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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

ENCANTO

Encanto, 2021, 102 minutos.

Animação com a assinatura Disney, dirigida por Jared Busch, Byron Howard e Charise Castro Smith. Músicas e letras do onipresente Lin-Manuel Miranda.

A trilha sonora original e a música Dos Oruguitas figuram nas listas reduzidas (shortlists) divulgadas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, ou seja, estão na corrida para figurar entre os cinco finalistas para suas categorias no Oscar 2022. Realmente o ponto alto da animação é sua trilha musical.

Vendo o filme, fiz uma comparação, instintivamente, com os primeiros sucessos Disney (Branca de Neve, Pinóquio, Cinderela, entre outros) que tinham personagens humanos. Como o tamanho dos olhos das personagens aumentaram, chegando perto das animações asiáticas. Padronização "imposta" pelo padrão mangá?

A história de Mirabel se passa na Colômbia, cuja família tem poderes especiais concedidos por uma chama que nunca se apaga. Mirabel, por não ter recebido o poder, é sempre vista com restrições por sua avó, a comandante da família. A casa na qual vive a família é um ser vivo, que interage com quem está dentro dela. Muita cor, transmitindo alegria, apesar das dificuldades enfrentadas por Mirabel.

Achei o roteiro fraco, sem muita novidade em relação às animações recentes da Disney. Mais uma historinha de superação, a importância da família e da aceitação das diferenças.

Vi, em 30/01/2022, na Disney+.

domingo, 30 de janeiro de 2022

LAMB

 

Lamb, 2021, 106 minutos.

Filme indicado pela Islândia para concorrer ao Oscar 2022 de melhor filme internacional. 93 países indicaram seus filmes, dos quais 15 figuram na lista de semifinalistas. Entre eles está Lamb.

Direção de Valdimar Jóhannsson, estrelado por Noomi Rapace (Maria), Hilmir Snaer Guonason (Ingvar) e Bjorn Hlynur Haraldsson (Pétur).

Maria e Ingvar são casados, sem filhos, vivem em uma atmosfera de relacionamento fria, e moram em uma fazenda de criação de cordeiros, em um lugar ermo, frio, com muito vento, cercado de belas paisagens. Também plantam batatas. No estábulo, várias ovelhas prenhas, o que faz com que o casal tenha muito trabalho, ajudando-as no parto. Em um desses partos, nasce uma ovelhinha diferente, gerando um sentimento de amor no casal, que passa a cuidar dessa ovelhinha como se filha fosse, dando-lhe o nome de Ada. A alegria se instala no seio do casal. Outro elemento chega na fazenda, Pétur, o irmão de Ingvar, que vai também interferir na relação do casal e da "filha adotada".

Essa ovelhinha estranha trará felicidade, mas também será a responsável pela destruição do casal.

O filme foi classificado como terror, mas confesso que não o vejo como tal. É mais um drama surrealista nos moldes dos filmes do grego Yorgos Lanthimos.

O diretor até tenta dar um clima de um terror psicológico, especialmente nas cenas em que aparecem as ovelhas e carneiros. Neste momentos, todos os animais ficam com respiração ofegante, olhando, ao mesmo tempo na mesma direção, para algo ou alguém, ou melhor, encarando-nos, enquanto espectadores. Gera expectativa, mas não gera temor.

O final é aberto, não tendo muita explicação para os fatos ocorridos. Fica por conta de nossa imaginação.

A fotografia é belíssima, mostrando as paisagens frias e vazias da Islândia.

Bizarro.

Vi, em 29/01/2022, por meio de um link que estava disponível em um perfil que sigo no Twitter.

sábado, 29 de janeiro de 2022

OS PRIMEIROS SOLDADOS

Os Primeiros Soldados, 2021, 107 minutos.

Dando prosseguimento à maratona de cinema em casa, conferi mais um filme da 25ª Mostra Tiradentes. Aprecio muito o trabalho da atriz Renata Carvalho. Lendo as sinopses dos filmes disponíveis no dia 28/01/2022, vi que ela estava no filme Os Primeiros Soldados. Foi minha escolha imediata.

