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terça-feira, 19 de julho de 2011

FINAL DE SEMANA NO RIO DE JANEIRO - DOMINGO - ALTA GASTRONOMIA NO ALMOÇO E MUSICAL À NOITE

Acordei no domingo com gritos na rua, pouco antes de 8:30 horas, ou seja, ainda de madrugada para mim. Eram gritos de incentivo, afinal os primeiros atletas da Maratona Internacional do Rio de Janeiro passavam, ou melhor, corriam, em frente ao hotel onde estava hospedado. Voltei a dormir, só levantando para tomar café da manhã, quase no final do horário. O tempo estava nublado, mas bem abafado. Não tive ânimo para sair. Voltei para o quarto e fiquei a ler jornais e revistas que tinha levado comigo na bagagem. Só saímos para almoçar.
Pegamos um táxi em direção ao Leblon, pois escolhemos um restaurante de culinária portuguesa, o premiadíssimo Antiquarius (Rua Aristides Espínola, 19, Leblon). Pela corrida de táxi, rapidíssima, por sinal, pagamos R$ 13,00. O céu já estava bem azul, com muita gente andando na pista ao longo das praia de Ipanema e Leblon que é interditada ao tráfego de carros aos domingos. Havia uma brisa agradável. Não perdemos tempo, pois sei que o carioca almoça tarde e que o Antiquarius é muito requisitado nos finais de semana. Fomos muito bem recebidos. Mesa para dois. Era a primeira vez que ia neste restaurante. Já tinha ido à  unidade de São Paulo por mais de uma vez, porém ainda não tinha tido uma oportunidade para conhecer a bela casa carioca. Cheio de salões pequenos, ficamos em uma mesa localizada em uma sala onde apenas cinco mesas ocupavam o espaço. Decoração clássica, com quadros antigos, objetos de decoração, todos lembrando, obviamente, um antiquário. Logo que sentamos, o couvert chegou à mesa. E que couvert! Antes de começar a comer, escolhi um bom vinho português para celebrar o momento, pois, afinal, não é todo dia que estamos em um dos seis restaurantes brasileiros com a cotação máxima de estrelas (três) do conceituado e tradicional Guia Quatro Rodas. O vinho tinto escolhido foi o Casa Cadaval Trincadeira 2008 Vinhas Velhas, produzido na região DOC do Tejo (R$ 169,00 na carta). Tenho um Barca Velha 1999 em minha adega. Fiquei curioso para ver se a carta de vinhos do restaurante tinha este vinho. Tem, pelo preço de R$ 2.979,00 a garrafa. E olha que ele nem está ainda no ponto para se beber, pois as revistas especializadas indicam que este vinho estará perfeito após vinte anos de guarda, no mínimo. O vinho Casa Cadaval Trincadeira é maravilhoso! O couvert vai chegando aos poucos. É tanta coisa que quase se dispensa o almoço em si. Inicialmente, colocaram uma cesta com torradas bem finas, queijo branco fresco, patê de fígado e manteiga. Em seguida, uma mini lasanha fria de berinjela, pasta de tomate seco e alcaparras (tão boa que pedi outro pedaço). Também vieram à mesa oferecer pães diversos, todos quentinhos. Um prato com mini-croquetes de carne e outro com mini-bolinhos de bacalhau foram devorados rapidamente por mim e por Ric. Uma taça com caldo de cozido também fez parte do couvert. Estava em temperatura adequada para se beber sem queimar a boca. Aroma e sabor surpreendentes. E, por fim, um prato com queijo da Serra da Estrela derretido. Iguaria maravilhosa, que adoro. Com tanta coisa no couvert, não quisemos nenhuma entrada. Fomos direto ao prato principal. Enquanto Ric escolheu o Bacalhau a Lagareira, eu já entrei no restaurante com a ideia de comer um Arroz de Pato. Esta foi minha escolha. Enquanto bebíamos, conversávamos, navegávamos na internet em nossos iPhones (wi-fi liberado mediante senha) e deliciávamos com o couvert, nem vimos o tempo passar. O restaurante estava lotado a esta altura, já com gente em fila de espera. Os pratos chegaram fumegando à mesa. O bacalhau de Ric já veio montado no prato, enquanto meu arroz de pato veio em uma caçarola de cobre. Quando o garçom abriu a panela, o aroma penetrou fundo em minhas narinas, alertando-me do que viria pela frente: um prato cremoso, com o pato quase derretendo na boca. Já sabia da fama deste prato, mas não sabia que era tão bom. Fiquei arrependido de não conseguir comer tudo, pois exagerei no couvert. Não teve como escolher sobremesa, embora o prato que o garçom trouxe à mesa com uma mostra da variedade do dia enchesse minha boca de água. Ric, inacreditavelmente, escolheu a única opção que não tem origem portuguesa, um creme brulé. Queria pastel de belém, mas não vi este famoso doce português nas opções mostradas pelo garçom. Nem ousei perguntar se tinha, pois já seria gula. Quando Ric terminou seu doce, pedimos café expresso. Meus olhos brilharam ao ver que o café era acompanhado por um pastel de belém. Deixei a gula me dominar. Comi o pastel de belém sem sentimento de culpa. Pensei cá comigo: "exagero hoje e como alface e afins durante uma semana". Saímos do restaurante depois das 16 horas e ainda havia gente na fila de espera. A conta ficou em R$ 512,00.


