confraria Vinus Vivus acontece em dezembro, quando temos a oportunidade de degustar alguns vinhos ícones do mundo, sempre com os preços em reais na casa dos quatro dígitos. Ao longo do ano cada confrade contribui com R$ 285,00 por encontro. Ao final da reunião do mês, quitamos o seu custo e o que sobra fica reservado para comprar os vinhos do final do ano. Assim que surge uma boa oportunidade, como um restaurante que está se desfazendo do estoque de sua adega ou alguém da própria confraria viaja ao exterior, verificamos o montante que temos guardado. Se couber no nosso orçamento, a compra é feita de imediato. Tivemos sorte em 2011 de comprar todos os vinhos antes de dezembro. Pela primeira vez, no último encontro do ano não houve necessidade de ninguém pagar a mensalidade, pois tudo já estava devidamente pago. Como sempre, em 12 de dezembro de 2011, tivemos uma noite fantástica, quando apreciamos cinco vinhos, seguido de um maravilhoso jantar oferecido pela nossa anfitriã Vera, regado por champagne. Vamos aos vinhos da noite:

Vinho 1 - Château Angelus 1er. Grand Cru Classé



Safra: 2000.
Álcool: 14%.
Casta: 50% merlot e 50% cabernet franc.
Produtor: Château Angelus.
Região: Saint Emilion, Bordeaux, França.
Cor: rubi, com reflexo atijolado.
Aromas: balsâmico, ameixa, cassis, tomilho, ervas secas, caramelo.
Boca:  acidez alta, salgado, compota de ameixa, taninos presentes, mas bem aveludados. A boca fica seca, mas sem agressividade.
Harmonização: é um vinho para se apreciar. Pede, caso haja uma harmonização, uma carne mais forte, como um cordeiro ou um javali.
Estágio: não há informações, mas com certeza estagia em barricas de carvalho.
Importador: comprado em New York.
Preço no Brasil: R$ 2.300,00.
Guarda: para se beber entre 2010 e 2030 (ou mais).
Decanter: ficou por três horas.
Observações: não filtrado. Enólogos Hubert de Bouard de Laforest e Jean-Bernard Grenié. Elevado a Premier Grand Cru Classé em 1996.

Vinho 2 - Pingus


Safra: 2001.
Álcool: 14%.
Casta: 100% tempranillo (tinto fino).
Produtor: Dominio del Pingus.
Região: Valladolid, Ribera del Duero, Espanha.
Cor: rubi, com a unha apresentando evolução.
Aromas: os aromas são muito complexos. Apresentou couro, bananada, tabaco, serragem, madeira bem seca, balsâmico, goiaba, trufas, ervas secas, charuto, jasmim, curral.
Boca:  seca a boa, mas preserva elegância, redondo, frutado, massudo. Tem o estilo do novo mundo.
Harmonização: é um vinho para se apreciar. Pede, caso haja uma harmonização, uma carne de porco, uma comida mais neutra.
Estágio: 18 a 24 meses em barricas de carvalho.
Importador: comprado em New York.
Preço no Brasil: R$ 4.500,00.
Guarda: para se beber entre 2010 e 2030 (ou mais).
Decanter: ficou por três horas e meia.
Observações: sua primeira safra data de 1996, quando recebeu 98 pontos na avaliação de Robert Parker.

Vinho 3 - Vega Sicilia Unico


Safra: 1999.
Álcool: 14%.
Casta: predomina a tempranillo (tinto fino), havendo também cabernet sauvignon e outras castas em sua composição.
Produtor: Bodegas Vega Sicilia.
Região: Valladolid, Ribera del Duero, Espanha.
Cor: rubi, com reflexos atijolados.
Aromas: lácteo, manteiga, tostado, caramelo, baunilha, geleia bem doce. Identidade aromática bem potente.
Boca:  mel, boa acidez, aveludado, um leve salgado, azedinho, taninos presentes, mas muito elegantes.
Harmonização: é um vinho para se apreciar. Pede, caso haja uma harmonização, uma comida mais neutra.
Estágio: 7 anos entre barricas e pipas de carvalho, e mais 1 a 2 anos em garrafas.
Importador: comprado na Espanha.
Preço no Brasil: R$ 1.700,00.
Guarda: para se beber até 2050.
Decanter: ficou por três horas e quarenta e cinco minutos.
O preferido da noite de Leo S., Leo L., Vera, Cláudia, Abílio, Rita, Lucimar, Fernanda e Marcos, tornando-se, portanto, o campeão da 60ª reunião da confraria.