O filme tem roteiro e direção de Rodrigo de Oliveira, rodado inteiramente no Espírito Santo, com locações em Vitória, Guarapari e Domingos Martins. No elenco estão Renata Carvalho (Rose), Johnny Massaro (Suzano), Clara Choveaux (irmã de Suzano) e Vitor Camilo (Humberto).

Para mim, foi um resgate, em filme, da história recente brasileira em relação ao início da AIDS no país, quando ninguém tinha muita informação sobre tratamento, transmissão, vivência, gerando uma série de preconceitos para com os primeiros infectados, especialmente gays, prostituas e usuários de drogas injetáveis. Pelo que me lembre, não houve filmes que trataram destas angústias tão diretamente como em Os Primeiros Soldados, em especial sobre seus primórdios em solo brasileiro.

A história se passa no espaço temporal entre o dia 31/12/1982 e o dia 01/01/1984. Rose é uma travesti, cantora em boates gays, mas que também se prostitui na noite capixaba. Humberto é um cinegrafista que faz um vídeo sobre Rose, acompanhando-a em sua performance na noite de Réveillon 1982/1983, é tímido e tem seu primeiro relacionamento homossexual justamente na virada de 1982/1983. Suzano vive na França, mas está de passagem no Brasil visitando a irmã e seu sobrinho Muriel, que o tem como ídolo. Os três descobrem que estão infectados e, com receio da reação da sociedade, se refugiam em um sítio, onde vão vivenciar todos os aspectos da doença, recebendo, por via postal, medicamentos quinzenalmente do namorado de Suzano que vive na França, e tendo esperanças sobre o futuro deles e das novas gerações que virão. Tudo devidamente documentado em vídeo por Humberto.

Há cenas muito impactantes, especialmente nos quarenta minutos finais do filme, quando os atores Renata Carvalho, Johnny Massaro e Vitor Camilo dão um show de interpretação. O discurso de Rose olhando nos nossos olhos é um soco no estômago. Necessário.

Há uma cena na boate Genet, em 1983, onde uma galera feliz dança ao som da música Linda Juventude (14 Bis), enquanto Suzano deixa cair no chão, propositalmente, várias fotos de seu corpo com o sarcoma de kaposi. Uma interessante ligação entre a alegria do momento daquela juventude dourada com o que a esperava num futuro não muito distante.

É um filme potente, que fala sobre amizade, solidariedade, medo, angústia, preconceito e, sobretudo, de esperança, explicitada em sua última cena.

Vi, em 28/01/2022, na plataforma on-line da 25ª Mostra Tiradentes.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

UMA PACIÊNCIA SELVAGEM ME TROUXE ATÉ AQUI

Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui
, 2021, 25 minutos.

Meu amigo Adilson me indicou o curta metragem Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui no ano passado, mas não consegui ver na data em que ele estava disponível. Eis que ele me envia uma mensagem na manhã de quinta-feira, 27/01/2022, dizendo que o curta metragem estava disponível por 24 horas na grade da 25ª Mostra de Tiradentes.

Não tive dúvidas e fui conferir na tarde da mesma quinta-feira, em um breve intervalo das tarefas do trabalho remoto. Vi pelo computador na página da mostra. Gratuitamente.

Roteiro e direção de Érica Sarmet, com participação da cantora Zélia Duncan (Vange) e de Bruna Linsmeyer (Rô), entre outras atrizes.

É uma história simples, mas cheia de significados e posicionamentos afirmativos de empoderamento feminino lésbico. Vange vive sozinha em um pequeno apartamento com um gato em Niterói. Ela resolve sair uma noite, senta sozinha em uma mesa de bar na cidade do Rio de Janeiro para ver o mundo passar. Depois vai para uma balada, onde conhece Rô e suas amigas. Rola um clima entre Vange e Rô. Rô é direta, pede carona para voltar para Niterói, subindo na moto de Vange. Enquanto a câmera filma este retorno, toca a música Noite Preta, sucesso de Vange Leonel regravada por Zélia Duncan. Em Niterói, as amigas se juntam a Rô para uma saideira na casa delas, convidando Vange.

Entre uma cena e outra, depoimentos de todas as atrizes que atuam no curta sobre as suas vivências e memórias enquanto lésbicas.

