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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

UM DIA APÓS O OUTRO

Hoje recebi de presente esta deliciosa história escrita pela querida amiga Diana. Gostei tanto que compartilho aqui no blog:

Para Leo Soares (Noel)

Murinardo! Acorda, Murinardo!
Outra vez o grito. Todos os dias, exatamente à mesma infame hora, Panerai, com pontualidade suíça, repetia as palavras que faziam Murinardo lembrar. E ele lembrava que queria, mas não lembrava o quê.
Sabia que havia uma necessidade. Lembrava dela assiduamente. Ou melhor, lembrava da existência dela. Não do que ou de quem ela era.
Como era terça feira e tinha mesmo que abrir a porta para Solange – quando Dolly ainda morava em casa ficava livredessa tarefa irritante, mas, agora não havia outro jeito – levantou. Com um pouco de mau humor, um resto de Tylenol PM embaçando os pensamentos, uma leve dor no ombro e um temorzinho de ir ao banheiro e sentir que a litotripsia não tinha sido completamente bem sucedida, destrancou a porta da frente e foi cuidar de sua higiene matinal.
No rosto, apenas água termal, bem fria. Estava proibido pelo dermatologista de utilizar qualquer sabonete ou outro produto de limpeza na pele sensível. Dentes, banho, barba, Musc Nomade. Findo o ritual, o barulho de Solange na cozinha e o aroma de Rosabaya diziam que o desjejum já estava pronto.Suco verde (arrgh! Mas necessário!), omelete de claras e, sim, por favor, café! No último gole o "ping" do telefone. Whatsapp. Vivian e Claudete? A essa hora? "Me bate um abacate", pensou. Bom dia, Muri, querido. Acredita que o carregamento com os vinhos para o jantar da confraria ficou retido na Receita Federal? Vamos ter que adiar para quinta. Pode ser? Nem pensar!!! Na quinta era o jantar com Vicente. Jantar, não. Seria, na verdade, a última ceia. Não agüentava mais aquele convívio; já lhe embrulhava o estômago o visco imaturo e (seria mesmo?) interesseiro. O ardor juvenil já não era máscara competente para esconder a total desnecesidade daquela relação. Um grande "x". Pronto! Já foi! O jantar seria apenas uma delicadeza. Um arremate.
Três ligações no caminho para o trabalho: Pablo, animadíssimo, comunicando o casamento no mesmo dia da abertura de um novo bistrô; Kitty desesperada com alguma decisão estúpida do presidente; Ewenilson para confirmar a viagem para Vanuatu. Meu Deus!! Vanuatu? Minúsculo, um monte de praias (credo!) e nem um restaurante no guia Michelin. Ainda se perguntava o que iria fazer lá; mas sabia a resposta. Viagem com o grupo, para qualquer lugar do mundo, era compulsória. Já antevia as reclamações de Renato com os preços dos jantares, as compras de Robério, o nariz  torcido de Bibiana (que não iria) quando soubesse que Vivian, mais uma vez viajaria com eles e que todos iriam de primeira classe. Divah surtaria. Era simplesmente viciada em viagens e adorava lugares exóticos, mas não tinha uma conta bancária condizente com o vício e, ainda por cima, ia ser avó outra vez e, claro, queria pajear o pimpolho. Pensou em Dolly. Quereria ir? Claro que sequer seria convidado, não poderia arcar com os custos. Uma pontadinha de sei lá o quê parecido com saudade, uma rápida análise do passado e do futuro e...
O outdoor já próximo do trabalho fez lembrar o show de Ellen Oléria. Nelson Laranja faria abertura e Murinardo não perderia por nada! Desviou o caminho e foi comprar os ingressos. Quantos? Giralda adoraria, mas estava na Espanha, Clara, em Paris – e mesmo que não estivesse acabaria desistindo na última hora, Janaína já estaria dormindo (o show começava às 23:00horas), Henrique Luís não sairia de casa a não ser que fosse para um show sertanejo, Frida também circulando na Europa...Geane estava em seu enésimo retiro espiritual achando tudo lindo e maravilhoso.  Comprou dois. Só por precaução.
No trabalho só por volta das dez. Passou pela sala de Riva e Bibiana para marcar o almoço. Contou logo da viagem. Bico automático de Bibiana e sorriso de Mona Lisa de Riva pensando nas taças de champanhe que também tomaria em sua viagem para Vegas, com Alessandro, no carnaval. O ciúme desvelado de Bibiana disparou outra memória. Franziu a testa pensando em como era irritante ter ciúme de Dolly. Não que algum dia tivesse confessado o ciúme. Ao contrário; Murinardo sabia que fazia sucesso, que era "conquistante", tinha vários pretendentes e dispensava outros tantos. Ciúme tinha sido sempre, e ainda era incabível. Ainda assim o sentimentozinho enjoado de "o que poderia ter sido" ameaçava.
Ministros, dignitários, secretários e diretores mais tarde, na sobremesa - uma divina bavaroise de morangos que seguia o levíssimo e delicioso suflê de espinafre, enquanto Bibiana roçava sua perna por baixo da mesa, pensou em mudar radicalmente de vida. Deixaria a cidade, o país; aceitaria uma das propostas de trabalho no exterior, passaria alguns anos fora, respirando e vivendo novas culturas, emoções e pessoas. Não mais os aborrecimentos conhecidos, não mais as mesmas batalhas diárias, não mais a rotina, a repetição. Seria essa a necessidade incômoda e desconhecida?
Pouco antes do final do expediente, uma ligação de Lulu, cheia de saudades. Entre as notícias da família, o anúncio das orações e o envio das bênçãos, Murinardo sorria e pensava na reação da mãe se ouvisse falar na decisão de sair do país. Lulu, muito mais prática ultimamente, encerrou a conversa o dizendo que queria vê-lo mais feliz. Apaixonado e feliz. Murinardo suspirou.
Jantou sozinho no seu restaurante peruano preferido e, às 22:00 horas, já a caminho do teatro, ainda não tinha encontrado destinatário para o ingresso extra que comprara. Seguiu assim mesmo, acostumado, já, a desfrutar sozinho e não deixar passar as boas coisas e oportunidades da vida para as quais nem sempre tinha companhia.
No centro cultural, saindo de uma visita preventiva ao toaleteantes do show, quase esbarra em alguém. Dolly? Não sabia que você gostava de Ellen Oléria! Um sorriso fácil: há muito de mim que você não conhece, Murinardo. Mas, não estou aqui para o show. Na verdade, Dolly viera muito cedo, visitar a exposição de animais à procura de uma cadelinha com pedigree razoável para fazer companhia a Juscelino, o pequeno Shi Tzu de quem tinham "guarda compartilhada". Não encontrara nenhuma e acabara fazendo hora no café. O ingresso extra tinha, enfim, um dono.
Murinardo! Acorda, Murinardo!!
Outra vez o grito. Panerai era constante e incansável. Dolly sorriu. Esse negócio não acaba nunca, né? Todo dia, na mesma hora! 
Murinardo lembrava que queria alguma coisa. Lembrou do dia anterior, das emoções, das quase decisões, dos encontros, das lembranças, das necessidades desconhecidas.
Levantou rápido, abriu a porta para Solange, fez sua higiene pessoal, tomou o desjejum, deu todas as ordens domésticas, olhou para Dolly com um olhar metade Capitu metade de Thundera e pensou: ta boa, canoa!? Fui, despediu-se já na porta.
Dolly suspirou, meneou a cabeça e constatou: você é impossível, Murinardo...
Por cima do ombro Murinardo estalou discretamente a língua em um "tsk": "keep calm", nada como um dia após o outro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

