E segue o Cena Contemporânea. Quarta-feira, dia 28 de agosto, fui com Carol, Arnóbio, Kitty, Cris, Hélida G., Karina, Diana e Fabiola conferir o espetáculo programado para 21 horas na Sala Martins Penna do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Compramos os ingressos com antecedência, pagando R$ 10,00 cada um. Teatro completamente lotado para assistir Emmanuelle Lafon e Vladimir Kudryavtsev no espetáculo La Femme Qui Tua Les Poissons (A Mulher Que Matou Os Peixes), texto da sempre ótima Clarice Lispector. Direção e adaptação de Bruno Bayen. São 80 minutos de duração. Texto falado 95% em francês, com legendas em português. O controlador das legendas pregava uma peça, de vez em quando, na plateia, acelerando ou retardando a sincronia da fala, muitas vezes em ritmo alucinado, da atriz com as frases em português. Entendi quase tudo do que ela falava, o que me permitiu somente recorrer às legendas vez ou outra. Texto magnífico, que mescla trechos da obra de Lispector, mostrando o quão frágil é o ser humano. Um simples esquecimento leva à morte os peixes vermelhos de seu filho, desencadeando na mulher uma profunda reflexão sobre as suas atitudes cotidianas e sua relação com o mudo ao seu redor. A performance de Emmanuelle Lafon é sensacional. Ela ocupa todos os espaços do palco, como uma gigante na arte de interpretar. A atriz mostrou insatisfação apenas com a fisionomia, ou mesmo aumentado a voz, sem deixar o texto de lado, quando um telefone celular ecoou no teatro. Algumas palavras em português, como saudade (de difícil tradução) e coitadinho, foram mantidas no texto em francês interpretado por Lafon. O ator pouca participação tem na peça, sendo quase que mais um item do cenário primoroso de Renata S. Bueno, que também assina o figurino. Uma parte do texto dita em forma de declamação não possui legendas, pois o momento é muito lírico e é preciso não desviar a atenção da atriz. Assim, a solução foi colocar alguém declamando o mesmo texto em português, imediatamente após cada frase dita por Lafon. Para quem entende francês, logo se percebeu que a tradução não correspondia ao que a atriz dizia. Para piorar, ao final, ficou nítido que quem lia trocou a ordem dos papeis, pois a fala da atriz inicial foi traduzida enquanto ela declamava a parte final do seu texto. Um erro horroroso, que fez o público que entende francês rir em uma situação delicada e singela. Mas isto não prejudicou o todo. Ainda bem. Palmas entusiasmadas ao final, com um emocionado diretor em cena agradecendo ao Brasil por ter proporcionado a ele e ao mundo a excelente escritora Clarice Lispector. Gostei muito.
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