As cenas mais íntimas são de uma leveza e uma plasticidade lindas.

Boa indicação de meu amigo Adilson.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

SEGUINDO TODOS OS PROTOCOLOS

Seguindo Todos os Protocolos, 2022, 74 minutos.

Tinha planejado para estar presente durante toda a 25ª Mostra Tiradentes, inclusive com reserva de hotel confirmada. No entanto, por causa da variante ômicron da Covid 19, com aumento dos casos de pessoas em hospitais, a mostra, que completa seu jubileu de prata em 2022 , tornou-se, como em 2021, 100% on-line.

A mostra começou no dia 21/01/2022 e vai até o dia 29/01/2022. São 169 filmes, entre curtas e longas, divididos em mostras temáticas, que podem ser acessados de forma gratuita. Cada filme fica 24 horas no ar. Todos os filmes estão no site da mostra.

O primeiro que conferi foi Seguindo Todos os Protocolos, longa metragem produzido, escrito, dirigido e interpretado por Fábio Leal. O roteiro trata exatamente da Covid 19 e a necessidade de isolamento social.

Chico está há dez meses recluso, tendo um namoro à distância com um baiano. O diálogo entre os dois desanda, e Chico resolve traçar estratégias para ter sexo, que não faz desde o início da pandemia. Seguindo todos os protocolos indicados por autoridades nacionais e internacionais, ele chama um ex peguete para transar. A partir daí, sua paranoia somente piora, com direito a remédios psiquiátricos (iniciados durante a quarentena) e muitas medos. O interessante é que ele apavora quando o peguete tira a máscara, mas não dá a mínima para o fato de ele o ter penetrado sem camisinha.

Gostei do filme, pois trouxe para reflexão as neuras, paranoias e traumas que a necessidade de distanciamento social, uso de máscaras e de higienização constante das mãos, correta, diga-se de passagem, tem causado às pessoas.

Conheço muita gente que começou a tomar ansiolíticos e antidepressivos durante a pandemia, eu inclusive, mas que continuam seguindo todos os protocolos, só que com o acréscimo de pílulas diárias para aguentar a escassa vida social.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

A TRAGÉDIA DE MACBETH (THE TRAGEDY OF MACBETH)

A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth), 2021, 105 minutos.

Roteiro adaptado do clássico de Skakespeare, que já foi levado para os palcos e telonas muitas e muitas vezes. Desta vez, coube a Joel Coen a adaptação e a direção, sem seu irmão. No elenco, Denzel Washington (Macbeth) e Frances McDormand (Lady Macbeth).

Essa adaptação me surpreendeu positivamente. Coen resolveu focar nos devaneios, ambições e loucuras do casal Macbeth, fazendo um filme curto para os padrões de textos de Shakespeare, tendo uma cenografia minimalista, incluindo vestuário e acessórios usados pelos personagens.

O texto é difícil de acompanhar, tanto no áudio original, quanto nas legendas, pois os diálogos são rebuscados. Mas isso não cansa, pois a fotografia e a atuação dos atores nos prende.

Ponto alto é a fotografia, toda em preto e branco, com remissões muito claras aos filmes do expressionismo alemão: utilização de grafismos com jogo de luzes e sombras, pé direito dos ambientes internos enormes, mostrando a pequenez dos homens. Nos ambientes externos, muita bruma, impossibilitando a visualização perfeita do ambiente.

A aparição da bruxa para Macbeth, que ocorre em dois momentos do filme, é um dos pontos altos, com a sua multiplicação em uma tríade, ficando a sensação de algo divino.

Vi, em 24/01/2022, na AppleTV+.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

A MÃO DE DEUS (È STATA LA MANO DI DIO)

A Mão de Deus (È Stata La Mano Di Dio), 2021, 130 minutos.

Direção de Paolo Sorrentino, tendo no elenco Filippo Scotti (Fabietto), Toni Servillo (Saverio) e Teresa Saponangelo (Maria).

Logo após terminar de ver A Mão de Deus, na Netflix, apareceu, como sugestão, um pequeno documentário feito com o diretor a respeito do filme. Nele, constatei que é bem autoral, com lembranças do passado de Sorrentino quando vivia em Nápoles, sua cidade natal.

