Quando estive na Bienal de São Paulo, ao final de 2010, uma artista brasileira me chamou a atenção: Tatiana Blass, com sua obra "Metade da fala no chão_piano surdo", produção de 2010, formada por um piano de cauda e cera. A cera tomava os teclados, a parte interna do instrumento e o chão embaixo do piano e do banquinho do pianista. Fiquei curioso em relação a outras obras da artista. Qual foi minha surpresa quando recebi um e-mail com a programação da Caixa Cultural de Brasília no mês de junho e vi que uma exposição desta artista figurava como destaque. Esta individual de Tatiana Blass entrou em cartaz na Galeria Vitrine (2º piso) no dia 21 de junho e permanece em exibição até o próximo dia 31 de julho. Tive a oportunidade de conferir as obras expostas no final de semana passado. Obras em cera fazem parte da mostra, inclusive a que ilustra a capa de seu catálogo. Todas são interessantes e tratam de vida/morte de maneira inusitada. A obra "Quanto menos dorme, quanto menos sono há", de 2010, se olhada de longe, temos a impressão que o cachorro, em tamanho natural, é real e que está morto. De perto, vemos que se trata de um cão feito com parafina. São poucas as obras expostas, mas conseguimos ter uma noção geral do trabalho da artista. Há duas obras com parafina, algumas pinturas, uma vídeo-instalação, cujo filme dura em torno de quatro minutos. Para ouvir, basta colocar o fone de ouvido pendurado ao lado da televisão. O texto que a atriz declama no vídeo trata de ilusão/realidade, enquanto um mágico faz exercícios com uma bola ao seu lado. É um diálogo apropriado com as demais obras expostas. Embora tenha conhecido a artista com uma obra em parafina, nesta sua individual na Caixa Cultural de Brasília a mais impactante para mim foi a denominada "Cerco", um belo faisão taxidermado em pleno voo é preso por uma lâmina de latão. A plástica da instalação é linda e a mensagem de liberdade/prisão veio instantaneamente em minha mente. A imagem da obra ficou em minha cabeça. Bela exposição.
"O Cerco", 2009 - Tatiana Blass
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