O sábado amanheceu lindo no Rio de Janeiro. Céu azul, sol brilhante, brisa suave. Como bom amante da sombra, não fui me expor ao sol. Após um ótimo café da manhã no hotel, um banho relaxante para um dia cheio de programações. Como estou com o dedo do pé machucado, tive que colocar meia com sandália, fazendo com que usasse calça comprida para passar o dia. Saímos quase no fim da manhã do hotel. Nosso destino era o Centro da cidade, mais precisamente o Centro Cultural Banco do Brasil. Andamos seis quarteirões até a entrada da estação do metrô General Osório/Ipanema que fica no final da Rua Bulhões de Carvalho.
Desta vez, achei melhor comprar um cartão pré-pago, pois ele é recarregável e tem validade de cinco anos. Coloquei a carga mínima exigida para a primeira compra, ou seja, R$ 10,00. O preço unitário da viagem de metrô é R$ 3,10. Basta colocar o cartão próximo ao sensor de leitura na catraca para ela ser liberada. Não esperamos muito na estação. Logo um trem chegou. Fomos sentados até a Estação Uruguaiana, ponto mais próximo do CCBB RJ. Achei o Centro menos sujo do que a última vez que lá estive, mas nem pensem que estava limpo. Precisa de uma forte conscientização da população que lá frequenta para não jogar lixo no chão, especialmente dos bares e quiosques que servem comidas rápidas, além de muita cerveja. Caminhada de cinco a dez minutos, passando pela imponente Igreja Nossa Senhora da Candelária, infelizmente pichada em alguns pontos, alguns deles em locais inimagináveis.
Igreja Nossa Senhora da Candelária
Ao redor do CCBB o burburinho era grande. Paramos para algumas fotos da igreja e da Casa França-Brasil, situada atrás do centro cultural. Nos dois espaços culturais, bem como no Centro Cultural dos Correios, ao lado da Casa França-Brasil, ocorre, até o dia 24 de julho, o 19º Festival Internacional de Animação do Brasil, o famoso Anima Mundi. Este era o motivo do burburinho, com muitas oficinas acontecendo nos três espaços para crianças, jovens e adultos. Nunca tinha entrado na Casa França-Brasil. Aproveitamos a oportunidade. Um prédio bonito, em estilo neoclássico, foi inaugurado em 1820. De lá pra cá, teve várias funções, passando a exercer a função de espaço artístico a partir de 1990. É um espaço para exposições que estava todo ocupado com o festival de animação. No local, há uma bela sala de leitura e um pequeno café-bistrô.
Casa França-Brasil
Sala de leitura - Casa França-Brasil
Fomos para o CCBB, nosso destino, onde ainda estava montada a obra Oneness, de Mariko Mori, no centro do piso térreo, já exposta em Brasília. Filas grandes para as oficinas gratuitas, para o café, para comprar entradas para os vários filmes programados no festival. Muita gente enchia a unidade da Livraria da Travessa no piso térreo. Nosso objetivo era ver a exposição do 2º andar, mas antes verifiquei o que estava em cartaz nos dois teatros do centro cultural. O Bosque, que já vi em Brasília, e Cyrano de Bergerac. Como havia uma fila só para o teatro, resolvi tentar a sorte. E a sorte estava do meu lado, pois ainda havia ingressos para a segunda peça a R$ 5,00 (meia entrada). Compramos nossos ingressos para a sessão de 20 horas deste sábado intenso.
Subimos para o segundo andar, onde guardei minha mochila em escaninho próprio, antes de começar a percorrer todo o espaço expositivo para conferir "I Am A Cliché - Ecos da Estética Punk", com entrada franca e em cartaz até 02 de outubro. A mostra tem curadoria da francesa Emma Lavigne que tomou emprestado o título da música da banda punk X-Ray Spex para nomear a exposição, recheada de fotos da década de setenta, quando o movimento punk efervesceu e influenciou moda, comportamento, música, arte, fotografia. E são justamente as fotografias que dominam a mostra. Obras de Robert Mapplethorpe (somente as fotos de sua fiel amiga Patti Smith); de Andy Warhol, incluindo a famosa capa do disco para o The Velvet Underground & Nico, apenas uma serigrafia de uma banana; uma bela série de fotos do atormentado David Wojnaowicz que incluiu o rosto de Rimbaud em seu corpo em vários locais do submundo novaiorquino. Ainda há fotos de Bruce Conner, Dennis Morris, Destroy All Monsters, Peter Lujar, Jamie Reid, Linder, Stephen Shore, Ronald Nameth e David Lamelas. Todos mostraram com suas fotografias que viveram intensamente o pouco tempo de vida que a maioria deles teve. Não poderia faltar uma sessão de fotos de shows e de capas para discos da banda que explodiu o movimento para além da Inglaterra, o Sex Pistols. Ainda há uma sessão dedicada às capas de vinil, frente e verso, feitas por estes artistas para os músicos do movimento punk. Em cada sala, uma curta seleção musical de sucessos destas bandas. Diferente do que muitos pensam, nem só de música gritada e estridente era feito o repertório destes músicos. Um exemplo disto era tocado em uma das salas que eu visitava, uma balada triste da banda de New York, Anthony & The Johnsons. No hall dos elevadores, um casal de lésbicas se beijava apaixonadamente. Viva a diversidade!
Subimos para o segundo andar, onde guardei minha mochila em escaninho próprio, antes de começar a percorrer todo o espaço expositivo para conferir "I Am A Cliché - Ecos da Estética Punk", com entrada franca e em cartaz até 02 de outubro. A mostra tem curadoria da francesa Emma Lavigne que tomou emprestado o título da música da banda punk X-Ray Spex para nomear a exposição, recheada de fotos da década de setenta, quando o movimento punk efervesceu e influenciou moda, comportamento, música, arte, fotografia. E são justamente as fotografias que dominam a mostra. Obras de Robert Mapplethorpe (somente as fotos de sua fiel amiga Patti Smith); de Andy Warhol, incluindo a famosa capa do disco para o The Velvet Underground & Nico, apenas uma serigrafia de uma banana; uma bela série de fotos do atormentado David Wojnaowicz que incluiu o rosto de Rimbaud em seu corpo em vários locais do submundo novaiorquino. Ainda há fotos de Bruce Conner, Dennis Morris, Destroy All Monsters, Peter Lujar, Jamie Reid, Linder, Stephen Shore, Ronald Nameth e David Lamelas. Todos mostraram com suas fotografias que viveram intensamente o pouco tempo de vida que a maioria deles teve. Não poderia faltar uma sessão de fotos de shows e de capas para discos da banda que explodiu o movimento para além da Inglaterra, o Sex Pistols. Ainda há uma sessão dedicada às capas de vinil, frente e verso, feitas por estes artistas para os músicos do movimento punk. Em cada sala, uma curta seleção musical de sucessos destas bandas. Diferente do que muitos pensam, nem só de música gritada e estridente era feito o repertório destes músicos. Um exemplo disto era tocado em uma das salas que eu visitava, uma balada triste da banda de New York, Anthony & The Johnsons. No hall dos elevadores, um casal de lésbicas se beijava apaixonadamente. Viva a diversidade!
I Am A Cliché - Ecos da Estética Punk - CCBB RJ
Depois de quarenta minutos vendo e lendo tudo sobre a exposição, fomos embora. Perto de 14 horas, decidimos pegar o metrô de volta para Ipanema. Era hora de almoçar. Antes, paramos duas vezes na Avenida Presidente Vargas. Uma para ver os avisos e pequenos cartazes que estavam afixados dentro dos orelhões da calçada. Todos eram anúncios de travestis e garotos de programa, com preços e telefones, oferecendo seus serviços sexuais. Nada mais punk!
Interior de orelhão no Centro do Rio de Janeiro - Avenida Presidente Vargas
A outra parada foi em uma unidade do Rei do Mate da Rua Uruguaiana, quase na esquina da Avenida Presidente Vargas, onde bebi um bom chá gelado, enquanto Ric preferiu um café expresso. Com o cartão pré-pago do metrô, fomos direto para a catraca eletrônica. Também não esperamos muito na plataforma. Descemos no ponto final do metrô na Zona Sul, na Praça General Osório, em Ipanema. Ali mesmo, de frente para a praça, escolhemos o restaurante italiano Terzetto (Rua Jangadeiros, 28, Ipanema).
