Tive meia hora entre o término da peça Antes da Chuva e o início de Cine_Monstro, o segundo espetáculo teatral da minha maratona na programação do Cena Contemporânea 2013. Ingresso comprado antecipadamente, como todos os demais, por R$ 10,00. Hélida G e Karina fizeram o mesmo, mas Fabíola tinha optado em não comprar entrada para Cine_Monstro. Saiu tão empolgada de Antes da Chuva que enfrentou a fila de desistência, conseguindo um ingresso para se juntar a nós. Teatro I do CCBB bem cheio, com pouquíssimas cadeiras vazias. No palco, o ótimo ator Enrique Diaz em um monólogo com cerca de 75 minutos de duração, no qual interpreta 13 papéis. Além de interpretar, ele também assina a direção, a iluminação e a tradução, esta última em parceria com Bárbara Duvivier, do texto do canadense Daniel Macivor, mesmo autor do espetáculo In On It, que assisti em São Paulo em 2010. Enrique Diaz prende a atenção da plateia desde o primeiro minuto da peça, que traz um jogo interessante de idas e vindas, com atos e fatos aparentemente sem conexão, mas que tem uma ligação, esclarecida ao final do espetáculo. A opção por utilizar recursos de projeção e alterações no som, com ecos reverberando a última palavra dita por Diaz, fazem a peça se aproximar do cinema, especialmente dos filmes de terror, mote principal do texto. Não há como não se lembrar de mestres do suspense da telona, como Alfred Hitchcock, ou nos filmes de Tarantino. O tom é de humor negro, com ironia aos borbotões. O texto é carregado de acidez, com cenas com requintes de crueldade. Só mesmo vendo a peça para compreender o que aqui escrevo, pois se falar qualquer coisa sobre o texto, corro o risco de influenciar as pessoas que me leem a interpretar a história sob a minha visão. E com certeza, como demonstraram algumas pessoas ao final da peça, cabe mais de uma leitura a partir da encenação, dependendo do grau de atenção que cada um dispensa ao texto. Diaz narra as histórias de uma forma que tudo nos parece banal, e se compararmos com a realidade estampada diariamente na mídia, a violência é realmente uma coisa banal (desde que não aconteça no mundinho ao nosso redor). Timing perfeito de Diaz em cena, com pitadas de comédia e terror nas doses exatas. Para mim, a peça é forte candidata a ser a minha preferida nesta edição do festival.
artes cênicas
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