Os assentos no trecho Barcelona-Cingapura continuavam os mesmos desde o início da viagem, em Guarulhos. Desta vez, ao meu lado tinha um jovem e sua mãe. Ao lado de Ric, ninguém. Assim que a porta se fechou, com o encerramento do embarque, mudei de lugar. Ric ficou na janela e eu no corredor, sem ninguém na cadeira do meio. Ficamos com espaço para movimentar o corpo e com mais conforto para tentar dormir durante as doze horas de voo até Cingapura. A tripulação mudou, mas a aparência das comissárias era a mesma do trecho anterior. O uniforme também era o mesmo, mas em cor azul no lugar do vermelho e nos pés, elas tinham sapatos ao invés de sandálias. Os comissários, em número menor, usavam ternos. Homens e mulheres eram todos magérrimos. Quase perguntei o segredo para eles. No quesito limpeza da aeronave, a preocupação era a mesma. Durante o voo, limparam diversas vezes o banheiro. Quanto às refeições, serviram um aperitivo logo após a decolagem, o que aconteceu no horário, e um almoço por volta das 10 horas, horário espanhol. Eu não tinha a menor fome, recusando a refeição. A comissária ainda tentou me oferecer a sobremesa, que desta vez era um sorvete tipo Cornetto, mas não conseguia comer. Só fui colocar um alimento na boca com nove horas de voo, quando passaram o lanche. Escolhi um sanduíche de pão de forma recheado com presunto serrano e tomate fresco. Dormi menos do que no trecho anterior, bebi muito mais líquido, o que me fez ir diversas vezes ao banheiro. Como em toda viagem de avião de longa duração, fui ficando irritado com a falta de espaço para me deitar, a barriga inchou e uma incômoda dor na coluna apareceu. Tomei um Dorflex par amenizar as dores. Não consegui nem ouvir música. Fechava o olho e pensava que dormia, mas quando o abria, notava que tinham passados meros quinze minutos. Quase não houve turbulência. Quando faltavam pouco menos do que duas horas para chegarmos ao destino final, serviram o café da manhã. Como eu não havia almoçado, escolhi a opção de frango frito com noodles e vegetais. Um verdeiro almoço nas alturas, perto de três horas da madrugada. Pousamos em Cingapura no horário previsto, às 04:50 horas. O Aeroporto Changi é enorme e muito bonito. Com corredores espaçosos e muito banco para as pessoas se sentarem ao longo do caminho. Os banheiros são impecáveis de limpos e cheirosos. Nem acreditamos quando vimos o espaço para a imigração: amplo, lindo e limpíssimo. Não havia fila. Fomos atendidos separados e bem distantes um do outro. Fiquei observando Ric para ver como ele se sairia sem entender o inglês que o funcionário o abordaria. Enquanto ele nada falou, pois logo o atendente percebeu que ele não falava inglês, o que me atendeu, conversou bastante comigo, querendo saber sobre o Brasil e seu futebol, além de fazer as perguntas triviais para um turista estrangeiro. Assim que passamos pela imigração, nos dirigimos para o setor de entrega de bagagens, onde nossas malas já rodavam na esteira. Elas estavam geladas. Era hora de passar no controle alfandegário. Todas as malas tiveram que passar pelo raio X. Fui o primeiro. O funcionário me perguntou se eu levava uma pequena faca na mala. Respondi que era um canivete suíço. Fui liberado sem precisar abrir nada. Em seguida, foi a vez de Ric, que também foi perguntado se tinha um cinto de ferro dentro de sua bagagem. Ele não se contentou com a resposta positiva, pedindo para abrir a mala. Ric se enrolou no segredo do cadeado. Eu o ajudei. Ao abrir a mala, a fantasia que ele usa para dublar Ney Matogrosso foi a primeira coisa que o funcionário viu, assim como os adereços de penas e pedras. Ele ficou com cara de espantado, viu o cinto e mandou fechar a bagagem, ficando com uma expressão no rosto digna de uma foto. Saímos rindo, passamos no guichê de câmbio, onde trocamos alguns dólares. Segundo o e-mail de confirmação da reserva de nosso hotel, o Marina Bay Sands Hotel, havia um transporte gratuito de qualquer dos três terminais do aeroporto (estávamos no Terminal 3) para o hotel, bastando apresentar o e-mail de confirmação da reserva. Perguntei na casa de câmbio, mas não souberam responder, apontando para o balcão de informações do aeroporto, localizado um pouco mais à direita de onde estávamos. Lá descobrimos que o serviço do hotel não mais existia. Tínhamos que pegar um táxi. A moça disse o valor aproximado da corrida, cerca de 25 dólares de Cingapura (SGD), e nos mostrou onde pegar um táxi. Fomos para a saída, onde havia uma estrutura enorme, destas tipo papa-fila, em frente à porta de saída do aeroporto onde ficava o ponto de táxi. Ainda bem que chegamos em horário de pouco movimento. Somente uma pessoa estava à nossa frente. Ao sair, um bafo quente e úmido nos deu uma mostra de como seria o clima durante nossas férias pelo Sudeste Asiático. Não havia táxi, mas logo dois apareceram. O primeiro foi para o senhor que era o primeiro da fila. Pegamos o táxi amarelo, com direção inglesa. As duas malas, mesmo enormes, couberam no porta malas do carro. Disse para o motorista a nossa direção. Não trocamos mais nenhuma palavra até chegarmos ao hotel, quando paguei a corrida e ele perguntou seu eu precisava de recibo. Total da corrida: 24,90 SGD. Eram 06:15 horas da quarta-feira, dia 27 de março, horário local, onze horas a mais do que no Brasil, quando estávamos fazendo o check in no hotel. Depois de pouco mais do que trinta e três horas de nossa saída de casa, estávamos no hotel em Cingapura. Fomos os primeiros a chegar. Nosso quarto fica no 47º andar, com um belíssima vista para a Marina Bay, um lugar muito bonito, que faz parte do complexo do hotel, com um elegante shopping, museus e jardins. O quarto é enorme. A primeira coisa que fiz foi tomar um demorado banho quente, relaxante. Esperamos os amigos chegarem para, juntos, tomarmos nosso primeiro café da manhã das férias na Ásia.
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