Eram 14:45 horas quando entramos. Fomos bem recebidos, diferente da noite anterior no Cavist. O maitre nos ofereceu uma mesa para dois na lateral esquerda de quem entra. Curiosamente, era a quarta vez que ia a este restaurante e em todas elas me ofereceram a mesma mesa. Disse isto para o maitre que, gentilmente, disse que havia outra mesa disponível no salão mais ao fundo, atrás do bar e em frente à cozinha aparente. Foi lá que sentamos, apesar de Ric achar ruim, pois havia um casal em mesa ao lado. Ele não percebeu que o casal já tomava café, sinal de que estavam terminando o almoço. O restaurante oferece quatro menus completos, todos a R$ 138,00 cada, além de um cardápio normal. Perguntei se os menus eram fechados em si ou se poderia pedir a entrada de um, a massa de outro e a carne de outro. O garçom disse que poderia escolher como melhor me conviesse. Assim fiquei com o menu, sem nem ver o cardápio. Ric ficou em dúvida, mas, ao final, também escolheu o menu fechado. Nada de vinho, Fiquei apenas na água com gás, enquanto Ric bebeu cerveja. O menu consiste em antipasto, primo, secondo, terzo e sobremesa. O antipasto é único nas 4 opções: pães caseiros com azeite extra virgem, berinjela cortada em fina fatia em conserva e manteiga, além de foccacias. Tudo muito bom, especialmente a berinjela. Comi pouco, tendo em vista o que ainda viria pela frente. Logo chegou o primo piatto, uma salada de verduras orgânicas com queijo de cabra, nozes e vinagrete de mel. Nada se sobressaía nesta aparente simples salada. O conjunto era harmonioso, suave no paladar, mesmo com toda a personalidade que um queijo de cabra possui. Os pratos viam em sequência, sem muita espera, em quantidade suficiente, nada de exageros ou minimalismos. O secondo piatto que escolhi foi ravióli de figos ao molho de três queijos: gorgonzola, gruyère e ementhal. Novamente nenhum dos queijos se sobressaiu no molho. Não sou um grande apreciador de gorgonzola, mas confesso que nem senti seu sabor. O melhor era o recheio de figos da massa. Veio, então, o terzo piatto, no caso um peito de pato grelhado ao ponto ao molho de amoras e pimenta verde em grãos, acompanhado de polpa de batata assada. De todos os pratos, foi o único que não apreciei muito, embora o molho de amoras estivesse divino. Da próxima vez, escolho uma carne da especialidade italiana. Chegada a hora de escolher a sobremesa, o garçom nos disse que além das quatro opções, poderíamos escolher outras que constavam do cardápio, como o famoso tiramissú, escolhido por Ric. Fiquei com uma das 4 opções. Uma sobremesa que nada tinha de italiano: harumaki de ovos moles (rolinho crocante recheado de ovos portugueses, acompanhado com sorvete de canela). Como se nota pela descrição, uma interessante integração das culinárias japonesa e portuguesa em um restaurante italiano, demonstrando a faceta contemporânea do Terzetto. A sobremesa é ótima, sendo o sorvete de canela totalmente dispensável. O rolinho é crocante, enquanto o recheio de ovos mole é macio, envolvente no paladar. Finalizamos esta orgia gastronômica com um belo café expresso. A conta ficou em R$ 352,00 para duas pessoas.
