Sinhá Moça, décimo primeiro filme feito pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, produzido em 1952/1953 e lançado em maio de 1953. No elenco, a estrela Eliane Lage (Sinhá Moça), Anselmo Duarte (Dr. Rodolfo Pontes), Ruth de Souza (Sabina), Renato Consorte, Marina Freire, Eugênio Kusnet, entre outros. Dirigida pelo anglo-argentino Tom Payne, então marido de Eliane Lage, tendo como co-diretor Oswaldo Sampaio, foi uma superprodução dos anos cinquenta, com sucesso de público e crítica, colecionando prêmios nacionais e internacionais. Versão para a telona do romance de Maria Dezzone Pacheco Fernandes, que colaborou também no roteiro. A história, transposta anos depois para a TV, em novela da Rede Globo com o mesmo nome, é um romance abolicionista. Sinhá Moça (Lage) volta ao interior de São Paulo, depois de estudar na capital, para morar na fazenda de seu pai, um escravocrata convicto. No trem que a leva para a cidade do interior paulista, conhece o jovem advogado Rodolfo (Duarte). Ambos tem uma imediata empatia. Ela chega com ideais abolicionistas, contrastando com a prática de seu pai, que está às voltas com escravos fujões. Às vésperas da abolição da escravatura no Brasil, o romance entre Sinhá Moça e Rodolfo vai se moldando tendo como pano de fundo uma rebelião de escravos, castigos no pelourinho, incêndio, festa em homenagem a São Benedito, caçada dos capitães do mato aos escravos fugitivos, mortes e um julgamento de um negro que se transforma num libelo em favor da liberdade e da igualdade entre todos os seres humanos. Eliane Lage, com uma beleza brejeira, faz uma heroína contida, usando apenas movimentos dos olhos ou da boca para demonstrar seus sentimentos. Já Anselmo Duarte também dá um show, especialmente na cena do julgamento, em que faz o papel do advogado de defesa. Vale destacar uma jovem Ruth de Souza, com poucas falas, mas de uma expressividade facial que nos revela grande emoção. É uma forte interpretação que lhe valeu o prêmio Saci conferido pelo Estado de S. Paulo como melhor atriz coadjuvante. Lage também levou o mesmo prêmio como melhor atriz. Mesmo sabendo como a história termina, há como se emocionar neste excelente filme brasileiro. A cópia disponível em dvd tem problemas no áudio e não há legendas em português, o que pode dificultar entender alguns diálogos, mas não impede a compreensão do enredo.
Para mim, que revi este filme neste domingo, foi mais interessante tê-lo visto depois de ter lido o livro de memórias de Eliane Lage, pois ela dedica um dos capítulos para contar os bastidores da gravação do filme. Cito, como exemplo, a informação de que ela estava grávida de três meses quando rodou o filme, sentindo enjoos frequentes, mas a produção, sem saber o real motivo, creditava tal mal estar ao cheiro do óleo que queimava da locomotiva.
Filme necessário em qualquer coleção de películas nacionais.
Noel,
ResponderExcluirA Ruth tem o maior orgulho desse trabalho.
Contou isso para mim no Mulheres.
http://www.mulheresdocinemabrasileiro.com/entrevistaRuthdeSouza.htm
Bjs
Pek,
ResponderExcluirAcabei de ler a entrevista no Mulheres. Parabéns mais uma vez.
Bjs.