A história se desenvolve na década de 1980, quando Maradona foi contratado pelo time Nápoles e o levou ao título do campeonato italiano. Mas o futebol, uma paixão napolitana, é apenas um coadjuvante no filme, um pano de fundo para os acontecimentos que envolvem Fabietto e sua família.

Fabietto é um menino tímido, sem muitos amigos, vivendo em uma família numerosa e ruidosa, que tem que lidar com uma perda inesperada, com o amor, com o sexo, com suas aspirações em ser cineasta, embora tenha visto uns três ou quatro filmes até então, com sua vontade de sair de Nápoles e ir para Roma.

O diretor de fotografia usa cores fortes em belas tomadas da cidade italiana.

Homenagens explícitas aos diretores italianos Federico Fellini (o irmão de Fabietto faz um teste para ser figurante em um filme do diretor, mas não passa porque tem uma cara muito normal, enquanto na sala de espera desfilam vários personagens da fauna e flora felliniana), Franco Zeffirelli e a Antonio Capuano (que é um personagem neste filme). As figuras da família de Fabietto paracem saídas de um filme de Fellini.

O título faz referência ao gol que Maradona fez de mão contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986. Quando questionado, Maradona disse que foi a mão de Deus.

Faz mais sentido o título original para a analogia ao gol de Maradona, pois o título está no passado: Foi a Mão de Deus. Quem assistir, entenderá.

Filme indicado pela Itália para ser seu representante na categoria de filme internacional e figura na lista encurtada de apenas 15 filmes, de onde sairão os cinco concorrentes.

Vi, em 21/01/2022, na Netflix.

domingo, 23 de janeiro de 2022

PÂNICO (SCREAM)

Pânico (Scream), 1996, 111 minutos.

Direção de Wes Craven, tendo no elenco Drew Barrymore (Casey), Neve Campbell (Sidney), Courteney Cox (Gale) e David Arquette (Dewey).

Já que Pânico 5 estreou nos cinemas neste início de 2022, resolvi ver a franquia desde o início, começando pelo primeiro filme.

Um ano após a morte da mãe de Sidney, assassinatos em série começam a assustar os moradores de Woodsboro. Os jovens, especialmente mulheres, recebem ligações quando estão sozinhas em casa. No telefone, uma voz cavernosa resolve fazer joguinhos com elas, as assustando, quando, então, uma figura com uma máscara de fantasma e uma túnica preta aparece para matá-los, sempre utilizando objetos perfurocortantes. Sidney, a mocinha do filme, passará maus bocados até o final, quando o serial killer é revelado.

A participação de Drew Barrymore nas cenas iniciais é sensacional.

Wes Craven renova os filmes de terror, que tiveram um boom na década de 1980, dando-lhe uma pitada de comédia, brincando com as características de filmes do gênero, como, por exemplo, a pessoa perseguida pelo serial killer, dentro da casa toda fechada, sai correndo para o lado de fora, onde está o assassino.

A identidade do assassino só é revelada nos momentos finais, mas durante toda a duração do filme, a certeza que um determinado personagem é o serial killer vai mudando. Eu não imaginava a identidade do assassino como revelado ao final.

A renovação vem junto com homenagens aos filmes de grande sucesso nas décadas de 1970 e 1980, citando nominalmente O Massacre da Serra Elétrica (1974), Halloween (1978), Sexta-Feira 13 (1980), A Morte Convida Para Dançar (1980), Trem do Terror (1980), A Bruma Assassina (1980), A Morte do Demônio (1981), A Hora do Pesadelo (1984), Hellraiser (1987) e O Silêncio dos Inocentes (1991). Jamie Lee Curtis, protagonista de 04 dos filmes mencionados, é citada por Sidney quando estão em uma festa na casa de um dos estudantes do colégio onde ela estuda. Os nomes de Michael Myers, Jason, Leatherface, Freddy Krueger também estão presentes nos diálogos dos personagens. Na televisão passa Halloween.