Restaurante Antiquarius


Vinho português Casa Cadaval Trinadeira 2008 Vinhas Velhas - Restaurante Antiquarius


Bacalhau a Lagareira - Restaurante Antiquarius


Arroz de Pato - Restaurante Antiquarius

Fiz uma proposta de voltar a pé para o hotel. Ric aceitou. Depois lembrei que estávamos bem distantes, o que me fez mudar de ideia e pegar o primeiro ônibus que passava. Pagamos R$ 4,80 cada um pela passagem, descendo na Praça General Osório, em Ipanema, indo o restante a pé até o hotel. No caminho, bares lotados para o jogo das quartas de finais da Copa América entre Brasil e Paraguai. Não tivemos muito tempo para descansar. Naveguei um pouco na internet, tomei um banho, coloquei uma roupa mais quente e saímos de novo. Resolvemos ir de ônibus até o Shopping Leblon, onde está localizado o Teatro Oi Casa Grande, local no qual está em cartaz o musical Um Violinista no Telhado, espetáculo recomendado por amigos e que tinha comprado ingresso pela internet, ao custo de R$ 96,00 cada para a última fila da plateia. Andar de ônibus no Rio de Janeiro entre os bairros de Copacabana, Ipanema e Leblon é muito fácil. Há uma infinidade de opções. Pegamos o primeiro que passou na Avenida Rainha Elizabeth, a duas quadras de nosso hotel. Pelo rápido trecho, pagamos R$ 2,50 cada um. Chegamos no teatro às 18:00 horas. Tínhamos, portanto, uma hora de antecedência para o início do musical. Resolvi dar uma passada na Livraria da Travessa que fica no segundo piso do shopping. Ric ficou sentado do lado de fora da livraria, enquanto eu comprava revistas mensais de turismos e música. No caixa, vi o cd de Manu Santos (Nossa Alegria), lembrando-me de que havia lido uma resenha bem favorável ao disco. Como gosto de novidades, acabei comprando um (e não me arrependi, pois o cd é o que mais tenho ouvido desde então). Há uma entrada interna para o teatro para quem está no shopping. Não tinha fila. Uma atenciosa recepcionista verificou nossos ingressos (impressos em casa), fez a leitura do código de barras e nos indicou o elevador, onde um elegante ascensorista nos conduziu até o andar onde fica a entrada para a plateia. As portas ainda não estavam abertas. No apertado hall, uma pequena multidão de idosos aguardava. Ficamos impressionados com a quantidade de idosos, muitos com dificuldades de locomoção, que se aprontavam para ver um espetáculo. Isto, sim, é força de vontade. Isto sim é viver! Um estímulo e tanto para mim.


Teatro Oi Casa Grande


Pano de cena do musical Um Violinista no Telhado - Teatro Oi Casa Grande

Previsto para começar às 19 horas, houve um pequeno atraso de dez minutos. O espetáculo tem três horas de duração, com um pequeno intervalo de quinze minutos (quando todos saem às pressas para ir ao banheiro). Um Violinista no Telhado (Fiddler on The Roof), é um musical escrito por Jerry Bock, Sheldon Harnick, Joseph Stein e Jerome Robbins, tendo feito enorme sucesso na Broadway na década de 60, quando ficou em cartaz por sete anos, sendo ainda vertido para as telas de cinema em 1971. A versão brasileira é de Cláudio Botelho e a direção de Charles Moeller, dupla onipresente nos musicais brasileiros. Estrelada por José Mayer (Tevye), Soraya Ravenle (Golda) e mais 39 atores/cantores/bailarinos, sem contar os eventuais substitutos, o musical é ambientando em uma vila judia encravada no interior da Rússia em período pré-revolução. Nesta vila, o que importa são as tradições milenares do povo judeu. Uma pequena revolução acontece no lugarejo, tendo como eixo a família de Tevye e Golda, um casal pobre, que vive do leite que ordenham de suas vacas, para o sustento deles e de suas cinco filhas. As três filhas mais velhas são os fios condutores da revolução na tradição judia: uma se recusa a casar com o escolhido para ela, preferindo aquele por quem seu coração manda; outra se une a um homem que chega à vila, vindo da capital, com ideias novas (não fica claro, mas é um dos líderes da revolução que derrubou o czar russo) e a outra se casa com um russo não judeu, e ainda integrante da força policial da cidade. Apesar deste fundo político, o musical é leve, uma comédia deliciosa de se ver. Não é cansativo de forma alguma. Momentos mais dramáticos e de leveza são bem dosados, sempre ligados com números coreografados sensacionais. Os efeitos especiais utilizados também são um dos pontos a destacar da montagem brasileira (a cena do sonho de Tevye é lírica, assombrosa, divertida e comovente ao mesmo tempo). Soraya Ravenle dá um show de interpretação, tanto nos textos quanto ao interpretar as canções. José Mayer para mim foi uma agradável surpresa. Não o acho um ator versátil. Aos meus olhos, ele sempre faz o mesmo papel, o de eterno galã de novelas, mas no musical, ele mostra um lado cômico que não conhecia, canta, dança, nos emociona. Belo trabalho de ator. Desfez minha imagem de eterno galã (mesmo porque com a enorme barba grisalha, além de um pesado figurino, ele está bem longe de ser galã nesta montagem). A música instrumental que pontua cada momento do espetáculo é também digna de nota, pois não é chata e nem sonolenta. Também gostei de ver e conhecer algumas das tradicionais danças e rituais dos judeus, especialmente o casamento. O número de dança russa (aquela em que os bailarinos dançam agachados jogando as pernas para o alto) também foi legal de se ver. Ao final, valeu a pena ver este musical.



