Integrando a programação da abertura do XI FIC Brasília, o longa metragem exibido foi o ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2009: A Fita Branca (Das Weisse Band), produção conjunta da Áustria, Alemanha, França e Itália. Dirigido por Michael Haneke, a história se passa em uma pequena aldeia na Alemanha pré-Primeira Guerra Mundial. Haneke é conhecido por retratar a violência de maneira crua (vide Funny Games e Caché) e seu novo filme não fica de fora deste retrato. Em A Fita Branca ele optou por retratar a violência de outra forma. Ela não é tão explícita como em Funny Games e nem tão oculta quanto em Caché. A violência está presente durante os 127 minutos de duração do filme, seja no enredo, seja na fotografia em preto e branco (sufocante e opressiva) ou mesmo na falta de música (característica do diretor). Violência de todas as matizes: física, psíquica, sexual, religiosa. A primeira impressão é que todos os personagens são maus, especialmente as crianças e adolescentes. E realmente esta impressão se confirma. Acidentes estranhos e violência gratuita acontecem com adultos e crianças, sem nunca mostrar o verdadeiro culpado. Como se possuídos e unidos pela maldade, a população da aldeia se une para limpar o local dos "impuros", dos que denigrem a sua imagem. E ninguém é polpado: o médico, a criança com deficiência intelectual, a parteira, a rica baronesa, enfim, todos aqueles que podem "sujar" a imagem da aldeia. O filme nos leva a refletir sobre o nascimento do nazismo, já que a história acontece pouco tempo antes do estouro da Primeira Grande Guerra e as crianças são as que estão em todos os locais onde houve um ato violento (seriam elas os dirigentes do nazismo anos depois?). Não é um filme para qualquer um. Isto ficou claro com o número de pessoas que deixou a sala de projeção (local com 2.000 lugares e quase totalmente cheio) no decorrer do filme. A Fita Branca é para se refletir, é para se pensar no ontem e no agora. Gostei.
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