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sábado, 30 de agosto de 2014

NOCTILUZES - CENA CONTEMPORÂNEA 2014

Festival Cena Contemporânea 2014, décimo primeiro dia, sexta-feira, 29 de agosto. Chegou a vez de Noctiluzes, outra montagem brasiliense na programação do festival. Teatro Goldoni, 19 horas. A peça já tinha estado em cartaz no Teatro II do CCBB, no primeiro semestre deste ano. Em cena, a Cia Plágio de Teatro. Quando li que era uma encenação de texto do argentino Santiago Serrano, fiquei empolgado, pois gostei muito de dois textos dele que já foram encenados por atores de Brasília, Dinossauros e Fronteiras. Ambos poéticos, ambos com personagens que não se conhecem, ambos com reflexões profundas sobre o ser humano, suas decepções, desilusões e sua necessidade de interagir com outros.
Noctiluzes me instigou mais ainda por ser um texto escrito por Serrano para o grupo brasiliense.
Em cena, os atores Chico Sant'Anna, que dá vida a um cego; Sérgio Sartório, responsável também por tradução e direção, que interpreta um homem que precisa cumprir uma promessa feita para a esposa; e Vinícius Ferreira, vivendo um homem desiludido. Nenhum dos três se conhece, mas estão no mesmo píer de uma cidade portuária que não mais recebe navios. É noite. Cada um está no píer por motivos que só eles sabem e não querem, a princípio, compartilhar seus medos e segredos com ninguém. Ao longo dos cerca de 80 minutos de duração do espetáculo, surpresas e reviravoltas pontuam a história, deixando o público cada vez mais ligado. As tiradas do cego são sensacionais.
A poesia de Serrano continua presente neste texto, assim como a discussão da solidão, da falta de solidariedade, mas também tem a construção de elos fortes de amizade, mesmo entre desconhecidos, a comunhão em prol de um bem comum.
As interpretações dos atores estão em ponto certo, sem arroubos gestuais, em perfeita comunhão com a situação. O cenário, simples, mas carregado de significados, também é digno de nota. Gostei muito.

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