Craven faz referências a si próprio, pois A Hora do Pesadelo foi escrita e dirigida por ele. Sidney diz que seu diretor de filmes de terror predileto é Wes Carpenter, uma brincadeira com o próprio Wes Craven e com John Carpenter, o mestre do terror (Halloween, Christine O Carro Assassino, Eles Vivem, entre outros).

Eu comecei a ver o filme pensando que estava o revendo, mas tirei a conclusão de que nunca tinha o visto.

Vi, em 21/01/2022, na Globoplay.

APRESENTANDO OS RICARDOS (BEING THE RICARDOS)

Apresentando os Ricardos (Being The Ricardos), 2021, 133 minutos.

Direção e roteiro de Aaron Sorkin, tendo como protagonistas Nicole Kidman (Lucille Ball) e Javier Bardem (Desi Arnaz).

O filme acompanha a gravação de um episódio do famoso seriado da televisão norte-americana I Love Lucy, que tinha uma audiência de 60 milhões de pessoas. Todo o processo de gravação durava uma semana, com escrita de roteiro, leitura deste roteiro pelos atores e diretor, ensaios, marcação de posição e gravação com aquela plateia típica de sitcons.

A semana escolhida pelo diretor Aaron Sorkin foi a do episódio 37, quando, no início da semana, Lucille Ball foi acusada de ser comunista. O filme tem depoimentos, como um documentário, das pessoas ainda vivas que participaram daquela semana nos estúdios de gravação, incluindo uma das roteiristas e o produtor executivo do show.

O roteiro é bem capenga, pois Sorkin não decide o que quer focar: a gravação do episódio de I Love Lucy, a carreira de Lucille Ball e Desi Arnaz, o casamento em crise destes dois, ou a questão política. Mas é história que Hollywood adora: reviver uma ícone da televisão dos Estados Unidos, que foi adorada e admirada no mundo todo, com a pitada política (a famosa caça às bruxas que acometeu o entretenimento norte-americano nos anos 1950), destacando a crise enfrentada pelo casal Lucille/Desi em seu casamento e também a crise desencadeada pela acusação de Lucille ser comunista, que poderia por fim à carreira de ambos. Os dois davam vida ao casal Ricardo no show I Love Lucy.

Destaque para as interpretações de Nicole Kidman, que segura o filme, entregando uma performance maravilhosa, que pode lhe render mais uma indicação ao Oscar 2022, e de Javier Bardem, que não seria surpresa, para mim, se também fosse indicado na categoria de melhor ator. O entrosamento dos dois em cena é visível, garantindo o melhor do filme.

Vi, em 21/01/2022, no Prime Vídeo.

sábado, 22 de janeiro de 2022

O GRANDE GOLPE (THE KILLING)

O Grande Golpe (The Killing), 84 minutos, 1956. Direção de Stanley Kubrick.

Um grupo planeja um assalto à casa de apostas do Jockey Club durante o grande prêmio. Envolvidos no golpe: um ex presidiário, um policial, o caixa da casa de apostas, um garçom e um senhor idoso. Tudo bem planejado, mas nem sempre o planejado sai como deveria ser. Final bem inusitado, embora moralista.

Kubrick roda o filme em preto e branco, fazendo uma alusão aos filmes policiais da década de 1940. Ao comparar as cenas de luta com os filmes atuais, constatamos que a coreografia anterior era muito marcada, permitindo que notemos os passos ensaiados, não transmitindo uma sensação de luta verdadeira. Tipo o mucha lucha mexicano.

A trilha sonora, toda instrumental, é fundamental para marcar o clímax das cenas.

Neste filme, várias características da obra de Kubrick podem ser notadas: narrativas em off, planos abertos, fotografia primorosa, elenco afiado.

Vi, em 20/01/2022, no Telecine Play.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

RED ROCKET

Red Rocket, 130 minutos, 2021.

Direção de Sean Baker, com Simon Rex (Mikey Saber), Bree Elrod (Lexi) e Suzanna Son (Strawberry).

Outro filme que vi neste início de 2022 que achei bem chato. E é longo demais. Cansativo.

