Pesquisar este blog

domingo, 5 de junho de 2011

MARIA DO CARITÓ



Programação cultural no final de semana para mim é quase uma obrigação, como já devem ter percebido pelas postagens que faço aqui neste blog. E neste não foi diferente. Com ingressos comprados antecipadamente, ao preço de R$ 45,00 cada um (meia entrada utilizando o cupom Sempre Você, por ser assinante do Correio Braziliense), eu e Ric fomos para o Teatro Nacional Cláudio Santoro, onde estava em cartaz, na Sala Villa-Lobos, a peça "Maria do Caritó". Esta peça já me chamou a atenção desde a primeira vez que eu li sobre sua estreia, pois o texto é de Newton Moreno, um dramaturgo cujos textos sempre me agradaram, sejam os inéditos (Agreste, As Centenárias), seja a adaptação livre de "Álbum de Família", de Nelson Rodrigues (Memória da Cana). Saber que a atriz principal era Lilia Cabral me animou mais ainda, porque a considero uma atriz completa, tanto em teatro, cinema ou televisão. A direção é de João Fonseca. Chegamos faltando apenas quinze minutos para o início da peça, prevista para 21 horas. Houve um pequeno atraso, de apenas dez minutos. Teatro lotado. O universo da peça é o Nordeste brasileiro, como nas demais peças que vi de Moreno. O cenário lembrava uma festa junina, já que a história começa justamente no dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro, com Maria do Caritó, personagem encarnada por Lilia Cabral, faz mais uma simpatia para se casar, quando tinha 49 anos. Antes da entrada em cena da atriz, a sua própria voz, em off, explica o que significa caritó para a audiência. Vou reproduzir aqui o texto do folder de divulgação da peça. "Na cultura popular nordestina, Caritó é a pequena prateleira no alto da parede, ou nicho nas casas de taipa, onde as mulheres escondem, fora do alcance das crianças, o carretel de linha, o pente, o pedaço de fumo, o cachimbo. E assim, a moça que ficou no caritó é aquela que ficou na prateleira, sem uso, esquecida, guardada intacta." Maria do Caritó, prometida em promessa pelo pai, caso sobrevivesse quando nasceu, ao Santo Djalminha, não se conforma em ser virgem e nunca ter arranjado um pretendente. Por outro lado, a comunidade acredita que ela é santa. Ela vive, durante toda a história, esta dualidade, ficando entre o sagrado e o profano. Ela acaba achando "o grande amor de sua vida" em um circo mambembe, com apenas duas pessoas, onde é enganada pelo "russo" para integrar a trupe circense. O russo é vivido por Leopoldo Pacheco, que também faz outros personagens. Aliás, com exceção de Lilia Cabral, todo o elenco faz mais de uma personagem. Além do já citado Pacheco, integram o elenco de "Maria do Caritó" o ator Fernando Neves, e as atrizes Dani Barros, sensacional em todas as caracterizações (ganhou prêmio de melhor atriz coadjuvante da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro - APTR), e Sílvia Poggetti. A peça é ótima, cômica, mas também nos permite uma reflexão sobre tradições de pequenas cidades, a solidão, a crença, a fé. Gostei de toda a história, mas uma cena é hilária, merecendo um destaque: o pout pourri de amor que Lília Cabral canta no circo. Desafinada, com direito a coreografia a la chacretes e incursões da frase "like a virgin", do repertório de Madonna. Sensacional! Ao sair, fui ligar para confirmar onde meus amigos estavam para jantar e não achei meu celular. Voltamos correndo ao local onde estávamos sentados, mas nada encontramos. Ric continuava a ligar, mas eu não ouvia nada (o celular estava no modo silencioso, sem vibração). Revirava a mochila e encontrava tudo, menos o telefone. Respirei fundo e dei mais uma checada. O danado tinha entrado em um bolso pequeno dentro da mochila. Fomos direto para o El Paso Latino (SQS 404, Bloco C, Loja 19, Asa Sul), onde terminei a noite comendo um delicioso ají de gallina, prato típico da culinária peruana, desfrutando de um bom papo com os amigos.


Ají de gallina - El Paso Latino

Nenhum comentário:

Postar um comentário