CONFRARIA VINUS VIVUS - 91ª REUNIÃO

Na noite de 27 de outubro de 2014 aconteceu, na casa de Vera, a 91ª reunião da Confraria Vinus Vivus, quando degustamos vinhos da casta syrah ou shiraz. Leo L. não pode comparecer, cedendo lugar para o convidado Robson. Eis os vinhos da noite.

Vinho 1 – Kilikanoon Oracle


Safra: 2008.
Álcool: 14,5%.
Casta: 100% shiraz.
Produtor: Kevin Mitchell – wine maker e proprietário.
Região: Penne Lane, Penworthan, Clare Valley, Austrália.
Cor: bem escura, quase negra.
Aromas: ameixa seca, herbáceo, tomilho, pimenta do reino, menta.
Boca: acidez alta, picante na ponta da língua, tem volume, chocolate amargo, remédio, cogumelos, terroso, jabuticaba, bom corpo, seca toda a boca, deixa um final de boca bem amargo.
Estágio: 24 meses em barricas de 300 litros, novas e usadas.
Importador: Decanter.
Valor: R$ 336,00.
Observação: vinho não filtrado ao ser engarrafado.

Vinho 2 – Incógnito


Safra: 2009.
Álcool: 14%.
Casta: 100% shiraz.
Produtor: Cortes de Cima.
Região: Alentejo, Portugal.
Cor: negra, com toques mais claros.
Aromas: alcaçuz, ameixa, melado feito em tacho quente, geleia de frutas, torrefação, café, defumado.
Boca: tem menos corpo, menos acidez e seca menos do que o vinho 1, pimenta.
Estágio: 6 a 8 meses em barricas de carvalho.
Importador: Adega Alentejana.
Valor: R$ 420,00.
Observação: mudou mais na taça do que o primeiro vinho. A safra 2009 é considerada uma das melhores da Europa, quando a produção em todos os países foi excepcional. Vinho preferido na noite por Bruno, Fernanda e Vera.

Vinho 3 – Côte-Rôtie Vidal-Fleury


Safra: 2005.
Álcool: 13%.
Casta: 95% syrah e 5% viognier.
Produtor: Vidal-Fleury. Enólogo: Guy Jordan du Jonchay
Região: vinhedo Brune et Blonde de Vidal-Fleury, Côte Brune, França.
Cor: rubi, com reflexos da cor de tijolo. Brilhante.
Aromas: coentro, cera, pimenta do reino, calda queimada, floral, herbáceo, couro, especiarias, cominho, tabaco.
Boca: muito ácido, saliva bastante, tabaco, remédio no final de boca.
Estágio: 48 meses de barricas de carvalho e mais seis meses de garrafa antes de ir para o mercado.
Importador: Ravin (Art Du Vin).
Valor: R$ 626,00.
Observação: Na região é autorizada a utilização de até 15% da casta viognier na elaboração dos vinhos. É a região berço da casta syrah. Este vinho é o ícone dos ícones desta casta. Foi o campeão da noite, sendo o preferido por Leo S., Abílio, Keller, Cláudia, Robson, Jarbas e Marcos.

Vinho 4 – Gravas


Safra: 2008.
Álcool: 15%.
Casta: 91% syrah e 9% cabernet sauvignon.
Produtor: Concha Y Toro.
Região: Valle Del Maipo, Chile. D.O. Buin.
Cor: rubi escuro.
Aromas: melaço, frutas do bosque, compota de frutas, pimenta do reino.
Boca: boa acidez, taninos doces, pimenta, chocolate amargo.
Estágio: 17 meses em barricas de carvalho, sendo 70% novas e 30% usadas.
Importador: Vinícola Concha Y Toro.
Valor: R$ 700,00.

Após a degustação, foi servido o jantar, com os seguintes pratos: bolinho de arroz com mix de cogumelos e cordeiro, servidos com geleia de pimenta. Como prato principal, foi servida uma polenta com ragu de costela.

Para a harmonização, utilizamos os vinhos da degustação e ainda:
Francis Coppola Diamond Collection Green Label – elaborado com 80% de syrah (shiraz) e 20% de petit syrah (as castas são produzidas em regiões diferentes), produzido na região da Califórnia, Estados Unidos, com 13,5% de álcool, safra 2010, com doze meses em barricas de carvalho. É encontrado na Art du Vin por R$ 187,00.