Eram 14:45 horas quando entramos. Fomos bem recebidos, diferente da noite anterior no Cavist. O maitre nos ofereceu uma mesa para dois na lateral esquerda de quem entra. Curiosamente, era a quarta vez que ia a este restaurante e em todas elas me ofereceram a mesma mesa. Disse isto para o maitre que, gentilmente, disse que havia outra mesa disponível no salão mais ao fundo, atrás do bar e em frente à cozinha aparente. Foi lá que sentamos, apesar de Ric achar ruim, pois havia um casal em mesa ao lado. Ele não percebeu que o casal já tomava café, sinal de que estavam terminando o almoço. O restaurante oferece quatro menus completos, todos a R$ 138,00 cada, além de um cardápio normal. Perguntei se os menus eram fechados em si ou se poderia pedir a entrada de um, a massa de outro e a carne de outro. O garçom disse que poderia escolher como melhor me conviesse. Assim fiquei com o menu, sem nem ver o cardápio. Ric ficou em dúvida, mas, ao final, também escolheu o menu fechado. Nada de vinho, Fiquei apenas na água com gás, enquanto Ric bebeu cerveja. O menu consiste em antipasto, primo, secondo, terzo e sobremesa. O antipasto é único nas 4 opções: pães caseiros com azeite extra virgem, berinjela cortada em fina fatia em conserva e manteiga, além de foccacias. Tudo muito bom, especialmente a berinjela. Comi pouco, tendo em vista o que ainda viria pela frente. Logo chegou o primo piatto, uma salada de verduras orgânicas com queijo de cabra, nozes e vinagrete de mel. Nada se sobressaía nesta aparente simples salada. O conjunto era harmonioso, suave no paladar, mesmo com toda a personalidade que um queijo de cabra possui. Os pratos viam em sequência, sem muita espera, em quantidade suficiente, nada de exageros ou minimalismos. O secondo piatto que escolhi foi ravióli de figos ao molho de três queijos: gorgonzola, gruyère e ementhal. Novamente nenhum dos queijos se sobressaiu no molho. Não sou um grande apreciador de gorgonzola, mas confesso que nem senti seu sabor. O melhor era o recheio de figos da massa. Veio, então, o terzo piatto, no caso um peito de pato grelhado ao ponto ao molho de amoras e pimenta verde em grãos, acompanhado de polpa de batata assada. De todos os pratos, foi o único que não apreciei muito, embora o molho de amoras estivesse divino. Da próxima vez, escolho uma carne da especialidade italiana. Chegada a hora de escolher a sobremesa, o garçom nos disse que além das quatro opções, poderíamos escolher outras que constavam do cardápio, como o famoso tiramissú, escolhido por Ric. Fiquei com uma das 4 opções. Uma sobremesa que nada tinha de italiano: harumaki de ovos moles (rolinho crocante recheado de ovos portugueses, acompanhado com sorvete de canela). Como se nota pela descrição, uma interessante integração das culinárias japonesa e portuguesa em um restaurante italiano, demonstrando a faceta contemporânea do Terzetto. A sobremesa é ótima, sendo o sorvete de canela totalmente dispensável. O rolinho é crocante, enquanto o recheio de ovos mole é macio, envolvente no paladar. Finalizamos esta orgia gastronômica com um belo café expresso. A conta ficou em R$ 352,00 para duas pessoas.
Antipasti - Terzetto
Primo piatto - Terzetto
Secondo piatto - Terzetto
Terzo piatto - Terzetto
Sobremesa - Terzetto
Saímos do Terzetto depois de 16 horas. Caminhamos a pé até o hotel para um breve descanso, novo banho, roupa mais quentinha e saímos mais uma vez. Novamente de metrô, onde aproveitei para recarregar o cartão pré-pago com mais R$ 10,00. Descemos na Estação Uruguaiana, pois nosso destino era novamente o CCBB, desta vez para ver a peça para a qual tínhamos comprado ingresso na visita vespertina. O caminho da estação até o CCBB estava muito mais sujo do que de manhã.
