Acordei bem cedo na manhã da segunda-feira, dia 22 de dezembro de 2014, pois o guia Hoang nos pegaria no hotel às 8 horas para seguirmos nosso roteiro de viagem. Tomei o café da manhã, descendo, em seguida, para fazer o check out. Pedi para ficar com a chave magnética, pois coleciono chaves de hotel no formato de cartão. A recepcionista me disse que não poderia me dar. Perguntei o preço para ficar com a tal chave. Paguei 42.000 dongs (U$ 2) e guardei a chave. Hoang foi pontual. Saímos do hotel rumo a Halong Bay, ponto alto do turismo vietnamita, no horário. O percurso de Hanói até Halong Bay tem 170 quilômetros, mas dura cerca de quatro horas por causa do trânsito lento. No caminho, quando o engarrafamento se formava, nosso motorista foi alertado por outro que um caminho alternativo estava mais tranquilo. Hoang nos explicou que é normal os motoristas pedirem informações para outros sobre o trânsito no caminho. No trajeto, vimos muitos campos de arroz totalmente secos. Como estamos no inverno, não há água suficiente para o cultivo de arroz, motivo pelo qual os camponeses plantam cebola no local para aproveitar o terreno. Em alguns trechos, havia diques construídos pelos fazendeiros de arroz para a criação de peixes. Também vimos muitos incensos artesanais secando ao sol.
Pequenos vilarejos estão no caminho. As casas na beira da estrada têm altares dedicados a Buda na entrada. Muitos cemitérios aparecem ao longo da rodovia. Hoang explicou que os cemitérios de Hanói não mais comportam enterros. Como o budismo não aceita a cremação, aqueles que morrem são levados para as cidades onde nasceram para nela serem enterrados. Vimos dois cemitérios militares onde crianças limpavam os túmulos em lápide negra. São túmulos de soldados mortos na guerra do Vietnã cujas famílias são desconhecidas. As escolas incentivam as crianças a trabalharem como voluntários na sua limpeza, preservando a memória dos heróis de guerra. Com duas horas e meia de estrada, fizemos uma parada em um centro de artesanato construído pelo governo para pessoas com deficiência. A parada é providencial para ir ao banheiro. Ficamos meia hora por lá, pecorrendo os corredores repletos de artigos artesanais, como objetos de decoração laqueados, produtos em seda, bijuterias, pérolas, roupas, telas desenhadas em linha, em trabalho lindo e minucioso. Ninguém comprou nada, mas na parte de guloseimas, as mulheres do grupo fizeram a feira: biscoitos, doces, amendoins. Voltamos para a estrada. Durante todo o trajeto, a rede 3G funcionou perfeitamente, o que nos permitiu navegar na internet e nos comunicar com amigos pelo whatsapp. Chegamos em Halong Bay às 12:30 horas. Hoang nos deixou em frente ao nosso barco, chamado Âu Co. Quando compramos o pacote, não estávamos neste barco, mas a Odyssey Tours nos ofereceu, sem custos, um up grade para o navio mais luxuoso que opera na baía. Aceitamos imediatamente.
Hoang ficaria na cidade enquanto estaríamos navegando. Uma funcionária da companhia de cruzeiro identificou-nos, entregando um crachá com o número de nossas cabines. Ficamos todos no primeiro piso do barco. Minha cabine foi a de número 101. Em seguida, identificamos as nossas malas e entramos no lounge de espera para embarcar. Fomos recebidos com toalhinhas geladas e chá preto, enquanto líamos um papel com a declaração de que a empresa não se responsabilizaria por eventuais acidentes individuais ocorridos durante os passeios programados durante nosso cruzeiro. Nosso barco tinha quatro andares, sendo o mais alto de todos que estavam ancorados. Eles saem no mesmo horário. O embarque foi muito organizado. Uma mulher levantava uma plaquinha com o nome do barco e uma fila indiana com os passageiros a seguia para embarcar. Nosso embarque foi acompanhado por uma dupla de homens tocando tambor, enquanto dois outros balançavam bandeiras. Eles estavam usando roupas de seda bem coloridas. Eu e Vera fomos os primeiros a embarcar. Minhas malas estavam disponíveis na porta de minha cabine, que era a mais próxima da recepção. O barco tem apenas 32 cabines.
