Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All At Once), 2022, 139 minutos. Roteiro e direção de Daniel Kwan e Daniel Scheinert. No elenco, Michelle Yeoh (Evelyn), Stephanie Hsu (Joy), Ke Huy Quan (Waymond), James Hong (Gong Gong), Jamie Lee Curtis (Deirdre) e Tallie Medel (Becky).
O hype em torno desse filme tem sido enorme, com muitas postagens nas redes sociais sobre ele. Não quis ver trailer, críticas, análises, nem mesmo ler a sua sinopse. Fui conferir sem saber nada sobre Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Ao final da projeção, estava impactado. É um filmaço.
Quem me conhece sabe que custo a dar nota 10 para um filme. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo foi o oitavo filme que mereceu um 10 para mim dentre os quase 3 mil filmes que já vi ao longo de minha existência.
O filme é perfeito em todos os aspectos. Roteiro original, embora com a sensação de que já tinha visto um monte de coisas que estavam nele. Também pudera, pois os roteiristas-diretores misturaram vários gêneros em um mesmo filme. Tem aventura, tem kung fu, tem ficção científica, tem comédia, tem drama, tem suspense, tem sangue, tem porrada, tem melodrama, tem tudo. E essa mistura funciona muito bem. Tudo se conecta.
O elenco está fantástico, com destaque para Michelle Yeoh, que deve figurar nas listas de candidatas a melhor atriz nas premiações referentes aos filmes de 2022. Jamie Lee Curtis é uma coadjuvante de luxo, que funciona muito bem para aumentar o brilho de Yeoh nas cenas em que as duas estão juntas.
Figurino, maquiagem, cabelo, design de produção, trilha sonora, tudo se conecta formando um todo uniforme. Até os exageros no figurino de Joy tem uma razão de ser dentro do roteiro e não incomodam.
O roteiro ainda brinca com o tema recorrente neste ano nos filmes de grande bilheteria: o multiverso. A história se passa em vários universos paralelos, onde Evelyn assume diversas identidades, tais como uma chef de cozinha, uma cantora ou uma dona de lavanderia.
Também destaco a inserção da inclusão e da diversidade na história. Há imigrantes chineses que são pequenos empresários nos Estados Unidos, há personagens LGBTQIA+, há idosos, há empoderamento feminino, toca na questão da importância de se manter tradições culturais de um povo (há uma festa do ano novo chinês).
Os diretores mostram que entendem muito de cinema e que são cinéfilos apaixonados, pois identifiquei várias referências a filmes de sucesso, como Amor à Flor da Pele, de Kar-Wai, Kill Bill, de Tarantino, filmes atuais da Marvel, Ratatouille, de Brad Bird e Jan Pinkava, filmes B de kung fu rodados em Hong Kong, 2001 Uma Odisseia no Espaço, de Kubrick, Desejo Proibido (filme com três histórias sobre casais lésbicos), filmes B de terror, comédia pastelão, Halloween, de John Carpenter (só de ter Jamie Lee Curtis já é uma referência a esse clássico do terror), entre outros.
E o final me lembrou bastante o final de outro filme nota 10 em minha avaliação, Veludo Azul, de David Lynch, com um final feliz que pode ser interpretado como uma ironia dos diretores.
É um filme para ver e rever muitas vezes, pois há muitas camadas e nuances a serem descobertas.
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