Ainda na noite de quinta-feira, dia 28 de agosto de 2014, após ter conferido Adaptação no CCBB, fui para o Teatro Funarte Plínio Marcos, onde acontecia a estréia de Tomorrow, montagem do grupo escocês Vanishing Point Theatre Company. Quando lá cheguei, uma fila enorme já se formava para entrar. Encontrei-me com Hélida G. e André P. e ficamos batendo papo sobre as peças que já tínhamos visto até então dentro da programação do Cena Contemporânea 2014. Tomorrow é a primeira co-produção do festival. Muita expectativa, ainda mais que um ator brasiliense, William Ferreira, estaria em cena. Teatro completamente lotado. O calor de sempre na sala de espetáculo, já que lá não tem ar condicionado. Antes de iniciar, o diretor da peça, Matthew Lenton apareceu no palco para um recado ao público. Disse que a peça seria falada em inglês, com legendas em português, e que algumas falas não seriam traduzidas, o que era normal, não seria uma pane no sistema de legendagem. Os atores improvisavam em cena. Disse para a plateia prestar atenção no que ocorria no tablado, seria tudo perfeitamente entendível. Informou, ainda, que figurino, aparelhos de iluminação, entre outros objetos, ficaram retidos na alfândega brasileira no aeroporto de Guarulhos. Agradeceu à equipe do festival por ter conseguido providenciar o que precisava para colocar a peça em cena.
A história gira em torno de um asilo de velhos, todos senis, contando a rotina diária deles com os empregados do local. Para envelhecer os atores, o diretor optou por usar aquelas próteses de borracha, muito comum nos filmes hollywoodianos. Embora com feições totalmente distintas, os velhinhos ficaram sem expressão. Não gostei.
A ideia da peça até que é interessante, mas a forma como foi contada não me agradou. A julgar pelos que deixaram o teatro enquanto rolava a encenação, não fui o único a pensar assim. Roubando uma intervenção de minha amiga Hélida G., soou muito moralista, o típico moralismo inglês, que não consegue expiar seus pecados históricos. Tive uma sensação de ser culpado por todas as mazelas contra velhinhos existentes no mundo, especialmente em asilos. A tentativa de colocar a culpa em toda a humanidade é patente. Uma pena que foi assim, pois a iluminação e a movimentação dos atores em cena é muito boa. A cena da tentativa de revolta dos idosos, com direito a tentativa de fuga como se fossem prisioneiros de um cárcere de segurança máxima, é hilária. Mas fica por aí. Ao final, pela primeira vez no festival dentre as peças que assisti, não ouvi nenhum grito de entusiasmo. Ouvi apenas palmas, até diria que foram palmas protocolares. Vi muita gente sentada, sem nem mesmo aplaudir, grupo ao qual me filiei. Na saída, comentários diversos, mas nenhum deles de forma entusiasmada pelo que viram em cena. Realmente não gostei do que vi.
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