O barco zarpou às 13 horas. A primeira atividade foi no restaurante do barco, localizado no 3º piso, quando a responsável pelo cruzeiro apresentou a equipe, deu informações sobre segurança, sobre os passeios fora do barco e sobre os itens iclusos e não inclusos no pacote de três dias/duas noites do nosso cruzeiro. Em seguida, foi servido o almoço, um menu fechado, com cinco etapas:
1. The Au Co Signature salad with dragon fruit & phan thiet scallops - prato com linda apresentação. Uma salada com pitaya cortada em cubos, pepino, cenoura, passas e cebola, em molho cremoso adocicado, além de vieiras, que estavam cozidas além do ponto. A salada, servida dento de uma metade de uma pitaya, chamada por eles de fruta do dragão, seria mais saborosa sem as vieiras.
2. Black forest mushroom soup with tempura enoki mushroom - sopa de cogumelos negros com tempura de cogumelo enoki servida em um bonito bowl. O caldo era expesso por causa do excesso de gordura. Deixei quase tudo no prato.
3. Grilled minced Ha Long fish and corn on lemon grass - com mais uma bela apresentação, prato com dois bolinhos fritos feitos com milho e peixe oriundo da própria baía Ha Long. Um talo de capim-limão partia de dentro do bolinho para fora, formando uma haste para segurá-lo sem sujar as mãos de gordura. O bolinho tinha pouco tempero, mas quando apertei o talo do capim-limão, o seu líquido deu sabor a ele.
4. Chicken roulade with onion cream sauce served with mashed sweet potatos, glazed carrots & morning glory - peito de frango empanado, recheado com queijo, servido sobre uma cama de creme de cebola, acompanhado por purê de batata doce, cenoura glaceada e um molho verde. Frango tenro, com bom tempero. O purê de batata doce estava muito gostoso. O melhor prato do menu.
5. Passion fruit panna cotta & dark chocolat tart - uma panna cotta sem graça, com calda de maracujá ácida além da conta. Não experimentei a tortinha de chocolate porque as minhas amigas disseram que a massa era muito ruim.
A apresentação dos pratos foi mais interessante do que o sabor. Brindamos com champagne Tatinger Brut. Durante o almoço, ainda tínhamos acesso à internet. Tiramos várias fotos dos pratos e da paisagem, quando as primeiras formações rochosas apareciam no nosso horizonte. Todos nós enviamos as fotos por whatsapp ou postamos nas redes sociais ,com exceção de Silvana, que dizia que preferia postar mais tarde, por causa do fuso horário. Mal ela sabia que ficaríamos sem sinal logo depois do almoço.
Às 15 horas saímos em um tender (um pequeno barco com motor) para conhecer a maior caverna da região. O que mais foi alertado pelos funcionários do barco era o número de degraus que venceríamos na caverna, cerca de setecentos, entre subidas e descidas. Falaram isto várias vezes. A maioria dos passageiros fez este passeio. Ninguém entra no tender sem um colete salva-vidas, disponibilizado pelos funcionários do barco. Também nos deram uma garrafa de água mineral para o passeio. Levamos cerca de dez minutos do barco até o pier que dá acesso ao início das escadas para a caverna. Antes de subirmos, nova preleção sobre a quantidade de degraus. Chegamos junto com outros pequenos barcos, formando uma razoável quantidade de pessoas, o que causou um congestionamento nos degraus. Levamos cerca de quarenta e cinco minutos para percorrer as três câmaras da maior caverna seca da região. A primeira câmara é pequena, sem muita beleza. Já a segunda, aumenta consideravelmente de tamanho, com iluminação natural e articificial, realçando as formas que tomavam as estalaguitites e estalaguimites. Mais à frente, a terceira câmara se revelou enorme com belas paisagens rochosas. Uma rocha no formato de tartaruga era ponto de parada. Todo mundo colocava a mão na pedra que formava a sua cabeça e alguns jogavam dinheiro no corpo dela. Não soube o que significava aquele ritual, mas, por via das dúvidas, também coloquei minha mão na pedra. A vista que se tem da baía quando saímos da caverna, bem no alto da pedra, é sensacional, motivo do aglomerado de gente que se formava no pequeno deque para tirar fotos. Fui rápido para achar um lugar, tirei algumas fotos e continuei a descer as escadas até o pier de onde embarcamos no tender rumo ao nosso barco.
Assim que chegamos de volta ao barco, fui dormir. Estava muito cansado, pois a noite anterior não tinha pregado o olho. Vera e Silvana foram fazer massagem. No restaurante rolava uma demonstração de culinária. Ninguém do nosso grupo acompanhou esta demonstração. Aproveitei as duas horas que tínhamos até o jantar para dormir e tomar um excelente banho. Por falar nisto, nunca vi um banheiro tão grande em um barco. Box enorme, água pelando. Muito bom.
Voltamos a nos reunir às 19:30 horas, horário do jantar. Mais um menu com cinco etapas:
1. Cold crystal spring rolls with local crunchy vegetables and sea food pan cake - rolinhos primavera feitos com uma massa de arroz quase transparente, recheada com vegetais crus. Para comê-los era melhor mergulhá-lhos no molho de peixe feito com vinagre de arroz servido à parte. Acompanhava o prato um insosso omelete de frutos do mar.
2. Special red rice noodle with river crab broth, tofu, rolled pork with piper leaf - sopa de noodles feito de arroz vermelho com pedaços de carne de caranguejo, carne de porco, queijo tofu e folhas de menta. Novamente achei o caldo da sopa expesso demais por causa da gordura. Não gostei da carne de porco.
3. Lemon leave steamed prawns served in a pineapple - o prato mais bonito. Dez camarões grandes cozidos no vapor espetados em um abacaxi iluminado internamente por uma vela. Para comer o camarão, utilizei a mão para descascá-lo. Uma providencial cumbuca com uma lavanda foi colocada na mesa para limpar nossas mãos ao término deste prato. O camarão estava cozido no ponto ideal, com sabor levemente adocicado.
4. Grilled sea bass with galangal sauce served with lotus rice and sautée pok choi - peixe branco grelhado servido com arroz branco recheado de pedaços da flor de lotus e acelga sautée. O peixe tinha espinhas e estava com gosto de maresia. Deixei tudo no prato, só comendo o arroz branco, daqueles bem grudados, sem nenhum tempero, que adoro e a acelga.
5. Black sticky rice with yoghurt and fruits flambe - arroz doce bem mole por causa do iogurte com o qual é feito, encimado com uma calda de frutas vemelhas, acompanhado de frutas flambadas. Gostei muito desta sobremesa, diferente de Vera, que a achou demasiadamente aguada.
Para acompanhar o jantar, abrimos um champanhe que Vera e Cláudia tinham comprado no aeroporto de Doha, um Moet Chandon Rosé. Para usar o serviço de restaurante do barco, foi cobrado U$ 15 de rolha. Ainda bebemos durante o jantar o vinho tinto francês E. Guigal.
Resolvemos ficar no deque do terceiro andar após terminarmos de jantar. Cada um se embrulhou em uma manta disponibilizada pelo barco, sentamos ao redor de uma mesa, pedimos mais um vinho tinto, o italiano Banfi Col di Sasso, cabernet sauvignon/sangiovese, e ficamos a conversar até o sono chegar. Fui para o quarto às 23 horas, enquanto Lívia e Vera se uniram a alguns poucos passageiros na pescaria que acontecia no primeiro piso, em varanda ao lado da recepção.
Deitei e dormi rapidamente.
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