Pesquisar este blog

terça-feira, 26 de julho de 2011

ANO DA HOLANDA NO BRASIL


Até dezembro, vários eventos ocorrerem no país para celebrar o Ano da Holanda no Brasil. São eventos esportivos, empresariais, gastronômicos, culturais (música, artes cênicas, artes plásticas, cinema, fotografia) bem diversificados. A concentração destes eventos acontece no Rio de Janeiro ou em São Paulo, mas é bem ficar atento na programação, disponível no site da mostra, pois há previsão de eventos em várias cidades brasileiras, tanto capital, quanto interior. Muitos eventos já consagrados no calendário nacional aproveitam a deixa para homenagear a Holanda, como é o caso da tradicional festa das flores que acontece na primavera na cidade de Holambra, interior de São Paulo, inspirada em terras holandesas. Em Brasília, fui ver a exposição que integra tal celebração, a World Press Photo 11, em cartaz desde o dia 08 de julho, no anexo do Museu Nacional da República, uma construção circular com dois pisos, idealizado no projeto de Niemeyer para abrigar um restaurante (ainda não cumpriu esta função oficialmente), que tem as paredes em vidro escuro e uma grande rampa de acesso. A mostra de fotografia fica ali exposta até o dia 30 de julho, com entrada gratuita. É a principal mostra de fotografia do mundo, estando em em 54ª edição cuja sede da curadoria fica em Amsterdã, Holanda. Um júri especialmente formado pela curadoria, este ano sob a responsabilidade de Erik de Kruijif, escolhe entre milhares de fotos enviadas por profissionais do jornalismo espalhados por todo o mundo, as grandes vencedoras. Os prêmios são divididos em categorias, além de menção honrosa proposta pelo júri. Tais categorias são: Esportes, Pessoas e Notícias, Notícias em Geral, Notícias em Destaque, Retratos, Assuntos Atuais, Arte e Entretenimento, Vida Cotidiana e Natureza. A fotografia campeã na categoria Retratos foi a escolhida para ilustrar o cartaz da versão 2011, que, pela primeira vez, é mostrada em Brasília. De autoria da fotógrafa sul-africana Jodi Bieber, esta fotografia mostra uma afegã que teve o nariz e a orelhas decepados pelo marido depois que fugiu de casa devido aos maus tratos que vinha sofrendo. Hoje, a jovem fotografada, a afegã Bibi Aisha, está sob tratamento médico para reconstituição do rosto, depois de ter fugido e sido acolhida por uma ONG que cuida de mulheres que sofrem abusos físicos desta natureza. O retrato consegue transmitir tanto o horror do mau trato quanto a simplicidade e a beleza desta mulher, deixando de lado qualquer repulsão à imagem apresentada. Acertadíssima a escolha do cartaz, embora creio ter sido difícil esta tarefa pelo nível técnico das fotos ganhadoras. Um cartaz logo na entrada da mostra informa ao público que há fotografias que podem chocar, motivo pelo qual é desaconselhável a entrada de menores de 14 anos. Realmente há imagens chocantes, como as de corpos decapitados na guerra entre grupos rivais que lidam com o narco-tráfico na fronteira de México e Estados Unidos, de enchentes no Paquistão, do terremoto no Haiti, da destruição provocada pela erupção de um vulcão na Ilha de Java, da morte de um bombeiro em meio a petróleo derramado no mar, de uma doente terminal de AIDS na África, de cadeia superlotada em Serra Leoa, além de uma série de fotos de um tiroteio na Avenida Brasil, Rio de Janeiro, em março de 2010, que recebeu menção honrosa do júri para o brasileiro Alexandre Vieira na categoria Notícias em Destaque. Apesar desta lista enorme de imagens chocantes, há um número maior de bonitas imagens, onde beleza e lirismo convivem na fotografia, mesmo sendo elas de cunho jornalístico (aqui não vai nenhum desmerecimento por esta facção da fotografia, mas até então não vinculava o fotojornalismo com arte). Ficam nesta "categoria" belas fotos da natureza (uma ave voando em direção ao fotógrafo é de tirar o chapéu), de esportes (embora agressiva em uma primeira olhada, revela-se bela a foto de uma tourada na Espanha, onde o touro atinge o toureiro, com um dos chifres perfurando a parte de baixo do seu queixo, sua língua e saindo por sua boca - na informação desta fotografia, sabemos que o toureiro foi hospitalizado, se recuperou e voltou às arenas, exercendo seu ofício), fotos de indianos em cidade do interior deslumbrados com a exibição de algum filme, além de muitas outras. Afinal são 177 fotos, de 55 fotógrafos oriundos de 23 países diferentes. Todas as fotos tem um texto explicativo, em português e em inglês. Para ver tudo com calma, lendo cada foto, é necessário, no mínimo, uma hora de visita. Para quem interessar, está à venda um catálogo da mostra por R$ 50,00 no local. Cópia do cartaz é fornecida gratuitamente. Vale a pena visitar a mostra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário