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segunda-feira, 11 de julho de 2011

MEIA-NOITE EM PARIS


Ouvi muitos comentários positivos sobre o mais recente filme de Woody Allen, Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris), uma co-produção Espanha/Estados Unidos de 2011, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros. Também li várias críticas falando bem do filme. Para finalizar, o filme caminha para ser o maior sucesso de bilheteria do diretor novaiorquino nos Estados Unidos, embora, por ironia do destino, a história se passe toda em Paris. Fui conferir o filme durante minha estadia em Belo Horizonte, quando estive a serviço dos dias 04 e 05 de julho. Escolhi o Cinemark do Diamond Mall, quando paguei R$ 6,50 a meia entrada, benefício para quem usa o cartão de crédito Bradesco para pagar o ingresso. Público majoritariamente feminino e com idade acima dos quarenta anos. Os protagonistas são vividos por Owen Wilson (Gil), um escritor de roteiros de filmes superficiais, mas com sucesso de bilheteria, viajando com a noiva vivida por Rachel McAdams (Inez), em período pré-casamento, quando estão em na capital francesa na companhia dos pais dela, aproveitando a ocasião para comprar móveis para decorar o novo lar. Ele aproveita a viagem para se inspirar e terminar seu livro, uma ficção séria, sem a superficialidade de seus roteiros. O casal não se afina, enquanto a noiva e seus pais são consumistas e esnobes, Gil quer se encontrar, quer respirar o ar que grandes nomes das artes respiraram em Paris. E aqui, Paris é uma personagem com vida própria, com seus cartões postais em evolução no decorrer do filme. Paris vive intensamente na tela. Paris é arte na tela. Fazendo uma própria auto releitura, Woody Allen revisita o universo de A Rosa Púrpura do Cairo, onde personagens de realidades distintas se encontram em um mesmo período de tempo. Em Meia-Noite em Paris não é a ficção e o real que se relacionam como no seu famoso filme em homenagem ao cinema, mas são personagens da história das artes que se encontram todas as noites, à meia-noite com Gil em intermináveis festas e encontros na noite parisiense. Neste sonho acordado, Gil se encontra com F. Scott e Zelda Fitzgerald, Salvador Dalí, Luís Buñuel (uma clara homenagem ao cinema), Edgar Degas, Toulouse-Lautrec, Gertrude Stein, Ernest Hemingway, Pablo Picasso, Cole Porter, Joséphine Baker, T. S. Elliot, Henri Matisse, Paul Gauguin, Man Ray. Claramente, Allen quis homenagear escritores, pintores, escultores, músicos, toureiros, cineastas, fotógrafos. Além destes grandes nomes do cenário artístico mundial, Gil conhece Adriana, uma misteriosa mulher, musa inspiradora de vários destes artistas, por quem acaba se apaixonando. Seu livro é lido por Gerturde Stein, que lhe fornece dicas importantes. Claro que a esta altura, seu casamento está indo para o espaço. Uma história leve, cheia de magia, mas que não deixa de dar umas cutucadas ácidas no way of life americano, representado pelos pais da noiva e seu ex-namorado, que encontram de surpresa na cidade. A prepotência americana é retratada em uma degustação de vinhos franceses da região de Bordeaux, quando o pai de Inez diz que na falta de vinhos californianos, teve que escolher os franceses. O consumismo desenfreado e desnecessário é encarnado pela mãe da noiva, que odeia Paris. Enquanto a mania de saber tudo e ser o melhor em tudo do americano está no ex-namorado de Inez. Gil quer se libertar da opressão do capitalismo americano, largar seus roteiros superficiais para o cinema (mais um crítica de Allen aos Estados Unidos, desta feita, à arte que domina, o cinema) e viver em uma cidade feliz, cheia de vida, onde tudo pode acontecer, inclusive revisitar o passado. Não é o melhor filme de Woody Allen, mas é um Woody Allen, embora não tão característico pelo seu final feliz. Destaque para a histriônica participação de Adrien Brody como Dalí e a apagada, praticamente sem tempero, interpretação de Carla Bruni, Primeira Dama francesa, como uma guia de turismo no Museé Rodin. Gostei do filme e rever Paris, mesmo que em projeção, sempre é delicioso.

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