Terça-feira e o frio continua o mesmo. Segundo e último dia da Conferência Global sobre Trabalho Infantil. O evento começa com um painel com exposições de experiências exitosas na África, continente que concentra a maior parcela de crianças trabalhadoras no mundo. Foram seis oradores. Depois, cada um se dirigiu para o painel para o qual estava inscrito. Fui para o painel sobre ações tripartites, já que era um dos painelistas da segunda oficina de trabalho deste painel, quando pude expor a experiência brasileira com o diálogo social, especialmente no que diz respeito ao quadripartismo, uma novidade brasileira, já que a OIT preconiza o tripartismo, com decisões sendo tomadas por governo, trabalhadores e empregadores. No caso do combate ao trabalho infantil, além da representação clássica, o Brasil também acolhe a sociedade civil organizada em suas comissões. Muito bom o painel, com repercussão interessante depois que ele foi encerrado. Fui abordado por várias pessoas querendo saber mais um pouco sobre esta forma de diálogo social e alguns se interessaram, inclusive, por celebrar acordos de cooperação técnica conosco para ajudar a montar a rede de proteção à criança em seus países. Mais uma demonstração de que o Brasil é o "cara". Pausa para um pequeno lanche, também em pé como no dia anterior. Desta vez havia mais opções de pratos quentes. Escolhi cuscuz e tilápia. A parte da tarde começou no plenário com vários oradores que se inscreveram para relatar as experiências de seus países, situação que não estava prevista na programação oficial. Uma criança indiana também deu seu depoimento, uma vez que trabalhava lavando carros nas ruas de seu país e agora estava na escola, com um índice de aproveitamento elevado. O garoto foi muito aplaudido. Depois, tivemos uma apresentação de um artista local que faz uma arte em areia ao vivo. Uma mesa montada no palco com uma câmara especial transmitindo a criação do artista. É uma arte efêmera, pois no mesmo tempo em que é feita, ela é apagada. Belo trabalho que emocionou muitos que estavam presentes, especialmente pela abordagem do tema trabalho infantil em sua arte ao vivo. Passado este momento lúdico, a exibição de alguns vídeos com fotos e novos depoimentos, foi anunciada a presença da Rainha Beatriz. Todos ficaram de pé quando ela entrou usando um belo chapéu verde. Ela tomou seu lugar na primeira fila da audiência para, então, ter continuidade a conferência com a aprovação, por aclamação, do documento elaborado durante o evento. Este documento traz estratégias de ação para se chegar em 2016 com a erradicação por completo das piores formas de trabalho infantil no mundo, além de o número nas demais formas também ter uma drástica diminuição. Para encerrar, o Ministro dos Assuntos Sociais e do Emprego da Holanda fez o discurso de despedida com os devidos agradecimentos e lançou o Brasil como a próxima sede da 3ª Conferência Global sobre o Trabalho Infantil, a ser realizada em 2013, ou seja, no meio do caminho para a meta de erradicação das piores formas. A Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do Brasil foi convidada a subir ao palco e respondeu que, com certeza, o Brasil aceitava este desafio, convidando a todos os presentes a colaborar com nosso país nesta organização. Também ressaltou a necessidade de se criar um grupo de líderes mundiais para coordenar ações para o alcance da meta definida para 2016. Foi bastante aplaudida e recebeu um martelo de madeira, símbolo da conferência, como sinal de que o Brasil assumia esta tarefa de sediar a próxima reunião em 2013. Todos ficaram em pé novamente para a saída da Rainha, que foi acompanhada por todos os ministros presentes. Fora do auditório, acontecia um coquetel com muita fritura (algo comum na Holanda), no qual todos podiam chegar perto da Rainha, cercada por seguranças. Resolvemos nos despedir dos amigos que aqui fizemos, trocamos de roupa, chamamos um táxi e fomos para Amsterdã. Demoramos perto de uma hora para fazer o trajeto. Chegamos com chuva na capital holandesa. Demos uma volta pelas ruas do centro, especialmente entre os canais e vimos o Red Light District, com suas mulheres em roupas sumárias nas vitrines. A cidade fedia devido ao acúmulo de lixo nas ruas. Procuramos nos informar sobre a causa deste lixo. Greve dos lixeiros por melhores condições de trabalho. Como a chuva não parava, as lojas estavam fechadas e o frio era grande, entramos em um restaurante lotado para comer uma massa. Comida simples, sem erros e barata. Cada um pagou 17,50 euros pelo jantar. Voltamos ao local onde o táxi nos havia deixado, pois o contratamos por 200 euros para nos levar, esperar por duas horas e nos trazer de volta ao Novotel em Haia. Como vamos sair muito cedo nesta quarta-feira do hotel para o aeroporto, decidimos arrumar as malas e dormir.
E aí Noel, já chegou ao Brasil?
ResponderExcluirEspero que tenha feito boa viagem.
Bjs
Pek,
ResponderExcluirCheguei exausto!
Bjs.
Fico feliz que tenha chegado!
ResponderExcluirAlém das saudades, outras coisas me motivam:
Céus, como preciso de você!
Beijos,
Kitty
Kitty,
ResponderExcluirCheguei e volto a trabalhar nesta segunda, já com agenda lotada, inclusive com viagens programadas para Belém, Salvador e São Paulo. Também estou com saudades e senti sua falta no blog.
Bjs.