Com dez minutos de atraso, começou, no Teatro I, a peça Cyrano de Bergerac, texto conhecido do francês Edmond Rostand, de 1897, já vertido para as telas de cinema algumas vezes, além de várias encenações no teatro. Já havia visto alguns filmes, sendo o estrelado por Gérard Depardieu o meu preferido, mas em teatro seria a primeira vez que veria. A história gira em torno de um quadrado amoroso entre Roxane, a donzela cobiçada pelo conde De Guiche, pelo jovem e belo cadete Christian e pelo narigudo, poeta, filósofo, boa praça, sem papas na língua Cyrano de Bergerac, primo da donzela. Em duas horas de encenação, as trapalhadas e confusões desta turma tomam conta do palco. A tradução ficou a cargo de Marcos Daud, enquanto a direção é de João Fonseca. Elenco numeroso encabeçado por Bruce Gomlevsky. O problema de um elenco numeroso é a grande possibilidade de disparidades gritantes na interpretação, fato que ocorre com sobra nesta montagem. Bruce Gomlevsky, por ter o maior número de falas, é o grande nome da peça. Desempenho muito bom. Compôs um Cyrano especialmente cínico, se desfazendo do depressivo Renato Russo que encarnou alguns anos em peça que o vi anteriormente. Mas o que ele tem de ótimo ator, outros do elenco tem desempenho pífio no palco. A atriz Júlia Carrera, que interpreta Roxane, embora não prejudique, não me pareceu à vontade no papel de uma donzela altamente cortejada. Sérgio Guizé convence como o bobalhão e belo cadete apaixonado por Roxane, mas nas cenas de maior apelo dramático, não se sai bem. Gláucio Gomes, como Ragueneau, está bem, bonachão, como seu personagem exige. Os demais são mais apoio do que tudo, mas quando exigidos individualmente, parecem tímidos, com medo do público, que quase lotou o teatro. Um destaque negativo na peça é o ator Ivan Vellame usar aparelho nos dentes. Um horror para uma peça de época, com figurinos de época. No final do Século XIX, quando a peça foi escrita e ambientada, até onde sei, ninguém usava aparelho nos dentes. Esta licença poética não cabe na encenação proposta por João Fonseca. Achei que a peça poderia render mais, pois Bruce é um excelente ator, mas não pode segurar um elenco de mais quatorze atores sozinho.
Saímos rápido do CCBB em direção ao metrô. Centro deserto, dominado pelos catadores de lixo reciclável e de pedintes dormindo nas calçadas. Pegamos o metrô na mesma Estação Uruguaiana em direção à Zona Sul, mas descemos algumas paradas depois, na Estação Glória. Caminhamos na Rua da Lapa até a Rua Cândido Mendes, em meio a uma multidão que ia e vinha, apesar da hora, pois o local é cheio de bares populares.
Estávamos indo jantar na tradicional Casa da Suíça, um restaurante instalado no Consulado da Suíça (Rua Cândido Mendes, 157, Glória). Subimos um lance de escadas para alcançar o restaurante, onde uma afônica atendente nos conduziu até uma mesa adornada com um vaso de orquídea falsa que foi retirado antes de nos sentarmos. O ambiente é escuro e em cada mesa há um abajur com luz amarela. Decoração com vasos de plantas de plástico, paredes em madeira escura, o que confere um ar pesado ao ambiente. Nas paredes, vários pratos da Boa Lembrança indicando que o restaurante fazia parte da confraria que dá um prato de cerâmica como recordação para quem escolhe o prato definido com o título de Prato da Boa Lembrança. Ric nem quis ver o cardápio, escolhendo logo a opção do mimo, pois ele faz coleção e os prega na parede da cozinha lá de casa. A versão 2011 do prato é o filé à borgonha. Aceitamos o couvert, com pães, pastas, manteigas, conserva de berinjela, legumes crus cortados à julienne. Quis apenas Coca Cola Zero, enquanto Ric prestigiou o vinho brasileiro, escolhendo um Casa Valduga Premium Cabernet Sauvignon 2007. Os garçons parecem acompanhar a história da casa, pois a esmagadora maioria tem idade avançada, como o restaurante, inaugurado na década de 60, considerando que eles começaram com idade de vinte e poucos anos, a maior parte já atingiu, com louvor, os sessenta anos. Muitos deles usavam uma manto vermelho com a famosa cruz branca, símbolo da Suíça e presente na bandeira daquele país. Escolhi uma especialidade da culinária suíça, em sua