Mikey Saber, um ator pornô em decadência, volta para sua cidade natal no Texas, sem dinheiro, onde vai viver com Lexi, sua mulher, também ex atriz pornô, e sua sogra. Ambas viciadas em cocaína e fumantes inveteradas. Ele procura emprego na cidade, mas seu currículo não o ajuda, tornando-se um traficante de maconha. Nas vendas de baseado, conhece a caixa de uma lanchonete chamada Strawberry, uma adolescente menor de idade. Nasce aí uma relação.

A história vai girar neste universo: casa da sogra, lanchonete, namoro com Strawberry. Tudo muito sem graça.

O que vale é a performance do ator Simon Rex, digna de indicação de melhor ator para o Oscar 2022. Há uma ótima cena em que ele corre nu pelas ruas da cidade durante a noite.

Vi, em 19/01/2021, em link que recebi via Twitter.


BAR DOCE LAR (THE TENDER BAR)

Bar Doce Lar (The Tender Bar), 106 minutos, 2021.

Direção de George Clooney, tendo no elenco Ben Affleck (Charlie), Daniel Ranieri (JR criança), Tye Sheridan (JR), Christopher Lloyd (avô) e Lily Rabe (mãe).

Historinha chata, tipo aqueles contadas para boi dormir.

JR tem pai ausente fisicamente, mas sempre o escuta nos programas de rádio em que ele é locutor. Cresce dentro de uma família disfuncional, na casa do avô, tendo como ídolo seu tio Charlie, que é dono de um bar. O sonho de sua mãe, mesmo sem dinheiro, é vê-lo ingressando em Harvard ou em Yale. JR tem o sonho de sua mãe para realizar, que é ingressar na carreira de advogado, mas seu verdadeiro sonho é ser escritor.

E sua vida segue, monótona, sem muitas aventuras, entre a casa, o bar do tio, os estudos e o namoro.

História baseada no livro de memórias do escritor J. R. Moehringer.

Ben Affleck empresta seu charme para o tio Charlie, tem boa performance, mas nada demais para ganhar prêmio de melhor ator coadjuvante. Daniel Ranieri faz uma criança adulta, sem muita infância. Tye Sheridan continua com aquela expressão fixa no rosto de não sei o que estou fazendo aqui (continuo sem gostar de suas performances). Lily Rabe tem as mesmas feições em todo o filme, mesmo quando dá um salto de uns oito/dez anos no tempo. E Christopher Lloyd está parecendo seu eterno personagem Dr. Emmett Brown na trilogia De Volta para o Futuro.

Vi, em 18/01/2021, no Prime Vídeo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

A FILHA PERDIDA (THE LAST DAUGHTER)

A Filha Perdida (The Last Daughter), 2021, 121 minutos.

Estreia na direção da atriz Maggie Gyllenhaal, tendo como protagonista Olivia Colman (Leda).

Logo que o livro A Filha Perdida, da autora Elena Ferrante, foi publicado no Brasil, eu comprei um exemplar e li tudo em uma sentada. A leitura é empolgante. O filme de mesmo nome é uma adaptação desse livro.

Tal adaptação é assinada pela diretora, Maggie Gyllenhaal. E funcionou bem, sendo fiel às páginas escritas por Ferrante.

Leda é uma professora de literatura que resolve passar as férias, sozinha, em uma praia grega. Ali, vai encontrar uma família ruidosa, cuja interação será cheia de altos e baixos. Na família, está Nina (Dakota Johnson), cuja filha pequena, Elena, é agarrada com uma boneca. Um dia, Elena some de perto da família, o que gera uma confusão, e é Leda que a encontra. Neste rolo, a boneca de Elena também desaparece. O gatilho para Leda foi armado, quando ela vai recordar seus anos iniciais de casamento, com duas filhas pequenas, uma bela carreira de tradutora pela frente, a maternidade, a necessidade de ser livre, a fuga, o arrependimento.

É um filme intimista, de observação, tanto de Leda para com a família ruidosa, quanto de Nina para com Leda. Leda vê em Nina seu passado e Nina vê em Leda seu futuro, chegando, em um diálogo com Leda, dizer que queria ser como ela quando chegasse à sua idade.

Por se intimista, há muitas cenas de mera contemplação, com tomadas amplas dos cenários.

Também nos leva a reflexionar sobre temas sensíveis às mulheres, como, por exemplo, a questão da maternidade. Será que é papel inerente a uma mulher ser mãe? Essa é a principal angústia de Leda com seus 48 anos de idade.

