Pesquisar este blog

domingo, 26 de julho de 2015

CONFRARIA VINUS VIVUS - 99ª REUNIÃO

A Confraria Vinus Vivus se reuniu pela 99ª vez na noite de 29 de junho de 2015, na casa de Vera. Abílio não pode comparecer e foi substituído por Kadu. Degustamos vinhos do portfólio da Art du Vin. Eis os vinhos da noite:

075 Carati Rosé Cuvée


Álcool: 11,5%.
Casta: bardolino.
Produtor: Piera Martellozzo.
Região: Veneto, Itália.
Importador: Vinissimo.
Valor: R$ 58,00.
Observação: não entrou na avaliação da noite. Foi usado para fazermos um brinde.

Vinho 1 – Cannubi DOCG


Safra: 2009.
Álcool: 14,5%.
Casta: 100% nebbiolo.
Produtor: Marchesi di Barolo.
Região: Cannubi, Barolo, Piemonte, Itália.
Cor: rubi, apresentando reflexos granada.
Aromas: xarope, mofo, ureia, caixa de charuto, tabaco, ervas secas, tomilho, açúcar.
Boca: muito tânico, amargor, acidez muito alta, provocando bastante salivação, suco de tamarindo.
Estágio: 24 meses em barricas, sendo uma parte em barricas de carvalho esloveno (3 mil a 4,5 mil litros) e outra parte em carvalho francês (225 litros) e mais doze meses em garrafas.
Importador: Art du Vin.
Valor: R$ 347,00.
Observação: recomendado tomar entre o 6º e o 25º ano. O campeão da noite, sendo o preferido de Kadu, Leo L., Fernanda, Jarbas, Leo S., Bruno e Marcos.

Vinho 2 – Justin Isosceles


Safra: 2010.
Álcool: 15%.
Casta: 85% cabernet sauvignon, 8% cabernet franc e 7% merlot.
Produtor: Justin.
Região: Paso Robles, Califórnia, Estados Unidos.
Cor: rubi escuro, com o halo em evolução.
Aromas: frutas negras, geleia de frutas escuras, herbal.
Boca: doce, mas com acidez presente, com uma boa salivação, amarga no final de boca, torrado.
Estágio: 14 meses em barricas de carvalho americano.
Importador: Art du Vin.
Valor: R$ 800,00.
Observação: o preferido da noite por Keller e Cláudia.

Vinho 3 – Top Winemakers 5 X 20 - Mulheres


Safra: 2013.
Álcool: sem informação.
Casta: 60% cabernet sauvignon, 20% shiraz, 20% carignan.
Produtor: 5 enólogas chilenas.
Região: Chile.
Cor: rubi escuro com reflexos denotando evolução.
Aromas: milho cozido, pamonha, curau, estábulo.
Boca: tânico, carambola, esquenta a boca.
Estágio: 16 meses de barrica de carvalho.
Importador: não há.
Valor: R$ 350,00.
Observação: todo dinheiro das vendas é revertido para obras sociais. O preferido da noite de Vera.

Vinho 4 – Doña Paula Los Indios Parcel


Safra: 2010.
Álcool: 14,5%.
Casta: 100% malbec.
Produtor: Doña Paula.
Região: San Carlos, Mendoza, Argentina.
Cor: negro, com reflexos violáceos.
Aromas: adocicado, compota de frutas, azedo, violeta, alcaçuz.
Boca: acidez presente, amargo.
Estágio: 14 meses de barrica de carvalho.
Importador: Art du Vin.
Valor: R$ 399,00.


Após a degustação, a anfitriã nos brindou com um jantar, que teve como entrada um ragu de rabada com queijo do reino e cogumelo, coberto com canjiquinha, cuja harmonização se deu com o vinho tinto Chassagne-Montrachet, produzido por Louis Latour na região de Borgonha, França, casta pinot noir, safra 2012, com 12% de teor alcoólico (R$ 220,00 na Art du Vin), seguindo-se um arroz de cordeiro, devidamente harmonizado com o tinto Mas Donis Barrica 2012, produzido na região de Montsant, Espanha, com 14% de álcool, castas grenache, tempranillo e carignan. Finalizamos o jantar com um crumble de maçã e café Nespresso.

