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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

NÃO OLHE PARA CIMA (DON'T LOOK UP)

Não Olhe Para Cima (Don't Look Up), 2021, 138 minutos.

Direção de Adam McKay, contando com um super elenco: Leonardo Di Caprio, Jennifer Lawrence, Merryl Streep, Cate Blanchet, Rob Morgan, Jonah Hill, Timothée Chalamet, Mark Rylance, Tyler Perry, Ron Perlman, Ariana Grande, Himesh Patel, entre outros.

Desde o dia da sua estreia em streaming, em 24/12/2021, é o filme mais comentado pelos perfis das redes sociais que acompanho. Há muitos falando bem e outros tanto falando mal.

Desculpe-me aqueles que falam mal, mas parece que vocês não entenderam a sátira ou se sentiram atingidos (jornalistas, entre eles).

O filme é uma tragicomédia, que satiriza bastante o mundo superficial das redes sociais, onde aparecer conta mais do que a preocupação de uma iminente colisão de um cometa com a Terra. Também arrasa com os negacionistas, com as empresas de ponta de tecnologia (representando o sempre predador sistema capitalista), que sempre miram em seus lucros bilionários, com os políticos que fazem de tudo para se perpetuar no poder, ou, no mínimo, se dar bem enquanto o poder está em suas mãos. Isso sem falar na crítica à imprensa, sempre aliada do capitalismo, e uma alavancadora/perpetuadora da ignorância da população. Outro ponto a destacar na ironia proposta pelo roteiro é a praga que se instalou no mundo de que tudo tem que ser visto pelo lado positivo, pela animação e alegria constantes (trabalho de coaching, que abomino...).

Mas a forma irônica que ele utiliza em sua narrativa, nem sempre será assimilada por todos, especialmente pelos negacionistas, pois alguns deles estão utilizando o filme para confirmar suas teses absurdas de direito à liberdade de não se vacinar, por exemplo.

Como o filme é recheado de estrelas de Hollywood, com muitos multiplamente premiados nas categorias de melhor ator/atriz, era se esperar excelentes performances. No entanto, tais performances de excelência não preenchem toda a narrativa, se limitando a alguns momentos da projeção.

Não é um grande filme, não traz novidades em quesitos de cinema em si (muito padronizado), mas é bem filmado, tem bons diálogos, faz rir e sentir raiva ao mesmo tempo, não traz final previsível, tem duas ótimas cenas pós créditos, com muita ironia e bom humor. É um retrato do nosso mundo contemporâneo, especialmente do Brasil.

Ao finalizar o filme, acabei por me lembrar da música Panis et Circense, dos Mutantes:

Mas as pessoas da sala de jantar
Essas pessoas da sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Enfim, vale muito assistir.

Disponível na Netflix.

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