O domingo foi rápido, pois fiquei por conta de arrumar a mala. Quanto maior a mala, mais coisa a gente coloca. Esta tendência nunca muda. Aproveitando que tinha espaço, fui colocando roupa, algumas ficarão no meio do caminho, pois já estão muito velhas e surradas. Pedimos comida em casa, China in Box. Não queria sair para nada, somente na hora de irmos para o aeroporto. Arrumei a mala de mão, na verdade uma pequena mochila, onde coloquei, como sempre faço, uma muda de roupa, o notebook, a documentação da viagem, remédios do dia a dia, agendas, cadernetas e dois guias de Roma, nossa primeira parada. Ainda separei todos os cadernos de cultura do Correio Braziliense e da Folha de São Paulo do período de 21 a 27 de fevereiro, pois ainda não tinha lido nada, algumas revistas e o livro que estou lendo há meses e não consigo terminar, arrumando-os em uma ecobag novinha que havia comprado na última vez que fui a São Paulo. Ric ligou para a sobrinha pedindo-a para nos levar ao aeroporto. Ela só poderia se fosse às 16:30 horas. Aceitamos, mesmo chegando mais cedo do que devíamos. Aproveitamos para solicitar à TIM, operadora da qual Ric tem um celular iPhone, a liberação para roaming internacional. Perto de 16 horas, com a mala pronta, pesando 32 quilos, fui tomar um banho relaxante, quando aproveitei e tirei a barba toda. Quando saí do banheiro, Ric estava pronto, usando uma camisa que era minha, presente de uma pessoa que não mais faz parte do meu círculo de amizades. Eu tinha pedido para ele dar para algum dos seus irmãos há uns oito, nove meses, mas ele a escondeu, pois achava a camisa bonita. Sempre acreditei em maus fluidos e energia negativa e aquela camisa me dava uma sensação estranha. Na hora marcada, a sobrinha de Ric estava nos esperando na entrada do bloco onde moramos. Uma chuva fina começou a cair. No aeroporto, despachamos as malas no atendimento para Classe Executiva, classe que voaremos toda a viagem (passagens emitidas com milhagem da TAM). A mala de Ric pesou 17 quilos e a minha os tais 32 que eu já havia pesado em casa. Elas foram etiquetadas até Roma, destino final de nossa longa viagem. Embarcamos no horário previsto, em voo vazio, com praticamente todos os passageiros iniciando uma viagem internacional. Ao chegarmos em São Paulo, também no horário previsto, às 20:35 horas, caía uma chuva torrencial. Para piorar, o avião não se posicionou nas pontes de desembarque. Faríamos um desembarque remoto, em ônibus. Logo que parou os motores, uma escada foi colocada para descermos até o ônibus, que já esperava em sua posição. Um funcionário da TAM totalmente molhado subiu a escada, que não tinha proteção contra chuva, e disse que não havia guarda-chuva disponível. Tínhamos que descer debaixo de um temporal, com malas e casacos (afinal, vamos para um local onde ainda é inverno), nos molhando todo. Um passageiro desceu correndo, com riscos de cair e se machucar. O comandante da aeronave mandou fechar as portas e só abrí-las quando uma escada coberta chegasse. Esperamos por quase meia hora. A escada chegou, mas não havia mais ônibus nos aguardando. Foram mais quinze minutos. Nisto, a hora de embarque no voo para Frankfurt, onde faríamos uma conexão com a Lufthansa, se aproximava. Enfim, escada coberta e ônibus posicionados, mas sem nenhum guarda-chuva. Molhamos um pouco entre a saída da escada e a entrada no ônibus. Ao chegar no saguão do desembarque, apressamos o passo, pois já passava de 21:30 horas, horário marcado para o embarque. Nossa surpresa foi enorme com a fila imensa que se formava para o embarque internacional. A fila andava rápido, mas de repente, tudo ficou parado. Ainda nem tínhamos chegado à porta de entrada. Comecei a ficar preocupado. Dezenas de adolescentes estavam uniformizados, embarcando para os Estados Unidos, onde participariam de uma competição de informática. Eles eram a causa da fila ter parado. a maioria era menor de idade e os responsáveis por acompanhá-los não estavam todos no aeroporto. Todos os guichês da Polícia Federal que atendem passageiros brasileiros ficaram parados, pois os tais jovens ocupavam todas as posições. Parece que, enfim, alguém responsável pelo setor, orientou aos funcionários que parassem de atender aqueles jovens e fizessem a fila andar. Ainda demoramos uns vinte minutos para passar pelo raio X e pela imigração, correndo para o portão de embarque 13, onde praticamente fomos um dos últimos a entrar. Ficamos em um local ótimo na classe executiva, na primeira fila, nas duas poltronas do lado direito da aeronave. Atendimento de primeira pelos comissários da TAM. A poltrona reclina bem, dá para ficar praticamente deitado. O horário da decolagem era 22:35 horas, mas houve um prolongado atraso sem explicações. Quando tínhamos quase uma hora de atraso, perguntei ao comissário o motivo da demora. Ele disse que faltava um passageiro, mas que já íamos partir, uma vez que o faltoso tinha acabado de embarcar. Mas ainda demoramos mais meia hora, quando o comandante avisou que o mau tempo e o intenso tráfego aéreo nos faria esperar até meia noite. Decolamos às 00:10 horas. Atraso de uma hora e quarenta. Já sabia, previamente, que a conexão em Frankfurt estava comprometida, pois o intervalo entre nossa chegada e a saída do voo com destino a Roma era de uma hora e meia. Li os jornais velhos enquanto o sono não veio. Neste meio tempo, o jantar foi servido, com ótimas opções preparadas pelos gêmeos espanhóis donos dos restaurantes Eñe em São Paulo e Rio de Janeiro. Quando o sono chegou, reclinei a poltrona ao máximo, arrumei o travesseiro e dormi, só acordando com um mau cheiro estranho. Era o passageiro que estava na poltrona atrás da minha se mexendo, exalando um cecê horrível. Quando acordei, peguei o livro que nunca termino para tentar acabar a leitura. Já era segunda-feira, 28/02/2011, meu terceiro dia de férias. Olhei para o lado. Ric dormia. Usava a camisa com maus fluidos.
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