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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

MISANTHROFREAK - CENA CONTEMPORÂNEA 2014

Início da noite de domingo, dia 24 de agosto de 2014. Pouco antes das 19 horas eu já estava na fila para entrar no Teatro Goldoni para conferir mais uma atração do Cena Contemporânea 2014. Era a peça Misanthrofreak, montagem do Grupo Desvio (DF), com atuação, direção, luz e som de Rodrigo Fischer. Mais uma vez, sala completa para ver Fischer em cena. Inspirada em Samuel Beckett, a peça tem pouco menos que uma hora de duração. O ator já estava em cena quando o público começou a entrar e se acomodar nas cadeiras do local.
Dois telões, uma parafernália de equipamentos eletrônicos, papéis A4 espalhados pelo chão, uma boneca inflável, uma mala, um balão prateado em forma de coração, e alguns brinquedos compõem o cenário. Fischer vestia um figurino que me lembrou Carlitos (parafraseando a música de João Bosco e Aldir Blanc, O Bêbado e A Equilibrista). Não há muito texto. O que vale é a movimentação do ator em cena, de sua interação com os equipamentos eletrônicos, com as imagens que rolavam nos telões, com a plateia, e o seu trabalho de corpo. Mesmo com pouco texto, é super compreensível o que se quer passar. No palco, Fischer lida com questões profundas do mundo individualista em que vivemos. Medo, solidão, fracasso, insegurança, sonhos, entre outras questões, são mostrados de forma poética, com humor, o que permitiu uma perfeita sinergia com o público. As referências cinematográficas acontecem a todo o instante, seja no próprio figurino do ator, seja na sua forma de atuar como se estivesse em um filme mudo, seja nas muitas cenas de beijos projetadas no telão, enquanto ele aborda, dança e transa com a boneca inflável. A cena é ao mesmo tempo poética, engraçada e triste.
Um providencial karaokê em que o ator participa termina com a participação natural da plateia.
Há uma cena sensacional, quando ele declara seu amor por alguém que assistia ao espetáculo (no dia, pareceu-me que era um ator estrangeiro de uma peça integrante do festival) e o leva para o altar, com direito a troca de alianças (um enorme anel azul de plástico), enquanto outra pessoa do público segurava uma câmara do cenário, filmando a cerimônia, com transmissão ao vivo para nós do público. É divertida, mas também serve para refletir sobre as nossas dificuldades em tratar certos temas em público.
Gostei muito do que vi. 

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