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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

FÉRIAS - DIA 3 - SEGUNDA-FEIRA - MAU AGOURO

O restante do voo transcorreu tranquilamente. Quanto ao livro, ainda não foi desta vez que consegui terminar a leitura. Tomei o café da manhã, arrumei as minhas coisas, pois a aterrisagem estava próxima. Chegamos à ponte de desembarque em Frankfurt às 15:40 horas, horário local (quatro horas a mais do que no Brasil). Fomos um dos primeiros a sair do avião, já que os passageiros da classe executiva desembarcam na frente. No final da ponte, vários funcionários da TAM com listagens nas mãos. Fui abordado por uma das funcionárias que perguntou qual era minha conexão (a impressão que tive é que a maioria dos que ali desembarcavam não tinham a cidade de Frankfurt como destino final). Respondi que meu voo era o Lufthansa LH 236, com destino a Roma. Ela sorriu, me dizendo que aquele voo acabara de decolar, mas que eu não me preocupasse, pois já estávamos acomodados no próximo voo disponível da mesma companhia aérea. Era o LH 238 e sairia às 16:45 horas daquele mesmo Terminal 1, ala B, portão 12. Perguntei o horário de chegada em Roma, já que tinha contratado um traslado do hotel e teria que avisar das alterações. Parece que dei um nó na cabeça dela, mas ela fez algumas ligações, sempre falando com a Lufthansa, mas não obteve a resposta. Ligou, então, para a TAM e descobriu meu novo horário de chegada em Roma: 18:30 horas. Indicou a direção que deveríamos seguir, orientando-nos para apressar o passo, pois tínhamos que indicar para alguém da Lufthansa no portão de embarque da necessidade de colocar nossa bagagem no novo voo. Perguntei porque a TAM já não tinha feito isto, mas, segundo ela, a responsabilidade era da Lufthansa. Praticamente corremos, seguindo a indicação para a ala B. Chegamos enfim, ao controle de passaportes, onde uma fila nos aguardava. A fila não era grande, mas era lenta. Via de longe que os policiais da imigração faziam muitas perguntas aos passageiros. Achei engraçado que um dos policiais chegou a cheirar o passaporte de uma asiática. A orientação era que fosse um de cada vez. Pedi ao Ric que fosse na minha frente, pois ele não fala nenhuma língua. Caso precisasse, eu estaria em seguida para ajudar. O senhor perguntou a ele qual era o seu destino final. Ele fez cara de paisagem. Respondi, de longe, que era Roma. Ele me perguntou, em inglês, se estávamos juntos. Ao responder afirmativamente, diferente da imigração americana, ele disse que podia passar junto com Ric. Pediu nossa passagem aérea de retorno, verificou-a, carimbou nosso passaporte e nos liberou. O relógio indicava 16:10 horas, faltando apenas dez minutos para o novo embarque. Ao sair do controle de passaportes, ficamos perdidos, assim como outros passageiros, pois não havia mais placa indicando a ala B. As indicações apontavam para as alas A, C e D. Desci as escadas rolantes, vendo a indicação de onde teríamos que ir. Corremos, apresentando nosso cartão de embarque. Uma mulher mal educada nos disse, em um parco inglês, que nosso voo estava encerrado. Eu respondi dizendo que houve uma reacomodação de voo, mas ela foi irredutível, não nos deixando passar com aquele cartão de embarque (veio a pergunta em minha mente: porque a TAM já não tinha providenciado novos cartões de embarque, já sabendo do atraso?). Um outro funcionário, vendo o desespero em meu rosto, me disse para procurar o balcão da Lufthansa, próximo de onde estávamos. Corremos para lá. Havia muitos guichês, quase todos vazios. O primeiro em que vi alguém, fui logo me aproximando, mas fora da área demarcada com aquelas fitas que delimitam as filas. A funcionária da Lufthansa, muito grosseira, disse que estava no local errado. Uma outra moça, também da mesma companhia, indicou-me um outro guichê. Enfim, estávamos no local certo, mas o relógio corria contra nós: 16:30 horas. Tivemos que fazer novo check in. Não achavam nossos nomes no tal voo indicado pela TAM. A atendente não conseguia ler o número do e-ticket no cartão de embarque que entreguei a ela. Foi preciso eu entregar o resumo da viagem, onde tinha o tal número legível. Ela trocou os cartões de embarque, perguntando sobre as nossas bagagens. Disse que fui informado que a Lufthansa teria que adequar o sistema para colocá-las no novo voo. Ela simplesmente pegou as etiquetas de bagagem e passou-as na leitora ótica. Perguntei se daria tempo. Ela disse que sim. Argumentei que tinha remédios na mala que precisava tomar, na esperança de ela pegar um rádio, como