Depois de ver a performance de Gaby Amarantos no palco do CCBB na noite de domingo, quando foi convidada por João Brasil para uma participação especial em sua apresentação no projeto Sai da Rede, fiquei fã de imediato. Sabendo que ela faria um show na famosa festa Criolina, que acontece nas noites de segunda-feira no Bar do Calaf, não tive dúvidas em ir conferir seu show e, de quebra, conhecer a festa. Trabalhei até tarde, chegando em casa muito cansado, mas nada como um bom banho revigorante para recuperar as energias. Ninguém quis ir comigo, alegando, principalmente, que o show estava marcado para meia noite e que a terça-feira era dia de trabalho logo pela manhã. Fui só. Cheguei um pouco antes das 23 horas. Não havia fila para entrar. O valor cobrado a título de couvert artístico deve ser pago na entrada. Na noite desta segunda, o preço era único para homens e mulheres - R$ 20,00. Cadastro obrigatório na entrada, com número de telefone, nome e documento registrados. Não me deixaram entrar com a garrafa de água, mesmo sendo de plástico. Bebi todo o conteúdo que restava da água, peguei a comanda individual para a marcação do consumo durante minha estada na festa e entrei. Durante o dia, o Bar do Calaf, localizado no Setor Bancário Sul, é um restaurante normal, no sistema de buffet. Já almocei algumas vezes por lá, mas devido à dificuldade de estacionar durante o dia no local, não animo a voltar, mesmo sabendo que a comida é boa e sempre há opções da culinária espanhola. Como o local é dominado por bancos e órgãos públicos, à noite fica muito fácil achar vagas para estacionar o carro. Para a festa Criolina, as mesas internas são quase todas retiradas e espalhadas nos corredores ao redor do prédio, extrapolando a área do próprio restaurante. Apenas as mesas próximas à parede ficam na parte interna. Todas as mesas já estavam ocupadas quando entrei. Escolhi um local perto do palco, encostado no balcão, mas logo estava na pista dançando as excelentes músicas de artistas brasileiros independentes que o DJ programou em seu set list. Pouco a pouco, o local foi enchendo. Perto da meia noite a pista já estava lotada, assim como a área externa, com muita gente em pé bebendo a cerveja, muito elogiada pelos frequentadores por sua temperatura gelada. De tempos em tempos, uma bandeja com quibes quentinhos passava nas mesas. Sistema fácil, pois era só pegar o quibe, fornecendo ao garçom a comanda para a devida marcação do consumo. Meia noite e trinta, a diva paraense do tecnobrega subiu ao palco. Eu estava como um verdadeiro tiete, em local privilegiado, pois fiquei cara a cara com a cantora. Fazia parte da turma do gargarejo. Gaby Amarantos é um furacão, uma explosão de alegria. Chamada de a Beyoncé do Pará, fez jus ao apelido começando seu show com a sua versão para Single Ladies, chamada Tô Solteira. A mulherada gritava a plenos pulmões o refrão, enquanto Gaby imitava os requebros e jogadas de cabelo da diva americana. Muito extrovertida, com sintonia perfeita com o público, ela desfilou em cinquenta minutos seus maiores sucessos. A mais acompanhada pela galera foi Beba Doida. O refrão era gritado pelo público. Gaby subiu em uma mesa próxima ao palco, desceu para a galera, ficando perto de mim, ensinou a dançar o tecnobrega, e quando gritava "treme, treme, treme", todos obedeciam, fazendo o corpo parecer uma geleia de tanto que as pessoas se balançavam. Ela declarou seu amor pelo Pará, segurando uma bandeira do estado, mas ao ver a bandeira de Pernambuco, foi carinhosa com os pernambucanos. Nesta hora, perguntou pelos brasilienses, pelos de BH (eu mostrei que sou de lá), pelos cearenses, pelos amazonenses, pelos maranhenses. Ela disse que todos estavam em seu coração. Quando terminou, sem sair do palco, disse que faria o bis repetindo uma das músicas apresentadas. A galera pediu A Periquita. Ela disse que não tinha a base da música em seu Mac, mas logo o DJ Barata, residente da Criolina, improvisou um batidão e ela cantou o forró com letra pra lá de duplo sentido. O refrão, mais uma vez, era entoado por todos a plenos pulmões: "Quem vai querer a minha periquita? A minha periquita? A minha periquita?". A mulherada ficou assanhada. Gritavam como se cada uma perguntasse diretamente aos homens presentes. Gaby chegou a perguntar onde estavam os machos, pois via que até os homens cantavam o refrão. Com muitos gays na pista de dança, aproveitou para mandar seu recado contra a homofobia. No bis, voltou a cantar Tô Solteira, terminando acelerada com Beba Doida. Para quem não conhece a cantora e suas músicas, coloquei um gadget no alto deste blog com algumas canções desta cantora simpática, que mostrou uma energia descomunal no palco. Findo o show, ainda fiquei dançando ao som de um DJ pernambucano convidado, que começou seu set homenageando Gaby e o Pará com Sinhá Pureza (Pinduca), hit paraense eternizado por Eliana Pittman (aquela música grudenta que diz "carimbó, sreimbó é gostoso, é gostoso em Belém do Pará"). Para pagar a comanda é um pouco complicado, dependendo da hora em que se sai, pois forma-se uma fila grande em frente ao caixa. Quando fui pagar, apenas duas pessoas atendiam, uma só para quem pagasse em dinheiro e outra para pagamento com cartões. Fui embora quase três horas da manhã de terça-feira. Havia muito tempo que não dançava e me divertia tanto, mesmo estando sozinho na festa. Além do excelente show, também gostei muito da festa Criolina e pretendo voltar outras segundas-feiras no futuro próximo.
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