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domingo, 1 de maio de 2022

O SÉTIMO SELO (DET SJUNDEINSEGLET)

Comecei a me interessar por filmes fora dos padrões hollywoodianos quando vi Ingmar Bergman em uma mostra no cine clube da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1983, onde eu estudava. Muitos conhecidos meus dizem que os filmes de Bergman são arrastados, lentos e chatos. Não é a minha opinião. Concordo que alguns não são fáceis de encarar, mas gosto da maioria dos que vi até hoje.
Por muitos anos, foi difícil escolher qual dos filmes da extensa filmografia do diretor sueco eu colocava em meu Top 3. Minha ordem de preferência, até então, era Morangos Silvestres, O Sétimo Selo e Persona. Justamente estes filmes são tema, além de Gritos e Sussurros, do Ciclo Bergman do Clube de Análise Fílmica, do qual faço parte desde novembro de 2021.
Revi O Sétimo Selo para a aula do dia 28/04/2022. Assim que terminei de ver, fiquei surpreso com minha reação de não ter gostado tanto quanto das outras vezes que o vi. Desta última, me incomodou muito as cenas de comédia pastelão inseridas em um drama tão profundo, com uma pegada literalmente apocalíptica, já que o livro Apocalipse da Bíblia é constantemente citado e/ou encenado. Tirando a comédia citada, o filme ainda impressiona. Cenas fortes de fanatismo religioso aliado com imolações para poder entrar no Reino dos Céus, a espera da morte, não só por questões naturais de qualquer ser vivo, mas também pela Peste Negra que assolava a Idade Média na época em que a trama se desenvolve.
Max Von Sydow dá um show como o cavaleiro que desafia a Morte para um jogo de xadrez. Mesmo sabendo seu final, ele vai enrolando, conseguindo mais tempo de vida, para voltar para sua casa, onde apenas sua mulher o esperava. Bengt Ekerot está super bem caracterizado como a Morte: sombrio, sorrateiro, paciente e amedrontador.
Fotografia em preto e branco belíssima com o uso intenso do claro/escuro, com referências nítidas ao expressionismo alemão.
A maior parte das cenas é filmada em ambientes externos, sempre mostrando a vastidão da natureza, seja o mar, a floresta ou as terras onde o cavaleiro passa. Estes elementos da natureza, embora finitos, dão a impressão de serem infinitos, de que nunca acabam, em contraste frequente com a espera da morte que vivem os personagens. A vida passa, mas aquelas paisagens ficam. Pode até serem alteradas, mas permanecerão em contraponto à finitude do homem.
Um filme necessário para quem gosta de estudar cinema.
No meu ranking, ele perdeu o posto para Persona, mas segue no Top 3 de Bergman.
Disponível gratuitamente no YouTube.

2 comentários:

  1. Oi Léo, estou acompanhando seu blog e já vi vários filmes indicados por você!! 🥰Estou adorando!🥰

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  2. Que bom que está gostando. Amo cinema.

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