Bando à Parte (Bande à Part), 1964, 95 minutos.
Direção de Jean-Luc Godard, tendo como protagonistas Anna Karina (Odile), Claude Brasseur (Arthur) e Sami Frey (Franz).
Mais um filme de Godard revisto para as aulas do Clube de Análise Fílmica, cujo foco de novembro foi justamente o cineasta francês, que completou 91 anos neste 03 de dezembro de 2021.
Nesta nova experiência, claro que novas nuances foram por mim observadas, muitas delas graças às já citadas aulas do clube.
Acho que foi a quarta vez que vi este filme e minha opinião quanto ao conteúdo continua a mesma desde a primeira vez: o filme é muito chato.
Uma história de Franz e Arthur, dois assaltantes, jovens, que se unem a Odile, uma também jovem, todos frequentadores da mesma aula de inglês, para assaltar a casa onde vive Odile, pois nela, um tal Sr. Stoltz (não fica clara no filme a relação de Odile com tal personagem), guarda uma quantia considerável de dinheiro. Os três nem traçaram um plano para realizar o assalto, partindo para a ação, resultando em trapalhadas, desacertos, atos não pensados e frustrações.
Parece que a preocupação de Godard era fazer inúmeras citações, muitas delas literárias (leitura de Romeu e Julieta em sala de aula do curso de inglês, ou Arthur dizendo para Odile que seu sobrenome era Rinbaud, por exemplo), que não necessariamente são totalmente percebidas pelos que assistem ao filme. Também é muito preocupado com a forma, com os enquadramentos, com as citações que indicam ações que acontecerão ao longo do filme, pela luz (o filme é rodado em P&B), com a homenagem aos filmes de gangsters do cinema norte-americano. Com tanta preocupação, o roteiro acaba ficando para escanteio: é fraco e bobo.
Anna Karina começa com uma interpretação suave, quase inocente, para fazer uma performance exagerada, forçada mesmo, quando todos estão na casa para roubar o dinheiro. Algo meio teatral, um overacting.
Para não ficar só no que não gostei, a melhor cena acontece com os três personagens em um bar, jogando conversa fora, até que um deles diz que não tem mais nada para falar, momento em que Odile propõe um minuto de silêncio. O diretor corta totalmente o som, e ficamos na agonia dos segundos passarem. Uma clara crítica à juventude francesa da época. Após o silêncio, vem uma deliciosa dança dos três com passinhos ensaiados, lembrando-me dos bailes que frequentava na minha adolescência.
Há uma cena desnecessária, que não agrega nada à trama, que hoje seria cravada de críticas e cancelamentos: Arthur, caminhando com Odile, imita como um conhecido seu anda, pois é deficiente físico. E há cenas de puro machismo no comportamento de Arthur e Franz para com Odile.
Também tem um que de elitismo europeu. No diálogo final, Odile e Franz se preparando para viajar, ela pergunta se no Brasil há leões, cuja resposta de Franz é positiva, mas de forma irônica. Termina a projeção, uma voz em off indica que o próximo filme seria as aventuras de um casal francês nos trópicos, em CinemaScope e Technicolor. Na época, os filmes que atraíam multidões aos cinemas eram aqueles rodados com estas duas tecnologias.
Vi, em 02/12/2021, em DVD.
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