Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Teatro João Caetano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Teatro João Caetano. Mostrar todas as postagens

domingo, 14 de dezembro de 2014

CHACRINHA - O MUSICAL

No domingo, dia 30 de novembro de 2014, fui com Karina, Alberto e Cristiano conferir Chacrinha - O Musical, em cartaz no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. A faixa etária do público era bem alta, indicando um certo saudosismo que o musical provoca. Adorava ver Chacrinha, especialmente quando ele era atração da Rede Bandeirantes, com menos luxo nos cenários, atrações de maior apelo popular e um desbunde das Chacretes. Minha expectativa em relação ao musical era grande, potencializada pelo fato de ser a estreia do cineasta Andrucha Waddington na direção de um musical, pois gosto muito dos filmes que ele dirigiu.
Cenários e figurinos são muito bons, sinal que a indústria do entretenimento realmente consolidou os musicais como atrações rentáveis no Brasil e está investindo.
A peça dura em torno de três horas, dividida em dois atos.
O primeiro ato é mais onírico, mostrando a formação do apresentador Chacrinha, um dos grandes comunicadores da televisão brasileira. Mistura presente e passado, com apresentações relâmpagos de cenas do programa televiso, com atores interpretando cantores, cantoras e bandas que eram figurinhas fáceis nos palcos da Buzina do Chacrinha e da Discoteca do Chacrinha. Como eram muitos estes cantores, a qualidade de interpretação de alguns deixa a desejar. Algumas destas aparições são ótimas, como as de Adriana, Ney Matogrosso e Titãs, enquanto outras beiram o pastiche, como as de Rosana e Fábio Júnior. Mas a força deste primeiro ato é realmente a construção física e psicológica do famoso comunicador, mostrando a saída de Abelardo Barbosa do interior de Pernambuco para a cidade grande, culminando com sua chegada ao Rio de Janeiro e apresentando seu primeiro programa da Rede Globo. Nesta fase, Chacrinha é interpretado de forma competente e carismática pelo ator Leo Bahia. O fim deste ato mostra, de forma simples, mas cheia de brilhos, em todos os sentidos, a passagem de Abelardo Barbosa para o apresentador Chacrinha, quando Bahia cede o papel para Stepan Nercessian. Hora do intervalo. Roda, roda e avisa, um minuto de comercial...
O segundo ato, na sua maior parte, é uma réplica das tardes de sábado, quando ia ao ar o programa do Chacrinha. Durante o intervalo, algumas pessoas do público presente são escolhidas para compor a plateia do programa televiso, o que os faz ver o restante do musical em arquibancadas montadas no palco. Nesta parte, o musical fica chato e repetitivo, embora Nercessian segure muito bem o papel, com tiradas a la Chacrinha perfeitas. Tem até o famoso bordão "quem quer bacalhau?", quando réplicas em espuma são jogadas para o público do teatro.
Neste segundo ato, muito rapidamente, as Chacretes são apresentadas, mas nada como era nos programas televisivos. Para piorar, a ausência de Gretchen no musical, que era uma das presenças mais constantes do programa, foi "compensada" com a intérprete de Rita Cadillac, talvez a mais famosa das Chacretes, cantando os sucessos da Rainha do Bumbum. Posso até estar enganado, mas não me recordo de Cadillac cantar as músicas de Gretchen durante os programas. Lembro-me dela se lançar cantora na década de oitenta cantando uma música que lembrava os sucessos de Gretchen, mas isto não é retratado no musical, mesmo porque a história enfocada é a do Chacrinha. Faltaram, no entanto, questões ligadas à relação do apresentador com suas assistentes de palco. A aparição das Chacretes ficou muito superficial.
O final volta a ser onírico, com Leo Bahia e Stepan Nercessian juntos no palco, quando passado e presente se fundem na mente confusa do apresentador.
O musical é bom tecnicamente, as canções escolhidas refletem a história do apresentador, mas faltou uma dose de emoção. Deixei o teatro com a sensação de que vi uma história contada mecanicamente.
Poderia ter sido melhor.

artes cênicas