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quarta-feira, 30 de junho de 2010

MERCADO VER-O-PESO

No intervalo do almoço desta quarta-feira, após almoçar no premiado restaurante Lá Em Casa (Estação das Docas, Galpão 2), onde apreciei um prato com ingredientes da culinária paraense (brochete de filhote com cebola, pimentão e tomate, acompanhado de arroz de maniçoba, farofa de farinha d'água e feijão manteiga de Santarém), aproveitei o tempo livre e a proximidade para, enfim, conhecer o famoso e aclamado Mercado Ver-O-Peso. Já tinha estado antes em Belém, mas nunca tinha entrada no mercado, apenas passado, de carro, na rua onde ele fica. Confesso que não me atraiu quando o vi pela janela do carro. Apenas uma grade separa a Estação das Docas do mercado, mas a diferença de público é brutal. Enquanto a presença de pessoas oriundas da classe média é dominante no espaço gastronômico às margens da Baía do Guajará, o mercado tem um público de classes econômicas mais pobres. Ele é densamente popular. São várias tendas, também às margens da mesma baía, vendendo de tudo: frutas, legumes, hortaliças, ervas para fins culinários, ervas para fins terapêuticos, ervas para fins religiosos, artigos falsificados aos montes, peixes de rio e de mar, almoço, lanches e artesanato. O movimento, segundo me informaram, é maior no início da manhã, mas na hora em que lá estava, as barracas que vendem comida pronta estavam bem cheias, pois o centro comercial e administrativo da cidade é nas imediações do mercado. Há setores distintos, facilitando a vida de quem procura apenas um tipo de produto. Saindo da Estação das Docas, há a tenda dos produtos importados (a maioria esmagadora é falsificação tosca, especialmente de roupas esportivas), depois a de comidas (lanchonetes e restaurantes populares, com bancos ao redor do balcão). Em seguida, a de frutas, depois a de galinhas vivas, legumes e hortaliças. Há, logo então, uma construção que abriga o Museu do Índio do Pará. Depois, a tenda de todas as ervas, com senhoras afirmando para o potencial freguês que sua barraca tem as ervas certas para vários tipos de curas, inclusive espirituais. Na calçada mais próxima ao rio, artigos de artesanato. Ao final, a construção de ferro pintada de azul que sempre aparece nas fotos do Ver-O-Peso, abriga os feirantes que vendem os peixes frescos que chegam diariamente no local, desembarcados ali mesmo, nas docas do mercado. Não consegui entender o que encanta tanto as pessoas de fora da cidade, porque achei tumultuado, chato de andar entre as barracas, quente, imundo, sem nenhuma preocupação com a higiene (moscas pousavam tranquilamente nas comidas expostas), fedorento. Cascas de frutas pelo chão, penas de galinha, sujeira da limpeza dos peixes, e ainda vi um jovem urinando no rio, sem se preocupar com as pessoas em volta. Para piorar, no braço de rio que adentra em direção à Praça D. Pedro II, onde os barcos de pescadores ficam ancorados, há uma concentração de urubus atraídos pela carniça ali deixada. A região é bonita, cheia de prédios com azulejos, herança da colonização portuguesa, a estrutura metálica do mercado é original, sua localização às margens da Baía do Guajará é ótima, mas o local é mal cuidado. Conheço mercados em outras cidades que conseguiram ser limpos e bonitos, sem perder suas características, como o Mercado Municipal de Belo Horizonte, o Mercado Municipal de São Paulo, Mercado de Barcelona, o Mercado Municipal de Porto Alegre, o Mercado Municipal de Florianópolis. Fiquei decepcionado com o Mercado Ver-O-Peso de Belém, embora posso destacar que as barracas de ervas exalam um cheiro agradabilíssimo e a variedade de frutas amazônicas é uma explosão de cores e aromas. Os guias escritos que indicam o mercado como visita obrigatória para os turistas alertam para os cuidados que devemos ter com nossos pertences, mas não vi nenhum roubo no local enquanto lá estive. É claro que em local de grande concentração de pessoas, sempre é bom tomar cuidado, em qualquer cidade do mundo. Há uma unidade da Polícia Militar e uma da Guarda Municipal instaladas na região.

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