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sexta-feira, 19 de julho de 2013

OS AMANTES PASSAGEIROS

Aos poucos, volto a escrever aqui no blog. Apesar de ter lido algumas críticas negativas, aproveitei um tempo livre na noite de São Paulo, onde estava a trabalho, para conferir o novo filme de Pedro Almodóvar, a comédia Os Amantes Passageiros (Los Amantes Pasajeros). Produção espanhola de 2013, este filme traz de volta o Almodóvar com seus personagens bizarros, sempre em situações inusitadas. O mesmo Almodóvar de Pepe, Luci e Bon, ou de Kika. A história se passa durante um voo da Espanha para o México, quando um problema em um dos trens de pouso obriga os pilotos a ficarem rodando sobre Toledo, aguardando uma pista livre e uma autorização para pouso de emergência. Grande parte do filme se concentra na classe executiva, onde estão poucos passageiros, talvez uma alusão à crise econômica que avassala a Espanha, afetando inclusive os mais ricos. Os tipos de Almodóvar estão presentes nos passageiros: um dono de banco fugindo das suas falcatruas, um galã de cinema; Bruna (Lola Dueñas), que dá vida a uma vidente virgem, um casal de recém casados, um misterioso e reservado homem e Norma, uma personalidade famosa, vivida por Cecilia Roth. O trio de comissários é gay que se alfineta o tempo inteiro. Os passageiros da classe econômica dormem durante todo o voo e tem pouca participação na história, a não ser um jovem bonito, no melhor estilo Almodóvar, que terá uma participação dormindo que me remeteu a Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos e a Fale Com Ela. Ao tornar público o problema do avião, uma necessidade de acertar as contas com as suas vidas privadas toma conta dos personagens, seguindo-se uma série de revelações hilárias. Uma das melhores cenas do filme é a dublagem que o trio de comissários Fajas (Carlos Areces), Joserra (Javier Cámara) e Ulloa (Raúl Arévalo) faz do sucesso de 1982, I'm So Excited, do grupo The Pointer Sisters. A performance é muito engraçada, típica de shows de boates gays. Até a religião tem seu espaço, já que Fajas tem um interessante e colorido altar-mala. A maioria dos atores já trabalhou com Almodóvar, como os já citados Cecilia Roth, Javier Cámara e Lola Dueñas, além de Antonio de La Torre (o piloto Álex Acero). Tem participação especial outras atrizes que já trabalharam sob a direção do diretor espanhol: Paz Vega (Alba), Blanca Suárez (Ruth) e Penélope Cruz (Jessica). Tem ainda a volta de um antigo colaborar de Almodóvar, Antonio Banderas (León). Todos eles em rápida aparição nas telas. Como o diretor sempre faz referências a quem ele gosta em seus filmes, fui pesquisar e descobri que o nome da aeronave, Chavela Blanca, é uma homenagem a cantora Chavela Vargas e à sua amiga Blanca Sánchez. Penélope Cruz, além de aparecer na película, empresta seu apelido, Pe, para a abreviação do nome da companhia aérea responsável pelo voo, a Península, cuja abreviatura está estampada na calda do avião. E ainda tem a participação do produtor do filme, Agustín Almodóvar, irmão do diretor, que interpreta o controlador da torre de voo no aeroporto de La Mancha. Para quem espera ver algo como Carne Trêmula, A Pele Que Habito, Má Educação, Tudo Sobre Minha Mãe ou Fale Com Ela, é melhor nem ir ao cinema, pois pode se decepcionar. As referências na filmografia do diretor espanhol são suas primeiras comédias, cheias de cores e personagens diferentes. Gostei muito.

filme



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