porção germânica: Zwiebelrostbraten mit Rosti, ou seja, assado de frigideira de filé mignon com cebolas glaceadas com cerveja preta, com molho escuro e espesso feito da redução da mistura da cebola com a cerveja. Para acompanhar, a famosa batata suíça, a rosti. O prato chegou bem quente à mesa, com sabor delicioso. Gostei muito de minha escolha. Ric também aprovou seu prato, dizendo que foi uma das melhores refeições que já tinha feito em viagens à Cidade Maravilhosa. Para finalizar, pedi um apfelstudel como sobremesa, com a qual dividi com Ric. Mas não gostei. Tinha muito chantilly, iguaria que não gosto, embora não fosse industrializado, mas feito na casa. Restaurante que deve ser conhecido por quem visita o Rio de Janeiro. Sem café, pagamos a conta, que totalizou R$ 231,44. Pedimos um táxi ao garçom. Ele disse que era só descer e solicitar ao manobrista na portaria. Antes de chegarmos à porta de saída, paramos para algumas fotos. O manobrista nos atendeu de imediato. Pegamos um táxi que trazia uma senhora idosa, aparentando uns oitenta anos que, segundo o motorista, ela frequenta há mais de trinta anos a Casa da Suíça, sempre aos sábados, sempre por volta de meia-noite. Um falante Ric foi conversando com o motorista até o hotel sobre as operações da polícia carioca nos morros e favelas da cidade. A corrida foi rápida, pois não pegamos trânsito e nem fomos parados nas blitz da Lei Seca que ocorrem com frequência na noite da cidade, segundo o motorista do táxi. Pagamos R$ 25,00. Hora de atualizar o blog e dormir. Final de um ótimo sábado.
Com dez minutos de atraso, começou, no Teatro I, a peça Cyrano de Bergerac, texto conhecido do francês Edmond Rostand, de 1897, já vertido para as telas de cinema algumas vezes, além de várias encenações no teatro. Já havia visto alguns filmes, sendo o estrelado por Gérard Depardieu o meu preferido, mas em teatro seria a primeira vez que veria. A história gira em torno de um quadrado amoroso entre Roxane, a donzela cobiçada pelo conde De Guiche, pelo jovem e belo cadete Christian e pelo narigudo, poeta, filósofo, boa praça, sem papas na língua Cyrano de Bergerac, primo da donzela. Em duas horas de encenação, as trapalhadas e confusões desta turma tomam conta do palco. A tradução ficou a cargo de Marcos Daud, enquanto a direção é de João Fonseca. Elenco numeroso encabeçado por Bruce Gomlevsky. O problema de um elenco numeroso é a grande possibilidade de disparidades gritantes na interpretação, fato que ocorre com sobra nesta montagem. Bruce Gomlevsky, por ter o maior número de falas, é o grande nome da peça. Desempenho muito bom. Compôs um Cyrano especialmente cínico, se desfazendo do depressivo Renato Russo que encarnou alguns anos em peça que o vi anteriormente. Mas o que ele tem de ótimo ator, outros do elenco tem desempenho pífio no palco. A atriz Júlia Carrera, que interpreta Roxane, embora não prejudique, não me pareceu à vontade no papel de uma donzela altamente cortejada. Sérgio Guizé convence como o bobalhão e belo cadete apaixonado por Roxane, mas nas cenas de maior apelo dramático, não se sai bem. Gláucio Gomes, como Ragueneau, está bem, bonachão, como seu personagem exige. Os demais são mais apoio do que tudo, mas quando exigidos individualmente, parecem tímidos, com medo do público, que quase lotou o teatro. Um destaque negativo na peça é o ator Ivan Vellame usar aparelho nos dentes. Um horror para uma peça de época, com figurinos de época. No final do Século XIX, quando a peça foi escrita e ambientada, até onde sei, ninguém usava aparelho nos dentes. Esta licença poética não cabe na encenação proposta por João Fonseca. Achei que a peça poderia render mais, pois Bruce é um excelente ator, mas não pode segurar um elenco de mais quatorze atores sozinho.
Saímos rápido do CCBB em direção ao metrô. Centro deserto, dominado pelos catadores de lixo reciclável e de pedintes dormindo nas calçadas. Pegamos o metrô na mesma Estação Uruguaiana em direção à Zona Sul, mas descemos algumas paradas depois, na Estação Glória. Caminhamos na Rua da Lapa até a Rua Cândido Mendes, em meio a uma multidão que ia e vinha, apesar da hora, pois o local é cheio de bares populares.
