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terça-feira, 1 de março de 2011

FÉRIAS - DIA 4 - TERÇA-FEIRA - 01/03/2011 - ANIVERSÁRIO, CAMINHADA, CHUVA, FRIO E CULTURA

Acordei cedo. 7:30 h já estava de pé, desfazendo a mala. Tínhamos combinado de nos encontrar para tomarmos o café da manhã juntos às 9:30 horas. Encontramos com os amigos no horário combinado. Um deles completava 42 anos. Abraços, presente, bolo surpresa, parabéns para você cantado em alta voz e uma vergonha estampada no rosto do aniversariante. O café da manhã do Sofitel Villa Borghese é farto, com muitas opções de frutas, queijos, pães, doces, sucos, iogurtes, croissants, ovos, linguiças, frios, geleias e afins. Pedi um chocolate quente. Veio chocolate diluído em água. Um horror. Pedi para trocar e fui prontamente atendido. O tal chocolate servido inicialmente era feito em máquina. Trouxeram-me uma jarra maior, preparado na hora, com leite. Adorei. Saímos bem agasalhados, com guarda-chuvas, pois o dia seria longo, como o foi, com muito frio e uma insistente chuva após 15 horas. Mas não desistimos, andando a pé pelo centro histórico de Roma conforme havíamos traçado no roteiro do dia. Nossos amigos tiveram que parar para comprar guarda-chuvas quando a chuva apertou. O dia foi cansativo para o corpo, mas foi um banho de cultura para a alma, uma excelente gastronomia tanto no almoço quanto no jantar, ótima companhia, muita diversão, mas momentos de reflexão nos diversos templos religiosos que entramos. Passamos ziguezagueando por ruelas, becos, passagens escuras, praças grandes e pequenas, feiras, igrejas, ruínas seculares, trânsito caótico, apreciando obras de arte de artistas do quilate de Rafael, Michelangelo, Caravaggio e Bernini. Entrei, pela primeira vez na vida, em uma sinagoga, diga-se de passagem, a maior da Europa, pois foi em Roma que os judeus primeiramente se instalaram logo após a tomada de Jerusalém pelos gregos. Detalharei o dia com fotos que aqui postarei. A gastronomia também foi excelente. Almoçamos em um restaurante escondido, próximo ao Rio Tevere e à Sinagoga chamado Piperno (Via Monte dè Cenci, 9), difícil de achar, mas um local que vale a pena conhecer. A sua especialidade são as alcachofras e a culinária é definida como judaica-romana. A decoração é duvidosa, com feltro verde idêntico aos de mesa de sinuca nas paredes e quadros escuros em todos os cantos, mas o atendimento é eficiente, falam inglês, o serviço é rápido. Como todos os restaurantes em Roma, ele fecha cedo, funcionando para almoço de 12:00 às 15:00 horas, mas os pedidos devem ser feitos, no máximo, até 14:30 horas. De entrada, pedimos duas das especialidades da casa: alcachofra à moda judia (são assadas, com pouco tempero e muito macias, a porção vem com duas delas) e flor de abobrinha empanada frita com flor de sal (são cinco na porção). Nunca tinha experimentado esta flor de abobrinha e estava divina, mesmo com a pimenta do reino acima do que gosto. Um toque especial é o queijo que é frito enrolado na abobrinha, dando um sabor diferenciado e sendo uma surpresa para o paladar, já que ele fica por dentro do empanado. Para beber, água San Pellegrino. Aprendemos a pedir uma só garrafa, pois sempre colocam o maior tamanho na mesa. Escolhi um risoto pescatore como prato de fundo. Bem servido, vem com muitos frutos do mar, embora alguns eu não tenha identificado facilmente. Neste prato, a pimenta do reino também era destaque, mas não comprometeu os sabores característicos de lulas e afins. O arroz usado no risoto não era o arbóreo, mas sim o carnelori, mais consistente. Não pedi sobremesa e nem experimentei nada do que os demais pediram. O café expresso, como em todo local na cidade, é curto e bem forte. Para o jantar, já tínhamos, desde o Brasil, reserva confirmada por e-mail, no restaurante Casa Coppelle (Piazza delle Coppelle, 49), também no Centro Histórico. Local cheio, grande, bem movimentado. Um grande quadro negro está na parede do bar, mostrando as especialidades da casa. Um desenho de um coração e as letras R & O servem de assinatura para o cardápio escrito na lousa (iniciais de Rachelle, uma francesa que adotou Roma como lar, e Omar). As paredes são de tijolo à vista, com quadros de fotografias e alguns objetos pendurados, lembrando um pouco a decoração do Gero, em suas três unidades brasileiras. A especialidade da casa são pratos da culinária italiana, sem se esquecer da França, terra natal da proprietária, muito simpática, por sinal. Carta de vinhos italianos extensa e com ótimos