Ao terminar de ver o filme, conclui que não poderia ser outra atriz que não Olivia Colman a interpretar Leda. Como é sensacional a sua performance, sua forma de mostrar seus sentimentos apenas com expressões mínimas no rosto. Genial.

Quanto à direção de Gyllenhaal, é segura, mas não trouxe inovação, preferindo ficar no convencional para não errar.

Vi na Netflix, em 17/01/2022.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

TED LASSO - TEMPORADA 2

Vi a primeira temporada de Ted Lasso, disponível para assinantes da AppleTV+, antes da temporada de prêmios de 2021, quando a série arrebatou vários deles como comédia e consagrando seu ator principal, Jason Sudekis, interpretando o personagem que empresta seu nome ao seriado.

Essa primeira temporada, lançada no segundo semestre de 2020, tem 10 episódios que duram, em média, meia hora cada um. São bem dirigidos, com elenco afiado, divertidos e com um toque de positividade e de otimismo, tão necessários nestes tempos sombrios de negacionismo e pandemia.

Ted Lasso, norte americano, foi contratado por Richmond, um time de futebol inglês da Premier League, sem ter experiência nenhuma no esporte. Era uma vingança pessoal da dona do time para com seu ex-marido, pois ela queria ver Richmond afundar no campeonato. Com atitudes que elevam a auto estima dos jogadores, Lasso se consagra como técnico em terras inglesas. Diverti e gostei bastante, já ficando curioso em como seguiriam uma história que poderia cair na mesmice.

E foi exatamente o que aconteceu na segunda temporada: mais do mesmo, com pequenos detalhes que não mudam muito o rumo do roteiro. Introduziram uma psicóloga no time de Richmond, aprofundaram dramas pessoais de jogadores e dirigentes, mas o cerne do roteiro girou na mesma ordem de superação da primeira temporada, inclusive com a palavra Believe em destaque no vestiário do time (até me lembrou a campanha do Clube Atlético Mineiro na Libertadores de 2013, quando a torcida sempre gritava a plenos pulmões nos estádios a frase "eu acredito" em momentos ruins do time em campo).

Para mim, o diferencial da primeira temporada eram os episódios curtos e certeiros. Nesta segunda temporada, que estreou em julho de 2021, a média de cada episódio subiu para 45 minutos de duração. Também aumentou o número de episódios, de 10 na primeira, para 12 nesta segunda. Esticaram demais a história.

Como ponto positivo destaco o crescimento dos atores e atrizes de suporte, especialmente Hannah Waddington (Rebeca Welton), Juno Temple (Keely Jones), Nick Mohammed (Nathan Shelley) e Brett Goldstein (Roy Kent).

Não me diverti tanto quanto na primeira, mas ainda assim dei boas risadas. Vem aí a terceira temporada. Será que o nível será o mesmo da primeira ou seguirá baixando em originalidade e capacidade de atrair expectadores?

domingo, 16 de janeiro de 2022

MADRES PARALELAS

Madres Paralelas, 2021, 123 minutos.

Filme mais recente de Pedro Almodóvar, estrelado por Penélope Cruz (Janis), Rossy de Palma (Elena) e Aitana Sánchez-Gijón (Teresa).

Janis é fotógrafa, fazendo trabalhos para a revista comandada por Elena. Ao fotografar um famoso antropólogo, ela o convence a fazer um trabalho de abertura de uma cova coletiva na qual foram enterrados vários habitantes do povoado onde nasceu e cresceu. Estas pessoas foram vítimas do regime fascista de Franco na Espanha.

Janis acaba se envolvendo com o arqueólogo, fica grávida, resolvendo ser mãe solteira. Na maternidade, no mesmo quarto, conhece Teresa, uma jovem de 16 anos, que também será mãe solteira. As duas dão a luz no mesmo dia duas meninas. A partir deste momento, o roteiro esquece a parte politica e foca na relação que será construída entre as duas mães e suas filhas.

Quase no final do filme, o roteiro retorna para a questão política, com a cova coletiva sendo aberta na qual somente homens estavam enterrados.

