O Cena Contemporânea termina no domingo, 01º de setembro, mas meu último espetáculo foi na noite de sábado, 31 de agosto. Teatro da Caixa Cultural, sessão das 20:30 horas, com as amigas Fabiola, Karina e Hélida G. O local tinha muitas cadeiras vazias, especialmente nas fileiras mais à frente, sinal de que os convidados não retiraram seus ingressos, cujo valor foi o de sempre, ou seja, R$ 10,00 cada um. No palco, as atrizes Paula de Renor e Sandra Possani encenaram o texto de Ronaldo Correia de Brito, Duas Mulheres em Preto e Branco. Direção de Moacir Chaves. A peça gira em torno de duas amigas inseparáveis desde a época da faculdade, que se veem em uma situação de disputa pelo mesmo homem, o marido de uma delas. Música, cenário e forma narrativa remetem aos filmes policiais, de suspense, mas a interpretação deixa a desejar. O texto parece sair forjado da boca das atrizes, sem passar verdade. Há muitas citações, especialmente de escritores, poetas, filmes e livros que os militantes de esquerda nas décadas de sessenta e setenta adoravam. Colocar estas referências na história das duas mulheres, Sandra e Letícia, me soou datado demais, sem muito atrativo para os mais jovens. O mote não é resgatar um período da história que marcou algumas gerações de brasileiros, motivo pelo qual a citação constante destes ícones e ídolos da contra cultura podem gerar um certo desconforto na plateia, o que foi fato pelos comentários que ouvi na saída do teatro. Filmes de Fellini e a música de Nino Rota, seu principal criador de trilhas sonoras, são constantemente citados. Voltando para a história das duas amigas, a forma de narrá-la, alternando diálogos diretos e narrativas de fatos acontecidos, também não me agradou muito. O que gostei foi da movimentação constante das atrizes no palco, do belo cenário que nos indica que a vida delas estava desestruturada, e da dança entre as duas, um forte indicativo de como será o final. Minhas amigas Hélida G. e Fabiola ficaram sonolentas durante os setenta minutos da peça, aproveitando para dormir. Ninguém de nós gostou do que viu.
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