Dez pessoas. Este foi o público presente na sessão da peça Ilhar, texto e direção de Paulo Russo, que assisti na noite de sexta-feira. Em cartaz no Espaço Cena (SCLN 205, Bloco C, loja 25 - Asa Norte), conta no elenco com Verônica Moreno (Tonha) e Wanderson Barros (Chico). Cenário de Adriano e Fernando Guimarães. O ingresso custou R$ 20,00 a inteira. O folheto da peça informa que o texto é resultado de pesquisa do diretor, cuja origem é o Nordeste brasileiro. Tonha é uma senhora que vive sozinha no sertão, levando uma vida simples. Enquanto soca o milho, conversa com as imagens de Jesus e de alguns santos para os quais reza todas as noites antes de se deitar. Nesta conversa, ela relembra seu passado; o menino cor de barro, seu amor impossível; a rigidez com que seus pais a criaram e espera pela chegada da chuva que nunca vem. Enquanto está nestas divagações, um menino aparece em sua casa pedindo um gole de água. Este menino representa tudo o que ela não teve: um filho para criar, uma pessoa para conversar, para ensinar as coisas. Os dois lembram a simplicidade e a sabedoria dos personagens criados por Ariano Suassuana, especialmente em O Auto da Compadecida. A performance de Verônica Moreno é um dos pontos fortes da peça. Ela faz uma Tonha amarga, moldada pela dureza do sertão, um barro difícil de se quebrar, mas que se rende à pureza do menino Chico. Outro destaque para mim é o cenário criado pelos irmãos Guimarães, com gaiolas fazendo as vezes de nichos e armários. Cenário e figurino, este de Cyntia Carla, conversam entre si, todos em tons que lembram a aspereza do sertão sem água. Belo espetáculo. Pena que poucos estavam na sessão. Merece ser mais conhecido.
Pois é Noel, teatro é um dureza.
ResponderExcluirA não ser quando o elenco é conhecido nacionalmente.
Acho que nós, estou incluído, que trabalhamos com teatro somos loucos de jogar pedar.
Bjs
Pek,
ResponderExcluirParece que as pessoas sós se interessam por peças teatrais quando há atores globais ou quando é besteirol.
Bjs.
Fui assistir no último dia do espetáculo, estava lotado e é impossível conter a emoção.
ResponderExcluirA Verônica Moreno está fantástica e qndo fui cumprimentá-la, eu ainda estava muito emocionada. Eu acho uma pena a peça não ter sido assistida nem divulgada como merecia. É um espetáculo pra lotar o Teatro Nacional. É realmente uma pena que aqui em Brasília só exista público para comédia...muito triste!
Oi Flávia,
ResponderExcluirVocê tem toda razão, a peça é de uma sensibilidade incrível. Vamos torcer para o público de Brasília se diversificar...
Abraços