Quando saímos do teatro, eram 22 horas. Resolvemos comer uma pizza. Fomos caminhando até a Avenida Epitácio Pessoa, em frente ao Jardim de Alah, onde há alguns restaurantes. Escolhemos o que tinha pizza no cardápio, o Artigiano Ristorante (Avenida Epitácio Pessoa, 204, Jardim de Alah, Ipanema). Ficamos em uma mesa logo na entrada, na varanda, aproveitando a brisa fria que soprava na noite carioca. Aceitamos o couvert, que não tinha nada de excepcional (pães, grissini, foccacia, patê de fígado, manteiga e pasta de tomate seco, ricota e pimentão vermelho). Como nossa opção era pizza e no cardápio só havia um preço, perguntamos ao garçom o tamanho dela. Ele explicou sem explicar muito. Ficamos sem entender. Pedimos uma com dois recheios: margherita (o favorito de Ric) e abobrinha, flor de abobrinha e camarões. A pizza veio muito rápido. O tamanho era individual, do tamanho de um prato, além da massa ser bem fina. Assim, tivemos que pedir outra, mas mudamos os recheios: metade presunto de Parma, mussarela e parmesão com a outra metade de mussarela, manjericão com berinjela e abobrinha grelhadas (ambas cortadas em rodelas). A primeira pizza devoramos rapidamente, pois estávamos com fome. Não há como errar no recheio da pizza margherita e a de abobrinha com camarões estava digna, mas a flor de abobrinha não tinha sabor. Já na segunda pizza, as rodelas da berinjela e da abobrinha foram cortadas grosseiramente, não ficando grelhadas no ponto, pareciam ainda cruas, enquanto o parmesão no recheio da metade que tinha o presunto de Parma estava com sal além do ponto. Não comi tudo. Pedi um café. Perguntei se eles tinham descafeinado. O garçom me respondeu que não, que a única opção era o expresso. Desisti de qualquer argumentação (não é a primeira vez que ouço esta pérola), bebendo a "única" opção da casa em café. Quando chegamos, já tínhamos lido no cardápio que a casa não aceitava cartões de débito e/ou crédito como forma de pagamento. Pagamos a conta em dinheiro, ou seja, R$ 122,00 (foram R$ 22,00 em moedas). Este tipo de postura em alguns restaurantes no Brasil, especialmente em uma cidade tão turística como o Rio de Janeiro, me espanta um pouco. É muita sovinice dos proprietários. Se tivesse gostado da pizza, talvez não voltaria pelo fato de não aceitarem cartões. Mas como nem a comida me agradou, a chance de voltar ali é perto de zero. Saímos do Artigiano pouco depois de 23 horas. Na porta do restaurante, um ônibus parou porque o sinal estava fechado. Pedi para abrir a porta. O motorista nos atendeu. Pagamos R$ 2,50 a passagem individual. O ônibus era um freezer, pois a temperatura do ar condicionado estava muito baixa. Descemos na primeira parada após a Praça General Osório, na esquina da Rua Bulhões de Carvalho. Estávamos bem próximos do hotel. Lá chegando, arrumei a mala e deitei para dormir, mas fiquei rolando na cama, de um lado para o outro até três horas da madrugada (pelo menos esta é a última hora que lembro de ter visto no rádio relógio ao lado da cama). Culpei o café que bebi no final da noite pela falta de sono. Às 6:00 horas o relógio despertou. Era hora de levantar, acabar de arrumar as coisas, tomar café da manhã, fazer check out no hotel, pegar um táxi até o Aeroporto de Santos Dumont (R$ 25,00 a corrida), fazer check in na TAM, aguardar a hora de embarque para voltar a Brasília na manhã de segunda-feira. Já em Brasília, onde chegamos um pouco antes do meio-dia, pegamos Getúlio na casa de nossos amigos e fomos para casa, onde tomei um banho para acordar, almocei e fui trabalhar. A segunda-feira custou a passar. A noite custou a chegar. O sono dominava meu corpo o dia inteiro. Noite de segunda para terça-feira muito bem dormida, apesar da dor de garganta que se instalou em mim. Febre e faringite me impediram de ir ao trabalho nesta terça-feira. Tempo de ficar em casa, me recuperando.

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