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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

42º FESTIVAL DE BRASILIA DO CINEMA BRASILEIRO


Todos os anos eu consigo entrada para a abertura do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A partir do momento em que foi confirmada a pré-estreia mundial do filme Lula, O Filho do Brasil na abertura do festival deste ano, a corrida pelos convites foi intensa. Todos os ocupantes de cargos na Esplanada dos Ministérios queriam garantir presença na abertura do dia 17 de novembro, na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Foi difícil. Tentei os contatos de anos anteriores e ninguém ainda havia garantido sequer o seu próprio ingresso. Depois de muito tentar, desisti. Como por encanto, um amigo me liga na manhã da terça-feira e diz que tinha uma vaga em seu convite (válido para duas pessoas). Agradeci e confirmei na hora. Combinamos de chegar uma hora antes do previsto para o início, pois não havia lugar marcado. Cheguei na porta do teatro às 19 horas e já havia um número considerável de pessoas, muitas delas sem o convite. Abordavam os que chegavam para ver se poderiam entrar com o mesmo convite, caso o convidado estivesse sozinho. Vi muitos conhecidos que raramente frequentam salas de cinema e que chegam a falar mal do cinema nacional. O calor era grande. A multidão só crescia em tamanho e nada de abrirem as portas para os convidados. Repórter do CQC em ação. Quando já eram 20:30 horas, portanto meia hora após o horário marcado para ter início a cerimônia de abertura, liberaram o acesso, sem pedir os convites. Foi um corre corre no saguão do teatro, parecia um estouro de manada. Idosos, deficientes, crianças, ninguém era poupado do empurra empurra. Novo bloqueio na porta de entrada para a rampa de acesso à sala onde seria exibido o filme. Quase fui esmagado de tanto que as pessoas empurravam. A desorganização da produção do festival já era gritante. Os funcionários do teatro estavam nervosos e não sabiam o que fazer. Um grupo de senhoras portava uma faixa pedindo que Lula libertasse Cesare Battisti e empurravam para entrar. Não tinham convites, assim como grande parte dos que estavam na porta de entrada. Houve um novo empurrão e os funcionários do teatro não consiguiram segurar. Houve correria e gente escorregando na rampa. Entrei rapidamente no teatro que já estava bem cheio. Havia um local destinado aos patrocinadores do festival, mas ninguém orientava nada. As pessoas começaram a se sentar neste reservado. Foi o que também fiz. Acomodado, comecei a ver quem estava presente. A esposa de Lula, Dona Marisa Letícia, Luiz Carlos Barreto e Bruna Barreto, produtores do filme, Fábio Barreto, o diretor do filme, o Vice-Governador do Distrito Federal Paulo Octávio, o Secretário de Cultura do DF, o responsável pelo festival Fernando Adolfo, o repórter do CQC, muito jornalista tirando fotos. De repente, o teatro estava tomado. Gente sentado em todos os espaços disponíveis, incluindo as escadas de acesso e as rampas laterais. Os atores do filme tiveram dificuldade de chegar até o palco, pois não havia lugar para passar. Glória Pires e seu marido Orlando Morais, Cléo Pires, Lucélia Santos, Antônio Pitanga, Milhem Cortaz tiveram que pedir licença e abrir espaço na multidão. Já com quase uma hora de atraso, os apresentadores oficiais do festival tomam os lugares no palco e anunciam a abertura do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Durante a apresentação, o grupo de senhoras invade o palco com a faixa e gritavam pela libertação do italiano. Um vexame. Um mico para a organização do evento que não providenciou a retirada delas do palco. Os apresentadores, sem saber o que fazer, continuaram a apresentação do festival. Alguém com a camisa da produção entrou e retirou as senhoras que continuaram gritando dentro do teatro. Um misto de aplausos e vaias para elas. É anunciada a Orquestra Sinfônica local. As cortinas se abrem. A orquestra inicia a execução de Asa Branca. As senhoras continuam gritando, num desrespeito aos músicos e aos presentes. Vaias. Elas, enfim, são retiradas do teatro. A orquestra executa a segunda música e termina sua apresentação. Os apresentadores anunciam o filme e chamam ao palco os produtores e o diretor. Barretão pega o microfone e faz uma denúncia. Diz que o teatro está lotado além de sua capacidade, que já havia reclamado isto com Paulo Octávio, o Vice-Governador, e com o Secretário de Cultura, ambos presentes, e que nada fora feito até aquele momento. Ele estava preocupado com o fato de muitas pessoas estarem sentadas no chão e não havia nenhum brigadista de incêndio ou mesmo membros do corpo de bombeiros presentes no teatro, que qualquer estouro de lâmpada por um simples aquecimento poderia trazer consequências imprevisíveis. Neste momento recebe algumas palmas. Pede, ao final de sua fala, que os que estavam no chão e nas laterais saíssem do teatro, garantindo uma exibição extra tão logo terminasse a primeira sessão. Vaias e gritos pedindo para ele calar a boca e sair do palco. Ele diz que já que ninguém quer sair, passariam o filme, mas a produção do filme se eximia de qualquer responsabilidade. Aproveitou para dizer que a responsabilidade pelo evento não era da Presidência da República, como poderiam pensar alguns dos presentes. Disse com todas as letras que tal responsabilidade era do Governo do Distrito Federal, através de sua Secretaria de Cultura e da organização do festival. Bruna Barreto pega o microfone e faz novamente o apelo para que as pessoas entendam a questão da segurança. Novas vaias. É a vez de Bruno Barreto que reclama do fato de a organziação do festival não ter reservado espaço para os atores, atrizes e equipe técnica do filme se sentarem durante a exibição. Que o filme tinha 128 minutos e eles teriam que assistir ao filme em pé. Pede para que alguns dos sentados cederem seus assentos. Novas vaias. Gritos foram direcionados ao Vice-Governador e ao Secretário de Cultura para que eles se levantassem e cedessem seus lugares. Bruno Barreto chama os atores ao palco e é breve nos agradecimentos, lembrando que gosta do Festival de Brasília e que foi nele onde recebeu seu primerio prêmio. Os atores se retiram. A organziação do festival arruma lugares para eles se sentarem (havia muita gente da produção do festival sentadinho para curtir o filme). Um deficiente visual começa a gritar sobre a falta de acessibilidade. As luzes se apagam e reclamam de uma pessoa em pé na lateral do teatro focada por uma luz fraca. Era a tradutora de libras para os deficientes auditivos que estavam presentes. Um mico da plateia, mal informada. O filme começa com os logotipos dos seus patrocinadores. Para cada logo, uma vaia. Depois reclamam que o cinema brasileiro não tem apoio. Parece que as pessoas foram à abertura com o intuito de vaiar. O filme, enfim, começa. Silêncio total. Ao final da exibição, palmas sem o entusiasmo que estou acostumado a ver em filmes que integraram os festivais anteriores. Também não foram palmas protocolares, como afirmou o Correio Braziliense em sua edição de quarta-feira. Os apresentadores convidam para o coquetel de abertura. Saio pela saída de emergência. Era muita confusão já vivida. Não queria enfrentar o avança de esfomeados no tal coquetel.

6 comentários:

  1. Noel,
    E o filme?
    É bom?
    Li no Merten de uma vai monumental para Fábio Barreto quando ele pediu que espectadores se levantassem para que seu elenco pudesse se sentar. Foi assim mesmo?
    Conte-me tudo e não esconda nada.
    Bjs

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  2. Hélida,

    Foi realmente um mico, mas valeu a pena presenciar tudo e, de quebra, assistir a pré-estreia do filme sobre o Lula.

    Bjs.

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  3. Noel,
    Organizar pré-estréias é sempre complicado, pois nunca sabemos quantas pessoas vão aparecer.
    Agora, no caso de um filme como esse, é lógico que organização sabia que ia encher, daí deveria ter economizado nos convites.
    Mas o erro fatal mesmo foi liberar para quem não tinha.
    E essa do Fábio é completamente sem noção.
    Que bom que gostou do filme, quero muito ver.
    Sempre achei que apesar de ter feito alguns dos piores filmes brasileiros - Bella Dona, Jacobina e Nossa Senhora do Caravagio - o Fábio ainda tinha jeito, pois gosto muito de India, A Filha do Sol e tenho simpatia por O Quatrilho.
    Bjs

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  4. Pek,

    Liberar os sem convite foi o fim. Gostei do filme. É bem superior aos que você cita.

    Bjs.

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