O festival Cena Contemporânea 2010 terminou neste domingo. Foi uma grande celebração das artes cênicas e, porque não dizer, das artes em geral, já que houve muita música de qualidade no famoso ponto de encontro na Praça do Museu Nacional da República, durante os treze dias que os teatros e centros culturais de Brasília foram tomados por muitos espetáculos. Sou um frequentador assíduo da cena teatral brasiliense e sempre confiro o maior número possível de espetáculos nas edições anuais deste importante festival. É verdade que a décima-primeira edição não me agradou tanto quanto outras edições passadas, mas mesmo assim considero muito importante esta possibilidade de vivenciar novas experiências que o Cena nos proporciona. Imagino que, para a classe artística, o intercâmbio seja importante e necessário. É no festival que podemos assistir a peças que provavelmente não entrariam no circuito normal da cidade, com propostas inovadoras, nem sempre assimiladas pelo público. Eu mesmo não assimilei a proposta de Abracadabra, mas achei válida a experiência, apesar de a ter considerado a pior que já vivenciei em termos de teatro na minha vida. Com a facilidade de buscar informações nas redes sociais, acompanhei o que publicaram sobre o festival. Gostei muito do que li no blog de Adeilton Lima sobre os espetáculos Abracadabra e A Carta do Anjo Louco. Mesmo não concordando em relação ao que ele escreveu sobre a primeira, achei a sua análise inteligente e profunda, com consistência. Ele não se limitou a escrever que a peça é "massa", é inovadora ou fantástica, como muitos colocaram no Facebook. Vale a pena a leitura (para ler, clique aqui). Quanto à análise de A Carta do Anjo Louco, concordo inteiramente com o que ele disse: espetáculo de qualidade, bem pesquisado, que entreteu e fez pensar, mesmo em um curto espaço de tempo.
Em entrevista ao Correio Braziliense desta terça-feira, o idealizador e diretor geral do Cena Contemporânea, Guilherme Reis, foi espetacular ao afirmar que as poucas críticas publicadas em blogs e congêneres na internet serão levadas em consideração para as próximas edições deste festival, que já tem data marcada para 2011 (de 23 de agosto a 04 de setembro). Também muito digno da parte de Guilherme Reis ao dizer que num festival com mais de trinta espetáculos não haverá unanimidade, gerando um debate interessante sobre o próprio festival.
Eu sigo a máxima de que só se pode falar de que não gosta quando se confere o espetáculo, mesmo com críticas desfavoráveis ou favoráveis previamente publicadas. Para mim, o Cena teve ótimos momentos, como a sua abertura com o prestigiado Grupo Galpão, quanto momentos que não apreciei, como a maioria das peças internacionais.
Além da própria existência e permanência deste festival, quero ressaltar também a evolução na sua produção, em especial na venda de ingressos, com mais pontos de venda, incluindo internet e pagamento com cartão de crédito quando a compra se deu na rede mundial de computadores. Também outro destaque foi a preocupação da direção do festival em legendar as peças estrangeiras. Ponto positivo, mas para as próximas edições será necessário pensar um melhor local para tais legendas, pois houve peças que ou se lia ou se via a performance no palco.
Ao final, mesmo com a seca brava na cidade, ganhou o teatro, ganhou a arte, ganhou Brasília. Aguardo com ansiedade a edição de 2011, torcendo para que, na minha modesta opinião, haja um maior número de espetáculos que me agradem.
Parabéns aos produtores do Cena Contemporânea por nos proporcionar esta "orgia" das artes em duas semanas de secura no Planalto Central.
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