X, 2022, 105 minutos. Coprodução Estados Unidos e Nova Zelândia com direção de Ti West. No elenco, Mia Goth (Maxine), Jenna Ortega (Lorraine), entre outros.
Gosto muito de filme de terror. Assim que li e vi canais no YouTube elogiando o filme, que estreou neste mês de abril nos cinemas dos Estados Unidos, fiquei antenado para a sua disponibilização no Brasil. Eis que navegando no Twitter, encontro um perfil com um link para um arquivo do filme em excelente cópia, com legendas em português. Baixei para meu computador e o pluguei, via cabo HDMI, na televisão para assistir X.
O filme me surpreendeu muito, pois não inova em nada, mas entrega um resultado final cheio de tensão, massacre, mortes e ação. Prende a atenção. Talvez aí esteja o pulo do gato do roteiro. No IMDb, a sinopse é perfeita:
"Em 1979, um grupo de jovens cineastas se propôs a fazer um filme adulto na zona rural do Texas, mas quando seus solitários e idosos anfitriões os pegam em flagrante, o elenco se vê lutando por suas vidas".
Por filme adulto, entenda filme pornográfico.
Todos os clichês de um filme de terror estão presentes, assim como os personagens mais característicos de um filme pornô. Tem a loura peituda viciada em sexo, o negro viril de pau enorme, a jovem inocente que está iniciando no mundo dos filmes pornôs, os gemidos exagerados em cenas de sexo, as personagens ficando sozinhas em momentos de tensão e perigo, a mulher que nada nua no lago, a mocinha destemida, os velhinhos malvados, muita gritaria, alguém sempre vigiando pela janela do segundo andar da casa, o porão macabro da casa da fazenda, sonhos aterrorizantes, facas como instrumentos de assassinato, a necessidade de sair para procurar alguém no meio do mato em noite avançada, mortes violentas com muito sangue. E, como sempre, final previsível, com a chamada "final girl", ou seja, sobra apenas uma mulher viva do massacre geral.
O diretor conduz muito bem tais clichês, aproveitando para prestar homenagens a grandes filmes do terror e suspense: Psicose, Halloween, Tubarão, O Massacre da Serra Elétrica são visivelmente citados durante o filme. A estética é anos 1970, especialmente o roteiro do filme pornográfico e o uso das cores. Os atores não se destacam individualmente, mas o conjunto é ótimo, com muita sinergia em cena.
Ótima a introdução de cena de sexo entre o casal de idosos. A citação visual à religião, especialmente o cristianismo, é constante no filme. Uma fina ironia do roteiro.
Talvez o sucesso de público e crítica, com notas altas no Rotten Tomatoes e no IMDb, possa ser explicado por não existir nada de sobrenatural na história. Todos são gente como a gente. Os vilões são mortais, de carne e osso, ninguém volta da morte, há um banho de sangue, com cenas fortes (a morte da velhinha é chocante) e a mocinha que sobrevive não fica para ser a coitadinha, seguindo seu caminho para fazer sucesso, como se depreende do programa de televisão que está sintonizado no casarão da fazenda, quando os policiais chegam e constatam a chacina.
E ainda tem outro tom irônico na fala final do xerife em relação ao conteúdo da câmera do diretor que rodava o filme pornográfico.
Filme inteligente, mesmo usando e abusando dos clichês mais clássicos dos filmes de terror.
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