ragu de rabada com queijo do reino e cogumelo, coberto com canjiquinha





vinho

gastronomia

quarta-feira, 8 de julho de 2015

PURO BLA BLA! - LOS BLA BLA

Quando estive em Buenos Aires em fins de maio, Gastón me convidou para ver uma peça de teatro com um grupo chamado Los Bla Bla. A princípio, fiquei com receio de não compreender muita coisa, pois se tratava de uma comédia, poderiam falar muitas gírias e fazerem piadas com questões locais. Gastón me tranquilizou dizendo que o grupo era bem dinâmico e que exploravam bastante o teatro físico. Topei ir. Fomos em uma sessão na noite de domingo, 31 de maio, no Xirgu Espacio Untref (Chachabuco, 875). O teatro é antigo, pequeno e tem formato de ferradura. Estava lotado. A peça chama-se Puro Bla Bla!
Antes de começar, houve uma performance de um músico do qual não me recordo o nome, ainda com as cortinas fechadas, que se apresentou tocando teclados do lado direito do palco. Cantou cinco ou seis músicas, todas com uma levada de comédia. Uma delas foi cantada em português, imitando os cantores pianistas da fase áurea da Bossa Nova brasileira. Havia uma clara referência ao modo de cantar de Tom Jobim. Eu ri muito e Gastón não entendia o motivo. Após esta curta apresentação, a peça teve início com cinco atores do grupo espalhados pela plateia, um deles em um dos camarotes. As cenas que se sucederam foram hilárias. São esquetes curtas, mas que tem uma ligação entre elas, nas quais os atores desempenham diversos papéis, usando e abusando de versatilidade, do teatro físico e do humor escrachado, algumas vezes muito próximo de uma comédia estilo pastelão. No entanto, eles trabalham muito bem o humor, deixando claro nos textos curtos e diretos uma conotação bem social. Um humor que leva à reflexão, fato ausente em uma comédia no estilo pastelão. E os cinco integrantes do grupo, Manuel Fanego, Pablo Fusco, Sebastian Godoy, Julián Lucero e Tincho Lups são muito eficientes no que fazem. Completava o grupo o pianista Sebastián Furman, que tocava ao vivo.
Uma marca forte na apresentação de todo o grupo é o teatro físico, no qual misturam técnicas circenses, de mímica, de ginástica e de dança, dando uma conotação leve e bem humorada para as esquetes, embora todas elas tenham uma forte conotação de crítica social. Assim, não pouparam a religião, principalmente quando temos hoje um Papa argentino; a paixão dos hermanos pelo futebol; questões de preconceito contra as mulheres (haveria uma passeata na semana seguinte que tinha relação com questões de gênero e preconceito, fato inclusive lembrado durante a peça); uma visão do modo de vida das pessoas idosas; crise econômica; desemprego, entre outros. Temas como igualdade social, identidade nacional e cultural permeiam todas as esquetes. A plateia ri muito durante os cerca de 100 minutos de espetáculo, com entusiasmados aplausos ao final.
Duas cenas me chamaram a atenção, a saber: a que um dos atores se traveste de uma cantora que interpreta músicas regionais, não só pela performance em si, mas também por chamar para uma reflexão sobre a necessidade de se manter uma identidade cultural argentina, além de convocar a plateia para a tal passeata que mencionei acima. A outra esquete que destaco é a que se passa em uma missa católica que se transforma em um espetáculo de hip hop.
Ao final, entendi praticamente 90% dos diálogos. Quando a piada era muito interna ou usavam expressões locais, Gastón me explicava baixinho.
Gostei do que vi.