vinho

gastronomia

terça-feira, 28 de outubro de 2014

FÉRIAS EM OSLO, NORUEGA


Nosso voo saiu no horário de Estocolmo, Suécia. Chegamos em Oslo, capital da Noruega, na manhã de sábado, 24 de maio de 2014. Mais uma cidade em nosso giro pela Escandinávia. O aeroporto de Oslo fica bem afastado da cidade. No próprio aeroporto, tentamos comprar um chip para nosso roteador móvel de wi-fi, mas não conseguimos. Fizemos câmbio, já que a Noruega também não adotou o euro como moeda oficial. Contratamos um táxi na saída do aeroporto para nos levar até o hotel. O valor da corrida seria aquele indicado no taxímetro. Pegamos um carro bem grande, com muito espaço para nós quatro - eu, Vera, Dora e Cláudia. Fui no banco da frente. Na medida em que o carro avançava pela autoestrada, o taxímetro corria em alta velocidade. O valor que aumentava cada vez mais foi o assunto entre a gente no caminho até o hotel. Assim que entramos em um túnel, o motorista travou o taxímetro. Estávamos entrando na cidade. O dia estava bem nublado. Tinha chovido um pouco. Enfim, chegamos ao hotel, quando pagamos cerca de 1.900 coroas norueguesas pela corrida, algo em torno de R$ 680,00!
Como nas cidades anteriores, escolhemos um hotel da cadeia Radisson, o Radisson Blu Scandinavia Hotel (Holbergs gate 30). Fizemos o check in e subimos para guardar nossas malas. Cláudia e Vera não gostaram do quarto que lhes deram. Era muito pequeno e com aspecto de velho. Reclamaram e conseguiram mudar para um quarto melhor. Assim que descemos para o hall do hotel, encontramo-nos com Bruno, que se integraria ao grupo a partir daquele dia. Nossa estadia em Oslo foi de 24 a 27 de maio de 2014, quando conhecemos:
Feira anual da Hegdehaugsveien - Bruno tinha nos falado sobre esta feira, pois ele já tinha passado bem cedo pela rua na qual ela estava sendo montada. Como o restaurante que tínhamos escolhido não abria para almoço, caminhamos até a rua na qual a feira estava funcionando. Antes de entrarmos na tal feira, paramos para almoçar no Cafe Lorry (Parkveien 12). Após o sofrível almoço, fomos conhecer a feira. As lojas ao longo da rua colocam barracas e tendas do lado de fora e fazem promoções. Isto acontece uma vez ao ano e atrai um imenso público. Estava lotado, com muito casal novo com seus filhos em carrinhos de bebê. Sem cerimônias, eles empurram os carrinhos pra cima das pessoas, sem se importar se machucam ou não quem está na frente. Um horror. Ninguém do nosso grupo se interessou em comprar as mercadorias oferecidas. Continuamos nosso caminho até pararmos em uma centenária padaria, a Baker Hansen, onde uma bandinha de velhinhos tocava do lado de fora. Pausa para um café. Em seguida, ainda na rua da feira, entramos em um supermercado para Vera comprar um sal laminado. Quando saímos, Bruno resolveu retornar para o hotel e nós seguimos nossa caminhada em direção ao Parque de Esculturas Vigeland.
Vigelands Skulpturpark - é a principal atração turística da Noruega. Por ser sábado, com tarde sem chuva, estava bem cheio. São mais de duzentas esculturas espalhadas pelo parque. Todas feitas pelo mesmo artista plástico, Gustav Vigeland. Visita obrigatória. Demoramos mais de duas horas neste parque, apreciando todas as esculturas e o bem cuidado jardim. Voltamos a pé para o hotel, passando por caminho diverso ao da ida, o que nos permitiu conhecer mais um pouco da cidade.
Aker Brygge - é o local mais animado da cidade. Fica em um cais movimentado, todo recuperado, no qual prédios de design moderno convivem com as construções antigas. No local estão lojas descoladas, bares agitados, restaurantes para todos os gostos e bolsos, escritórios, prédios residenciais de luxo, museus. Passamos neste cais todos os dias de nossa estadia em Oslo. Na entrada do cais está o Centro Nobel da Paz. Já mais para o final, a arquitetura do Museu de Arte Moderna Astrup Fearnley se destaca. Quando chegamos ao museu, ele já estava fechado. Vimos apenas as enormes esculturas que o rodeiam e onde vários noruegueses tomavam sol e se banhavam. Na primeira noite na cidade, jantamos neste cais, no restaurante envidraçado Lofoten Fiskerestaurant, especializado em frutos do mar. Noite agradável.
Prefeitura de Oslo - o prédio se destaca na paisagem com sua cor avermelhada como tom dominante e tem uma monumental praça ao fundo, com a história do país contada em amplos painéis em alto relevo. Esculturas de profissões importantes na construção do país estão voltadas para o cais.
Parque do Palácio e Palácio Real - ficam bem próximos do hotel e como andávamos muito a pé, fazia parte de nossa rota passar por este bem cuidado parque no qual se destaca o palácio real. Não fizemos visita ao palácio, limitando-nos a conhecê-lo por fora.
Spikersuppa - é um pequeno parque com cara de praça que dá início ao Parque do Palácio, onde fica a Universidade de Oslo, o Teatro Nacional e alguns prédios antigos, todos muito bem conservados. Aqui parei para comprar um pin na loja do Hard Rock Cafe.
Galeria Nacional - em norueguês, Nasjonalgalleriet, é um museu onde estão obras de arte norueguesas anteriores a 1945, além de exemplares do impressionismo francês, como Monet e cia. Mas o que leva mais público ao museu é a ala dedicada ao pintor Edvard Munch, principalmente porque é neste museu, e não no Museu Munch, que está o famoso quadro O Grito, aquele que foi roubado e recuperado. A sala onde ele está exposto é a única em que não se permitem fotografias e há um segurança apenas para o quadro. Dá para ver o corte que os ladrões fizeram na tela para levá-la do Museu Munch. No dia em que fomos, um domingo, a entrada era gratuita.
Ópera de Bjorvika - a monumental casa da ópera norueguesa é um ponto turístico obrigatório em Oslo. Sua construção em formas retilíneas coberta por mármore branco, cheia de rampas com acesso ao teto, chama a atenção. Ela fica à beira de um canal que banha a cidade. Chovia, mas não era forte, não nos impedindo de "escalar" as rampas brancas. Depois de muitas poses para fotos, resolvemos visitar o interior da casa de espetáculos, onde além de ópera, montagens de balé fazem parte da sua programação. Infelizmente, chegamos tarde demais para comprar um ingresso para a visita guiada daquele dia. Contentamo-nos em conhecer o hall e seu arrojado design em madeira e ferro, além de uma pausa para um refresco no café local.
Estação Central de Oslo - como tínhamos que trocar nosso voucher pelos bilhetes para o tour pelos fiordes noruegueses, fomos até a estação central de trens para fazê-lo, aproveitando para conhecer a região.
Catedral de Oslo - entramos rapidamente no principal templo católico da cidade. Não me surpreendeu em nada.
Castelo e Fortaleza de Akershus - fomos no final de tarde neste castelo medieval. No dia acontecia um festival medieval, com barracas e tendas vendendo produtos artesanais feitos à maneira que se fazia em épocas remotas. Muita gente estava vestida a caráter. Aconteciam demonstrações de lutas. Paramos para ver uma delas, onde todos gritavam, em norueguês, "mais sangue, mais sangue". Cláudia participou ativamente da torcida. Esta fortaleza nos deu uma noção de como era a vida na Idade Média. Passeando por suas ruas, vimos casas, a igreja, o castelo, enfim, tivemos uma ideia de como aquele povo vivia.
Bygdoy - é o bairro onde ficam alguns museus interessantes. Chega-se mais rápido pegando um barco no cais. Foi o que fizemos.
Museu Fram - interessante museu sobre um navio, o Fram, usado para explorações ao pólo.
Museu Marítimo da Noruega - mostra a história da navegação do país por meio de instrumentos de navegação, maquetes de barcos, cartografia, entre outros. Para quem gosta do tema. Fiz uma "leitura dinâmica" do acervo do museu.
Museu Norueguês do Folclore - enorme museu ao ar livre, com dezenas de construções antigas da Noruega, todas trazidas para este local para termos uma noção de como o país evoluiu ao longo dos anos. A mais interessante construção é uma igreja datada do Séc. XIII, chamada Gol. Ela é toda em madeira negra, com interior pequeno e sombrio. Durante a visita ao museu, os turistas cruzam com pessoas vestidas como se saídas de uma máquina do tempo.
Museu do Navio Viking - chamado de Vikingskipshuset, é outro ponto turístico de visita obrigatória. Ele é pequeno e abriga três navios vikings em madeira, construídos no Séc. IX. Sensacional. O museu é feito de forma que o visitante possa apreciar os navios tanto no nível em que estão, quanto por cima, com torres de observação estrategicamente colocadas no espaço expositivo.
Olaf Ryes Plass - esta é uma praça que não estava nos nossos planos conhecê-la. Na início da noite de domingo, dia 25 de maio de 2014, Bruno nos convenceu a ir a um show de jazz, já que Oslo é famosa por ter excelentes músicos que militam neste ritmo. Bruno nos disse que eram dez minutos de caminhada a partir do hotel. Lá fomos nós. E andamos, e andamos, e atravessamos ruas, subimos, descemos, e andamos. Nada de chegar. Além disto, todos estavam famintos. Na verdade, todo mundo queria comer e voltar para o hotel. Nem fã de jazz eu sou. Quando já tínhamos caminhado quase quarenta minutos e nada de chegar às casas de jazz, isto perto de 21 horas, decidimos limar o jazz da noite. Os restaurantes fechavam cedo na cidade, ainda mais aos domingos. Consultamos o Google Maps. Estávamos perto de uma praça que era citada em nosso texto que indicava o que ver na cidade. Não tivemos dúvidas, comunicamos ao Bruno que queríamos parar para jantar. Em cinco minutos estávamos em frente aos restaurantes que rodeiam esta praça. Alguns quase sem movimento, com mesas e cadeiras sendo arrumadas pelos garçons. Na esquina havia uma pizzaria, Villa Paradiso, onde entramos e comemos uma boa pizza. Ao sair, Bruno ainda queria ir ao show de jazz. Nós resolvemos voltar a pé para o hotel, deixando ele para trás.
Na manhã do dia 27 de maio de 2014, acordamos bem cedo, antes de 06:15 horas, pois buscariam nossas malas às 06:30 horas ali mesmo no hotel. Para fazer o tour pelos fiordes noruegueses, saindo de Oslo de trem, fazendo uma baldeação para outro trem e, em seguida, uma baldeação para um barco, achamos complicado carregar as malas. A mesma empresa na qual compramos o pacote para o tour oferece o transporte de bagagem de Oslo para Bergen, nossa próxima parada. Não tivemos dúvidas em contratar este serviço. Assim, pegaram nossas malas no hotel em Oslo às 06:30 horas. Nós voltaríamos a vê-las em Bergen, assim que chegamos do tour pelos fiordes, por volta de 20 horas do mesmo dia.
Depois de despachar a bagagem, tomamos café, fizemos o check out, pegamos dois táxis e fomos para a estação central, de onde nosso trem partiu às 08:05 horas da manhã. Em ponto!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

LUIZA DIONIZIO - SAMBA DE BAMBA

Na terça-feira, dia 14 de outubro, fui ver mais um show do projeto Samba de Bamba, que acontece na Caixa Cultural. Naquela noite, o show era de Luiza Dionizio, sambista carioca que eu já tinha visto uma vez quando estive na casa de samba Carioca da Gema, localizada na Lapa, Rio de Janeiro.
O ingresso custou R$ 10,00, meia entrada por ser assinante do Correio Braziliense. O Teatro da Caixa Cultural não ficou lotado, com as duas laterais bem vazias. Uma pena, porque a apresentação da sambista foi ótima. A voz de Luiza é fantástica, com um tom grave, afinadíssima.
Houve um pequeno atraso para começar o show. No palco, quatro músicos acompanharam a cantora, que desfilou um repertório de sambas compostos por compositores conhecidos, como Luiz Carlos da Vila, Elton Medeiros e Paulo César Pinheiro.
A base do show é o repertório do CD Devoção, que Luiza Dionizio lançou em 2009, mas ela canta outros excelentes sambas, incluindo uma ótima performance para Kid Cavaquinho, de João Bosco e Aldir Blanc.
No meio do show, ela saiu de cena, deixando os músicos que a acompanham tocar um set de chorinhos sensacional, ao ponto do público pedir bis e bater palmas de pé quando eles terminaram o curto "show". Mas o show real era de Luiza e ela voltou para arrebatar de vez a plateia.
Ao final, o público cantava e sambava, enquanto ela fazia a volta no teatro, agradecendo a presença de todos com seu sorriso largo.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

CERRADO - UMA JANELA PARA O PLANETA

Fui ao CCBB Brasília para ver a exposição Gênesis, de Sebastião Salgado. Depois de passar quase três horas apreciando as fotos da mostra, fui conferir outra exposição montada no local e que, de certa forma, dialogava com Gênesis. Refiro-me a Cerrado - Uma Janela para o Planeta. Esta exposição ocupa vários espaços do centro cultural: os dois pavilhões, a Galeria 3 e ainda enfeita alguns trechos externos. Está dividida em módulos.
Comecei pelo pavilhão onde está o módulo A trama do Cerrado: diversidade. Nele estão expostas sementes, folhas secas, peixes, insetos, ninhos, tocas e formas de dispersão das sementes e folhas. Tudo em uma cenografia que desperta a curiosidade e chama a atenção. As sementes, por exemplo, estão expostas em bolas de vidro que pendem do teto, como se fossem lustres.
Em seguida, fui para a Galeria 3, parando no meio do trajeto para ler alguns causos de moradores do Cerrado, para ver a reprodução das pegadas de mamíferos que vivem neste meio ambiente, além de ler painéis sobre a evolução deste bioma.
Na Galeria 3 está o módulo Os quatro elementos: água, fogo, terra e ar. Com possibilidade de interagir com a exposição, o visitante conhece os tipos de árvores, como elas sugam a água do solo, a renovação da água, a importância do fogo para o Cerrado, os diversos tipos de solos.
Terminei minha visita no pavilhão de vidro, onde está o módulo Grande Sertão Veredas: paisagens do Cerrado. Ao entrar, o visitante consegue ouvir os sons do Cerrado, sentir o seu cheiro, e conhecer as formações vegetais que compõem o este bioma. Algumas árvores mortas integram a cenografia.
Nesta exposição, aprendi que o Cerrado ocupa 24% do território brasileiro, estando presente em 11 estados. É um universo ainda por descobrir, especialmente no que diz respeito à sua flora e à sua fauna, além das inúmeras possibilidades de dele extrair, de forma sustentável, produtos para a sociedade.
Mostra elucidativa, educativa e bem montada. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

SIM

Para Fabíola

Uma brisa suave enchia o local com o cheiro de patchouli. Não estava forte, pois a cerimonialista tinha recomendado colocar poucos sachês em pontos estratégicos, perto de onde aconteceria a cerimônia. O dia estava lindo, sem nenhuma nuvem no céu. Como era perto de 16:30 horas, o calor era mais ameno. O local escolhido também favorecia, pois era às margens do Lago Paranoá, em uma mansão do Lago Sul, cujo gramado impressionava os convidados de tão verde e vivo, mesmo sendo final do período da seca na cidade.
No ponto onde foram colocadas as cadeiras para os convidados já não mais batia sol diretamente. Cerca de trezentos lugares, simetricamente arrumados, sendo cento e cinquenta de cada lado. Ninguém passava pela passarela instalada ao centro. Davam a volta pela frente, onde estava o altar. Não era um qualquer. Ele remetia a várias religiões e seitas. Elementos do budismo, do catolicismo, do espiritismo, do candomblé enfeitavam aquele altar, conferindo-o uma energia fora do normal, uma vibração eclética. Era um altar ecumênico. A imagem da Virgem de Nazaré ocupava um lugar de destaque. As cadeiras tinham uma tonalidade azul claro, feitas de madeira, remetendo aos barcos que percorriam a Baía do Guajará diariamente, levando e trazendo pessoas, mercadorias, sonhos e desilusões. Separando as cadeiras da passarela central estava uma grossa corda de sisal de ambos os lados, o que fazia lembrar a grandiosa festa do Círio de Nazaré.
Os convidados começaram a chegar desde cedo, alguns vindos de longínquas partes do país. Tinha gente de Manaus, do Rio de Janeiro, de Uberlândia, de Florianópolis, de Aracaju, de Maceió, de São José dos Campos, de Redenção, de Marabá, de Castanhal, de Santarém, de Goiânia, de Fortaleza, de Belo Horizonte, de Vila Velha, de Vitória, de Bocaiúva, de Alfenas e, como não poderia faltar, de Ananindeua. Até de Miami veio gente. Todos ansiosos por aquela cerimônia.
A organização da festa colocou ilhas com bebidas geladas e salgadinhos para entreter os convidados. Eram salgadinhos que faziam sucesso nas festas infantis das décadas de 60 e 70, ignorados solenemente nos últimos anos e agora redimidos. Foram chamados de salgados vintage. Naquela altura, as caixas de som soltavam uma deliciosa música de Lia Shopia. Ainda no repertório musical da festa estavam músicas de Felipe Cordeiro, Dona Onete, Gang do Eletro, Pinduca, Luiz Félix, Aldo Sena, Vazo Novo, Emília Monteiro. Só não tinha Gaby Amarantos. A dona da festa não gostava. Gaby crescera junto com ela no Jurunas. Passaram bons e maus momentos. Ela lembrava com orgulho, mas aquilo fazia parte de seu passado.
A música parou por um instante. Um anúncio foi feito. A cerimonialista pedia a todos para se acomodarem, pois em quinze minutos a cerimônia teria início. Alguns correram para pegar um lugar mais perto da passarela, onde teriam uma melhor visão do que aconteceria. Ao fundo, uma enorme cortina marrom bordada com motivos verdes e vermelhos lembrava uma obra de Emmanuel Nassar. Dali, sairia a dona da festa. Quinze minutos.
Uma turma de recém ingressados na Polícia Militar era uma das mais ruidosas entre os convidados. Riam muito, se divertiam. Todos estavam impecavelmente vestidos, com muito gel nos cabelos. Conseguiram sentar na terceira fileira do lado esquerdo do altar.
As mulheres abusaram nos seus modelitos, usando apliques, coques e chapéus enormes. Afinal, a cerimônia pedia isto. Vestidos frescos, esvoaçantes, com decotes ousados. Uma ou outra convidada tinha errado a mão, com muito brilho nas roupas. Os homens pareciam em ambiente fabril, usando o mesmo uniforme. Camisa social branca, geralmente de linho, calça chino e sapatos dock sider, invariavelmente na cor azul marinho. Claro que alguns se destacavam pelo inusitado na forma de vestir. Um dos convidados usava uma calça amarela que reluzia no meio da multidão. Ele tinha um blog, onde escrevia suas impressões de tudo aquilo que apreciava.
Os amigos de sempre, aqueles que tinham um grupo longevo no Whatsapp, se sentaram juntos, na primeira fila, onde também estavam os parentes da dona da festa. Só uma estava ausente. Era Giralda, que tinha ido estudar na Espanha. Uma mensagem cheia de mimimi, como de costume no seio deste grupo, foi deixada por ela. Os demais estavam todos lá, incluindo a sonolenta Janaína, pois ainda sofria os efeitos do fuso horário, posto que tinha chegado da Alemanha, onde ficou por mais de um ano, dois dias antes daquela festa. Frida foi a última a se sentar. Tinha voltado a uma das ilhas de salgadinhos para pegar mais uma coxinha. Ao morder, percebera que o recheio não era o mesmo que tinha comido alguns instantes atrás. Era de tucumã. Sentiu vontade de cuspir, mas como já estava sentada, pronta para ver a cerimônia, engoliu sem mastigar, evitando deixar aquele gosto estranho na boca. Riva também foi para sua cadeira com uma taça de champanhe nas mãos, cujo ato foi seguido por diversas outras pessoas. Henrique Luís estava furioso com a cor da roupa de sua namorada. Ela tinha escolhido um vestido em tonalidade rosa bebê. Aquela cor realmente o perseguia. Clara, sempre usando a cor amarela, nada falava. Apenas observava o ambiente, procurando um passarinho verde. Tivera dúvidas de quem ela levava como companhia na festa. O paulista ou o mineiro. Nenhum dos dois. Escolheu o baterista, minhoco da terra. Lu esbanjava alegria com seu marido francês e sua filhinha Juju. Geane tinha na face a expressão da tranquilidade. A cicatriz na sua mão praticamente tinha desaparecido. Efeito de seus inúmeros retiros espirituais. Kitty era a mais falante, como sempre, não parando de tagarelar um minuto sequer. Parecia a Emília, de Monteiro Lobato. Frida, ainda com uma coxinha nas mãos, perguntou onde estava Divah. Lu, agora adepta de regressões, fechou os olhos, meditou e viu Divah em uma sala fechada. Era a única que teve acesso à dona da festa antes da cerimônia. Os pensamentos de Lu foram interrompidos com um sinal sonoro, seguido de uma revoada de pombos brancos, que foram soltos por detrás da cortina marrom bordada com motivos em tons verdes e vermelhos. Divah apareceu pela abertura desta cortina. Um óóóhhh, em uníssono, se fez ouvir no local. Cybele e seu filho gritaram loucamente para Divah. Esta apenas abriu um pequeno sorriso nos lábios, olhou em frente e caminhou na passarela em direção ao altar. A cor de seus cabelos era o que mais chamava a atenção. No altar, ela se posicionou à direita, local reservado para os padrinhos. Era única. Reinava absoluta naquela condição. Mais um sinal sonoro, nova revoada de pombos, o tapete que cobria a passarela foi recolhido para trás, revelando uma espécie de rio artificial, com uma pequena corredeira. Os convidados ficaram de boca aberta. Na correnteza vinham vitórias régias floridas. Eram lindas. Eram falsas. Não estavam sós. A maioria das bolsas de grife que estava na festa também era falsa. Os convidados tinham dificuldades para crer no que presenciavam.
Quando toda a passarela, agora transformada em um rio, ficou repleta de plantas aquáticas, ouviram-se os primeiros acordes da Marcha Nupcial. Todos os olhos se voltaram para trás, para a cortina marrom. Surgiu a ponta de uma canoa de madeira que começou a singrar aquele rio. A cortina se abriu totalmente. Queixo caídos para o que viam. Bibiana reluzente, em pé no centro da canoa, distribuindo sorrisos. Sua boca tinha um vermelho urucum forte, daqueles que grudam, que nunca sai. O vestido era de noiva, mas não era branco. Ela preferiu usar uma cor palha. Não tinha calda, nem muita roda na cintura. Perfeito para um casamento no final da tarde. O cabelo estava com suas voltas e ondas naturais. Enfim, ela tinha deixado a química de lado. Era outra mulher. Vinha devagar naquele rio. Seus pensamentos eram muitos, mas não conseguia reter nenhum deles. Como vinham, iam. Olhava de um lado para o outro, reconhecendo amigos e parentes. Nas mãos, carregava um belo arranjo feito com as ramas do açaí. Uma tiara brilhava na sua cabeça.
As pessoas se amontoaram ao longo da corda, o que lembrou ainda mais as festividades do Círio. Todos queriam vê-la de perto, fazer parte daquela cenografia. Queriam tirar fotos, postá-las imediatamente nas redes sociais. Bibiana distribuía cada vez mais sorrisos. Olhava para o altar, altiva, decidida. Divah debulhava-se em lágrimas. A juíza de paz já estava a postos. A família Albatroz chorava, comovida com a cena. Edcléia e Cecília, de mãos dadas, pensavam quando teriam aquele momento.
No meio do caminho, a canoa parou. Tudo estava programado. Bibiana olhou para o céu. Um casal de araras azuis voou baixinho. Eram eternamente fiéis, assim como os pinguins. Que assim seja, pensou a noiva. Ela lembrou de seu passado, quando andava, por força do trabalho, em grandes propriedades rurais e via dezenas de vacas e apenas um touro. Riu internamente. A canoa voltou a navegar naquele rio.
Chegou ao altar, desceu da canoa, se posicionou e mirou a cortina marrom. Um tapete de madeira imediatamente cobriu o rio. Era chegada a hora. O noivo surgiu. Inverteram totalmente a ordem. Bibiana era clássica, mas não gostava do óbvio.
Os convidados ficaram mais uma vez surpresos. A música escolhida para a entrada do noivo também nada tinha de convencional. Gal Costa cantando Meu Bem Meu Mal. Bibiana não cabia dentro de si tamanha a sua felicidade. Naza chorava baldes. Divah já tinha detonado sua maquiagem, assim como quase todas as mulheres presentes. Muitas lágrimas derramadas. A turma da polícia tinha ficado em silêncio. De todos eles, Júnior era o mais pensativo.
O noivo, com sua roupa em tom cinza, também era pura felicidade. Ele entrou de cabeça erguida. Passos lentos, firmes. Não olhou para nenhum dos lados. Seus olhos estavam hipnotizados pela presença reluzente de Bibiana que o aguardava com ansiedade.
No altar, o noivo segurou forte a mão de sua amada.
Olhou para a juíza e disse SIM.

domingo, 12 de outubro de 2014

GÊNESIS - SEBASTIÃO SALGADO

Está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, desde 03 de setembro, a exposição fotográfica Gênesis. Fui conferir no sábado, dia 11 de outubro. Cheguei cedo. Não eram nem dez horas da manhã. A exposição ocupa duas galerias e parte da área externa próxima ao vão central. São fotos em preto e branco tiradas durante oito anos por Sebastião Salgado em várias regiões remotas e de difícil acesso do Planeta Terra. A curadoria da mostra é de Lélia Wanick Salgado. Comecei pela galeria maior. No mesmo horário, uma turma de estudantes fazia uma visita acompanhada de seus professores para um trabalho escolar. A maioria tirava fotos de todas as fotografias expostas, inclusive das suas descrições. Eu seguia o grupo, que começou unido, mas foi se dispersando, pois nem todos tinham o mesmo timming para ver, analisar, curtir cada uma das obras expostas.
Eu tinha todo o tempo do mundo. Fui devagar, apreciando cada detalhe das fotografias, lendo tudo que estava disponível, tanto os textos nas paredes, quanto as descrições resumidas das fotografias.
Salgado percorreu lugares incríveis, como a Patagônia, o Pantanal, tribos africanas, desertos, geleiras no Canadá, vulcões, florestas, rios, retratando santuários ecológicos, lugares de natureza preservada, locais com tradições intocadas.
As fotos são lindas, têm apelo pró preservação da natureza sem o ranço de denúncia de deterioração do meio ambiente. Ao ver tais fotografias, a gente se emociona, a gente reflete sobre o planeta em que vivemos. Afinal, todos nós fazemos parte deste belo planeta.
Alguns aspectos ligados a tradições de tribos e povos tradicionais chamam a atenção, como a série de fotos de um povo africano que utiliza o estrume do gado queimado para passar no corpo como forma de espantar os mosquitos. Outra tradição que destaco é a da tribo indígena zo'e, do interior do Pará. Todos os integrantes desta tribo, homens e mulheres, furam o queixo e enfiam um objeto em forma de cone feito de osso de macaco, mamífero que também é utilizado como sua alimentação.
As fotos expostas na área externa são reproduções maiores de parte das fotos que são exibidas nas Galerias 1 e 2 do CCBB.
Demorei quase três horas para ver tudo. Sem pressa. Gostei muito do que vi.

sábado, 11 de outubro de 2014

CHICO CÉSAR - AOS VIVOS AGORA

Estava com amigas no Beirute da Asa Norte em uma noite quente quando recebi uma filipeta sobre o show de Chico César que aconteceria no Teatro Brasília no sábado, dia 11 de outubro. Assim que cheguei em casa, comprei entrada pela internet, no site da Ingresso.com. Paguei R$ 69,00 pela inteira (R$ 60,00 + R$ 9,00 de taxa). O ingresso deveria ser retirado na bilheteria do teatro, o que fiz na própria noite do show. Cheguei uma hora antes para fazer esta troca, pensando que estaria cheio. Acho que fui o primeiro a chegar no local. E o teatro não encheu para ver Chico César. Não sei qual o problema do Teatro Brasília, mas nos últimos dez espetáculos que fui assistir nele, nenhum deles teve lotação plena. Acho que a divulgação é falha.
Atrasaram um pouco para liberar o acesso ao teatro, o que retardou o início do show em vinte minutos.
Chico César trouxe para Brasília seu mais novo show: Aos Vivos Agora. Na verdade, é uma espécie de remake de seu primeiro show, Aos Vivos, que deu origem ao seu primeiro cd, na década de noventa. Nesta volta, ele não é acompanhado por banda. No palco, apenas o cantor com seus violões e um convidado especial, Dani Black, que o acompanha boa parte do show tocando guitarra e ainda apresenta, sozinho no palco, duas músicas de sua autoria.
Chico César é muito divertido, contando casos engraçadíssimos de shows que participou, e de como conheceu Dani Black. Ele disse que foi baby sitter de Black na época em que começava a fazer shows pequenos em São Paulo. Black é filho de Tetê Espíndola, que teria visto César e o convidado para visitá-la. Quando ele chegou na casa dela, Tetê pediu para ele tomar conta de seus filhos, uma menina e um menino, justamente Dani Black, com sete anos de idade, enquanto ela iria ao supermercado com seu marido fazer algumas comprinhas para a noite em que conversaram e se divertiram. Esta cena se repetiu várias vezes.
No set list de Aos Vivos Agora, os maiores sucessos do cantor paraibano, como Mama África, segunda música a ser cantada, À Primeira Vista, Benazir e Mulher Eu Sei. Esta última com direito à participação da plateia, quando Chico pediu coro separado de homens e de mulheres, ambos cantando "já fui mulher, eu sei". E todos os homens abriram o gogó nesta hora.
O espetáculo durou mais de duas horas, tempo em que Chico César dominou o palco e o público.
Belo show. Uma pena que o teatro não estivesse lotado. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

