Passei uma agradável tarde de quinta-feira, dia 02 de outubro, com meu amigo Adilson no Café com Letras do CCBB BH. Combinamos às 16 horas. Ambos fomos pontuais. Ri muito com as histórias de meu amigo, especialmente sobre sua viagem recente à Europa. Ele tinha dois convites para ver a estréia da peça Trágica.3 em Belo Horizonte, no Teatro 1 do CCBB BH, motivo pelo qual só poderíamos ficar batendo papo até perto de 19:30 horas. A estreia era somente para convidados. Por coincidência, eu tinha comprado entrada para a mesma peça um dia antes para a sessão de domingo, dia 05 de outubro. Lá pelas tantas, Adilson recebeu uma ligação. Era seu amigo dizendo que estava impossibilitado de acompanhá-lo naquela noite no teatro. Assim, fui agraciado com o convite. Desta forma, veria a peça duas vezes. Para aquela sessão, marcada para 20 horas, não havia lugar marcado, motivo pelo qual fomos para a fila às 19:40 horas. Há muito não frequento o mundo teatral de BH, não conhecendo quase ninguém, mas Adilson conhece todo mundo, pois trabalha com assessoria de comunicação na parte cultural. Ele me apresentou a vários atores, atrizes, diretores, produtores, enfim, aqueles que fazem arte na capital mineira. Pouco antes das 20 horas permitiram o acesso à sala onde seria encenada a peça Trágica.3. O teatro não é grande, tendo capacidade para 254 pessoas. Moderno, com boa inclinação da plateia, sentamos na quinta fileira. Com apenas oito minutos de atraso, teve início a peça.
Trágica.3 é uma versão atualizada de clássicos do teatro grego. Traz para o tablado três fortes personagens femininas: Antígona, Electra e Medeia. Três personagens femininas que tem a morte como fator marcante na vida delas. São três esquetes distintas. com três adaptações feitas por diferentes pessoas. Começa com Antígona (texto de Caio de Andrade), interpretada por Letícia Sabatella; segue com Electra (texto de Francisco Carlos), vivida por Miwa Yanagozawa; fechando com Medeia (texto de Heiner Müller), interpretada por Denise Del Vecchio. Completam o elenco os atores Fernando Alves Pinto e Marcelo H. A direção é de Guilherme Leme.
O cenário é despido de qualquer mobiliário, a não ser os instrumentos musicais tocados pelos próprios atores. A forma de atuação é diferente do que estamos acostumados a ver nos palcos teatrais. Não há muita movimentação das atrizes, com raros momentos na esquete de Antígona. O que vale é a forma de dizer o texto. Sabatella mistura partes cantadas na sua forma de dizer o texto. Ficou enfadonho. A falta de movimentação e os acordes de Sabatella, além da tristeza em cena, potencializada pela iluminação, tornam a esquete muito chata. Ao final, vi gente levantar para deixar a plateia. Antígona é a parte mais longa. Cansei.
Miwa Yanagozawa vem em sequência, ficando ajoelhada, com os braços abertos em forma de um V de cabeça para baixo quase o seu monólogo inteiro. Com maquiagem de destaque, como se estivesse sempre chorando, despeja seu texto de forma direta, verborrágica. Difícil de acompanhar. Gostei da parte em que ela dá um grito silencioso. Apenas a boca aberta, e a expressão forte e chorosa.
A última a entrar em cena é Del Vecchio, vestindo uma túnica preta, postada no lado esquerdo do palco, permitindo que todos vissem o vídeo com duas crianças brincando na beira mar que era projetado no telão ao fundo do palco (uma alusão aos filhos que ela teve com Jasão que ela mata). É a parte que mais apreciei, embora a atriz tenha ficado no mesmo lugar no palco o tempo inteiro, com poucos movimentos de braços.
Ao final de 75 minutos, findou-se Trágica.3. Os presentes aplaudiram de forma protocolar. Custaram a se levantar para aplaudir de pé. Alguns permaneceram sentados, que foi o meu caso.
O ponto alto da peça é a sonoplastia.
Depois do espetáculo, o público foi agraciado com um coquetel no hall em frente à porta de acesso ao teatro. Pelo que ouvi, as opiniões eram mais desfavoráveis à peça.
Durante a encenação de Sabatella, eu já havia decidido que não veria Trágica.3 por duas vezes. Devolverei os ingressos comprados para a sessão de domingo.
Querido Leozinho, adorei o nosso encontro e, melhor ainda, por ter durado parte da tarde e da noite.
ResponderExcluirAmigos tão queridos como você não podem ficar distantes por tanto tempo, mesmo com a questão geográfica.
Como sabe, também compartilhei de suas impressões sobre a peça.
Acho as histórias e as personagens fortes, mas não gostei da encenação.
Só mesmo da parte da Del Vecchio - gosto muito dessa atriz e ainda hei de entrevistá-la para o meu site. Bjs