Gosto de escrever contos e tenho publicado os que escrevi nos últimos tempos aqui neste blog. Tenho uma relação especial com os contos, por isso, aprecio muito um livro que reúne as histórias neste formato imaginadas pelos escritores. Lygia Fagundes Telles é um caso especial. Adoro tudo o que ela escreve, especialmente seus contos. Pek, meu querido amigo de Belo Horizonte, me presenteou com o livro desta escritora maravilhosa chamado Antes do Baile Verde, edição de 2009, publicado pela editora Companhia das Letras. Este livro foi originalmente publicado em 1970, mas eu ainda não o conhecia. A própria autora revisou os contos e decidiu retirar dois deles nesta nova edição, agora com dezoito histórias. Aproveitei minha viagem a Buenos Aires para fazer a leitura de Antes do Baile Verde.
A cada história lida, minha vontade era iniciar imediatamente a próxima. Os contos me envolveram de uma forma que há muito não acontecia comigo. São histórias distintas, todas ficcionais, com personagens que poderiam estar no nosso convívio diário. Todos são tranquilos no início da narrativa, nos transmitindo equilíbrio. No entanto, na medida em que avançamos na leitura, a harmonia aparentemente instalada vai se dissolvendo como açúcar em um forte café preto. A forma como Lygia escreve é incrível, fazendo com que o leitor se transporte imediatamente para dentro da história, ficando ali, no canto da sala, atrás do túmulo no cemitério, dentro de um cinema, observando a vida ou a mente de cada um dos personagens fluir naturalmente.
Ao final do livro, há uma reprodução de uma carta do poeta Carlos Drummond de Andrade para Lygia Fagundes Telles na qual ele define, de maneira muito lúcida e acertada, alguns textos da autora que foram publicados em jornais e ela mesma revisou em 1968 para publicação em livro: "Parece escrito de novo, mais preciso e ao mesmo tempo mais vago, essa vaguidão que é um convite ao leitor para aprofundar a substância, um dizer múltiplo, quase feito de silêncio".
Aceitei de pronto este convite e me aprofundei ao final de cada história, imaginando as sequências daqueles finais abertos, embora precisos.
Leitura obrigatória.
Obrigado pelo presente querido Pek.
literatura
Querido,
ResponderExcluirFico tão feliz que tenha se embriagado com a elegância, inteligência e precisa literatura da Lygia.
Como te disse, ela é minha escritora predileta, ao lado de Cecília Meirelles, que é linda na poesia e também mestre nas crônicas, e de Clarice Lispector, outra belezura. E se puder acrescentar uma quarta ela é, sem dúvida alguma, a Rachel de Queiróz.
Sou fascinado pela obra da Lygia, e Antes do Baile Verde foi exatamente seu primeiro texto que li. Daí não larguei mais e tenho quase todos os seus livros - acho que falta uns três para completar a coleção.
Beijos querido.