Pesquisar este blog

sábado, 4 de junho de 2011

MOSTRA CULTURAL DA ÍNDIA

Desde terça-feira, dia 31 de maio, quando começou a Mostra Cultural da Índia - MUDRA no CCBB de Brasília, estava tentando arrumar uma forma de sair mais cedo do trabalho para conferir a programação, toda ela gratuita, mas só consegui ver alguma coisa na quinta-feira, justamente no dia em que não trabalhei. Quinta-feira foi daqueles dias em que o corpo domina a mente e não consegui reunir forças para levantar da cama e ir trabalhar. Minha coluna mostrava que existia com dores profundas que caminhavam nas costas. Depois de muito repouso durante o dia e compressas de água quente, a dor passou no final da tarde. Acho que era estresse acumulado. Resolvi que tentaria ver o que rolava no CCBB. A programação do dia tinha início marcado para 20:30 horas, com os convites sendo distribuídos uma hora antes na bilheteria. Conhecendo a dinâmica, cheguei no CCBB às 19:05 horas. A fila que se formava em frente à bilheteria já era enorme. Bateu um desânimo de cara. Já que lá estava, resolvi tentar comprar um ingresso para a Mostra da Nova Dramaturgia Brasileira, mas a peça da noite já havia começado no Teatro II. Não ia desperdiçar minha ida ao centro cultural. Entrei na fila. Cada pessoa tinha direito a retirar duas cortesias. Calculei que conseguiria uma entrada, tendo em vista a posição em que eu estava. Nada como ter um iPhone nestas horas. Nem vi o tempo passar. Naveguei na internet, telefonei para uma amiga do Espírito Santo, joguei paciência e a fila começou a andar às 19:30 horas. Estava muito bem organizada a distribuição de convites, respeitando, inclusive, as prioridades, que não eram muitas. Com dez minutos após o início da entrega das cortesias, chegou a minha vez. Peguei um convite e aproveitei para comprar entradas para dois espetáculos teatrais: para a peça Terror, a tal peça que já havia começado quando cheguei, para domingo e a primeira peça da Mostra Internacional de Teatro, evento anual que acontece no CCBB em consonância com o Festival Internacional de Londrina. Com fome, não tinha como lanchar, pois a fila para entrar já se formara imediatamente, uma vez que os lugares não eram marcados. Lembrei que tinha uma maçã na mochila. Comi, mesmo sabendo que maçã me abre o apetite. Estava bem atrás na fila, mas consegui um bom lugar no teatro. O palco já estava pronto para a primeira apresentação da noite, o show do músico Abhay Sopori, especialista em um instrumento indiano de cordas, aliás, de muitas cordas, são 108 segundo informações do folder da mostra. O instrumento se chama santoor, tradicional no norte da Índia, na região da Caxemira. O músico entrou em cena com quinze minutos de atraso, fez a reverência dos indianos e se sentou no tablado, acompanhado de mais quatro músicos, todos também descalços e sentados no chão, com a coluna ereta. Falou algumas palavras em português para, em seguida, explicar, em um compreensível inglês, que tocaria a música clássica hindustani, típica do norte de seu país. Aproveitou e já apresentou seus músicos. Antes de começar, foram uns dez minutos para todos afinarem seus instrumentos, todos bem diferentes do que estamos acostumados a ver. O público, que lotou o teatro, era, em sua maioria, adepto da filosofia indiana, da meditação, da contemplação, praticante de yoga. Tinha gente que levou filhos pequenos, que, obviamente, não aguentaram a música clássica executada. Em minha frente tinha uma mulher com três filhos, uma menina e dois meninos, que ficaram impacientes. A menina era a mais velha e resolveu sair da sala. Os garotos logo adormeceram. Na primeira fila havia um casal bem alternativo com um carrinho de bebê onde havia uma criança de, no máximo, um ano de idade. A criança começou a ficar irritada, a fazer birra. Deu vontade de falar: "Vamos combinar uma coisa, criança tem que ir em espetáculo para criança". Não adianta forçar a barra e levá-la a um concerto de música clássica totalmente fora dos padrões do que nós estamos acostumados a ouvir. As músicas eram longas, com vocalizes que eram acompanhados pela plateia. Parecia um exercício de meditação, com vários mantras sendo cantados. Para terem ideia de como me senti, comparei a situação com aqueles aulões que as academias costumam fazer aos sábados pela manhã. Senti-me em um aulão de yoga durante o show. Deu um sono...Ainda bem que quando acabou, ninguém pediu bis. Logo abaixaram o telão e um vídeo promocional da Índia, muito bem produzido, com belas imagens e paisagens, nos entreteve, enquanto o palco era preparado para a segunda atração da noite. Seria um número de balé do estilo bharatnatyam coreografado pela dançarina Ananda Shankar Jayant. Tal coreografia recebeu o nome de Navarasa, que significa nove expressões da vida: raiva, medo, encantamento, desgosto, dor, humor, honra, amor e paz. A própria coreógrafa fez as honras e falou, em inglês, sobre o número que sua companhia iria apresentar. Aproveitou para apresentar os quatro músicos que executaram a música ao vivo. São nove bailarinos em cena, sendo dois homens, cabendo a um deles o papel principal. Todoss usavam uma maquiagem pesada, que reforçava as expressões faciais, importantes para o contexto da coreografia, já que não se tratava de uma história contínua, mas uma representação das tais nove expressões da vida. Para cada expressão foi definida uma cor. Um pano de algodão na cor definida pela coreógrafa mostrava ao público que havia uma mudança de expressão. Ao final de cada etapa, o pano colorido era colocado em uma espécie de cabideiro, na lateral do palco. Embora com elementos modernos, a dança era fortemente baseada em uma tradição, com passos e movimentos bem marcados, com o chocalho no tornozelo fazendo um barulho interessante. Não havia suavidade nos movimentos. Durou uma hora, mas me pareceu longo demais. Até a quarta expressão, achei interessante ver movimentos, maquiagem, expressões faciais e corporais, muito movimento de mãos e cabeça, mas depois enjoou, ficou repetitivo. Digo que valeu a experiência, mas não morri de amores pelo que vi em nenhuma das duas atrações. Interessei-me muito mais pelo vídeo promocional, fazendo aumentar minha vontade e curiosidade de conhecer a Índia. Uma pena que na programação de Brasília não incluíram o festival gastronômico como estava na programação da mesma mostra em Belo Horizonte. Saí de lá após as 23 horas, mas ainda passei no supermercado para comprar tapete higiênico para o Getúlio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário