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sábado, 4 de setembro de 2010

CENA CONTEMPORÂNEA - DIA 11


E a sexta-feira chegou com mais uma peça do festival Cena Contemporânea. Com ingresso (R$ 8,00 - meia entrada com o cupom Sempre Você do Correio Braziliense) para a peça A Galinha Cega (La Gallina Ciega) fui para o Teatro da Caixa Cultural conferir o espetáculo, na verdade, um monólogo da Corporación Gasshô, grupo colombiano, cuja concepção e dramaturgia coube à dupla Constanza Duque e Ana Toro. A primeira é a atriz, enquanto a segunda dirige a peça. Teatro praticamente lotado, mostrando a força sempre crescente do festival ao longo do período em que está em cartaz. Constanza faz o papel de Saturia, uma menina que tem sonhos e ilusões, mas na medida em que se torna adulta, percebe que a realidade dói. Galinha cega, segundo a sinopse, é uma brincadeira infantil, também presente no Brasil, onde recebe o nome de cabra cega. Na infância, ela ficava perdida, sem noção de direção, quando seus olhos eram vendados para participar da brincadeira. Em fase adulta, já ao final, mesmo sem a venda, ela se sente perdida ao se confrontar com uma realidade dura. Os recursos utilizados pela atriz são criativos, com transformações surpreendentes. Um chapéu pode se transformar em um buquê de noiva ou uma toalha de mesa vira uma saia rodada. Iluminação e efeitos sonoros também são elementos fundamentais. A atriz consegue passar rapidamente de um momento dramático para a comédia, sem perder a performance. Ela consegue passar verdade ao retratar a inocência infantil, a desilusão com a vida, a aflição pelo primeiro encontro com o amado e a decepção com o casamento. O número de dança de salão quando contracena com um manequim com rodas é ótimo. Apesar de todos estes elogios que faço, não gostei do texto. Achei enfadonho, massante, às vezes escorregando para a comédia pastelão. Mais uma vez concluo que não gosto de palhaços. E é exatamente o que vi no palco: uma palhaça, com direito a nariz redondo vermelho em determinada cena. Outro ponto que merece atenção da produção do festival, mas não tem a ver com o espetáculo em si, é a questão da legendagem. Foi um ganho para o Cena apresentar praticamente todas as peças estrangeiras com legendas. O texto de A Galinha Cega é falado em espanhol, com legendas laterais em português. Porém, o local em que a legenda foi colocada (em dois telões nas paredes laterais do palco) é de difícil acompanhamento, pois ou se lê ou se vê a peça. Além disto, a legenda não conseguiu acompanhar a fala da atriz, ora se adiantando, ora se atrasando, conferindo um ar desnecessário de pastelão ao espetáculo. Percebi que uma parcela do público aplaudiu protocolarmente ao final, sem se levantar. Fiquei sentado, sem aplaudir, pois realmente não gostei do que vi.

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