Estávamos indo jantar na tradicional Casa da Suíça, um restaurante instalado no Consulado da Suíça (Rua Cândido Mendes, 157, Glória). Subimos um lance de escadas para alcançar o restaurante, onde uma afônica atendente nos conduziu até uma mesa adornada com um vaso de orquídea falsa que foi retirado antes de nos sentarmos. O ambiente é escuro e em cada mesa há um abajur com luz amarela. Decoração com vasos de plantas de plástico, paredes em madeira escura, o que confere um ar pesado ao ambiente. Nas paredes, vários pratos da Boa Lembrança indicando que o restaurante fazia parte da confraria que dá um prato de cerâmica como recordação para quem escolhe o prato definido com o título de Prato da Boa Lembrança. Ric nem quis ver o cardápio, escolhendo logo a opção do mimo, pois ele faz coleção e os prega na parede da cozinha lá de casa. A versão 2011 do prato é o filé à borgonha. Aceitamos o couvert, com pães, pastas, manteigas, conserva de berinjela, legumes crus cortados à julienne. Quis apenas Coca Cola Zero, enquanto Ric prestigiou o vinho brasileiro, escolhendo um Casa Valduga Premium Cabernet Sauvignon 2007. Os garçons parecem acompanhar a história da casa, pois a esmagadora maioria tem idade avançada, como o restaurante, inaugurado na década de 60, considerando que eles começaram com idade de vinte e poucos anos, a maior parte já atingiu, com louvor, os sessenta anos. Muitos deles usavam uma manto vermelho com a famosa cruz branca, símbolo da Suíça e presente na bandeira daquele país. Escolhi uma especialidade da culinária suíça, em sua porção germânica: Zwiebelrostbraten mit Rosti, ou seja, assado de frigideira de filé mignon com cebolas glaceadas com cerveja preta, com molho escuro e espesso feito da redução da mistura da cebola com a cerveja. Para acompanhar, a famosa batata suíça, a rosti. O prato chegou bem quente à mesa, com sabor delicioso. Gostei muito de minha escolha. Ric também aprovou seu prato, dizendo que foi uma das melhores refeições que já tinha feito em viagens à Cidade Maravilhosa. Para finalizar, pedi um apfelstudel como sobremesa, com a qual dividi com Ric. Mas não gostei. Tinha muito chantilly, iguaria que não gosto, embora não fosse industrializado, mas feito na casa. Restaurante que deve ser conhecido por quem visita o Rio de Janeiro. Sem café, pagamos a conta, que totalizou R$ 231,44. Pedimos um táxi ao garçom. Ele disse que era só descer e solicitar ao manobrista na portaria. Antes de chegarmos à porta de saída, paramos para algumas fotos. O manobrista nos atendeu de imediato. Pegamos um táxi que trazia uma senhora idosa, aparentando uns oitenta anos que, segundo o motorista, ela frequenta há mais de trinta anos a Casa da Suíça, sempre aos sábados, sempre por volta de meia-noite. Um falante Ric foi conversando com o motorista até o hotel sobre as operações da polícia carioca nos morros e favelas da cidade. A corrida foi rápida, pois não pegamos trânsito e nem fomos parados nas blitz da Lei Seca que ocorrem com frequência na noite da cidade, segundo o motorista do táxi. Pagamos R$ 25,00. Hora de atualizar o blog e dormir. Final de um ótimo sábado.
Zwiebelrostbraten mit Rosti - Casa da Suíça
Entrada do restaurante Casa da Suíça - Glória - Rio de Janeiro
Uau, que dia intenso. Gostei do modo q vc descreve o q faz. Já pensou em escrever um livro?
ResponderExcluirBeatriz
Oi Beatriz,
ResponderExcluirObrigado pela visita ao blog. Quanto a escrever um livro, já pensei várias vezes, mas falta tempo para uma maior dedicação, além de procurar agentes e editoras.
Um abraço e volte sempre por aqui.