preços. Embora ainda sem beber, escolhi um excelente Pio Cesare Dolcetto d'Alba 2008 para os amigos. O aniversariante do dia não bebeu. De entrada, fomos de duas porções de bruschettas (cinco unidades em cada), com diversos recheios, incluindo uma com presunto de Parma. Experimentei a de tomates que estava divina. Os pães oferecidos à mesa são todos de fabricação própria. De prato principal, pedi outro risoto, também com o arroz carnelori, de vinho e orégano. Combinação diferente, mas que harmonizou bem no paladar. Gostei muito. Fiquei, novamente, sem experimentar sobremesa. Pedimos um táxi para voltarmos ao hotel e fomos prontamente atendidos. Terminamos nossa segunda noite na cidade cansados, mas exttremamente felizes com nosso dia, mesmo com toda a chuva que tomamos no final da tarde e com roupas penduradas em todos os pontos possíveis no quarto para secarem. Durante todo o dia conhecemos a Piazza del Parlamento com o Palazzo di Mntecitorio, a Chiesa Sant'Agostino, parcialmente em obras (algo bem comum em Roma), onde um belíssimo quadro na primeira capela à esquerda chama a atenção pela técnica do claro-escuro utilizada. É a obra "A Madona dos Peregrinos", de Caravaggio. Em seguida, visitamos outra igreja, a Chiesa San Luigi dei Francesi, maior do que a primeira, com três quadros de Caravaggio, mas em restauração. Estavam expostas três reproduções destes quadros logo na entrada. Tínhamos que ser rápidos, pois já passava do meio dia e a maioria das igrejas em Roma fecha às 12:30 horas, só reabrindo a partir das 16:00 horas. Seguimos para a Piazza Navona, onde está o Palazzo Pamphili, sede da Embaixada do Brasil (vista apenas da sua fachada). O trânsito estava impedido nas ruas ao redor da praça, onde há várias opções de bares e restaurantes. No centro, sua grande atração, uma grande fonte projetada por Bernini, a Fontana dei Quattro Fiumi (Fonte dos Quatro Rios). São muitos os turistas que fazem inúmeras poses para fotos nos diversos lados desta fonte. Em frente, ao lado da embaixada brasileira, fica a Chiesa de Sant'Agnese in Agone, com belíssimo interior em formato de círculo e um domo dominando a cena. Em uma capela na sacristia está o crânio de Sant'Agnese. Seguimos para outra igreja, desta vez a Chiesa Santa Maria della Pace, mas só a vimos pelo lado de fora, já que estava fechada e não abre todos os dias (às terças, ela não abre). Pelas pequenas ruas do centro, chegamos a uma movimentada avenida, a Corso Vittorio Emanuele II, onde está outra igreja que visitamos só por fora, a Chiesa Nuova. Seguimos em direção ao Rio Tevere, para conhecer o famoso Campo dei Fiori, uma grande praça onde ocorre uma disputada feira de flores e alimentos. Logo ao lado, fica a Piazza Farnese, onde um prédio chama a atenção, embora não tão bonito quanto o da embaixada brasileira. É o Palazzo Farnese, sede da Embaixada da França. Enquanto a do Brasil é em estilo barroco, este prédio tem sua fachada no estilo renascentista e teve como um dos arquitetos, Michelangelo. A fonte desta praça estava em reparos. Parada estratégica para um café no Café Farnese, em uma das esquinas da praça, seguindo nossa caminhada, passando por toda a extensão do Campo dei Fiori, até chegarmos a uma estreita e escura passagem, onde outrora funcionava o Teatro di Pompeo. Mais algumas vias e ruelas, deparamos com a Area Sacra Argentina, ruínas antigas dos tempos dos imperadores, em eterna escavação, e com entrada interditada. É uma grande área retangular que podemos apreciar por todos os lados. O curioso é a quantidade de gatos no local, alguns com defeitos físicos (vimos dois bem alimentados gatos com apenas três patas). Lendo os guias, tive a informação que ali perto funciona uma espécie de orfanato destes bichanos. Seguimos em direção à Piazza della Rotonda, onde uma outra fonte a enfeita, mas seu destaque é o prédio circular datado do ano 118-125, o Pantheon, hoje uma Basílica. Sua abóboda é impressionante e há uma espécie de claraboia no teto que deixa a luz natural entrar. Além de muito mármore no piso e nas laterais, chama atenção também alguns túmulos que ali se encontram. Vimos dois deles que continham os restos mortais dos reis Umberto I e sua mulher, o de Vittorio Emanuelle II. Também estão no local os restos mortais do pintor Rafael, mas este não vimos. Na saída, deparamos com uma sessão de fotos inusitada: mulher vestida de noiva, com os ombros à mostra, mesmo com o frio de dez graus que fazia e dois homens vestidos com roupas de antigos centuriões. A fome apertou, além do