Vinho 4 - Amarone Romano Dal Forno


Safra: 2003.
Álcool: 16,5%.
Casta: corvina, croatina, corvinone, oseleta e rondinella.
Produtor: Giuseppe Quintarelli para Romano Dal Forno.
Região: Illasi, Vêneto, Itália.
Cor: bem escura, fechada.
Aromas: floral, melão, muito álcool, açúcar mascavo, melaço de cana.
Boca:  o álcool some na boca, redondo, tabaco, licoroso, não tão ácido como os anteriores, seca o meio da língua.
Harmonização: é um vinho para se apreciar. Pede, caso haja uma harmonização, um cordeiro em redução de molho adocicado, como o cassis, uma redução de balsâmico.
Estágio: 24 meses em pipas.
Importador: comprado em Milão.
Preço no Brasil: R$ 1.700,00.
Guarda: para se beber até 2035.
Decanter: ficou por quatro horas.
Observações: é considerado o "Petrus" dos amarones.
O preferido da noite de André.

Vinho 5 - Château d'Yquem


Safra: 1998.
Álcool: 13,5%.
Casta: predomina a sémillon, tendo ainda sauvignon blanc e muscadelle.
Produtor: Château d'Yquem.
Região: Sauternes, Bordeaux, França.
Cor: dourado.
Aromas: mel, flor de laranjeira, amêndoas.
Boca:  elegante, pêssego, crème brûlée, equilibrado.
Harmonização: embora seja um vinho doce, harmoniza muito bem com queijo roquefort e foie gras.
Estágio: não há informações, mas com certeza estagia em barricas de carvalho.
Importador: comprado em São Paulo.
Preço no Brasil: R$ 2.500,00.
Guarda:  para se beber até 2100 .
Observações: só produzido em safras excepcionais. É o único vinho branco doce classificado como Premier Cru Classé do mundo. No nosso encontro, não entrou na votação, ficando uma espécie de hors concours. Degustamos o Château d'Yquem antes do jantar, harmonizando-o com queijo roquefort e foie gras. Harmonização perfeita.


queijo roquefort e foie gras


Assim que terminamos a degustação destes fantásticos vinhos, apreciamos o queijo português da Lactovil (Lacticínios de Trancoso), produzido na região demarcada da Serra da Estrela. Eu sou suspeito para falar, pois sou um apreciador deste tipo de queijo produzido com leite de ovelha curado. Não conhecia o produtor. Gostei tanto que comprei duas unidades para as festas de final de ano.


queijo Serra da Estrela


Em seguida, a anfitriã nos brindou com um ótimo jantar que teve surubim defumado assado, acompanhado de molho de dill com alho poró e espaguete de palmito pupunha ao molho de sálvia. Tudo isto regado com a champagne Jacquart Brut Mosaique Rosé (12,5% de álcool), produzida em Reims, Champagne, França, pela Alliance Champagne. No Brasil, ela custa R$ 215,00 a garrafa e pode ser encontrada em Brasília na Art du Vin.


surubim defumado assado, acompanhado de molho de dill com alho poró


espaguete de palmito pupunha ao molho de sálvia


Finalizamos com café Nespresso.

A reunião serviu para que os confrades se confraternizassem pelo final de ano, com todos renovando a certeza de vários encontros em 2012. O próximo está agendado para 23 de janeiro, quando degustaremos vinhos italianos.

vinho