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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

CAZUZA PRO DIA NASCER FELIZ O MUSICAL

Desde a estreia de Cazuza Pro Dia Nascer Feliz O Musical, no Rio de Janeiro, tive muitas oportunidades para conferi-lo, mas nunca conseguia comprar ingresso. Sempre esgotado. Quando soube que o musical começaria a viajar pelo Brasil, fiquei atento à agenda. Para minha sorte, eu estaria em Brasília quando de sua passagem pela capital federal, no mês de maio. Assim que começaram a vender, garanti meu ingresso. Cazuza Pro Dia Nascer Feliz O Musical inauguraria o Teatro Net Brasília. Imaginei que a Net estamparia seu nome e sua logo em um teatro confortável, como é no Rio de Janeiro e agora em São Paulo. Qual não foi a minha surpresa quando cheguei ao teatro. Ele funciona no mesmo local onde outrora funcionaram o Marina Hall e o Ópera Hall. Não alteram praticamente nada. Além do novo nome, apenas colocaram um poderoso ar condicionado. E o barulho deste aparelho atrapalhou as cenas mais intimistas do espetáculo. Ao entrar no imenso salão, todos os defeitos de sempre estavam lá presentes: teto baixo, péssimo tratamento acústico, palco mal iluminado e dificuldade para sair, devido ao aglomerado de gente, além do engarrafamento que se forma na hora de ir embora, pois o acesso ao teatro é estreito, não dando vazão ao fluxo de carros. Para piorar, há aqueles que se julgam espertos e trafegam na contra-mão. Voltando ao musical, as cadeiras dispostas para o público eram simplesmente horríveis. Um espetáculo com mais de duas horas de duração merecia uma cadeira bem mais confortável. Este desconforto foi, inclusive, citado na fala do ator principal em uma das cenas. Ainda bem que o musical vale muito o ingresso pago. O texto de Aloísio de Abreu não deixa nada de fora, diferentemente do que vimos nas telonas no filme dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho (Cazuza O Tempo Não Pára, 2004) que conta a história deste poeta-cantor do pop-rock brasileiro. A relação com os pais, o uso de drogas, a homossexualidade, a relação com os integrantes da banda Barão Vermelho, o namoro conturbado com Ney Matogrosso (totalmente omitido no filme). Tudo relatado e mostrado de forma direta, natural, sem firulas. A direção de João Fonseca é segura e deixa fluir a história tranquilamente, mesmo em momentos mais densos, muito tristes. O destaque maior é para o ator Emílio Dantas, que incorporou o cantor de corpo, voz e alma. Vê-lo no palco, para quem teve a oportunidade de ver um show de Cazuza ao vivo, me deu a sensação de estar ouvindo e vendo o próprio cantor. Dantas é ótimo do primeiro ao último minuto do espetáculo. Ele é tão bom que suplanta todas as deficiências dos demais atores em cena, como Marcelo Várzea, que interpreta João Araújo, o pai de Cazuza, cuja interpretação não convence. São vinte e nove músicas muito bem posicionadas ao longo do espetáculo, onde os grandes sucessos do Barão Vermelho na fase Cazuza, bem como aqueles de sua carreira solo, estão presentes. Ao final, não há como deixar as lágrimas escorrerem pelo rosto. Como diz a música, o poeta está vivo.
Quanto ao Teatro Net Brasília, definitivamente não é um lugar para receber espetáculos que exigem uma plateia assentada. Lugar próprio para shows com público em pé, mesmo assim com necessidades reais de melhorias.

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