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domingo, 9 de novembro de 2014

POEIRA

Depois de uma semana pesada, com reuniões, viagens, deslocamentos longos de avião e coordenação de grupos de discussão, retornei a Brasília com fome de teatro. Escolhi ver Poeira, espetáculo que voltou para à grade de programação do Espaço Cena. Como o teatro é pequeno, liguei umas duas horas antes do início da peça e reservei meu ingresso, que custou R$ 30,00 (inteira). Sessão de sábado, dia 08 de novembro de 2014, 21 horas. Cheguei faltando quarenta minutos para o horário previsto para ter início Poeira. Uma pequena mesa fazia a vez de bilheteria. Identifiquei-me, paguei e peguei meu ingresso. Um fotógrafo perguntou se eu poderia posar para uma foto em frente ao banner da peça com o programa na mão. Fiz com prazer a pose. Sentei-em em uma das simpáticas mesas colocadas no corredor do bloco. Como não há lanchonete ou café no local, uma pessoa vendia alguns quitutes para os que chegavam ao teatro e aguardavam a liberação da entrada.
Com aviso discreto para deixarem os respectivos celulares em modo silencioso, liberaram a entrada pouco depois das 21 horas. Digo discreto, porque alguns não devem ter ouvido, pois celulares soaram no recinto por mais de uma vez (e não era o celular que tocava em cena!).
No pequeno palco, as três atrizes de Poeira desfiavam histórias resgatadas do passado enquanto o público se acomodava nas cadeiras dispostas em forma de arquibancada. Fiquei na última fileira, em bancos sem encosto, com ótima visão para a cena, mas muito quente, pois o ar condicionado não chegava até lá.
Poeira foi idealizado por Tatiana Carvalhedo, cuja dramaturgia partiu de poemas muito pessoais de Cristina Carvalhedo. A direção coube a Jonathan Andrade. No palco três psicólogas - Cristina Carvalhedo, Lydia Rebouças e Nayla Reis - que aceitaram o desafio de atuar neste espetáculo. A mão de Jonathan é visível, não só no aspecto visual, pois o cenário e o figurino são de sua autoria, mas também no modo de atuação destas não atrizes. Emoção e catarse.
Memórias de um passado que não volta, de um marido que faleceu, de aventuras quando a juventude era explosiva, de uma rebeldia gostosa, feliz. Memórias alegres e tristes. Memórias que emocionam qualquer pessoa. Memórias que poderiam pertencer a qualquer um dos presentes.
A utilização de barulho de avião para a passagem do tempo foi um recurso que gostei muito, assim como a espontaneidade das atrizes ao dialogar com a plateia, como se estivessem em seus consultórios. No entanto, em papéis invertidos. O público era o psicólogo que observava e ouvia o que as reais psicólogas tinham a dizer.
Compartilhar a dor em cena foi um modo de extirpar fantasmas, de mudar, de continuar a vida, bela como ela deve ser.
Um cena belíssima, carregada de elementos emotivos, é aquela em que Nayla Reis está sentada em uma cadeira, nua, molhada, chorando de saudade do marido que não mais estava presente. As amigas ajudando-a a se vestir e o seu choro convulsivo são tocantes.
Poeira fala da morte, enaltecendo a vida.
Vida longa para Poeira.

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