se faz no Brasil, para comunicar com alguém do setor de bagagens e alertar para esta troca em cima da hora, mas ela nada fez. Ao contrário, mandou eu me apressar, pois perderia o voo. Corremos para a ala B, em direção ao portão 12. Ainda nos aguardava nova fila, a do raio X. Foram os dez minutos mais longos de minha vida. Tive que tirar cinto, casaco, todas as carteiras do bolso, tirar o notebook da mochila e os líquidos que carregava em saco plástico adequado, para então passar pelo portal. Nenhum apito, mas houve uma certa demora na passagem na esteira de nossos pertences. Vencida esta etapa, corremos até o portão 12. Ainda recebemos uma bronca, novamente das sempre maus humoradas funcionárias da Lufthansa, porque estávamos atrasados. Era embarque remoto. O ônibus nos aguardava para sair. Aproveitei o trajeto para ligar para o hotel em Roma e informar das mudanças. Fui muito bem atendido. O voo LH 238 estava muito vazio. Quando sentei em meu lugar, uma classe executiva bem fraca, sem nenhuma diferença de tamanho ou largura de assento, mas apenas o isolamento do assento central das fileiras (três assentos de cada lado) e um serviço de bordo diferenciado, quando foi servida uma salada fria e uma sobremesa. Confesso que estava muito tenso. Fui relaxando aos poucos. Novamente peguei o livro interminável, mas ainda não consegui por a termo esta leitura. A camisa ao lado me indicava que mais coisas indesejáveis estavam por vir. Pousamos em Roma com chuva e dez minutos de atraso. Longo caminho até a esteira 8, onde estava indicado que sairiam as malas do voo proveniente de Frankfurt. Ficamos quarenta minutos esperando a mala. Quando demos conta, só restavam eu e Ric em frente à esteira. Nossas malas não apareceram. Como tive este pressentimento ainda em solo alemão, quando cheguei no aeroporto de Roma, ao checar a esteira onde retiraria a mala, verifiquei também a indicação de uma possível reclamação. Qualquer problema, deveria procurar o balcão da Flight Care Italia, em frente à esteira 6. Ric ficou, por via as dúvidas, aguardando no mesmo lugar, caso as malas aparecessem, enquanto eu fui até o balcão da companhia indicada para registrar a ocorrência de bagagem extraviada. Uma simpática atendente me acolheu, pegou os tíquetes de bagagem, fez uma única ligação, recebendo a notícia que nossas malas ainda estavam em Frankfurt e tinham previsão de chegada em Roma à meia noite. Fiquei transtornado. Ric chegou ao balcão no momento em que eu perguntava à senhora se ela acreditava em energia negativa. Ela me disse que sim. Tentando quebrar a tensão, pedi a ela uma tesoura. Ela ficou espantada. Respondi que queria picotar a camisa que Ric usava, pois ela emanava mau agouro. Em italiano, um outro atendente disse a ela que só entregariam a mala no hotel onde nós estávamos na manhã de terça-feira. Ela, pensando que eu não entenderia italiano, respondeu a ele que nós éramos passageiros de classe executiva, devendo a entrega ser feita assim que as malas chegassem. Em inglês, me disse que a previsão de entrega era para depois de meia noite e que eu deveria dar o número do segredo da mala, caso fosse necessário abrir na alfândega. Se eu não desse o número, eles não poderiam entregar a bagagem no hotel e a responsabilidade por buscar a mala no aeroporto passaria para mim. Mais que depressa informei o número do segredo das malas. Por fim, perguntei se eles não tinham um kit de sobrevivência, com pasta de dente e afins. Não tinham. Quando tive o mesmo problema, também com conexão em Frankfurt, há alguns anos atrás, recebi o tal kit. Depois de preencher um formulário com meu endereço permanente no Brasil e receber um comprovante de minha ocorrência, agradeci o bom atendimento que recebi. Eu e Ric fomos em direção à saída. Eu estava visivelmente nervoso. Ric disse que não confiava em conexões. então explodi e joguei toda a culpa pelos transtornos de nossa viagem até aquele momento à camisa que ele usava, uma camisa que não joguei fora porque achei que ele daria para algum parente. Saímos, encontramos o motorista que nos aguardava há mais de uma hora e fomos para o carro. O frio era intenso, 8º C. No carro, fui discutindo com Ric sobre a camisa. Ele percebeu que eu estava muito nervoso. Disse a ele que não entraria no quarto do hotel com ele usando a tal camisa. Num ato cênico, ele tirou a blusa que usava, puxou a camisa com força, arrebentando todos os botões e, em seguida, rasgou a camisa toda. O motorista deve ter pensado que éramos loucos, pois seus olhos ficaram arregalados, olhando tudo pelo retrovisor. Chegamos ao hotel Sofitel Villa Borghese (Via Lombardia, 47), onde já éramos aguardados. Expliquei o que ocorrera e os recepcionistas se prontificaram a me ajudar junto à cia aérea. Disse que não era preciso, pois houve uma promessa de entrega das malas após a meia noite. Nesta altura, Ric já havia jogado a camisa em algum cesto de lixo na recepção. Rapidamente me entregaram as chaves do quarto, indicaram o apartamento que meus amigos de Brasília estavam e nos desejaram uma ótima estadia no hotel e na cidade. Bom início de viagem, agora sem os fluidos negativos que nos acompanhavam. No apartamento, dois mimos da rede Sofitel para quem tem o status gold no cartão fidelidade A-Club da Accor. Ganhamos dois famosos sabonetes fabricados artesanalmente em Florença. Foi o tempo de um bom banho, o que ajudou a relaxar a tensão, trocar de roupa (salve salve a muda de roupa que cada um tinha na mochila), utilizar os mimos da classe executiva, especialmente pasta de dente, encontrar com os nossos amigos e sair para caminhar nas proximidades do hotel até o restaurante programado em nossa planilha. Descemos a famosa Scalinata di Spagna (Escada de Espanha), onde Ric levou um tombo, batendo a coluna no degrau, nos preocupando um pouco pelas feições de dor em sua face. Mas ele disse que estava tudo bem. Noite fria, chuva fina, mas alguns turistas tirando fotos. Entramos na famosa Via Condotti, onde estão as lojas das mais famosas grifes italianas e internacionais. Passando por ruas históricas, chegamos ao restaurante Da Mario (Via della Vite, 55), indicado em alguns dos vários guias da cidade que pesquisei. Restaurante antigo, com garçons mais velhos. Comida tipicamente italiana, decoração simples, cardápio enxuto, mas com opções do melhor da culinária do país. Carta de vinho extensa, com preços bem baratos, se comparados aos praticados no Brasil. Pedimos o antipasto da casa. Somente dois queriam beber vinho. Eu ainda estou tomando remédios, assim, tenho a possibilidade de beber somente a partir da noite de 01º de março. Pediram para eu escolher. Fui de Chianti Classico Geografico, safra 2007, ao preço de 20 euros. Pedi a famosa água San Pellegrino, com gás, e a Panna, do mesmo grupo, sem gás. Duas garrafas de um litro cada vieram à mesa. O antipasto da casa vale a pena. Uma mistura de vegetais grelhados com muito azeite: beringela, abobrinha, alcachofra, tomate, tudo delicioso, acompanhados de pequenas bolas de mussarela de búfala. Como prato principal, escolhi um penne com alcachofra. Os pratos são bem servidos. O meu prato estava muito bom, mas como exagerei no antipasto, comi só a metade. Ainda pedimos sobremesa, dois tiramissú com quatro colheres. Muito bom o doce, um dos meus preferidos, embora preferi ser prudente e cauteloso, comendo apenas duas colheradas (que eram minúsculas, destas que mexemos o café). A conta para quatro ficou em 126 euros. Deixamos 140 euros, pois incluímos o serviço. Do restaurante, fomos a pé até a famosa Fontana di Trevi, eternizada no filme de 1960 La Dolce Vita, de Federico Fellini, onde uma belíssima Anita Ekberg se banha de roupa em uma noite quente de verão. A iluminação noturna da fonte dá um tom especial às suas esculturas. É um local que vive cheio, mesmo com chuva, estava repleto de turistas e de indianos querendo tirar fotos, tipo polaroid, e vendê-las aos incautos. Quando Ric estava tirando uma foto minha, um deles perguntou se queria que ele tirasse, com nossa máquina, uma foto de nós dois. Ric, com toda sua inocência, deixou. Logo meus pensamentos voaram, pois sabia que viria o troco. O indiano entregou a máquina, dizendo que nós deveríamos retribuir o favor, comprando uma foto de sua máquina. Agradeci e fui saindo logo. Voltamos a pé para o hotel, numa bela caminhada, com direito a subir a íngreme Scalinata di Spagna. Chegamos ao hotel com a certeza que faremos uma bela jornada juntos em Roma. Resolvi atualizar o blog, mesmo que a madrugada já se avizinhasse, pois sabia que só dormiria quando as malas chegassem. Elas foram entregues por volta de 01:30 horas, lacradas pela companhia responsável por trazê-las até o hotel. Como as malas chegaram, finalizo este post. Vou checar se está tudo dentro delas e dormir. A terça-feira vai ser longa.

Um comentário:

  1. Oi Leo e Ric!! tudo bem!?! Que drama!!!! Esperamos que agora esteja tudo bem!!! Salve salve a classe executiva!! imaginem se voces estivessem na classe turistica!!?!! Desejamos que o mal agouro tenha ido embora com a Camisa do Ric. Vou te mandar um e-mail tambem!!!

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