Cheguei ao Cine Brasília no início da noite de quarta-feira, dia 03 de setembro, pouco depois das 18 horas. Tinha me programado para ver o filme da Mostra Competitiva do III BIFF (III Festival Internacional de Cinema de Brasília) das 20:30 horas. Como era muito cedo, fui conferir o que estava marcado para antes. Era o documentário brasileiro sobre o jornalismo dirigido por Jorge Furtado, produção que estreou nos cinemas em agosto de 2014, depois de ganhar os prêmios de melhor documentário e do júri popular no Cine PE Festival do Audiovisual 2014. O primeiro filme que vi de Furtado foi o curta metragem Ilha das Flores, também um documentário, em 1989, quando militava no sindicato dos servidores públicos. O curta me conquistou logo de cara, tanto pela linguagem moderna, quanto pelo roteiro. Depois de vinte e cinco anos, voltei a ver um documentário de Furtado e novamente linguagem e roteiro me conquistaram.
Entremeando cenas de uma peça encenada por atores gaúchos com entrevistas e fatos recentes da cobertura da grande mídia brasileira, ele nos mostra, sem maquiagem, o que é o jornalismo praticado hoje no Brasil. A peça é O Mercado de Notícias (The Staple of News), uma montagem de texto escrito em 1625 pelo inglês Ben Jonson, dramaturgo contemporâneo de Shakespeare. O contraponto da peça é a série de entrevistas que aparece durante a projeção. Todos os entrevistados são profissionais respeitados e com carreira consolidada no jornalismo brasileiro. Aparecem no documentário, entrevistas com Cristiana Lobo, Jânio de Freitas, Bob Fernandes, Fernando Rodrigues, Raimundo Pereira, Luís Nassif, Renata Lo Prete, Mino Carta, Leandro Fortes, Geneton Moraes Neto, José Roberto de Toledo, Paulo Moreira Leite e Maurício Dias. Os depoimentos giram em torno do jornalismo brasileiro, do fim da imprensa escrita, do que é jornalismo, de como contar uma boa notícia, entre outros temas. Alguns são contados de forma bem humorada, enquanto outros são mais sisudos ou bem formais.
As análises dos casos jornalísticos são sensacionais (José Serra em campanha nas eleições de 2010, quando leva uma bolinha de papel na cabeça; e um "Picasso" decorando uma sala do INSS em Brasília são dois destes casos), desnudando a cobertura parcial, tendenciosa ou sem uma busca profunda da verdade dos fatos narrados. Show de bola.
O filme é tão bom que dá vontade de ver de novo.
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