Mais um filme de Almodóvar que joga luz profunda nas mulheres, em seus corpos, em seus desejos mais íntimos e puros.

Um verdadeiro show de interpretação de Penélope Cruz. Quanto à Rossy de Palma, teve pequena participação. Queria mais dela no filme.

Não é o melhor Almodóvar, mas é muito superior à esmagadora maioria dos filmes lançados em 2021.

Foi o primeiro filme que vi em 2022, em 01/01/2022.

Em breve estará disponível na Netflix.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A MORTE PASSOU POR PERTO (KILLER’S KISS)

A Morte Passou Por Perto
(Killer’s Kiss), 1955, 67 minutos.

Dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Frank Silvera (Vinnie) e Irene Kane (Gloria).

Vinnie, um boxeador, enquanto espera o trem para voltar para sua cidade natal, narra o que aconteceu com ele nos dias anteriores. Ele conheceu sua vizinha, uma acompanhante em casa de dança, quando se preparava para sua 100ª luta. Vinnie se envolverá com Grace, tendo que lidar com o seu cafetão, e com as consequências do resultado da luta de boxe.

Filmado em preto e branco, o filme traz elementos que se repetirão na curta filmografia de Kubrick, com destaque para a cena de luta entre Vinnie e o cafetão em uma fábrica de manequins.

O cenário com manequins aparecerá novamente em Laranja Mecânica. Kubrick também utiliza elementos de seus curtas anteriores: narração em off, volta a ter um boxeador na trama como no curta documental Um Dia de Luta, e os planos fechados no rosto dos atores. Neste filme, Kubrick começa a de despontar como um grande cineasta.

Vi na plataforma Stremio no último dia de 2021.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

SEMPRE EM FRENTE (C’MON C’MON)



Sempre em Frente (C’mon C’mon)
, 2021, 98 minutos.
Direção de Mike Mills, estrelado por Joaquin Phoenix (Johnny), Gaby Hofmann (Viv) e Woody Norman (Jesse).
Viv pede a seu irmão Johnny para ficar com seu filho enquanto cuida do marido, que está internado mais uma vez por problemas psiquiátricos. Johnny está viajando os Estados Unidos com sua equipe de rádio entrevistando crianças sobre o que pensam do futuro. Ele leva seu sobrinho nesta jornada, sendo uma convivência não muito fácil.
Filmado em preto e branco. Ótima performance de Gaby Hofmann e da criança Woody Norman.
Mas a história não me fisgou. Detesto a maioria dos filmes que têm criança como protagonista e com este não foi diferente. O personagem Jesse é irritante, mimado, age como um adulto, mas é criança quando lhe convém.

sábado, 1 de janeiro de 2022

DUAS TIAS LOUCAS DE FÉRIAS (BARB AND STAR GO TO VISTA DEL MAR)

Duas Tias Loucas de Férias (Barb and Star Go to Vista Del Mar), 2021, 107 minutos.

Direção de Josh Greenbaum, estrelado por Kristen Wiig (Star e Sharon), Annie Mumolo (Barb) e Jamie Dornan (Edgar).

Duas amigas inseparáveis, de meia idade, perdem o emprego, são expulsas de um hilário clube de leitura, e decidem, pela primeira vez, deixar a cidade onde vivem para fazer uma viagem de férias. Escolhem a Flórida, mais precisamente o resort all-inclusive Vista del Mar. O que pareceria uma simples e divertida viagem de férias, torna-se um caos, com uma ameaça de matar todos os que estão no resort, um plano de vingança de Sharon, a vilã da história.

Clichês de filmes de comédia pastelão estão presentes, como a vilã super caricata, confusões amorosas, correria e mal entendidos.

Comédia rasgada, com excessos e situações totalmente sem noção, mas que a dupla de comediantes Wiig e Mumolo levam muito bem. O roteiro é escrito pela dupla de comediantes, é simples, alucinado, com tiradas excelentes, como o caranguejo Morgam Freemond, que tem a voz parecida com a de Morgan Freeman, em diálogo non sense com Star.

É para ver, divertir, rir muito e, depois, esquecer.

Vi em 28/12/2021.

Disponível no HBO Max.