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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

(DES) ESPERAR

Chegou o fim de semana e lá fui eu novamente para o teatro. Mais uma peça de Brasília. Conferi a montagem da Andaime Cia de Teatro que voltou em cartaz no Teatro Funarte Plínio Marcos, dentro da programação da Ocupação Funarte. Comprei ingresso na hora. Inteira a R$ 20,00. As cadeiras foram colocadas no palco. O público, antes de entrar, foi avisado que apenas a primeira fileira da plateia poderia ser utilizada além das cadeiras do palco, o que formou um quadrado em torno do local onde as quatro atrizes encenaram (Des) Esperar. No elenco estão Ana Luisa Bellacosta, Kamala Ramers, Patrícia Del Rey e Tatiana Bittar, esta última também assina a direção.
A peça é uma livre adaptação de Esperando Godot, de Samuel Beckett. Quatro mulheres estão juntas esperando alguém ou alguma coisa. Neste esperar, elas se completam, não conseguindo mais se separarem. Ficam dependentes e interdependentes. E elas estão juntas dia após dia a espera daquela que não comparece. Neste tempo, memórias de cada uma delas vem à tona, rendendo momentos descontraídos e bem humorados ao espetáculo. Cada uma tem um talento e as outras, para passar o tempo, pedem para que tal dom seja revivido, seja novamente mostrado. E assim a vida passa, dia após dia, em uma rotina sem fim. A espera leva ao desespero, que conseguem vencer para novamente esperar.
Nitidamente há improvisos ao longo do espetáculo. Um barulho de uma moto que passa na rua ou vozes de crianças do lado de fora do teatro são suficientes para entrar algo no texto. Isto torna única cada encenação.
A movimentação das atrizes em cena é um ponto de destaque da peça. Utilizam todo o espaço cênico para marcar uma passagem do tempo, seja para trás, seja para frente, e, quando estão na eterna espera, ficam confinadas em um quadrado de luz no centro do tablado. E a passagem do tempo também é poeticamente marcada por uma areia que jorra no palco, como se fosse uma ampulheta.
Para completar, a trilha sonora é executada ao vivo por dois instrumentistas.
A espera continua.
Vale o ingresso.

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