terça-feira, 7 de julho de 2015

MERCADO DA RIBEIRA - LISBOA

Eu e Gastón fizemos uma viagem para Lisboa, Portugal, em junho de 2015. Antes de viajar, amigos disseram-me para não deixar de visitar o Mercado da Ribeira. Coincidentemente, Gastón recebeu de seus amigos a mesma recomendação. Resolvemos conhecer o espaço na tarde de sábado.
O acesso ao local é fácil, tendo uma estação do metrô, Estação Cais do Sodré, praticamente em frente à entrada principal do mercado, que fica na Avenida 24 de Julho, 50.
O Mercado da Ribeira fica em um prédio cuja construção é do final do Século XIX, e que sofreu uma profunda modernização interna, com alterações, com as alas reformadas inauguradas em 2014.
O edifício já impressiona pelo lado de fora, com uma imponente entrada cujo piso tem um mosaico com o símbolo do mercado, um navio, em alusão ao Cais do Sodré e, creio eu, à época de ouro das grandes navegações portuguesas. Na ala central há lojinhas de artesanato da terrinha, além de produtos típicos da chamada economia solidária. À direita estão as bancas de frutas, legumes, verduras, pescados e alimentos em geral, ou seja, o que reconhecemos como um mercado tradicional. No entanto, como chegamos após 16 horas, esta ala já não estava mais com acesso ao público.
À esquerda, está a grande atração do local. Uma ala tomada por muitos restaurantes, com várias opções de sabores, especialmente os da culinária portuguesa. Não contei, mas não tenho dúvidas de afirmar, que tem pelo menos umas três dezenas de lojas. A maioria delas prontas para saciar fome e curiosidade dos frequentadores. Um prato cheio para gourmets e amantes da gastronomia. Gastón tem a gastronomia tatuada em sua alma e ficou encantado ao ver o local.
Ao centro da ala estão grandes mesas coletivas, todas de madeira em cor clara, nas quais grupos de amigos, famílias, crianças, casais enamorados, turistas e locais se confraternizavam degustando a boa culinária portuguesa. Além das iguarias locais, há opções de comida japonesa, chinesa, sanduíches, mas o forte é realmente a comida da terrinha. Também há lojas que vendem produtos portugueses, como queijos, embutidos, enlatados, sabonetes, chás, cadernos, imãs de geladeira, aventais, perfumes, e vinhos. Por falar em vinhos, há uma unidade da ótima Garrafeira Nacional, mas esta unidade só vende vinhos produzidos em Portugal.
Para os aficionados em alta gastronomia, há um espaço sensacional, a preços justos para pratos que revisitam os grandes pratos da culinária portuguesa. Foi nesta parte que paramos e ali escolhemos o que comer. São cinco lojas de renomados chefes do país de Camões, todos com restaurantes de prestígio: Alexandre Silva, do restaurante Bica do Sapato; Miguel Castro e Silva, do restaurante De Castro; Henrique Sá Pessoa, dos restaurantes Alma e Cais da Pedra; Marlene Vieira, do restaurante Avenue; e Miguel Laffan, do restaurante L'And, em Montemor-O-Novo.
Foi difícil escolher. São muitas tentações. Gastón viu um prato em uma mesa próxima deste espaço e, pela aparência, já o definiu como o que queria experimentar. Era uma das opções do chef Henrique Sá Pessoa. Sua escolha foi leitão confitado a baixa temperatura acompanhado por um purê de cenoura; enquanto eu escolhi do mesmo chef um prato que adoro, bochechas de porco preto acompanhadas por um purê de batatas encimado com couve lombarda levemente passada na frigideira. Para beber, nada além de Coca Cola. Os dois pratos estavam divinos, com uma leve superioridade das bochechas, iguaria da qual Gastón gostou muito. Aqui faço uma ressalva em relação ao prato escolhido por Gastón. Enquanto a carne de porco estava com ótimo tempero e cocção, o purê de cenoura careceu de sabor.


bochechas de porco preto

Em seguida, ainda passamos em uma sorveteria local para refrescar do calor que fazia no final da primavera portuguesa.
Antes de irmos embora, ainda paramos em uma loja que fica do lado de fora do mercado, onde provamos uma dose de um licor de ginja, um fruto parecido com a cereja, que faz muito sucesso em Lisboa, conhecido como ginjinha. A loja chama-se Ginja de Óbidos. Vale pela curiosidade.
A experiência gastronômica foi tão boa que voltamos no domingo, mais ou menos no mesmo horário, para almoçar no Mercado da Ribeira, que tem sua administração feita pela revista de turismo Time Out, edição portuguesa. E, mais uma vez, almoçamos no espaço do chef Henrique Sá Pessoa. Gastón não teve dúvidas em escolher desta vez o mesmo prato que eu tinha comido no dia anterior, bochechas de porco preto acompanhadas por um purê de batatas e couve lombarda, enquanto eu pedi ovo a 64º com purê de batatas trufado, aspargos verdes e presunto cru. Uma combinação sensacional. Cada vez gosto mais de pratos nos quais o ovo é a estrela.
Mercado da Ribeira, parada obrigatória para quem visita Lisboa.