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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

HALONG BAY - SEGUNDO DIA

O dia 23 de dezembro foi todo dedicado a Halong Bay. Mesmo estando acordado desde cinco horas da manhã, continuei na cama quando começava a aula de tai chi chu an no deque do barco, perto de 6:30 horas. Vera e Lívia foram e tiraram belas fotos do nascer do sol. Conforme tínhamos combinado, cheguei ao restaurante para o café da manhã à 8 horas, pois a primeira atividade externa do dia teria início às 9 horas, horário em que estávamos prontos, com colete salva-vidas, para embarcar no tunder que nos levaria até a entrada de uma vila de pescadores flutuante. O trajeto durou uns dez minutos. No deque, uma integrante da tripulação fez uma pequena explanação sobre a região, mostrando em um mapa como seria o nosso passeio a partir daquele ponto. Barcos feitos de bambu, parecidos com canoas, estavam aguardando o nosso embarque. Cada um destes barcos comporta entre quatro e seis pessoas, além do condutor. A indicação era para ir quatro pessoas em cada barco. Pedimos para ir em um barco maior, já que éramos cinco, o que foi prontamente aceito. Fomos o segundo grupo a embarcar. Nosso barco tinha três tiras de madeira que serviam de bancos no centro, enquanto uma senhora, protegida com aqueles chapéus feitos com palha de arroz, em formato de cone, que temos em nosso imaginário quando ouvimos falar no Vietnã, ficava na parte de trás segurando dois remos. Durante todo o tour, que dura cerca de quarenta e cinco minutos pelas calmas e verdes águas da baía, nossa remadora ficou em pé. Ao lado da entrada desta vila flutuante há uma fazenda de cultivo de ostras, cujo objetivo eram as pérolas. Não chegamos a entrar na fazenda, pois ela não integra a vila.
A área é protegida pela Unesco, que a considerou Patrimônio Natural da Humanidade. Para evitar a sujeira, muitos pescadores flutuantes foram realocados em terra firme. Pelo que entendi, apenas um vilarejo flutuante ainda existe, justamente o que estávamos visitando. As condições de vida são muito simples. Não há energia elétrica, telefonia ou serviços públicos. Os pescadores vivem em pequenas casas flutuantes, todas feitas em madeira. Para energia, usam geradores. A fonte de renda vem da pescaria que praticam. Para alimentação, roupas e produtos que necessitam, compram em barcos que chegam até o local, quando aproveitam para vender o excesso da pescaria. Escolheram viver naquele local porque as pedras os protegem de ondas, pois a água é parada, os protegem dos ventos, pois as pedras impedem a entrada dos fortes ventos que vêm do oceano. Quando chegamos perto de uma pedra furada que dá acesso ao mar aberto, sentimos o vento frio que de lá vinha. O terceiro motivo é a abundância de peixes e frutos do mar no local. Como eles não praticam uma pesca predatória, existe a certeza de que vão conseguir pescar alguma coisa. Mas é a paisagem o que mais chama a atenção. A calma do lugar, o silêncio, a altura das pedras e o verde que nelas se exibe fazem do local um paraíso na terra. O lixo produzido pelos pescadores é colocado em uma casinha de madeira, localizada em terra firme, onde periodicamente o sistema de coleta de lixo do governo o recolhe. As casas dos pescadores não estão todas juntas. Ficam espalhadas entre as pequenas baías e braços de mar que se espalham pelo lugar. Para reuniões e encontros festivos, há uma casa maior, também flutuante. Vimos gente que vive em pequenos barcos, bem menores do que as casas. As crianças apenas aprendem a ler e escrever o básico e quando chegam em terra firme, têm dificuldades de se integrarem nas escolas. A rotina delas é a pescaria ao lado dos pais. Em duas casas havia cachorro. Durante o passeio, tiramos dezenas de fotos, incluindo algumas com o chapéu cônico na cabeça, pois em todos os barcos há tais chapéus disponíveis para os turistas tirarem fotos. Não é brinde. Voltamos para o local da partida, dando uma gorjeta para nossa remadora no total de 100.000 dongs (cerca de U$ 5). O que me chamou a atenção era como a mulher era forte, pois aguentou remar o barco durante quase uma hora, sem parar, sem alterar o ritmo e sem emitir uma palavra sequer. Sua pele do rosto era muito enrugada, parecendo uma velhinha, mas creio que seja por causa do sol que eles pegam diariamente. Segundo a funcionária de nosso barco, as remadoras (a maioria era mulher) utilizam o dinheiro que ganham de gorjeta para comprar livros para melhorar a educação das crianças. Embarcamos novamente no tender e retornamos para o barco.
Quando chegamos ao nosso barco, eu, Vera e Silvana pegamos uma manta para nos proteger do frio, ficando no quarto e último andar, deitados em espreguiçadeiras de palha, conversando e apreciando a paisagem. Lívia e Cláudia foram fazer massagem. Quando as duas se juntaram a nós, o tempo estava nublado, ameaçando chuva. Decidimos tomar um vinho. Escolhemos para a ocasião o tinto neozelandês Villa Maria. Assim que brindamos, sentimos alguns pingos de chuva e descemos para o andar de baixo, onde havia como se proteger. Logo anunciaram no sistema de som que o almoço seria servido. E eles são muito rígidos em relação a todos estarem a postos no restaurante no horário marcado, pois era sempre a ocasião de passar informações e de dizer como seria o programa do turno seguinte. Para a parte da tarde, havia um passeio em Viet Hai, um vilarejo que fica em terra firme, perto de uma parque nacional. Havia quatro modos de fazer o passeio: de bicicleta, cuja duração era de duas horas (ida e volta) com direito a subidas e caminhos estreitos; a pé, com duração de uma hora até o vilarejo; de moto, quando um condutor levaria cada um que escolhesse tal opção, cuja duração era de quarenta minutos; e de carro elétrico, tipo aqueles usados em campos de golf, cuja duração era de vinte minutos até o vilarejo, comportando até nove pessoas em cada carro. Os caminhos dos quatro passeios eram diferentes entre si. Para os dois últimos havia um adicional. Para a moto, U$ 5 por pessoa, enquanto para o carro elétrico, U$ 4 por pessoa. Escolhemos a última opção.
Mais uma vez foi servido um menu de cinco etapas no almoço, o melhor deles na opinião de nós cinco, que acompanhamos com uma segunda garrafa do mesmo vinho neozelandês que começamos a tomar antes. Eis os pratos do menu:
1. Banh Xeo - é uma panqueca vietnamita, com massa amarela frita feita de milho, recheada com pedaços de frango, camarão, broto de feijão e vegetais. Três papéis de arroz cortados em formato de cone acompanhavam o prato. Parte-se a panqueca em tiras, coloca-se um pedaço no papel de arroz juntamente com vegetais crus cortados em tirinhas finas, enrola-se, mergulha-se em um potinho que tinha o caldo feito com vinagre de arroz e molho de peixe e leva-se à boca. Muito bom.
2. Pumpkin cream soup with star anise infusion - sopa de abóbora moranga bem cremosa, servida quentinha, com leve sabor de gengibre. Sensacional.
3. Banana flower salad with steamed squid - uma salada com lula cozida no vapor cortada em tiras, salpicada de um tipo de trigo, e misturada com tirinhas finas de cenoura e repolho. A flor de bananeira dá o toque exótico ao prato, mas o seu sabor trava na boca. Não comi a flor inteira. Gostei da salada, que ficou melhor ainda quando regada com azeite.
4. Stewed beef shank with five spice served with seasonal vegetable and ginger rice - carne de panela, ou seja, músculo cozido servido com um molho que levou cinco especiarias, cujo sabor levemente adocicado me lembrou canela. Foi servido com uma espécie de mandiopã, só que feito com massa de arroz, por chuchu levemente cozido e por um arroz grudento, que adoro, temperado com gengibre, o que lhe conferiu uma coloração amarela. 
5. Crème brulé & steamed banana cake with coconut - um potinho com creme brûlé, que não tinha nada de excepcional, e um pedacinho de uma torta de banana quase madura, feita no vapor, regada com um molho a base de coco. Gostei mais da torta de banana.
Nem bem terminamos de almoçar e já éramos chamados para o passeio em terra. Nossso tender foi o último a sair. 18 pessoas escolheram o passeio de carrro elétrico, que já nos aguardava no deque onde desembarcamos. Durante o trajeto, nada além da vegetação local, com exceção de uma abandonada fazenda de cultivo de peixes, onde paramos para fotos, pois o reflexo da pedra na água verde rende excelentes fotografias. Ao chegar no vilarejo de Viet Hai, paramos em uma casa, onde sentamos na varanda para ter uma explicação sobe a ilha, seus moradores, que são oriundos das famílias que viviam nas vilas flutuantes, o que cultivavam, quando soubemos que alguns alimentos consumidos em nosso barco vêm daquela comunidade, além de informações sobre o macaco em extinção que só podia ser encontrado ali, mas que não o veríamos, pois são muito poucos e viviam na área protegida do parque nacional que existe no centro da ilha. Depois desta mini palestra, acompanhamos a guia pelo vilarejo. O passeio é o maior mico. Totalmente dispensável.
Quando retornamos para embarcar no tender, pagamos 350.000 dongs (U$ 20) para o motorista do carro elétrico, valor correspondente ao extra por termos escolhido esta forma de fazer o passeio. De volta ao navio, não quis saber de mais nada. Fui dar um cochilo, enquanto rolavam mais duas atividades externas: passeio de caiaque e natação. Nenhuma da duas me apeteceu. Só saí da cabine novamente por volta de 19:15 horas, quando foi servido o último jantar a bordo. Desta feita, um buffet barbecue, com serviço self-service. Comi apenas arroz frito, espetinho de porco com pimentão e camarão cozido no vapor, embora houvesse bem mais opções. Compartilhamos mais uma garrafa de champanhe Moet Chandon Rosé, cuja rolha pagamos U$ 15, e o vinho tinto australiano feito com a casta shiraz chamado DB (De Bortoli), cuja garrafa continuamos a beber no deque externo após o jantar, devidamente protegidos com uma manta.
Fui dormir às 23 horas, pois meu olho estava custando a ficar aberto de tanto sono.

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