horário indicar que era hora de procurar o restaurante que tínhamos escolhido. Piperno, já explicado em texto acima. Ao sair do restaurante, uma fina chuva começou a cair, levando a temperatura mais para baixo. Já que estávamos ao lado do rio, fomos tirar algumas fotos. Saímos bem em frente à única ilha do rio, a Isola Tiberina, mas não atravessamos a ponte. A região conhecida como Trastevere faz parte de outro roteiro. Voltamos em direção à Sinagoga. Toda cercada, com policiamento constante, tive a minha mochila revistada. Paga-se 10 euros para entrar, com direito a visita ao museu hebraico (Museo Ebraico di Roma), com sete salas. O destaque é a maior coleção do mundo de capas e tecidos para guardar o Torha e a Arca Sagrada. O ingresso dá direito a uma visita guiada (há em italiano e em inglês) ao Tempio Spagnolo (Templo Espanhol) e ao Tempio Maggiore (a Sinagoga principal da Itália).  Para entrar em ambos os templos, os homens devem colocar o quipah, aquele círculo de pano na cabeça. Como eu estava de chapéu, fui o único que não precisou colocar. Todos os judeus de Roma são ortodoxos, motivo pelo qual os homens sentam separados das mulheres. Na Sinagoga, que acomodam sentadas 800 pessoas, os homens ficam na parte de baixo e as mulheres nas três galerias superiores. Ao terminar a visita, a chuva era forte. Meus amigos tiveram que parar em uma loja de souvenir para comprar dois. Estávamos diante das ruínas do Teatro di Marcelo e da Porta de Octavia. É uma construção imponente, lembrando o Coliseu, mas em escala menor. Com enxurradas descendo as ruas, carros e pedestres se confundindo nas estreitas vielas, entramos no Centro Histórico novamente, conhecendo a Piazza Campitelli, onde funciona uma biblioteca pública, com várias esculturas antigas em seus vãos. Já escurecendo (embora o relógio marcava 17:00 horas), procuramos a Piazza Mattei, onde fica uma curiosa fonte: Fontana delle Tartarughe. Bem conservada, a curiosa escultura tem quatro pequenas tartarugas em cima, como se estivessem tentando entrar na bacia sustentada por estátuas de mulheres. A nossa próxima parada foi a Chiesa Il Gesù, onde, por sorte, pegamos uma belíssima apresentação gratuita de suas obras, um show de som e imagens. A igreja é a mais bonita que entrei no dia. Belíssimo teto. Há um grande espelho posicionado diagonalmente ao chão, nos permitindo ver detalhes do teto sem ficar forçando a cabeça para cima. Faltava apenas uma igreja para terminar o roteiro do dia. Seguimos para a Piazza Minerva, onde há uma estranha escultura de Bernini ao centro: um elefante sustentando um obelisco. A igreja é a única em estilo gótico na cidade, a Chiesa Santa Maria sopra Minerva, com três destaques. A última capela à direita possui um belíssimo afresco de Filippino Lippi, à esquerda do altar principal, está a escultura Redentore (Cristo), de Michelangelo, sensacional. Ela fica mais nítida se colocamos uma moeda de cinquenta centavos de euro em uma máquina ao lado, pois um foco de luz ilumina a escultura por um minuto. Na capela à esquerda desta obra de Michelangelo, está o túmulo do Beato Angelico, o famoso frei que também pintava, cuja principal obra está no Museu do Prado, em Madri (se não me falha a memória). Ele era conhecido como Fra Angelico. Com esta visita, terminou nosso roteiro. Debaixo de uma chuva torrencial, não achamos táxi, voltando a pé para o hotel, subindo, com pernas e pés cansados, a Scalinata Di Spagna. Descansamos por quase duas horas, quando nos arrumamos para o jantar no restaurante Casa Coppelle, novamente no Centro Histórico, onde comemoramos, mais uma vez, o aniversário de nosso amigo.


Palazzo Montecitorio - Piazza del Parlamento


"A Madona dos Peregrinos" - Caravaggio - Chiesa Sant'Agostino


Detalhe na fachada da Chiesa San Luigi dei Francesi


Detalhe da Fontana dei Quattro Fiumi - Piazza Navona


Detalhe do piso da Chiesa Sant'Agnese in Agone - Piazza Navona


Fonte em frente à Embaixada do Brasil - Piazza Navona


Beco no Centro Histórico


Fachada da Chiesa Santa Maria della Pace


Barraca de flores no Campo dei Fiori


Palazzo Farnese - Embaixada da França


Area Sacra Argentina


Pantheon


Brasil e Argentina juntos na lateral de um bonde


Entrada do Restaurante Piperno


Rio Tevere


Teatro di Marcelo


Fontana delle Tartarughe - Piazza Mattei 


Túmulo de Fra Angelico - Chiesa Santa Maria sopra Minerva


"Redentor" - Michelangelo - Chiesa Santa Maria sopra Minerva


Interior do Restaurante Casa Coppelle

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