QUATRO DIAS EM ESTOCOLMO, SUÉCIA


De Helsinque para Estocolmo, o voo da SAS durou uma hora. Por causa do fuso horário, saímos da capital finlandesa às 09:25 horas e chegamos às 09:25 horas na capital sueca. Ainda no aeroporto, fizemos câmbio, já que a Suécia não adotou o euro como moeda, compramos um chip para nosso roteador móvel de wi-fi e adquirimos o Stockholm Card, o que nos garantiu acesso a vários museus, ao transporte público e a descontos em lojas. Contratamos um táxi no próprio aeroporto que nos levou para o Radisson Blu Royal Viking (Vasagatan 1), nosso hotel em Estocolmo por quatro noites (20 a 24 de maio de 2014). O ponto do hotel é excelente, encostado na estação central de trens, além de ser próximo a várias atrações turísticas da cidade, bem como da área comercial. Tudo em distância para percorrer a pé.
Estocolmo me surpreendeu em vários aspectos. Cidade organizada, limpa, cheia de museus, bons restaurantes (tem para todos os gostos, embora os preços sejam salgados). Fomos no meio da Primavera, época em que os moradores da cidade saem muito, aproveitando o pouco de sol que eles tem por ano. Os bares no final das tardes em que lá estivemos estavam sempre cheios, com muitos de pé nas calçadas fumando e com copos de cerveja nas mãos. Para nós, fazia um friozinho gostoso, quando durante o dia usávamos blusas de manga comprida e cachecol. Fazia uns 15º C. Para eles, era como se vivessem o alto verão: camisetas, shorts e sandálias havaianas nos pés.
Os suecos utilizam muito o transporte público (ônibus, barcos, bondes, metrô), mas o principal meio de locomoção da cidade é a bicicleta. Em frente à estação de trens ficavam estacionadas centenas delas.
Claro que em quatro dias não havia possibilidade de conhecer/visitar tudo o que a cidade oferece. Tivemos que escolher. A seguir, uma breve descrição dos locais que eu, Cláudia, Dora e Vera conhecemos em Estocolmo.
Câmara Municipal de Estocolmo - fomos a pé desde o hotel. O prédio é lindo por fora, em tom de tijolo. Para entrar, utilizamos o Stockholm Card. Somente com visita guiada. Preferimos a visita em inglês. Há folheto com informações em português sobre o prédio. A visita vale a pena. A primeira parada é no Salão Azul, que de azul não tem nada, pois o arquiteto mudou de ideia ao ver que o vermelho dos tijolos tinham uma beleza singular. É neste salão que ocorre a festa anual do Prêmio Nobel. Há uma interessante sala com tapeçaria de Tureholm, tecida na França no Século XVII. A visita termina na magnífica Sala Dourada, onde há um imenso mosaico de vidro e ouro formando a figura de Estocolmo, Rainha do Malaren, homenageada pelo Leste e pelo Oeste. Pausa para muitas fotos. Ao sair do prédio, fomos para a praça que fica atrás dele, de onde tiramos mais fotos das suas colunas. Na lojinha localizada no local, comprei um Dala. É um cavalinho de madeira, artigo muito vendido como souvenir da Suécia.
Palácio Real em Estocolmo - para entrar utilizamos o Stockholm Card. Fica em Gamla Stan, a parte antiga da cidade. É a sede oficial da monarquia sueca. Em exposição nos vários cômodos do palácio estão móveis e objetos de decoração dos Séculos XVIII e XIX. Ao sair, por porta distinta da que entramos, notamos uma movimentação intensa em frente ao palácio. Estava na hora da troca da guarda. Ficamos para ver a cerimônia. É um pouco demorada e cansativa.
Tyska Kyrkan - uma das igrejas localizadas na parte antiga da cidade. Muito utilizada para concertos musicais. Seu interior não me chamou a atenção, a não ser o seu órgão de tubos.
Gamla Stan - é a chamada Cidade Velha, onde se concentram os prédios históricos. As praças são aconchegantes, com muitos restaurantes pequenos ao seu redor. Há ruas dominadas pelo comércio, com muita loja de souvenires e artesanato local. Foi ótimo passear por suas ruas e becos.
Museu Nobel - também fica em Gamla Stan, perto do Palácio Real. Utilizamos o Stockholm Card para entrar. É um museu com muito texto, o que torna a visita um pouco demorada. E como não conhecíamos a maioria dos laureados com o Nobel (os que ganharam o Prêmio Nobel da Paz tem um museu próprio, que fica em Oslo, Noruega), tornou-se enfadonho rapidamente. Há uma parte interativa interessante que simula, a partir de respostas que o visitante dá, futuros prêmios. A lojinha do museu é tentadora.
Museu Nórdico (Nordiska Museet) - entramos com o Stockholm Card. Fica em uma área cheia de museus. A visita é muito educativa, pois conta a história da Suécia, por meio de objetos de decoração, no qual o design assume uma grande importância, do artesanato rústico, além de uma parte dedicada aos povos nórdicos, com suas tradições e costumes. Um módulo só com bonecas e brinquedos infantis e outro com mesas de jantar postas me chamaram a atenção. Fizemos a visita com um áudio-guia, disponibilizado gratuitamente na entrada do museu. Além da exposição permanente, que ocupa dois pisos do museu, havia uma mostra temporária no hall sobre a utilização de listras no design mundial.
Museu Vasa (Vasa Museet) - entramos também com o Stockholm Card. Fica quase ao lado do Museu Nórdico. Um dos mais interessantes museus que já visitei, pois construíram um prédio ao redor de um navio de guerra real que afundou nas águas que banham a cidade. Ele data de 1628, ficou mais de trezentos anos no fundo do mar, sendo resgatado por uma operação que exigiu tempo e dinheiro. É um dos museus mais visitados da cidade. O navio reina absoluto, com várias esculturas de madeira que o adornam. Algumas reproduções destas esculturas estão expostas para que o visitante tenha a noção de como eram suas cores. Visita muito interessante.
Museu Abba (Abba The Museum) - entrada paga. Chegamos de bonde ao local. Sensacional. Foi uma tarde muito gostosa. Divertimos muito em todos os setores do museu. Ele conta a história do grupo de música pop sueco que estourou em todo o mundo na década de setenta. Até hoje seus discos são muito comercializados e o grupo tem seguidores fiéis. No museu, cantamos em um karaokê, dançamos ao som de Dancing Queen, Vera cantou e dançou com o grupo em um palco, acompanhando as figuras em holograma, curtimos as músicas, vimos roupas, adereços, capas de todos os discos, instrumentos musicais e até a reprodução do estúdio de gravação. Ainda no museu há um hall da fama sueca, com fotos e objetos de grupos e cantores do país que fazem sucesso, como Roxette. Para sair, passamos, necessariamente, pela loja do museu, repleta de artigos que lembram o grupo.
Palácio Drottingholm - mais um que entramos com o Stockholm Card. Ele fica em local afastado, em frente a um lago, e tem um bem cuidado jardim à sua volta. Para chegar até ele, pegamos metrô e depois um ônibus, tudo com o Stockholm Card. É a residência oficial da família real sueca desde 1981. Percorremos as alamedas do parque por detrás do palácio e fizemos um visita guiada ao Slottsteater, um teatro pequeno, construído em 1766, ainda em atividade. A visita é somente guiada, feita por uma moça vestida com roupas da época da inauguração do teatro. Todo o palco é de madeira, com paredes decoradas pintadas à mão. O maquinário é também em madeira, operado a mão. Lindo.
Icebar by Icehotel - o primeiro e maior bar de gelo do mundo. Paga-se para entrar. O ingresso dá direito a um drinque. A permanência máxima é de vinte e cinco minutos. Antes de entrar, vestimos um pesado casaco, estilo poncho, sem mangas, e calçamos luvas de couro forradas com pele. O capuz também tinha pele. Tudo é feito de gelo no bar, desde bancos, paredes e o balcão, onde são servidas as bebidas à base de vodca, únicas que não congelam na temperatura do local. Música eletrônica ajuda a animar os frequentadores. Pedi um drinque de frutas vermelhas feito com vodca. Estava tão frio que nem senti o álcool. Parecia que estava tomando um suco. Obviamente que todo mundo que entra no bar quer registrar em fotos o momento. Para tirar as fotos, tive que tirar uma das luvas, o que fez minha mão ficar dura e doendo. Vi muita gente passar pela mesma situação. Ficamos apenas 18 minutos, pois ninguém aguentou mais. Afinal, o frio era de -7º C. Ao sair, fiquei sentado um tempo no saguão do hotel onde fica o bar esfregando as mãos uma na outra para que o sangue voltasse a circular normalmente. Cláudia e Dora foram ao banheiro para enfiar suas mãos debaixo de água quente. Gostei da experiência.
Além de conhecer todos estes locais, percorremos as ruas exclusivas para pedestres, onde concentra o comércio da cidade. Claro que aproveitamos que estávamos na terra da grife de fast fashion H&M para entrar em uma das suas muitas unidades na cidade.
Também fizemos um passeio de barco pelos canais que banham Estocolmo. Para o passeio, utilizamos o Stockholm Card. Neste tour aquático, vimos vários prédios históricos, como o que abriga a Ópera, o Teatro Real e alguns hotéis de luxo.
Ainda tentamos subir um famoso elevador que liga a parte baixa da parte alta da cidade, mas ele estava em reforma. A tal parte alta não tem atrativos, apenas uma agitada rua comercial, cheia de bares. Como fomos no final da tarde, estes bares já estavam com um bom público, majoritariamente jovens, bebendo cerveja. Ficamos em um bar/restaurante bem transado de comida japonesa.
Gostei muito de Estocolmo. Provavelmente retornarei um dia.
Deixamos a capital sueca na manhã de sábado, 24 de maio, quando pegamos um voo da SAS rumo à Oslo, capital da Noruega, prosseguindo nossas férias na Escandinávia.