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domingo, 24 de agosto de 2014

CUARTETO DEL ALBA - CENA CONTEMPORÂNEA 2014

Ainda sábado, dia 23 de agosto de 2014. Depois de ver Mundaréu, peça que estava em cartaz no Teatro II do CCBB, era vez de conferir mais um espetáculo da programação do Cena Contemporânea 2014. Não precisei sair correndo, pois a peça estava programada para o Teatro I do CCBB. Deu tempo até para fazer um rápido lanche no café do centro cultural. A movimentação de pessoas do mundo teatral brasiliense era grande no hall de acesso ao Teatro I. Todos para ver a montagem espanhola da Laurentzi Producciones S.L.. Pela primeira vez nesta edição não vi a sala de teatro completamente tomada, embora estivesse com ótimo público. A peça era Cuarteto del Alba, texto de Carlos Gil Zamora, direção de Lander Iglesias. Ao entrar, a iluminação do cenário que consistia de quatro cordas caindo nos quatro cantos do palco, com uma providencial fumaça cênica, despertou minha curiosidade. Assim que as luzes se apagaram, dois atores e duas atrizes entraram com seus respectivos bancos, se posicionando ao lado das cordas, cada um em seu canto. Começaram a jorrar, em uníssono, um discurso que se perpetuaria ao longo dos setenta minutos de duração do espetáculo. Nada foi traduzido deste embaralhar de palavras inicial. Mas, em seguida, cada um falou, ou melhor, discursou pausadamente, com legendagem simultânea em projeção estrategicamente colocado no alto do palco. A trama, se é que tem uma, é desenvolvida em capítulos. Uma verborragia é despejada no público, tocando em temas tão díspares, mas ao mesmo tempo tão próximos entre si, como política (o fantasma da era Franco na Espanha é uma constante nas últimas peças espanholas que tenho visto e nesta não foi diferente), a desilusão de um amor, a dependência química ou memórias de uma história não vivida. O texto é denso, é bom, mas a forma de executá-lo no palco me pareceu chata, enfadonha. São quatro pessoas em cena, mas que tem seus discursos próprios. Foram quatro monólogos longos, com certa poesia em alguns momentos, méritos para a iluminação de Iñaki Garcia.
Confesso que não gostei. Ao final, como muitos da plateia, nem mesmo aplaudi, quanto mais ficar de pé. Não sei se ainda estava sob o impacto de Mundaréu, peça que tinha visto poucas horas antes, mas esperava mais. Mas festival é assim mesmo. Não há como gostar de tudo.

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